terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Bons ventos para Sergipe.

Por Cláudio Nunes

Com a vitória no leilão da Aneel, Sergipe deu apenas o primeiro passo para começar a produzir energia eólica.


A empresa genuinamente sergipana Energen, venceu um dos lotes promovidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e pretende instalar, até 2012, na Barra dos Coqueiros o primeiro parque eólico de Sergipe. No leilão a Energen comprou 2 Gigawatt (GW) de energia eólica. Para isso conta com o apoio do governo estadual, através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, que fez o comodato de uma área de 20 hectares onde se situaria o pólo cloroquímico que nunca saiu do papel. A previsão é gerar 30 Megawatts (MW), energia suficiente para abastecer uma cidade de 200 mil habitantes.

A vitória do projeto de Sergipe no leilão da Aneel é histórica porque coloca o Estado num seleto grupo que vem explorando a forma de energia alternativa que não polui, nem degrada o meio ambiente. No Brasil os estados do Rio Grande do Norte e Ceará despontam neste setor, mas Sergipe tem outro projeto importante, em Santo Amaro que também pode sair do papel nos próximos meses. O grupo conta com o apoio do BNB para financiar o projeto na ordem de R$ 160 milhões.

Com a vitória no leilão, Sergipe deu apenas o primeiro passo para começar a produzir energia eólica, tendo como algumas vantagens a morfologia do terreno, a infraestrutura e o apoio do governo estadual. Porém se desejar seguir adiante o Estado precisa fazer logo o seu mapa eólico e regularizar seus terrenos, já que algumas áreas que podem ser aproveitadas, ainda na região da Barra dos Coqueiros, no povoado Duro, não têm regularização fundiária.

E o primeiro parque eólico pode possibilitar também um investimento em Sergipe da empresa espanhola Gamesa, que procura um Estado para implantar sua primeira fábrica na América Latina, que será no Brasil. A posição estratégica de Sergipe pode possibilitar o investimento de aproximadamente 40 milhões de euros, numa área de 30 mil metros quadrados.

Nos últimos anos os Estados Unidos e a China investiram muito na energia eólica. O Brasil está avançando, mas perdeu muito tempo discutindo a viabilidade das térmicas. Sem falar que a usina nuclear, como desejam alguns que seja instalada uma no São Francisco é algo perigoso para o meio ambiente e a população ribeirinha. Sergipe tem um potencial grande no setor eólico. É saber aproveitar o momento. Que os bons ventos realmente cheguem a Sergipe.

Infonet.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Meta é ter 58% do esgoto tratado até 2020,

Dois compromissos do Governo Federal ,para as áreas de saneamento e da qualidade do ar, foram lançados em encontro realizado em Brasília. O primeiro deles, o "Compromisso pelo Meio Ambiente, Saúde e Saneamento Básico", prevê que até 2020 o Brasil aumente em 80% o volume do esgoto tratado chegando a 58% do total. Hoje, o índice é 32,5%.Vai também aumentar em 45% o total da população atendida com coleta de esgoto.

Neste mesmo período, a proposta é dobrar o investimento em tratamento e coleta de esgotamento sanitário. A discussão do compromisso brasileiro abriu oficialmente o debate para a construção coletiva do Plano Nacional de Saneamento (Plansab).

O "Compromisso Pela Qualidade do Ar e Saúde Ambiental" vai funcionar como uma espécie de fórum de reflexões sobre o assunto e como um balizador para a construção do Plano Nacional de Qualidade do Ar (PNQA), que está no seu início. O PNQA tem por objetivo reduzir as concentrações de contaminantes na atmosfera para assegurar a melhoria da qualidade do ar e a proteção à saúde, compatibilizando o alcance de metas de qualidade do ar com o desenvolvimento econômico.

O novo plano vai também integrar políticas públicas e instrumentos que se complementem nas ações de planejamento territorial, setorial e de fomento. Uma outra contribuição do plano é quanto à diminuição dos gases de efeito estufa. Como exemplo de ações que vêm sendo tomadas em defesa da qualidade do ar, o ministro Carlos Minc, do Meio Ambiente, citou a aprovação pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente de Resolução que obriga estados e municípios brasileiros a realizarem a inspeção veicular.

Água online

SC já tem consórcio para regular todas as áreas do saneamento.

Com a adesão inicial de 11 municípios foi criada em Florianópolis (SC), no último dia 1º de dezembro, a primeira agência reguladora dos serviços de saneamento básico sob a forma de consórcio público, nos termos do artigo 241 da Constituição da República e da Lei nº 11.107/2005. A primeira diretoria é integrada pelo prefeito de Coronel Freitas, Mauri José Zucco (presidente) tendo como vice-presidente, o prefeito de Monte Carlo, Antoninho Tibúrcio Gonçalves.

Os primeiros participantes do consórcio já possuem por lei a ratificação do Protocolo de Intenções. São os municípios de Águas de Chapecó, Alto Bela Vista, Formosa do Sul, Iraceminha, Ita, Jardinópolis, Monte Carlo, Pinhalzinho, União do Oeste e Vargeão, totalizando cerca de 1 milhão de habitantes.

