segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

MDL: no lugar do lixo, um monte de dinheiro.

Dos 5.612 municípios brasileiro, 100 têm condições de implmentar projetos que utilizem os aterros sanitários para gerar créditos de carbono, o que poderia resultar numa receita bruta de 2,7 bilhões de euros, com uma redução de emissões de carbono estimada em 807 milhões de toneladas. Esta é uma das conclusões do estudo “Utilização do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)”, divulgado pelo Instituo de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Como exemplos, o documento análise as iniciativas para geração de biogás desenvolvidas pelo Projeto NovaGerar, em Nova Iguaçu (RJ), e do Aterro Bandeirantes, em São Paulo.

Segundo o estudo, o setor de saneamento básico, em particular o de tratamento de lixo, apresenta elevada potencialidade para a utilização de um MDL setorial. “A maior utilização do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo poderia ser um elemento importante para viabilizar projetos ou políticas públicas que contribuam para o desenvolvimento brasileiro sustentável”, afirmou a técnica de Planejamento e Pesquisa Maria Bernadete Gomes.

Além de abordar o setor de saneamento básico do Brasil e o tratamento dos resíduos sólidos e projetos de geração de energia a partir de aterros, o estudo trata dos panoramas brasileiro e mundial do MDL, do mercado de carbono – com seus volumes e valores –, das políticas públicas e medidas de desenvolvimento
sustentável. No mercado de MDL, o Brasil figura no terceiro lugar.

Fonte: Ambiente Energia.

Sistema dessaliniza água do mar usando energia renovável

Por Glenda Almeida, da Agência USP


Um sistema mecânico capaz de transformar a água do mar em água potável utilizando energia renovável acaba de ser desenvolvido na Escola Politécnica (Poli) da USP. O equipamento poderá atender a necessidade de países como Cabo Verde, na África, onde a água potável não é um recurso tão abundante. O projeto é de autoria do engenheiro Juvenal Rocha Dias, cidadão caboverdiano, que efetuou os cálculos e medições para o trabalho durante suas pesquisas de mestrado e doutorado na Poli. A ideia surgiu justamente pela observação das necessidades de seu país de origem.

Segundo Dias, já é possível que os governos de países menos desenvolvidos pensem numa alternativa menos custosa que a técnica mais comum de dessalinização, que funciona com energia elétrica obtida a partir da queima de combustível fóssil, como o Diesel. A nova alternativa propõe ser menos nociva ao meio ambiente e pode custar menos ao poder público, no que diz respeito aos gastos com a compra de combustíveis derivados do petróleo.

O sistema denominado “coluna de dessalinização” funciona basicamente como um filtro, utilizando Energia Eólica — fornecida pelos ventos — provinda de cataventos ou turbinas eólicas, e Energia Potencial Gravitacional, que existe por conta da força da gravidade, relacionada à massa dos corpos e à altura da qual se encontram. Dias explica que o processo de dessalinização se inicia com o bombeamento de água salgada para a parte superior de uma coluna, em formato cilíndrico, onde há um reservatório. O peso dessa água impulsiona um êmbolo que pressiona o ar contido em uma câmara inferior do sistema. Esse ar exerce uma força sobre outro reservatório. A água contida nele é pressionada e passa por uma espécie de membrana. A membrana é o “filtro” do sistema, que compõe o método conhecido como “osmose reversa”. Assim, a água, antes salgada, passa pela coluna, é filtrada e transformada em água potável.

Por funcionar a partir de energia renovável, o sistema é menos nocivo ao meio ambiente

Para pensar nas soluções do projeto, Dias utilizou principalmente as leis da Física e da Termodinâmica. Segundo o pesquisador, a dimensão da coluna a ser construída depende do consumo de água potável desejado. Por exemplo, para a produção de 5 mil metros cúbicos (m3) de água, o que equivale, em média, à água utilizada por 10 pessoas ao longo de um dia, o sistema deve possuir cerca de 25 metros (m) de altura.

Vantagens

De acordo com os cálculos realizados , o consumo específico de energia no processo equivale a 2,8 kWh/m3 de água potável produzida, bem abaixo do consumo especifico de energia de sistemas convencionais, que apresentam valores em torno 10 kWh/m3 de água potável produzida a partir da dessalinização da água do mar.

A professora Eliane Fadigas, orientadora do estudo, diz que os possíveis gastos com a construção e instalação do sistema podem ser caros. Porém, a longo prazo, o investimento pode valer a pena, principalmente para países na situação econômica como a de Cabo Verde. “O governo vai poder redirecionar o dinheiro que era utilizado com a compra de Diesel para outras necessidades, ligadas também à população. É evidente que tudo isso depende da vontade política”, explica Eliane.

“Além de servir para transformar a água do mar em água potável, a coluna também pode ser adaptada e reprojetada para outros fins. Por exemplo, a partir do uso de filtros apropriados, o sistema pode ser utilizado para a despoluição de riachos e lagos, ou mesmo como fonte de água para uso na agricultura ou produção de energia elétrica”, acrescenta a professora Eliane. “Ao idealizar o sistema, pensamos não só na questão dos gases poluentes, mas também onde poderíamos depositar o sal retirado da água. Esse ‘resto’ pode ser, por exemplo, devolvido para o mar de uma forma controlada”, completa o engenheiro.

