domingo, 27 de junho de 2010

Estações de tratamento da Copasa gastam cerca de R$ 1,2 milhão para limpar esgotos

Por Amanda Almeida


Encontrar e retirar dos esgotos da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) corpos estranhos que jamais deveriam percorrer as galerias das cidades deixou de ser apenas uma questão de política pública, que anualmente consome cerca de R$ 1,2 milhão. O que os moradores da Grande BH lançam nos subterrâneos dos municípios virou caso de polícia: com frequência, funcionários das estações de tratamento (ETEs) da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) retiram fetos humanos do sistema de purificação. Esse é o item mais macabro de uma extensa e impressionante lista, incluindo animais mortos, pneus, garrafas, sacos plásticos, preservativos e outros resíduos que a cada dia chegam boiando às unidades. Acumulado, todo esse material soma 43,8 mil toneladas.

A falsa impressão de que lixo e esgoto são a mesma coisa tem desperdiçado recursos dos cofres públicos. Em sete anos, seria possível construir outra estação de tratamento com a soma do valor gasto anualmente para tirar o lixo das 26 ETEs da Grande BH. “Estão jogando dinheiro também no esgoto. Uma simples mudança de comportamento da população economizaria essa despesa, que poderia ser aplicada em algo mais útil para a própria comunidade”, constata Eugênio Álvares, superintendente de Serviços e Tratamento de Efluentes da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), reforçando que BH é a capital brasileira com maior acesso à rede de esgoto.

No caminho percorrido pelo esgoto, o prejuízo é anterior às estações de tratamento: inicia-se nas redes coletoras da cidade. Só na Zona Sul de Belo Horizonte, onde a Copasa atende cerca de 440 mil pessoas, são feitas, em média, 340 operações de desentupimentos por mês. A gordura despejada nas pias é uma das principais vilãs. Segundo a Copasa, se a limpeza não é feita rapidamente, o fluxo barrado pela gordura pode voltar para residências, fábricas e lojas.

“As pessoas não se preocupam com a rede de esgoto. O problema delas acaba quando apertam a descarga do vaso sanitário. Mas nesse mesmo momento, o meu está apenas começando. Em BH, coletamos 95% do esgoto e tratamos 79,7%. Precisamos expandir o tratamento, mas gastamos dinheiro inutilmente com o lixo”, diz Eugênio. Por dia, são retiradas 120 toneladas de resíduos das 26 ETEs da Grande BH. Só a ETE Onça, no Bairro Ribeiro de Abreu, na Região Nordeste da capital, é responsável por 10 toneladas diárias.

A variedade de objetos encontrados na ETE Onça é relatada por funcionários do sistema de purificação. “Já encontramos até pedaços de boi na rede de esgoto. Temos vários filtros, que vão se afinando para recolher dos grandes aos pequenos resíduos. Garrafas pet, absorventes, preservativos, cabelo, gordura e pneus são muito comuns. Até dinheiro é achado diariamente”, conta o técnico de tratamento de esgoto Eli Ferreira de Paula.

Direto para os bueiros, vão também toneladas de material de construção. “Bairros em expansão, como o Buritis, são responsáveis pelo despejo de muita areia na rede de esgoto. Para tirá-la, precisamos fazer decantação nas estações de tratamento”, diz Eugênio. Já os bairros do Centro da capital, que concentram restaurantes, depositam gordura nas redes coletoras. “Ela forma uma crosta resistente e estraga os equipamentos das estações”, relata o superintendente. Segundo ele, a solução seria fazer, de tempos em tempos, a manutenção das caixas de gordura de restaurantes e residências.

Além de preocupante, a lista ganha ainda contornos assustadores. “É muito comum encontrarmos fetos humanos. Isso mexe com a gente. Uma vez, um dos funcionários tinha acabado de ser pai, quando achamos um feto. Ele ficou muito abalado”, conta Eli. Segundo o técnico, quando eles achavam um feto, a polícia era chamada para registrar ocorrência. Mas a situação ficou tão rotineira que agora só chamam quando o feto é mais desenvolvido.

Nova ETE em Alfenas

Entra em operação esta semana a centésima Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Minas da Companhia de Saneamento (Copasa). Em Alfenas, no Sul de Minas, a obra do sistema de purificação custou R$ 53 milhões. Considerada uma das maiores obras de saneamento do município, a unidade tem capacidade para tratar mais de 34 milhões de litros de esgoto por dia e será responsável pelo tratamento de 100% dos esgotos coletados na cidade. A expectativa é de que a ETE contribuirá para a revitalização do Lago de Furnas, um dos principais pontos turísticos do Sul de Minas.

Fonte: Portal Uai

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Noções de ecodesign.