Outros 65 municípios já subscreveram o Protocolo de Intenções, e aguardam a tramitação da lei autorizativa nas Câmaras de Vereadores. O projeto prevê 150 municípios consorciados até o fim do primeiro semestre de 2010. Deste total, há municípios operados por Serviços Municipais de Água e Esgoto (SAMAEs), e pela Companhia Estadual (CASAN). Essa configuração traz um desafio inédito no país, que é a regulação de vários prestadores de serviço por uma só agência.

Denominada de Agência Reguladora dos Serviços de Saneamento Básico (ARIS) a entidade possui natureza jurídica de direito público. O projeto de criação, coordenado pelo advogado e consultor jurídico da Federação Catarinense de Municípios (FECAM), Marcos Fey Probst teve a participação dos consultores externos Fernando Marcola e Alceu de Castro Galvão Junior.

A ARIS tem entre os objetivos, além da normatização do setor, a fiscalização dos serviços prestados, a definição das tarifas, a garantia do cumprimento das condições e metas estabelecidas entre o poder público e as empresas prestadoras de serviço, o acompanhamento do cumprimento das metas dos planos municipais de saneamento, em conformidade com a Lei nº 11.445/2007.

Segundo o consultor jurídico da FECAM, o próximo passo é a nomeação dos membros do Conselho de Regulação e do Diretor-geral, todos com mandato e escolhidos pela Assembléia Geral da ARIS, dentro das condições estabelecidas pelo Protocolo de Intenções. Após, iniciam-se os trabalhos de elaboração das normas de regulação.

A ARIS possui todas as características das entidades de regulação, em especial aquelas elencadas pelo artigo 21 da Lei nº 11.445/2007. Para tanto, o projeto de criação da ARIS atentou para as competências dos órgãos componentes da estrutura dos consórcios públicos. Segundo Fey Probst, a principal preocupação foi em resguardar a independência técnica e financeira da entidade de regulação.

Para tanto, discriminaram-se detalhadamente as competências de cada órgão do consórcio público de regulação. O importante é que as matérias relativas à regulação e fiscalização sejam de competência do Conselho de Regulação e do Diretor-geral, que exercem mandato eletivo, além dos servidores que exercem cargos públicos efetivos. Não cabe a nenhum agente eletivo, ou à própria Assembléia Geral, interferir em decisões técnicas.

Quanto à operacionalização dos serviços de regulação, serão criadas unidades regionais em cinco ou seis municípios consorciados, permitindo agilidade e maior presteza na fiscalização. Estas unidades regionais aproveitarão as estruturadas físicas já existentes das Associações de Municípios, sem, contudo, qualquer interferência nas atividades regulatórias. Isto proporcionará economia de despesas à ARIS, bem como fortalecimento do associativismo municipal em Santa Catarina.

O consultor jurídico da FECAM, ao final, destaca o cuidado na criação de consórcios públicos no Brasil. Segundo ele os consórcios públicos são importante instrumento de realização de atividades de Estado, mas precisam ser bem constituídos, a fim de não trazerem ônus aos entes consorciados.

Conforme os criadores da entidade, a união dos municípios para a regulação e fiscalização dos serviços de saneamento básico traz vantagens expressivas. Primeiramente, porque possibilita a regulação e fiscalização com baixo custo operacional à sociedade. Segundo, pela possibilidade da uniformização das normas de regulação, especialmente importante para regular e fiscalizar a concessionária estadual de água e esgoto (CASAN). Por fim, tem-se como vantagem a existência de equipe técnica qualificada e bem remunerada, permitindo a execução eficiente dos serviços de regulação e fiscalização. Ademais, o quadro técnico da ARIS será definido mediante realização de concurso público.


Água online.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Prefeitos se comprometem a construir um aterro sanitário .

Texto: Antonio Carlos Garcia

Finalmente, as prefeituras de Aracaju, Nossa Senhora do Socorro e São Cristóvão chegaram a um acordo para o destino do lixo produzido por estas três cidades. Foi assinado ontem, pelos prefeitos Edvaldo Nogueira, Fábio Henrique e Alexsandro Oliveira, respectivamente, um protocolo de intenções para construção de um aterro sanitário da região metropolitana de Aracaju. A assinatura aconteceu no Centro Administrativo Aloísio Campos. Dos 70 hectares da área necessária para implantação do aterro, no bairro Palestina, em Nossa Senhora do Socorro, 40 já foram desapropriados, mas o aterro só será realmente nesse local depois um parecer da Administração do Meio Ambiente (Adema).

A Prefeitura de Aracaju já contratou uma empresa para fazer um estudo de impacto ambiental no terreno e esse trabalho deve ser concluído em janeiro de 2010. Somente depois desse primeiro estudo é que a Adema fará uma análise técnica. O secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), Márcio Macedo, explicou que serão necessárias três licenças para que o aterro possa passar a operar: uma prévia, outra de operação e outra ainda de instalação. Pode haver uma autorização com algumas determinações, autorizados em sua totalidade ou não.
O secretário Márcio Macedo disse que a assinatura do protocolo de intenções pelos prefeitos dos três municípios foi extremamente importante e “ao governo do Estado cabe apoiar para a implementação”. O objetivo das três prefeituras é gerenciar os resíduos sólidos de forma consorciada, de modo a reduzir os impactos ao meio ambiente e com isso melhorar a qualidade de vida da popula-ção. As negociações em torno da formação do consórcio do aterro sanitário começaram no início desse ano e avançaram a partir do segundo semestre.