Limitações

Durante o estudo na Poli, o pesquisador construiu um protótipo da coluna, utilizando materiais diversos para teste, como baldes, papelão e concreto, e obteve sucesso nos testes. Segundo a pesquisa, os modelos reais terão como principal material o aço. Ainda será testado um protótipo da coluna mais próximo do real, por meio do qual será possível medir, por exemplo, as perdas por atrito, o que pretende aprimorar o modelo.

Segundo o engenheiro, há sim algumas limitações no funcionamento do sistema. “Uma vez que é movido à energia eólica, depende das condições dos ventos, e até mesmo dos requisitos dos catavendos, que, por sua vez, devem ser instalados próximos ao mar ou a fontes de água. Isso não acontece caso a fonte de energia seja a turbina eólica, de mecanismo diferente do catavento. Há portanto a limitação de espaço, já que quanto mais catavento, mais potência”, aponta Dias. Mas já imaginando possibilidades de compensar essas limitações, a pesquisa também sugere utilização da chamada “bomba clark”, que serve como reaproveitadora das energias ‘perdidas’ durante os processos do sistema.

Fonte:Envolverde/Agência USP de Notícias

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Brasil reciclou mais de 300 mil toneladas de pneus em 2010

Produtos descartados ganham vida nova em projetos de paisagismo e como fonte de energia para indústrias de cimento e de papel e celulose

No ano passado, o país produziu 67 milhões e 300 mil toneladas de pneus de todos os tipos e tamanhos. O volume relativo à reciclagem de inservíveis - aqueles que já não podem mais ser reaproveitados - chegou a 311 mil e 554 toneladas, o equivalente a 62 milhões de unidades de pneus de carros de passeio. Os números são da Reciclanip, entidade formada pelos fabricantes Bridgestone, Goodyear, Michelin, Pirelli e Continental e responsável pela coleta e destinação ambientalmente correta de pneumáticos.

"Representamos 70% do mercado de reposições, contra 30% de importados", diz César Saccio, gerente geral da Reciclanip, que já conta com 620 pontos de coleta em todo o Brasil. Segundo ele, a previsão de investimento no setor para 2011 é de US$ 41 milhões, o que significa um aumento de 20% em relação à verba investida em 2010, que foi de US$ 33 milhões.

Fundamental para a vida moderna, o pneu proporciona agilidade e rapidez nos deslocamentos diários, mas também representa uma ameaça potencial ao meio ambiente. Sem um descarte correto ao fim de sua vida útil, eles podem se acumular em aterros sanitários, lixões, beiras estradas e outros locais a céu aberto, facilitando a proliferação de insetos e obstruindo canais de rios. Mais grave, largado na natureza, cada pneu demora em média 600 anos para se decompor. De acordo com Resolução do Conama, os produtores de pneus são responsáveis pela destinação legal dos pneus que não podem mais ser reutilizados.

Mil e uma utilidades


No Brasil, pneus inservíveis ganham vida nova em setores tão diversos como paisagismo e indústrias produtoras de cimento e siderúrgicas. Pudera, constituído basicamente de látex, borracha sintética e aço, esse produto é 100% reciclável.

Segundo a Reciclanip, 64% do volume anual de pneus descartados seguem para as caldeiras das indústrias de cimento e de papel e celulose. "O pneu tem poder calorífico equivalente ao coque de petróleo, só que com custo zero", afirma Saccio. Os outros 36% são transformados em concreto ecológico, asfalto permeável, capachos para carro, sola de calçados e até mesmo em artefatos para paisagismo.

Em São Paulo, a fabricante de acessórios para jardinagem Verdeal investe no desenvolvimento de produtos que utilizam materiais derivados de plásticos reciclados e de raspas de pneus inservíveis. Entre os principais produtos, destacam-se o seixo de pneu (cascalhinhos) e os pedriscos, que substituem as tradicionais cascas de árvores usadas para forrar canteiros e jarros de plantas.

Além de evitar fungos e durar mais tempo que as coberturas usuais, os artefatos de pneu reciclado têm aparência orgânica e ajudam a manter a umidade da terra em dias quentes e proteger no inverno. O piso de pneu, outro investimento da empresa, pode ser usado para revestir o chão de condomínios, academias e áreas recreativas. "A demanda por essa alternativa ecológica cresce em sintonia com a adoção de cotas de sustentabilidade em grandes emprendimentos", afirma Maria Cristina Naghirniac de Stefani, diretora de marketing da empresa. Por ano, a Verdeal produz 10 toneladas de artefatos para jardinagem a partir da borracha de pneu reciclado.

Busca por novas aplicações

Uma parceria entre a Reciclanip e a Universidade de São Paulo (USP) pretende encontrar novas possibilidades de uso para os pneus inservíveis. Responsável pela coordenação do projeto, a professora Carmen Cecília Bueno, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, diz que a empreitada, que está em estágio inicial, promete.

"Os polímeros oferecem muitas possibilidades de pesquisas ainda não exploradas", afirma. De acordo com a pesquisadora, o grupo de trabalho vai investir em novas formas de tratamento de resíduos de pneumáticos e também em novas técnicas de transformação da borracha através de radiações nucleares.