Por Roberto Naime


Ecodesign tem como objetivo a concepção de produtos que sejam mais respeitosos e compatibilizados com o meio ambiente, ou seja, que causem o menor impacto ambiental negativo possível. O objetivo é a concepção de produtos que produzam impactos positivos.

O Ecodesign pode ajudar a suprir a falta de informações e preparo do público em geral a respeito de procedimentos ambientalmente corretos. Não somente procura minimizar os impactos dos produtos na fase de sua elaboração, mas se preocupa também na sua utilização e na gestão de seus resíduos, na medida em que prevê que o elemento antrópico (ou seja, a atuação humana), colabore para a redução dos impactos também nas fases sujeitas ao comportamento humano.


Hoje qualquer discussão a respeito de impactos ambientais relacionados a produtos passa pelo conceito de CICLO DE VIDA do produto. Normalmente, pensamos somente nas fases de fabricação e utilização. Entretanto, os impactos ambientais potenciais não ocorrem somente nestas fases.

O Ciclo de Vida do produto abrange desde a extração da matéria prima até sua eliminação, passando pela gestão dos seus resíduos (ou dele próprio), ou seja, normalmente, envolve as fases de projeto, fabricação, transporte, instalação, utilização e gestão de resíduos (com reutilização ou reciclagem dos constituintes do produto juntos ou segregados).

Além do mais, o conceito de produto também é ampliado com o Ecodesign. Concebe-se o produto não somente como um conjunto de elementos tangíveis, mas também com um agregado de serviços que ajudarão ao consumidor a satisfação de suas necessidades e desejos. Isso nos leva então ao conceito, muito utilizado em Ecodesign, de SISTEMA-PRODUTO.

O conceito de ECODESIGN, ou ECODESENHO (traduzindo para o português), ou ainda DESENHO ECOLÓGICO, significando uma mudança de mentalidade. Mesmo aquelas empresas que demonstram maior respeito para com o ambiente, tratando seus resíduos, ou reciclando alguns materiais descartados, nem sempre estão aplicando em seus produtos e processos o conceito de ECODESIGN.

A razão é simples: tratar os resíduos (processo conhecido como estratégia T) ou reciclar materiais (processo conhecido como estratégia R) é positivo, é melhor do que não fazer nada, porém ambas são estratégias de final de processo.

O ECODESIGN representa a materialização de uma estratégia de início de processo. Aí reside a principal diferença de enfoque. A postura atual no mundo ainda é considerar a entrega do produto ao consumidor como o final da responsabilidade da empresa. Entretanto, isso está mudando, felizmente.

A idéia de ciclo de vida do produto passa a ser DO BERÇO AO BERÇO. Ou seja, o produto é concebido na empresa, e a ela deve voltar, quando for o caso. Não é mais a visão END OF PIPE (fim de tubo), quando efluentes e resíduos eram tratados como problema a ser resolvido no fim do processo da fabricação.

Exemplo disso são as crescentes pressões que as montadoras de automóveis européias sofrem para fabricar seus veículos com materiais recicláveis, de vez que elas as montadoras, serão as responsáveis por absorver de volta seus veículos quando seus proprietários não mais os quiserem, ou em caso de acidentes com perda total, a reciclagem dos materiais componentes. Isso também é conhecido como efeito BUMERANGUE.

Mais do que uma pressão social e/ou econômica, é uma boa oportunidade para as empresas perceberem o quanto podem contribuir para a melhoria ambiental. As empresas podem proporcionar um produto/serviço que contemple a totalidade do ciclo de vida, agregando valor e permitindo ganhos não somente em termos ambientais, mas também econômicos.


Roberto Naime, Professor no Programa de pós-graduação em Qualidade Ambiental, Universidade FEEVALE, Novo Hamburgo – RS.


Fonte: Ecodebate

domingo, 6 de junho de 2010

Comissões votam nesta quarta a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que proíbe os 'lixões'

Por Eli Teixeira


Dezenove anos depois que o Congresso começou a discutir o assunto, o Brasil está próximo de contar com uma lei que estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Nesta quarta-feira (9), quatro comissões do Senado se reúnem, a partir das 11h30, para votar parecer que o senador César Borges (PR-BA) apresentará ao PLS 354/89, que institui essa política para o lixo produzido pelas nossas cidades. O projeto pode receber a votação final do plenário ainda neste semestre, sendo enviado imediatamente ao presidente da República, para sua transformação em lei.

O projeto proíbe a criação de "lixões", onde os resíduos são lançados a céu aberto. Todas as prefeituras deverão construir aterros sanitários adequados ambientalmente, onde só poderão ser depositados os resíduos sem qualquer possibilidade de reaproveitamento ou compostagem. Será proibido catar, morar ou criar animais em aterros sanitários. O projeto proíbe a importação de qualquer lixo.