O aterro terá uma vida útil de 15 anos e ao longo desse período terá um investimento estimado entre R$ 14 milhões e R$ 15 milhões. Depois desse tempo, a área poderá ser destinada, por exemplo, para um parque. Só serão enviados para o aterro o lixo orgânico e Aracaju produz, por dia, 400 toneladas, enquanto Socorro produz 100 toneladas/dia e São Cristóvão outras 50 toneladas.


Jornal da Cidade.

Fibra obtida de parte desperdiçada da planta pode ser utilizada como reforço de estruturas na construção civil.

Por Fábio Reynol, da Agência Fapesp


As sobras da bucha de sisal, que geralmente são jogadas fora nos processos de fabricação de cordas, podem fornecer uma importante matéria-prima para a indústria de materiais de construção, aponta uma nova pesquisa.

A equipe do professor Holmer Savastano Júnior, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo (USP), no campus de Pirassununga (SP), desenvolveu um método de obtenção de fibras a partir da sobra rejeitada da planta que pode gerar renda e aprimorar a cadeia do sisal, que envolve hoje, no país, mais de 700 mil pessoas em atividades diretas e indiretas.

Chamado de polpação organossolve, o processo consiste em dissolver a massa do sisal por meio da aplicação de pressão, alta temperatura e de um reagente, no caso, etanol. O objetivo é quebrar a lignina que mantém as fibras unidas.

Os processos convencionais para obtenção de fibras ou celulose utilizam o método kraft, que, além de envolver um processo químico mais agressivo, é viável somente em larga escala. “Uma grande vantagem do organossolve é ser adaptável a plantas de pequeno porte, o que o torna adequado a pequenos produtores”, contou Savastano.

Outro ponto que acentua a função social da nova técnica é o fato de ela aproveitar um rejeito da indústria do sisal. Desse modo, a fibra para reforçar cimento não será retirada da indústria da cordoaria, ramo que mais utiliza o sisal como matéria-prima.

O fibrocimento poderá ser mais um braço da cadeia produtiva do sisal, planta que tem o Brasil como maior produtor mundial. O material obtido da planta do semiárido, segundo a pesquisa, pode entrar na fabricação de telhas, divisórias, suportes de ar-condicionado, caixas d’água e demais estruturas que atualmente utilizam outros tipos de fibras.

Um dos desafios da equipe de Savastano é reduzir a degradação que o sisal sofre em um produto de construção a base de cimento. Como toda fibra natural, ela sofre os efeitos da alcalinidade do cimento, decompondo-se com o passar do tempo.

Por causa disso, as peças de fibrocimento desenvolvidas até o momento contêm um porcentual de fibras sintéticas, como PVA (polivinil alcool) e PP (polipropileno). “Queremos agora aumentar o teor da fibra natural e reduzir o de materiais sintéticos”, disse.

Além do sisal, o grupo da USP começou a pesquisar também a fibra de bambu como componente de fibrocimento. A engenheira agrícola Viviane da Costa Correa, orientanda de Savastano, desenvolve em seu mestrado o processo organossolve aplicado ao bambu. “Estamos estabelecendo a temperatura e o tempo ideais para a obtenção da fibra de bambu”, disse Viviane. Os ajustes sobre a polpação do bambu estão sendo feitos com o apoio do grupo do professor Antonio Aprigio Curvelo, do Instituto de Química de São Carlos da USP.

Além de fornecer fibras para reforço de cimento, o bambu também poderá servir de matéria-prima para celulose e papel. “O bambu é uma gramínea gigante que está presente em vastas extensões do Brasil, por isso esses processos poderão gerar um grande impacto no desenvolvimento econômico do país”, destacou Savastano.



(Envolverde/Agência Fapesp)

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Eletricidade nuclear: na contramão da sustentabilidade

“A discussão sobre energia nuclear precisa levar em consideração o modelo econômico adotado no país, o qual se baseia no aumento do consumo e da oferta de energia. Isto não é aceitável. O atual modelo energético brasileiro “ofertista” é insustentável. Precisamos nos perguntar, para quê e para quem essa energia é produzida”. A afirmação é de Heitor Scalambrini Costa, Professor Associado da Universidade Federal de Pernambuco, em artigo enviado pelo autor.

Eis o artigo.

Desenvolvimento sustentável é aquele que é capaz de suprir as necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade de atender às necessidades das gerações futuras. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Partindo desse conceito podemos afirmar que é um absurdo e equivocado que o governo brasileiro priorize a opção nuclear para geração de energia elétrica, considerando que o país conta com tantas opções de produção a partir de energias renováveis e limpas. Além dos riscos devido a acidentes, ao lixo atômico, as emissões de CO2, somam-se o risco geopolítico que traria ao país e a região esta tecnologia.