Fonte: Exame.com

Impacto de poluentes na região de Cubatão é estudado através de biomonitoramento

Biomonitoramento consiste em usar quatro espécies de plantas que podem indicar concentração de poluentes

A cidade de Cubatão, no litoral sul paulista, é sempre lembrada como uma das cidades mais poluídas do estado, devido à poluição lançada pelas fábricas localizadas em seu polo industrial. Para descobrir como isso tem afetado os espécimes da mata atlântica existente na região, o Centro de Capacitação de Pesquisa em Meio Ambiente (Cepema) da Escola Politécnica (Poli) da USP, está realizando desde abril de 2009 uma atividade de biomonitoramento na região, em conjunto com o Instituto de Botânica (IBT).

Um projeto similar já havia sido realizado no local entre os anos 1990 e 2000, com a mesma finalidade. O atual acabou surgindo por sugestão da Petrobras, que mantém uma refinaria na cidade – a usina termelétrica Euzébio Rocha – e solicitou uma análise atualizada do impacto dos poluentes na região. Segundo a pesquisadora Marisa Domingos, do IBT, o foco é avaliar a situação de risco atual, por meio da concentração de compostos de enxofre, nitrogênio e ozônio, além de compostos orgânicos e metais pesados.

Para realizar o biomonitoramento, a equipe faz uso de quatro espécies de plantas, com níveis diferentes de tolerância, que podem indicar a concentração dos poluentes. Duas delas são protocoladas internacionalmente como indicadoras para essa atividade: o azevém (Lolium multiflorum), um tipo de gramínea, e o tabaco (Nicotiana tabacum). A primeira consegue acumular boa parte dos poluentes do meio, enquanto a segunda é extremamente sensível ao ozônio – o que se traduz por meio de danos visíveis em suas folhas.

Já as outras duas, o manacá da serra (Tibouchina pulchra), que é nativo da mata atlântica, e a goiabeira (Psidium guajava) apresentam uma boa resistência aos poluentes. Contudo, a exposição a uma grande concentração de poluentes poderia causar alterações de crescimento e acúmulo de compostos, entre outros efeitos.

Procedimentos

As quatro plantas estão sendo colocadas em nove pontos de Cubatão: seis nas proximidades da refinaria da Petrobras, um na base da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) – localizada no centro da cidade-, um no próprio Cepema e outro no Parque Estadual da Serra do Mar. Marisa conta que este último ponto serve de referência ao demais, por estar numa área menos poluída – porém, não chega a funcionar como um grupo de controle, pois o local não é totalmente isento de poluição.

Em cada um desses pontos, as plantas são substituídas regularmente. O tabaco é mantido por 14 dias e o azevém, por 28. Já o manacá e a goiabeira são levados com cerca de 30 centímetros para os locais, e permanecem por 12 semanas. Nesse meio tempo, são feitas aferições para verificar as medidas de crescimento.

Marisa afirma ainda que as plantas, apesar de estarem em altitudes diferentes, foram posicionadas de forma a serem expostas aos mesmos tipo de solo e iluminação. Entretanto, efeitos climáticos, como secas e excesso de luz não puderam ser controlados.

Dessa forma, para dar respaldo ao monitoramento, foram introduzidos no Cepema dois conjuntos compostos por três câmaras abertas, com três metros de diâmetro cada, onde se poderia isolar o efeito dos poluentes e desconsiderar as condições climáticas. Em cada uma delas, foram colocadas as mesmas plantas. Em um conjunto, porém, injeta-se o ar do ambiente e no outro, o ar passa por um processo de filtragem.

De acordo com Marisa, a previsão é de que a pesquisa se estenda até abril de 2012. Apesar disso, já foram obtidos alguns resultados. Uma das conclusões mostra que a área não oferece um risco alto às espécies mais tolerantes – foi registrado um aumento da defesa no manacá, mas a espécie não apresentou diferença nas respostas fisiológicas. Além disso, também verificou-se uma tendência de menor acúmulo de compostos de nitrogênio em relação à pesquisa anterior, o que pode sugerir um aprimoramento tecnológico nos processos da refinaria da Petrobras.

Cepema

Criado em 2004, por meio de um convênio entre USP, Petrobras, Cetesb, Ministério Público e Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo (Fusp), o Cepema tem o objetivo de buscar soluções e aplicações para problemas ambientais.

Com pesquisas e programas de pós-graduação, o Centro se destaca nas áreas de avaliação de emissões atmosféricas, reúso de água e minimização de efluentes líquidos e gerenciamento e tratamento de resíduos sólidos.

Reportagem de Beatriz Amendola, USP Online/Agência USP de Notícias.

Fonte: EcoDebate

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Aquecimento global pode elevar doenças transmitidas pela água

As mudanças climáticas podem aumentar a exposição das pessoas a doenças transmitidas pela água procedente de oceanos, lagos e ecossistemas costeiros, e o impacto já poderá ser sentido em alguns anos, alertaram cientistas americanos reunidos em Washington na AAAS (Associação Americana para o Avanço da Ciência).

