domingo, 23 de setembro de 2012

Companhias transformam esgoto em água limpa


Por André Trigueiro


A água de reúso tem características que atendem a necessidade das indústrias. A Cedae, no Rio, criou o maior projeto de uso industrial de água tratada de esgoto do mundo.


O Brasil é um dos países que mais gastam água ao produzir bens de consumo, mas já existem iniciativas bem sucedidas para economizar.
O país precisa de muita água limpa para produzir. A quantidade não é pequena. No setor siderúrgico, por exemplo, para cada tonelada de aço são necessários 15 mil litros de água.
Uma simples calça jeans consome aproximadamente 11 mil litros de água, do plantio de algodão até a confecção. Um quilo de carne bovina, mais de 17 mil litros de água e um cafezinho leva, até chegar na xícara, 140 litros de água.
Como a água limpa se tornou um produto cada vez mais escasso e caro, a indústria investe em tecnologia e consegue reaproveitar o que antes jogava fora. O resultado vai além da economia.
O Canal do Cunha é um dos rios mais poluídos do Brasil. Além do forte mau cheiro e da água escura, no rio não há oxigênio, é um ambiente hostil à vida, mas é justamente do local que sai toda água utilizada numa fábrica de produtos químicos na zona norte do Rio de Janeiro.
São 80 milhões de litros de água por mês. O suficiente para abastecer uma cidade de 25 mil habitantes. O sistema alternativo de tratamento livrou a empresa da necessidade de comprar água potável. Em quase dez anos, a economia chegou a R$ 25 milhões. “Basicamente a gente tem uma economia de 30 a 40% na parte financeira”, diz o engenheiro de produção, Pedro Henrique Lemos.
O que é descartado volta para o rio e nem lembra aquela água suja. “A água é infinitamente melhor do que o que a gente captou porque dela já foi retirada toda a matéria orgânica, todos os sólidos em suspensão. Apenas ela carreia um pouquinho mais de sal do que a que a gente retirou”, fala o gerente operacional da Haztec, Dalva Santos.
Perto do local, fica uma das maiores estações de tratamento de esgoto do Brasil e também um dos mais inovadores projetos de reúso de água.
Pelo local passam dois mil litros de esgoto tratado por segundo, que seguem para o canal do Fundão e depois para a Baía da Guanabara. É água limpa, transparente, sem cheiro e inofensiva para o meio ambiente. Mas em breve toda a água terá outro destino. Mais nobre e rentável: o maior projeto de uso industrial de água tratada de esgoto do mundo.
O projeto da Cedae, Companhia de Águas e Esgoto do Rio de Janeiro, prevê a construção de uma adutora com quase 50 quilômetros de extensão que sai da estação de tratamento de esgoto da Alegria, no Rio de Janeiro, atravessa a Baía da Guanabara por debaixo do espelho d’água, até chegar ao Complexo Petroquímico, que está sendo construído pela Petrobras em Itaboraí, na região metropolitana. O contrato já foi assinado e prevê investimentos de R$ 1 bilhão. O sistema deve começar a operar em abril de 2015.
Mas antes de ser bombeada para o Complexo Petroquímico, a água ainda vai passar por outro nível de tratamento. “Qualidade excelente com o tratamento terciário, tratamento biológico, anaeróbico, aeróbico, com membranas, então é um modelo que, com um pequeno tratamento adicional poderia até ser bebido, afirma o presidente da Cedae, Wagner Victer.
O desafio de transformar esgoto tratado em água para as indústrias levou a Sabesp, a Companhia de Águas e Esgoto de São Paulo, a investir R$ 364 milhões em parceria com a iniciativa privada no projeto Aquapolo. Uma adutora levará, a partir do mês que vem, água tratada de esgoto da estação na capital paulista até o Polo Petroquímico do ABC. Dez indústrias receberão mil litros de água de reúso por segundo. Isso seria o suficiente para abastecer uma cidade de 500 mil habitantes.
“A água de reúso tem características que atendem toda a necessidade das indústrias do Polo Petroquímico. É uma água pura, com muito poucos sais, e que não vai dar problema no produção industrial, na calderaria, é uma água, diria até que em determinados parâmetros são mais rigorosos que a água potável”, afirma o diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato.
Em 2010 foram vendidos 800 milhões de litros de água de reúso Em 2011, 1,5 bilhão de litros. Para este ano, a previsão é de 1,7 bilhão de litros com um faturamento de R$ 3 milhões.

Na conta dos técnicos da companhia, quanto maior o uso de água tratada de esgoto, menor será a pressão sobre as nascentes e mananciais que abastecem São Paulo. “Nós não temos água suficiente para atender 20 milhões de habitantes e o crescimento anual de 200, 250 mil habitantes por ano nos faz buscar soluções cada vez mais distantes e cada vez mais caras.

Portanto, a água de reúso é uma solução que contribui para manter o abastecimento de água potável para 21 milhões de habitantes da Grande São Paulo”, explica Paulo.

Aos poucos, o Brasil vai descobrindo que a despesa com o tratamento de esgoto, poder virar receita. Um negócio com cara de século 21.

Fonte: Envolverde/Mundo Sustentável.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Norma para controle, uso e descarte de pilhas e baterias é fixada pelo Ibama.


Reportagem de Renata Giraldi, da Agência Brasil

O controle sobre a fabricação, o uso e o descarte de pilhas e baterias é fixado em decisão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos RecursosNaturais Renováveis (Ibama), por meio da Norma Instrutiva número 8, publicada ontem (4) no Diário Oficial da União. Pela norma, há uma série de regras para o descarte do material, o transporte, a reciclagem e o acondicionamento, assim como a determinação para que os fabricantes e importadores elaborem um relatório anual, informando em detalhes os procedimentos adotados.
Nas embalagens e manuais das pilhas e baterias, os fabricantes terão que informar sobre a adaptação às novas regras contidas na norma para o descarte e a reciclagem. O material deve ser descartado em coletas seletivas próprias, que podem ser encontradas em postos de vendas e em fábricas, mas jamais em lixos comuns.
No texto publicado hoje há uma ressalva sobre a necessidade de usar símbolos, como o “x” sobre os recipientes de lixo, para evitar o descarte do material nesses locais. Pela norma, a coleta de pilhas e baterias descartadas deve seguir uma série de regras, como o acondicionamento, a frequência do recolhimento do material, a destinação e as empresas envolvidas.
O rigor também existe para o transporte do material, informando sobre os envolvidos no processo e os locais de origem e destino. As empresas envolvidas na etapa da reciclagem também são submetidas à norma fixada pelo Ibama.
Devem ser informados os nomes das empresas fornecedora e responsável pela reciclagem, a destinação, o aterro utilizado pelas companhias e os procedimentos adotados no processo.
A preocupação das autoridades é com as ameaças à saúde e ao meio ambiente causadas pelas substâncias contidas nas baterias e pilhas. Nelas há, por exemplo, mercúrio, cádmio, chumbo, zinco-manganês e alcalino-manganês.
Há estudos que mostram que algumas substâncias podem levar à anemia, a problemas neurológicos e ao desenvolvimento de câncer. No meio ambiente, o descarte das pilhas e baterias pode atingir os lençóis freáticos, o solo e a alimentação.
Norma Instrutiva número 8 está publicada na Seção 1, páginas 153 e 154 do Diário Oficial.

Fonte: EcoDebate 05/09/2012