A exploração abusiva e perdulária da energia originada de fontes não-renováveis (combustíveis fósseis, como o petróleo, carvão e o gás natural, e a energia produzida nas usinas nucleares), ainda maioria no planeta, traz danos irreversíveis ao meio ambiente. Com base nesse fato, a questão das fontes de energia é assunto em pauta mundialmente. No Brasil, cria polêmica à discussão sobre as usinas nucleares como complemento à produção de energia a partir das hidrelétricas.

Atualmente, a energia nuclear corresponde a 2 % da produção energética brasileira, gerada pelas usinas Angra 1 (657 megawatts) e Angra 2 (1.350 megawatts). A principal matriz do Brasil é a hidroeletricidade (80%). A intenção do governo com a reativação do Programa Nuclear é de aumentar a capacidade nuclear com a instalação de Angra 3 até 2012, e com a construção de quatro novas usinas até 2030, sendo duas na região Nordeste e outras duas no Sudeste, conforme propõe o Plano Nacional de Energia 2030 - Estratégia para a Expansão da Oferta, apresentado pela Empresa de Pesquisa Energética-EPE.

Apesar dos renovados esforços da indústria nuclear em apresentar-se como segura, acidentes em instalações nucleares em diversos países continuam a demonstrar que esta tecnologia é perigosa, oferecendo constantes riscos que podem trazer conseqüências catastróficas ao meio ambiente e à humanidade, por centenas e milhares de anos. O exemplo mais recente foi o acidente pós-terremoto na maior usina atômica do mundo, localizada em Kashiwazaki-Kariwa, no Japão. Sem falar em outro problema que continua sem solução no Brasil e no mundo, que é o armazenamento do lixo radioativo gerado pelas usinas.

Afirmar que as centrais nucleares não contribuem para os gases de efeito estufa é uma meia verdade, e como toda meia verdade, também é uma meia mentira. As usinas núcleo elétricas em operação rotineira, necessitam de grandes volumes de água usados na refrigeração de suas turbinas, produzindo grandes quantidades de vapor d’água para a atmosfera. Lembramos que o vapor d´água é também um tipo de “gás estufa”. No conjunto de etapas do processo industrial que transforma o mineral urânio, desde quando ele é encontrado em estado natural até sua utilização como combustível dentro de uma usina nuclear, chamado ciclo do combustível nuclear, é produzido quantidades consideráveis de gases de efeito estufa.

Outro fator de extrema preocupação, descrito no Relatório da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados publicado em 2006, é que o Estado brasileiro está longe de ter a estrutura necessária para garantir a segurança das atividades e instalações nucleares. Nesse documento são apontadas graves falhas na fiscalização e monitoramento do setor nuclear, destacando, entre outros problemas, a duplicidade de funções da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN atua, ao mesmo tempo, como Requerente, Operadora, Prestadora de Serviços, Licenciadora e Fiscalizadora de si própria. Vale lembrar que, em setembro desse ano, completaram-se 20 anos da contaminação com Césio 137 em Goiânia, que vitimou milhares de pessoas e ficou conhecido como o maior acidente radiológico do mundo.

No Brasil, historicamente, a relação entre o uso da energia nuclear para fins energéticos e para fins militares também é muito estreita. O Programa Nuclear Brasileiro surgiu durante a ditadura militar e até hoje atende demandas de alguns setores das forças armadas, fascinados pelo poder que a energia nuclear lhes traz. Outros grupos de interesse fazem “lobby”, como setores industriais “preocupados” com o risco de um apagão (a instalação de usinas nucleares não vai afastar o risco do apagão nos próximos três ou quatro anos), grupos de cientistas pelo prestígio e oportunidades de novas pesquisas e pelo comando do processo, os fornecedores de equipamentos e as empreiteiras, por motivos óbvios.

A discussão sobre energia nuclear precisa levar em consideração o modelo econômico adotado no país, o qual se baseia no aumento do consumo e da oferta de energia. Isto não é aceitável. O atual modelo energético brasileiro “ofertista” é insustentável. Precisamos nos perguntar, para quê e para quem essa energia é produzida.

Não existe uma fonte de energia que só tenha vantagens. Não há energia sem controvérsia, mas a nuclear, pelo poder destruidor que tem qualquer vazamento, merece e deve ser discutida mais amplamente pela sociedade, do que a feita apenas com dez pessoas do Conselho Nacional de Política Energética - CNPE.

Para um desenvolvimento sustentável, voltado para o bem de todos, da pessoa humana e da natureza, em um país como o Brasil com tantas opções de produção de energias renováveis, a energia nuclear não passará.

Mercado Ético.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Marco regulatório vai disciplinar reajustes de água da Deso

Elaborados no início de novembro pelo Governo do Estado, os dois projetos de lei que compõem o Marco Regulatório do Saneamento Básico em Sergipe irão modernizar a gestão das políticas públicas a serem implementadas no setor durante os próximos anos. Entre as principais mudanças sugeridas, estão a ampliação do controle social dos investimentos da área, o estabelecimento de conselhos regulamentadores e a definição de regras para a prestação de serviço de empresas que atuam na área de saneamento, a exemplo da Deso.