Vários estudos demonstraram que as mudanças no clima provocadas pelo aquecimento global tornam os ambientes marinhos e de água doce mais suscetíveis à proliferação de algas tóxicas, e permitem que micróbios e bactérias nocivas à saúde se multipliquem, informaram cientistas da Noaa (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica).

Em uma pesquisa, pesquisadores da Noaa fizeram modelos de oceanos e do clima para prever o efeito nas florações de Alexandrium catenella, que produz a tóxica “maré vermelha” e pode se acumular em mariscos e causar sintomas como paralisia e inclusive ser mortal para os humanos que comerem os moluscos contaminados.

“Nossas projeções indicam que no fim do século 21, as florações podem começar até dois meses antes no ano e persistir um mês depois, em comparação com o período atual, de julho a outubro”, disse Stephanie Moore, um dos cientistas que trabalhou no estudo.

No entanto, o impacto poderá ser sentido muito antes do final do século, já em 2040, informou a especialista.

“As mudanças na temporada de floração das algas nocivas parecem iminentes. Esperamos um aumento significativo em Puget Sound (na costa do estado americano de Washington, onde foi feito o estudo) e ambientes similares em situação de risco dentro de 30 anos, possivelmente na próxima década”, disse Moore.

Em outro estudo, cientistas da Universidade da Geórgia descobriram que a areia do deserto, que contém ferro, ao se depositar nos oceanos, estimula o crescimento de Vibrios, grupo de bactérias que podem causar gastroenterites e doenças infecciosas em humanos.

A quantidade de areia com ferro depositada no mar aumentou nos últimos 30 anos e espera-se que continue aumentando, segundo registros de chuvas na África ocidental.

Fonte:Ambiente Brasil/Folha.com)

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Sacolas plásticas oxibiodegradáveis se decompõem rapidamente, mas também deixam rastros

No mesmo caminho de países desenvolvidos, aos poucos o Brasil abre guerra contra os sacos plásticos. Depois de cidades do interior de São Paulo terem proibido a distribuição das embalagens em estabelecimentos comerciais, as primeiras capitais também entram na batalha. Mas um dilema se cria a partir da nova legislação: o que irá substituir as sacolinhas no vaivém de supermercados; nas entregas em domicílio de farmácias; e em outras tarefas do dia a dia que, nas últimas duas décadas, foram atribuídas quase que exclusivamente aos embrulhos de plástico?

Apresentado como solução moderna e prática nos anos 1980, esse tipo de sacola se tornou um dos vilões do meio ambiente. Estudos comprovam a nocividade das embalagens, dada a sua lenta degradação — levam até 500 anos para se decompor — e os prejuízos que podem causar ao meio ambiente. Nas grandes cidades, contribuem para inundações; nas regiões litorâneas, são responsáveis pela mortandade de tartarugas, peixes e outros animais aquáticos, que confundem o saco com alimentos e o ingerem. Reportagem de Pedro Rocha Franco, no Correio Braziliense.

A partir de então, europeus e norte-americanos decidiram reduzir a circulação das embalagens. No Brasil, pouco a pouco, prefeituras criam medidas para coibir o uso. Resistente à abolição das sacolinhas, a indústria do plástico decidiu criar um outro modelo, mais resistente e com processo de decomposição muito mais rápido. A promessa é de que, em apenas seis meses, as chamadas sacolas oxibiodegradáveis se decomponham completamente .

Estudo do Instituto Plastivida — entidade que representa institucionalmente a cadeia produtiva do setor —, porém, desmistifica a teoria e a define como uma vilã ainda mais perigosa para a natureza. Na presença de luz, a embalagem oxibiodegradável sofre reações na cadeia polimérica e se transforma em pequenos fragmentos, de 1cm a 2cm quadrados, que são lançados no ambiente e causam problemas ainda maiores que a sacola tradicional. O produto chegou a ser adotado por redes de supermercado, mas praticamente todas as retiraram dos caixas ao saber do prejuízo. “Deixa de ser sacola fisicamente, mas está bem presente no meio ambiente”, afirma a assessora técnica do Instituto Plastivida Silvia Rolim.

Diferentemente das sacolas tradicionais, as chamadas oxibiodegradáveis recebem um aditivo químico para acelerar o processo de pulverização, sendo lançadas no meio ambiente aleatoriamente, sem qualquer preocupação com sua destinação. “O importante é eliminar o consumo excessivo de sacolas, consumindo só o estritamente necessário e reaproveitando o máximo possível, mas as oxibiodegradáveis vão contra essa lógica. É um mal conceitual espantoso”, avalia Silvia.

Proibição

A partir da difusão das informações contrárias aos sacos plásticos, países europeus e norte-americanos tomaram medidas de controle do uso. Estimativas indicam a produção de pelo menos 1 trilhão de unidades por ano — no Brasil, são cerca de 20 bilhões/ano. Seguindo o exemplo desses países, Jundiaí e Piracicaba, ambas no interior paulista, foram as primeiras cidades a vetar a distribuição de sacolas. Em 2008, a Prefeitura de Belo Horizonte sancionou projeto semelhante, dando prazo de três anos para que os estabelecimentos comerciais se adaptassem à nova lei. O período se esgota em 28 de fevereiro e, a partir de março, tem início a fiscalização. A legislação prevê cinco tipos de penalidade, inclusive com a possibilidade de interdição do estabelecimento e cassação do alvará de funcionamento, em caso de descumprimento.