O senador César Borges decidiu suprimir um parágrafo do projeto que chegou da Câmara dos Deputados, o qual permitiria que os estados e os municípios decidissem seus próprios prazos para implantação de aterros sanitários. Agora, os aterros devem ser instalados no máximo em quatro anos - os municípios podem formar consórcios para coleta, reaproveitamento e colocação final dos rejeitos em aterros sanitários.

No atual estágio do projeto, que nasceu no Senado, foi à Câmara e voltouao Senado em março último, os senadores só podem aceitar ou rejeitar na íntegra ou em parte o substitutivo que os deputados aprovaram. Por isso, César Borges está sugerindo apenas quatro supressões no texto. O relatório será votado em reunião conjunta, nesta quarta (9), das comissões de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), Assuntos Econômicos (CAE), Assuntos Sociais (CAS) e de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA).

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) passou tanto tempo em discussão na Câmara porque as prefeituras, os governos estaduais e federal e entidades da área ambiental não se entendiam. No ano passado, finalmente, houve consenso, inclusive com a participação de senadores nas negociações, e o projeto acabou aprovado, tendo chegado ao Senado em março passado. Aqui, para acelerar a sua votação, César Borges foi indicado relator pelas quatro comissões.

"Logística reversa"

Com 58 artigos que ocupam 43 páginas, a PNRS apresenta algumas novidades, entre elas a "logística reversa", que obriga fabricantes, importadores, distribuidores e vendedores a realizarem o recolhimento de embalagens usadas. Foram incluídos nesse sistema agrotóxicos, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, lâmpadas (todas elas) e eletroeletrônicos.

Além disso, é introduzida na legislação a "responsabilidade compartilhada", envolvendo a sociedade, as empresas, as prefeituras e os governos estaduais e federal na gestão dos resíduos sólidos. A proposta estabelece que as pessoas terão de acondicionar de forma adequada seu lixo para a coleta, inclusive fazendo a separação onde houver coleta seletiva.

A proposta prevê que a União e os governos estaduais poderão conceder incentivos à indústria de reciclagem. O relator, César Borges, pretendia tornar o incentivo obrigatório mas, se assim o fizesse, o projeto retornaria novamente às mãos dos deputados. Pela nova política, os municípios só receberão dinheiro do governo federal para projetos de limpeza pública e manejo de resíduos sólidos depois aprovarem planos de gestão. Os consórcios intermunicipais para a área de lixo terão prioridade no financiamento federal. As cooperativas de catadores de material reciclável foram incluídas na "responsabilidade compartilhada", devendo ser incentivadas pelo poder público.

Com os incentivos e as novas exigências, o país tentará resolver o problema da produção de lixo das cidades, que chega a 150 mil toneladas por dia. Deste total, 59% vão para os "lixões" e apenas 13% têm destinação correta, em aterros sanitários. Em 2008, apenas 405 dos 5.564 municípios brasileiros faziam coleta seletiva de lixo.

Fonte: Agência Senado

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Copa 2014: cidades sede precisam investir R$ 9,6 bilhões em saneamento.

As doze cidades sede da Copa 2014 precisam investir R$ 9,6 bilhões para atingir a universalização do saneamento básico e oferecer saneamento adequado até a chegada do Mundial. Isso significa oferecer água tratada e cobertura total de rede de esgoto para todos os cidadãos brasileiros. Dos 12 municípios escolhidos para receberem os jogos do Mundial, cinco estão com índices de acesso á rede de esgoto abaixo dos 50%. Essa é a constatação de um levantamento do Instituto Trata Brasil, que avaliou os serviços prestados nesses municípios.

O resultado desse levantamento foi apresentado durante o Seminário “2014 Saneamento na Rede”, na semana passada, no Rio de Janeiro, por André Castro, presidente do Instituto Trata Brasil. Para ele, para atingir a universalização serão necessários, além dos recursos financeiros, avanços na qualidade de gestão: Quando constatamos as disparidades entre os níveis de cobertura dos serviços, concluímos que a falta de financiamento não é o único responsável pelo atraso do setor”.

Entre os doze municípios, Manaus, Cuiabá e Natal são as cidades que têm maiores deficiências em saneamento básico. Na capital do Amazonas, que ocupa a última posição do ranking, cerca de 89% das residências ainda não é atendida pela rede geral de esgoto. Nas capitais do Mato Grosso e do Rio Grande do Norte, o déficit de atendimento atinge 61% e 69%, respectivamente.

Já as regiões metropolitanas de Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, São Paulo e Porto Alegre apresentam uma realidade bastante diferente, com índices de atendimento superiores a 80% das residências. Na capital do Distrito Federal, que aparece na primeira posição do ranking, 92% da população é atendida pela rede de esgoto.


Fonte: Trata Brasil