Um dos principais objetivos da proposta é estabelecer no Estado uma regulação similar a que existe no plano federal, instituída pela Lei 11.445/2007. Com a nova legislação, além de garantir que a Companhia de Saneamento possa oferecer melhores serviços para a população na área de água e esgoto, as prefeituras serão beneficiadas porque também terão referências legislativas para organizar a prestação dos serviços oferecidos aos moradores de seus municípios.

Melhorias

Um dos pontos que também trarão melhorias para os sergipanos diz respeito ao reajuste a ser adotado para a tarifa de água. Até este ano, não havia nenhum tipo de medida que estabelecesse um prazo mínimo para a concessão de um aumento no valor do serviço. Com o Marco Regulatório, o Governo determina que os reajustes nas contas de água sejam feitos com, no mínimo, um intervalo de 12 meses. "Isso não significa, em hipótese alguma, que o aumento será necessariamente efetuado anualmente", explicou o presidente da Deso, Max Montalvão.

A decisão evita que os valores cobrados pelo fornecimento de água possam sofrer alterações por períodos inferiores ao pretendido pela lei. Para se ter uma ideia do impacto da decisão, em julho de 2004 as contas sofreram um reajuste de 15%, enquanto um novo aumento de 10,61% foi concedido apenas dez meses depois. Oito meses após, em janeiro de 2006, os sergipanos precisaram arcar com um reajuste de 10,11% na tarifa.

“Ao sugerirmos que as contas tenham um período mínimo para serem reajustadas buscamos coibir os abusos cometidos contra os consumidores em outros governos. Queremos estabelecer uma política de reajustamento tarifário que possa beneficiar os sergipanos e garantir a prestação de serviço com qualidade”, afirmou Max Montalvão.

O primeiro reajuste concedido pela atual administração foi em novembro de 2007, 22 meses após a autorização feita pelo governo anterior, quando as contas sofreram um aumento de 11,86%. Em janeiro de 2009 a tarifa foi reajustada novamente, dessa vez em 9,73%. Um novo aumento de 4,34% está previsto para janeiro de 2010.

“O reajuste da tarifa permite que a empresa possa atualizar os custos com salários de servidores e operacionais, como o valor de produtos químicos e energia, que são modificados anualmente. É importante lembrar que desde 2007 o aumento tem sido decrescente, o que mostra que a Deso tem melhorado a eficiência na utilização de seus recursos. Além disso, todos esses valores também têm sido revertidos em melhorias nos serviços da empresa para os cidadãos, a exemplo da compra de novos equipamentos, recuperação de unidades operacionais e de esgotamento sanitário”, finalizou o presidente da Deso.

Agência Sergipe de Notícias.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Brasil defende seu etanol em Copenhague .

Claudia Ciobanu, da IPS

Os combustíveis orgânicos são a única alternativa real aos de origem fósseis, que contribuem com o aquecimento do planeta, segundo a delegação brasileira na 15ª Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP15). O Brasil, principal produtor e exportador mundial de etanol, está muito ativo na conferência de Copenhague, que até o próximo dia 18 tenta acordar um novo tratado para a redução de emissões de gases causadores do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global. O novo acordo deve dar continuidade ao Protocolo de Kyoto, adotado em 1997 e cujas metas vencem em 2012.

Há três décadas, quando o Brasil embarcou no programa de etanol, calcula-se que evitou a emissão na atmosfera de aproximadamente 800 milhões de toneladas de dióxido de carbono, o principal gás-estufa. O etanol é um álcool produzido a partir de cana-de-açúcar, milho e outros cultivos e que é utilizado como combustível alternativo as derivados dos fósseis: petróleo, carvão e gás natural.

Os delegados brasileiros se esforçam para demonstrar na COP15 que a produção de combustível agrícola tem impactos positivos adicionais à própria redução da emissão de gases contaminantes. Insistem em afirmar que também combate a pobreza e citam como exemplo o plano do governo para fomento das microdestilarias, destinado a proporcionar renda adicional às famílias rurais.

Entretanto, os biocombustíveis são alvo de fortes críticas nos últimos anos por ocuparem terras e recursos destinados à produção de alimentos. Por isso, a União Europeia se afastou em 2008 do compromisso de incorporar uma cota obrigatória de 10% de biocombustível em todos os meios de transporte até 2020. Inclusive no Brasil, organizações ecologista indicam que a produção desses combustíveis é um dos motivos-chave do desmatamento constante da bacia amazônica. “Fala-se que os biocombustíveis provocam o desmatamento amazônico, mas as áreas de produção de etanol estão a três mil quilômetros da Amazônia”, disse José Migues, do Ministério da Ciência e Tecnologia.

Migues se refere à mudança indireta do uso do solo, um conceito que descreve as consequências que gera a produção de biocombustíveis, que empurra as atividades humanas cada vez mais para as florestas amazônicas. Na região de São Paulo, onde se concentra a produção de etanol, houve uma significativa queda da atividade pecuária e na produção agrícola. “Mas, é justo dizer que todas estas atividades estão sendo levadas para a Amazônia?”, perguntou Thelma Krug, também representante do ministério. “Há muita margem para a agricultura e a pecuária serem mais eficientes no Brasil”, acrescentou.