Belo Horizonte será a primeira capital a tentar banir as sacolas plásticas. Na capital mineira, lanchonetes, lojas de roupa e farmácias já se adaptaram à obrigatoriedade, mas as redes de supermercado — maiores distribuidores dos sacos plásticos, com 1 bilhão por mês em todo o país —, contrárias à medida, dão sinais de que nada farão, menosprezando as punições. Rio de Janeiro e Porto Alegre também chegaram a criar leis, mas foram vetadas por inconstitucionalidade (os textos impunham o tipo de embalagem que seria entregue nos caixas). São Paulo também corre atrás de normas próprias e projeto de lei tramita na Câmara Municipal.

Volta ao papel

Um passo no passado em benefício do futuro. Distribuída nos supermercados até o fim do anos 1980, a sacola de papel perdeu espaço com a entrada do plástico, mas, dada a maior preocupação com questões ambientais, o retorno do papel pode ser uma solução. Estudos feitos nos Estados Unidos mostram que dois sacos de papel substituem até 14 unidades de plástico. As redes de supermercado justificam a resistência em adotar as novas embalagens pelo custo elevado. Cada unidade pode custar até 10 vezes mais que uma de plástico. “Há desperdício no uso da sacolinha. No comparativo um por um, o preço do papel é maior mesmo, mas é preciso comparar com o número de sacos que são tirados de circulação”, explica o presidente do Sindicato das Indústrias de Celulose, Papel e Papelão de Minas Gerais (Sinpapel-MG) e da empresa Imballaggio, Antônio Eduardo Baggio.

Defensor do uso dos sacos de papel, ele acredita ser a maneira mais viável de substituir o plástico sem necessidade de mudança radical do comportamento dos clientes. “A única diferença é no modo de carregar as compras. Em vez de se levar várias sacolas pela alça, as compras serão levadas nos braços. Igual se vê em filmes”, reitera. Diferentemente disso, as sacolas de ráfia e lona requerem que o consumidor saiba de antemão que vai às compras e carregue consigo, no carro ou na bolsa, uma unidade das chamadas ecobags, ou sacolas ecológicas. Caso contrário, toda vez que for ao supermercado será preciso pagar por uma sacola nova.

PELO MUNDO

Europa

» Desde o ano 2000, algumas cidades passaram a cobrar entre R$ 0,20 e R$ 0,70 por cada sacola plástica entregue nos caixas de supermercado, enquanto as unidades de papel são opção gratuita. Na Irlanda, o consumo chegou a cair 90% e o imposto é convertido para ações de proteção ambiental. Na Holanda, foram adotadas sacolas plásticas reutilizáveis, feitas com material mais resistente, e também vendidas em supermercados. Na Suíça, são usadas sacolas de ráfia e de lona.

Estados Unidos

» O consumidor pode optar tanto pelo saco plástico quanto pelo de papel ao comprar em supermercados. Os norte-americanos preferem a segunda opção. Enquanto no fim dos anos 1990 a proporção de embalagens de papel para as de plástico era de um para quatro, atualmente, é de um para um.


Índia e África do Sul

» Os estabelecimentos foram proibidos de distribuir os saquinhos plásticos, sob pena de multa e até prisão.

Entenda os malefícios da sacola oxibiodegradável

Sacola plástica

Camada de produto para acelerar a decomposição

Luz e calor

Plástico

Sacola plástica fragmentada em pequenos pedaços

* A composição da sacola oxibiodegradável se dá a partir da inclusão de um aditivo que acelera a oxidação quando a sacola é exposta ao calor e à luz solar.

* Na presença de luz, a sacolinha sofre reações na cadeia polimérica e, em cerca de seis meses, se transforma em pequenos fragmentos, de 1cm a 2cm quadrados, praticamente se pulverizando.

* Mesmo com a alteração física, a sacola segue presente na natureza e causa danos ainda mais graves que os do modelo tradicional, como a contaminação em rios e lagos e também a ingestão maléfica por parte de animais, que engolem fragmentos do plástico.

Fonte: EcoDebate

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Pesquisas mostram contaminação por metais pesados no Rio São Francisco

Segundo estudos da UFMG, as águas do São Francisco em Três Marias (a cerca de 250 quilômetros de Belo Horizonte) estão fortemente contaminadas por metais pesados (como zinco, cádmio e cromo), lançados por antiga metalúrgica

Duas pesquisas desenvolvidas pelo Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) na Bacia do Rio São Francisco mostram como a natureza pode sofrer por anos a fio com impacto ambiental e como os riscos à saúde humana por causa da poluição podem persistir no tempo.

Segundo as pesquisas, as águas do Rio São Francisco em Três Marias (a cerca de 250 quilômetros de Belo Horizonte) estão fortemente contaminadas por metais pesados (como zinco, cádmio e cromo), lançados pela metalúrgica da extinta Companhia Mineira de Metais (CMM) a partir de 1969, quando teve início a produção de zinco eletrolítico (utilizado para revestir peças de ferro e evitar ferrugem).

Os metais pesados foram lançados por cerca de uma década no Córrego da Consciência, que alimenta o São Francisco. Somente no fim dos anos 70, a CMM construiu um dique isolando os resíduos da metalúrgica do leito do rio. De acordo com a geógrafa Elizêne Veloso Ribeiro, autora do estudo com as amostras de água, os metais pesados podem causar câncer e afetar o sistema nervoso e o sistema reprodutivo se forem acumulados no organismo.

Ela ressaltou que não há mais o lançamento de metais pesados pela metalúrgica (hoje sob o controle da Votorantim Metais). O geólogo Wallace Magalhães Trindade, responsável pela pesquisa com os sedimentos do rio, explicou, no entanto, que os rejeitos do passado formam “um estoque de contaminação” que está depositado no fundo do rio. As partículas dos metais pesados sobem e ficam no corpo da água conforme a mudança no volume e na temperatura do rio.

O gerente corporativo de Meio Ambiente da Votorantim Metais, o geólogo Ricardo Barbosa, disse à Agência Brasil que “não há risco nenhum à saúde humana e que os peixes não estão contaminados”. Ele afirmou que a metalúrgica “não descarta mais resíduos no rio”, cumpre as condicionantes da licença ambiental e monitora “exaustivamente” a área conforme a legislação ambiental. O gerente informou que será retirado das proximidades do rio um depósito já desativado de resíduos.

Elizêne Veloso Ribeiro e Wallace Magalhães Trindade destacaram que a aplicação das leis ambientais evita problemas e ressaltaram o papel da fiscalização para o controle e monitoramento da qualidade do rio. Eles lembraram, porém, que as resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) não regulamentam o lançamento de todas as substâncias tóxicas encontradas pelas pesquisas no Rio São Francisco, o que dificulta o trabalho de fiscalização.

Além da presença dos metais pesados, as pesquisas identificaram problemas no Córrego Barreiro Grande (que também alimenta o Rio São Francisco) por causa do lançamento de esgoto urbano e industrial em Três Marias. Durante quase um ano, as pesquisas coletaram amostras de água em um trecho de 160 quilômetros de extensão, que banha 15 municípios.

Outro passivo ambiental, em menor grau que Três Marias, foi verificado em Pirapora (a 340 quilômetros de Belo Horizonte), por causa da atividade metalúrgica e da indústria têxtil local.

Denúncias sobre poluição de rios em Minas Gerais podem ser feitas nas superintendências regionais do Instituto Mineiro de Gestão das Águas ou pelo telefone (31) 3919.1177. Recentemente, o governo de Minas criou, na Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, uma subsecretaria de fiscalização, cujos telefones são (31) (31) 3219.5518 ou 3219.5521.

Reportagem de Gilberto Costa, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 09/02/2011

Estudo associa dinâmica de bacia hidrográfica e vegetação

Por Alicia Nascimento Aguiar, da Assessoria de Comunicação da Esalq


Estudo realizado na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq) da USP, em Piracicaba, detectou as variações do balanço hídrico e da cobertura vegetal do solo, bem como a influência da atividade humana nesses indicadores, na bacia hidrográfica do Rio Verde (Goiás). O pesquisador Ronaldo Antonio dos Santos analisou a dinâmica da precipitação, vazão e evapotranspiração e verificou se o crescimento da área com solo exposto, devido a colheita de cereais nos meses de junho e julho, influenciou esses dois últimos componentes do balanço hídrico da região. Evapotranspiração é a perda de água do solo por evaporação e a perda de água da planta por transpiração.

A pesquisa, desenvolvida no programa de pós-graduação em Irrigação e Drenagem da Esalq, apoiou-se no fato de que a mudança no uso e cobertura do solo pode alterar o balanço energético na superfície terrestre e, por conseguinte, a taxa de evapotranspiração e a disponibilidade hídrica na zona radicular da planta, da mesma forma, a infiltração de água no solo, a qual origina os fluxos hídricos superficiais e sub-superficiais da bacia hidrográfica. “Além das transformações na superfície terrestre, a construção de grandes lagos artificiais e o desvio de água para irrigação também podem alterar as vazões de rios”, aponta Santos. “Outro fator que geralmente tem resultado em aumento na vazão dos rios é a substituição de vegetação nativa, como florestas, savanas e cerrados, por outras de interesse econômico, como pastagens, culturas perenes e anuais.”

A pesquisa utilizou um banco de dados hidrológicos, climatológicos e de sensoriamento remoto, assim como técnicas de processamento, análise de consistência, testes de significância e modelagem do SEBAL (método destinado a quantificar a evapotranspiração a partir de dados de sensoriamento remoto – imagens de satélite – e alguns dados meteorológicos, como radiação solar, velocidade do vento, temperatura e umidade do ar). Constataram-se dois cenários distintos em relação a vazão da bacia, um entre 1995 a 2001 (Período 1) e outro entre 2002 a 2008 (Período 2).

De acordo com os resultados obtidos, a precipitação em ambos os períodos foi semelhante, mas a vazão média anual da bacia no Período 1, foi 22% menor que a do Período 2, sendo que em uma de suas sub-bacias essa diferença chegou a 27,7%. Nessa sub-bacia, as vazões anuais do Período 1 foram sempre menores do que aquelas registradas no Período 2, mesmo nos anos mais chuvosos, ou seja, a vazão média anual do Período 2 foi 148 milímetros (mm) maior quando comparada com a do Período 1.