A expansão da indústria do etanol ameaça provocar um deslocamento produtivo maior. O Brasil tem mais de seis milhões de hectares plantados com cana-de-açúcar, mas Krug diz que se planeja “64 milhões de hectares para expandir a produção”, e explicou que o governo utilizará satélites para controlar a perda de cobertura floretal.

Quanto aos temas de segurança alimentar vinculados à produção de biocombustíveis, André Correa do Lago, diretor-geral do Departamento de Energia da Chancelaria, negou pura e simplesmente que os biocombustíveis foram o motivo da alta nos preços dos alimentos em 2008. “A segurança alimentar é uma das principais preocupações de nosso governo. Os biocombustíveis, como qualquer outra empresa humana, podem ser aperfeiçoados. Assim, não deveríamos usar o pior caso como ponto de referencia geral”, afirmou.

O governo considera legislar de forma específica para impedir a queima de biomassa, que responde por uma grande quantidade de emissões de gases-estufa. Embora reconheçam que “os biocombustíveis não são uma solução mágica”, as autoridades brasileiras insistem em dizer que são a melhor opção para os países em desenvolvimento e essa é sua proposta principal em Copenhague.

(Mercado Ético/Envolverde/IPS)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Brasil tem 2,6 milhões de empregos verdes

Luana Lourenço, Agência Brasil

O Brasil já tem 2,6 milhões de empregos verdes e a transição para uma economia que leve a menores emissões de gases de efeito estufa pode aumentar a criação desses postos de trabalho, segundo o relatório Empregos Verdes no Brasil: Quantos São, Onde Estão e Como Evoluirão nos Próximos Anos, lançado hoje (9) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

O levantamento considera verdes os postos de trabalho em atividades econômicas quer contribuem para a redução de emissões e para a melhoria da qualidade ambiental. Em 2008, o total de empregos verdes no país - 2.653.059 - representava 6,73% do total de postos de trabalho formais.

A conta da OIT considerou dados da Relação Anual de Informações Sociais, do Ministério do Trabalho e Emprego, e agregou os empregos verdes em seis categorias: produção e manejo florestal; geração e distribuição de energias renováveis; saneamento, gestão de resíduos e de riscos ambientais; manutenção, reparação e recuperação de produtos e materiais; transportes coletivos alternativos ao rodoviário e aeroviário; e telecomunicações e teleatendimento.

Entre as ocupações listadas estão a produção de mudas, a gestão de manejo florestal, a reciclagem, a fabricação de biocombustíveis e atividades menos óbvias do ponto de vista ambiental, como as telecomunicações (evitam deslocamentos e emissão de poluentes com transporte) e a manutenção de equipamentos eletrônicos (reduzem necessidade de fabricação de novos e aumentam eficiência energética).

De acordo com a OIT, “a geração de empregos verdes não pode estar dissociada da noção de trabalho decente”. Por isso, o levantamento exclui da conta o enorme contingente de catadores de materiais recicláveis, pela falta de proteção social da atividade e pelo grau de insalubridade a que estão expostos. “Embora atualmente não restem muitas dúvidas quanto ao papel positivo desempenhado por esses trabalhadores em relação ao meio ambiente, o fato é que certamente não é esse tipo de postos de trabalho que a OIT pretendia promover”, justifica o relatório.

Além das vagas em atividades econômicas que contribuem para a redução de emissões e para a melhoria da qualidade ambiental, a OIT considerou o potencial de criação de empregos verdes por setores baseados na exploração de recursos naturais e que dependem da qualidade ambiental: extração mineral e indústrias de base; construção, comercialização, manutenção e uso edifícios; agricultura, pecuária e pesca; e turismo e hotelaria.

Pelos dados de 2008, esses setores foram responsáveis por cerca de 5,8 milhões de empregos formais. Parte das vagas poderá se tornar sustentável, segundo a OIT, se os setores passarem por um “esverdeamento” dos processos de produção e distribuição.

“O potencial de geração de empregos verdes dessas atividades decorre do fato de serem ao mesmo tempo grandes empregadoras e grandes emissoras de carbono ou ainda grandes consumidoras de energia e de recursos ambientais, muitos deles não renováveis”, aponta o estudo.

No documento, a OIT lista o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para eletrodomésticos da linha branca, a obrigatoriedade de inspeção veicular para controle de emissões, a regularização fundiária na Amazônia e a Política Nacional de Resíduos como medidas que poderão impulsionar a geração de empregos verdes no Brasil nos próximos anos.

(Agência Brasil)

Estudo diz que país precisa investir R$ 41 bilhões até 2015, se não quiser ter problemas de distribuição de água

Danielle Santos

A Agência Nacional de Águas (ANA) apresentou ontem um mapeamento de 2.965 municípios para compor um atlas sobre o abastecimento no país. O resultado mostra que o Brasil terá graves problemas se nenhum investimento for realizado no sistema de produção hídrica até 2015. Do total de cidades analisadas, 64% delas, ou seja, 1.896, têm dificuldades em atender as suas populações. Para evitar um colapso no fornecimento e garantir o atendimento de todas elas até 2025, o órgão estima um gasto de R$ 18,2 bilhões nos próximos seis anos.

O gargalo, segundo o estudo, está nas regiões metropolitanas que detêm alta densidade populacional e são grandes polos de desenvolvimento como São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Das 430 cidades que se enquadram nesse perfil, 66% delas precisam de R$ 12 bilhões para ampliar seus sistemas de captação de água e utilizar novos mananciais. É nas regiões metropolitanas que estão 70% do Produto Interno Bruto (soma das riquezas geradas pelo país). Lá também vivem 60% da população brasileira, ou aproximadamente 94 milhões de habitantes.

O Distrito Federal também se enquadra no perfil. Além da capital federal, o estudo demonstrou que o inchaço de grandes centros urbanos, como Curitiba, Goiânia e Fortaleza, vem causando uma pressão sobre os recursos hídricos locais, com a necessidade de se buscar novas fontes de abastecimento em locais cada vez mais distantes e com investimentos maiores.

Nas regiões metropolitanas de São Paulo, Baixada Santista, Campinas, além da região metropolitana do Rio de Janeiro, por exemplo, os técnicos da ANA constataram comprometimento da qualidade da água vindas dos mananciais e a falta de tratamento adequado na captação de água em bacias prioritárias como a do Alto Tietê e a de Paraíba do Sul. Juntas, essas cidades carecem de 46% de investimentos que mudem essa realidade.

Tratamento
A segunda maior preocupação do estudo vem do semiárido nordestino, historicamente conhecido pela escassez de água. Das 1.892 cidades analisadas, 73% correm risco de ficarem desabastecidas se nenhuma política de atendimento for feita até 2015. Do valor total que o governo tem de implementar para atender todas as regiões apontadas no estudo, metade - R$ 9 bilhões - deve ser depositada nesta região para o atendimento de 39 milhões de pessoas. A situação mais grave é em Pernambuco e na Bahia, onde a grande escassez de recursos hídricos e o elevado número de municípios exigem 51% de recursos a mais do que já é aplicado para evitar um apagão no abastecimento.

"O nosso estudo mostra que as demandas já estão muito próximas da oferta. Já estamos em sobrecarga em vários sistemas, em vários mananciais. Não é fácil criar uma situação de abastecimento tão rápido. É preciso ter estudos técnicos e medidas rápidas para atender as necessidades", argumenta o presidente da ANA, José Machado.

Na Região Sul, os pesquisadores identificaram uma situação menos preocupante, mas que também inspira cuidados. Dos 789 municípios pesquisados, 338 necessitam de investimentos -um montante de R$ 3,43 bilhões dos R$ 18 bilhões pedidos. O estudo é parcial e demorou dois anos para ser finalizado. A análise das outras regiões (Sudeste, Centro-Oeste e Norte) começa a ser feita a partir do ano que vem.

Segundo o professor do departamento de engenharia civil e ambiental da Universidade de Brasília Sérgio Koide, os números apresentados não são exagerados. "A avaliação está dentro da realidade se levarmos em conta que no governo Fernando Henrique se esperava privatizar o setor responsável pelo abastecimento e saneamento no país. Como isso não ocorreu, vimos os governos empurrando com a barriga e investindo pouco para não ver o sistema entrar num colapso", ressaltou.

A falta de tratamento de esgoto adequado também é outra preocupação apontada no estudo da ANA. Para que as cidades não comprometam a qualidade da água que abastece a população nas regiões pesquisadas, o governo federal terá que desembolsar R$ 23 bilhões.

Mais uma vez as regiões metropolitanas são as que devem contemplar maior parte desse montante para tratamento e coleta de esgotos - um aporte de R$ 15,7 bilhões. No Nordeste, a melhoria no sistema de saneamento básico deve atingir, cerca de 800 municípios pobres, com objetivo de ajudar na recuperação da qualidade da água de rios e açudes utilizados como mananciais de abastecimento.

Correio Braziliense

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Ciclo produtivo do lixo: políticas e tecnologia.

Desoneração tributária, políticas públicas de incentivo à coleta seletiva e uso de tecnologia de ponta no processamento de resíduos domésticos e industriais foram os caminhos apontados para solucionar o problema do lixo no debate “Indústria da Reciclagem: impactos sociais, econômicos e ambientais”, realizado pelo Fórum de Desenvolvimento do Rio. O evento encheu o plenário e as galerias da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e contou com a presença de representantes do governo estadual, do vice-prefeito da capital e de prefeitos de municípios do interior, bem como empresas que trabalham com reciclagem e aproveitamento de resíduos, e representantes de associações de catadores de lixo. Um ponto uniu o discurso de todos os palestrantes presentes: o desafio representado pelas 15 mil toneladas de lixo produzidas todos os dias no estado só vai ser solucionado alinhando regulação estatal, poder de investimento da iniciativa privada, inclusão social e fomento à transição para técnicas mais modernas de tratamento de lixo.
Para o presidente da Alerj e do Fórum, deputado Jorge Picciani (PMDB), é preciso trabalhar a favor da sustentabilidade ao mesmo tempo em que se busca atrair novas empresas, gerar empregos e aumentar a renda da população. “Transformar o que resta de um dia de consumo de um indivíduo em emprego, saúde, novos produtos e evitar com isso enchentes e proliferação de doenças é papel de todos”, afirma Picciani. Ele lembra que somente na região metropolitana do Rio de Janeiro 40 mil pessoas vivem do dinheiro conseguido na coleta de lixo. “Muitas vezes elas começam o seu trabalho depois que todos nós já fomos dormir. Catam o material reciclável e o vendem aos depósitos ou a intermediários, que revendem depois para empresas de reciclagem”, explica a deputado.