Volume

A bacia do Rio Verde possui cerca de 12.725 quilômetros quadrados de superfície terrestre. A lâmina de água equivale a um volume de 595.970.735 metros cúbicos por ano, lembrando que a vazão representa uma das perdas de água do sistema. Para se ter uma idéia do que esse número significa, deve-se considerar que, em 2008, o consumo médio diário de água do estado de Goiás foi de 125,5 litros por habitante, logo, esse volume seria suficiente para abastecer 13.010.331 habitantes durante um ano, número 114 vezes maior que a soma da população dos municípios da região (113.873 habitantes).

Os resultados da pesquisa sugeriram que outros componentes do balanço hídrico poderiam ter influenciado a dinâmica da água na região. Entre esses, os pesquisadores optaram por estudar a evapotranspiração, uma vez que essa é fortemente influenciada pelo tipo de cobertura do solo e disponibilidade energética e hídrica, sendo a maior responsável pelas perdas de água no balanço hídrico.

A pesquisa mostrou que a evapotranspiração representava 67% dessas perdas na bacia do Rio Verde. Contudo, o estudo também apontou que a variação da precipitação e da área com solo exposto, no mês de junho, não poderia ser a única responsável pela vazão registrada entre 1995 e 2008. Dessa forma, os estudos devem prosseguir com a quantificação dessas variáveis nos demais meses do ano, para tentar identificar as possíveis causas da alteração na vazão.

Para o orientador do trabalho, o professor Marcos Vinícius Folegatti, os resultados da pesquisa são promissores. “O emprego de técnicas de sensoriamento remoto para o monitoramento espaço-temporal da cobertura terrestre e do componente evapotranspiração será capaz de viabilizar pesquisas dessa natureza por meio da redução do tempo e investimentos financeiros necessários ao levantamento de dados de campo”, ressalta.

Fonte: Envolverde/Agência USP de Notícias

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Brasil cumpre poucas metas de preservação de seus biomas, segundo ONG

Bruno Bocchini, da Agência Brasil



O Brasil cumpriu poucas metas para a proteção de seus biomas estipuladas na Convenção das Nações Unidas (ONU) sobre Conservação da Diversidade Biológica. É o que mostra levantamento da organização não governamental (ONG) WWF-Brasil em parceria com a Conselho Nacional Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.

Das 51 metas nacionais que deveriam ser atingidas até 2010, o país cumpriu duas na totalidade; cinco não foram executadas, e o restante encontra-se em estágios intermediários de cumprimento.

De acordo com o levantamento, o país não cumpriu a meta de recuperar no mínimo 30% dos principais estoques pesqueiros com gestão participativa e controle de capturas. Também não colocou em ação planos de manejo para controlar, pelo menos, 25 das principais espécies exóticas invasoras que mais ameaçam os ecossistemas.

O país também não implementou projetos de proteção ao conhecimento de todas as comunidades tradicionais dos biomas, e nem criou políticas para que os benefícios resultantes do uso comercial dos recursos genéticos dos ecossistemas fossem efetivamente repartidos de forma eqüitativa em prol da conservação da biodiversidade.

O Brasil, segundo a WWF, cumpriu apenas a redução média de 25% no número de focos de calor em cada bioma, e também elaborou uma lista amplamente acessível das espécies brasileiras formalmente descritas de plantas, animais vertebrados, animais invertebrados e microorganismos.

“No campo do conhecimento, de criação de áreas protegidas, de monitoramento, as notícias são boas. Em outros campos, sobre o uso sustentável dos biomas, de se colocar o meio ambiente no centro das decisões políticas, e de se criar uma economia verde, as notícias são ruins”, avaliou o superintendente de conservação do WWF-Brasil, Cláudio Maretti. Maretti.

O estudo mostra ainda que o Brasil cumpriu apenas em parte a meta de redução na taxa de desmatamento de seus biomas. Não foi alcançado o estipulado pela convenção da ONU, de diminuição de 100% no desmatamento no Bioma Mata Atlântica, de 75% no Bioma Amazônia e de 50% nos demais biomas.

Com encerramento dos prazos de 2010, e com as decisões tomadas na conferência de Nagoia (Japão), em outubro do ano passado, ficaram definidas metas ainda mais ambiciosas para o Brasil. O objetivo agora é aumentar para 17% as áreas protegidas até 2020, praticamente o dobro do que o bioma abriga hoje.

Fonte: MercadoEtico/Agência Brasil

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Metodologia estimula gestão compartilhada da água urbana

A participação dos moradores na gestão da água urbana contribui para a durabilidade das obras realizadas pelas empresas e a sustentabilidade dos serviços que oferecem, aponta pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental (Procam) da USP. No estudo, a socióloga Maria Lucia Guilherme Borba apresenta uma metodologia em que a população debate os projetos com os técnicos e se compromete a monitorar as condições da água na comunidade, procurando descartar o lixo de forma adequada e evitar ligações clandestinas de esgoto.

A pesquisa desenvolveu uma metodologia que ajudasse na cooperação entre técnicos das empresas e moradores. “O objetivo é abrir caminho para uma gestão compartilhada da água urbana, o que inclui abastecimento, esgotos e drenagem”, diz Maria Lúcia. “Sem o envolvimento da população local, não há garantia da durabilidade das obras, que deixam de servir a finalidade a que foram planejadas”.

Com base na experiência profissional em uma organização holandesa, a socióloga estabeleceu as bases da metodologia, a partir do monitoramento para a ação e eficácia. “Cada morador se envolve com o projeto desde o início e cuida do acompanhamento das condições da água urbana em casa e nos arredores do domicílio”, relata. “Os problemas que surgirem devem ser resolvidos no lugar em que acontecem, com os moradores agindo para resolvê-los antes de chamarem a empresa de água ou a prefeitura.”

Os moradores participam de todo o processo de discussão com os técnicos e as autoridades locais e são encarregados de elaborar um mapa da região, com indicação de ruas, casas, empresas e pontos comerciais. “Este levantamento ajuda a envolver a comunidade no projeto”, explica Maria Lúcia. “Ao invés da simples implantação, os técnicos expõem os problemas à população, que define prioridades ao mesmo tempo em que se compromete com a proteção da obra”.

Debates

O fechamento de um piscinão era a reivindicação da comunidade em um dos projetos pesquisados pela socióloga. “Nas reuniões, os técnicos apontaram que a cobertura faria com que a água transbordasse em pontos localizados mais a frente do piscinão e poderia aumentar o problema para o bairro”, relata. Ao final dos debates, houve um acordo para manter o piscinão aberto. “Ao mesmo tempo, a população local passaria a controlar o descarte de lixo e a evitar ligações clandestinas de esgoto, para que não houvesse deposição de detritos na água”.

No outro projeto analisado, os moradores queriam a instalação de uma rede de esgotos. “Embora houvesse fossas nas casas, grande parte do esgoto doméstico era lançado nas ruas”, conta Maria Lúcia. Devido ao fato de o bairro estar localizado em uma área de mananciais, os técnicos demostraram que o transporte do esgoto exigiria um investimento muito elevado e a comunidade pagaria mais caro do que pela limpeza das fossas. “Assim, foi proposta a implantação de fossas comunitárias para coletar e tratar o esgoto no próprio bairro, medida aceita pelos moradores após as discussões”.

De acordo com a socióloga, também houve mudança de comportamento dos técnicos da empresa de água. “Eles reconheceram que o contato com os moradores pode ser benéfico, na medida em que traz aos projetos maior durabilidade e sustentabilidade”, destaca. “Em um dos projetos, a participação de técnicos com alto poder de decisão nas discussões surpreendeu os moradores, que nunca haviam visto pessoas da empresa na comunidade”.

Maria Lúcia ressalta que os moradores colaboram com a proteção das obras, mas não podem ser deixados sozinhos. “O trabalho deve ser conjunto, se eles não conseguirem resolver os problemas que surgirem, tem de haver a possibilidade de buscar auxílio com a empresa”, alerta. A pesquisa teve orientação da professora Mônica Ferreira do Amaral Porto, da Poli. A metodologia recebeu o Prêmio Mário Covas de Inovação em Gestão Pública, no ano de 2009.

Fonte: Envolverde/Agência USP de Notícias

Plástico biodegradável pode ser produzido a partir de bactérias

Produzir plástico biodegradável a partir de microorganismos dos rios amazônicos. Há quase dois anos, o pesquisador do Instituto de Ciências Médicas da Universidade de São Paulo (USP), Aldo Procópio, está no estado Amazonas, onde estuda as bactérias que acumulam polímeros, moléculas formadas quando duas ou mais moléculas, chamadas monômeros, se combinam umas às outras.

A pesquisa objetiva reduzir o uso do plástico derivado do petróleo e contribuir de forma significativa para a preservação do meio ambiente. Procópio explica que os estudos começaram com o isolamento das bactérias coletadas dos rios amazônicos, principalmente o Negro, Solimões e o Madeira. “No período da seca, baixa dos rios, há uma escassez de nutrientes, o que favorece o desenvolvimento de microorganismos que têm potencial para estocar fonte de carbono em seu interior e nos fornecer o biopolímero”, disse.

Além do plástico biodegradável, o estudo indica que outros produtos podem ser desenvolvidos a partir do biopolímero, como remédios, fio de sutura, pinos de sustentação de ossos utilizados em cirurgias ortopédicas, cápsulas que envolvem medicamentos e embalagens de descarte rápido.

O pesquisador ressalta a importância da pesquisa na preservação do meio ambiente e, sobretudo, como alternativa de redução do acúmulo de lixo. “Hoje, temos um descarte muito grande de plástico derivado do petróleo. Esse material leva quase 400 anos para se degradar no meio ambiente. Já o bioplástico é degradado em seis meses”, explica Procópio.

A pesquisa faz parte do Programa de Desenvolvimento Regional (DCR) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). O DCR tem o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT) e consiste em apoiar com bolsas, passagens e auxílio, doutores titulados em outros estados e no Amazonas interessados em desenvolver pesquisas em instituições localizadas no Amazonas, fixando-os na região.

Fonte: MercadoEtico/EcoDebate