Desoneração tributária une governo, ONGs e parlamentares
A desoneração tributária é um das principais medidas defendidas tanto pelo Governo, quanto por ONGs e parlamentares. A secretária estadual do Ambiente, Marilene Ramos, responsável pela primeira palestra do debate, afirmou que a desoneração da cadeia produtiva da reciclagem é uma questão que está na pauta nacional e que pode gerar impactos em todo o estado. O presidente Lula já anunciou que pretende enviar ao Congresso Nacional um pacote com medidas de desoneração às chamadas empresas da reciclagem, termo que engloba recicladores, usinas de processamento e as empresas que usam matéria prima reciclada na confecção dos produtos finais. Enquanto a legislação nacional não chega, uma das sugestões apresentadas no debate foi o estado do Rio de Janeiro se adiantar e implementar incentivos fiscais específicos para a reciclagem.

“Por que o Rio de Janeiro não assume a dianteira e implementa de uma vez incentivos à indústria da reciclagem? Ficamos felizes em ver que tanto o Governo estadual quanto o Legislativo avaliam com simpatia o uso de renuncia fiscal como instrumento para fomentar a reciclagem”, afirmou o presidente da Associação Estadual dos Recicladores do Estado do Rio de Janeiro (Arerj), Edson Freitas, durante a sua palestra, defendendo essa como a medida que traria mais impacto para alavancar a reciclagem no estado. O deputado Paulo Ramos (PDT) também a apóia. “Antes de virar resíduo, o produto já pagou impostos ao longo de todo o processo produtivo, da matéria-prima à comercialização”, defendeu o deputado.

Políticas públicas
A regulação estatal não se faz necessária apenas para garantir isenção de impostos. A adoção de políticas públicas permanentes para aumentar a coleta seletiva é considerada um gargalo para aumentar o reaproveitamento de resíduos. Estimativas da Secretaria Estadual do Ambiente apontam que 40% do lixo pode ser reciclado, mas apenas 1% é de fato transformado em outros produtos. A separação dos resíduos atualmente é feita pelas cooperativas de catadores, mas poderia ganhar escala se fosse encampada como meta prioritária pelos municípios, que são os responsáveis pela coleta de lixo.

A prioridade atual no estado Rio, no entanto, tem sido a política de substituição dos lixões por aterros sanitários estruturados por meio de consórcios intermunicipais. O estado do Rio tem atualmente 8 aterros sanitários, mas esse número deve aumentar para 13 nos próximos meses. “Vivemos um período de transição no estado do Rio. Os aterros sanitários são a solução economicamente viável no momento e já representam uma evolução em relação à situação atual do lixo”, afirma a secretária do Ambiente, Marilene Ramos. Ela explicou que a implantação em massa de usinas de processamento de lixo, seja para transformação em fertilizante ou geração de energia, tem custos acima do que o estado pode arcar. Ela estima que os aterros sanitários tenham custo de cerca R$50 por tonelada, ao passo que as usinas custam até R$ 120 por tonelada de lixo. “Estamos saindo de uma situação praticamente medieval, com lixões a céu aberto e aterros controlados que custam até R$20 por tonelada”, afirma Marilene. Ela avalia que em duas ou três décadas, justamente o tempo de vida útil de um aterro tradicional, o governo do estado já tenha condições de fazer a transição para as usinas de processamento mais modernas.

Tecnologia de ponta
A nova fronteira para a questão do lixo e destinação de resíduos sólidos é o uso de usinas de processamento de resíduos. Algumas incineram o material e o transformam em energia elétrica ou térmica. Outras já desenvolveram técnicas para transformar o lixo em fertilizante. Durante o debate desta segunda-feira, o professor e pesquisador da Coppe/UFRJ, Claudio Mahler, apresentou exemplos de países europeus que já estão na fase de transição dos aterros para as usinas de processamento e reciclagem. A Inglaterra já consegue processar 38% de todos os resíduos, enquanto a Alemanha investiu pesado na implantação de usinas de energia elétrica. Aqui mesmo no Brasil, a empresa mineira Geociclo é um exemplo do uso da biotecnologia a serviço da sustentabilidade. A empresa criou e patenteou tecnologia totalmente nacional que faz fertilizantes orgânico e organominerais a partir do lixo. Na prática, significa dizer que o passivo ambiental é convertido em ativo econômico. Ernani Judice, diretor da Geociclo, durante a sua palestra no plenário da Alerj, destacou as vantagens da técnica. “O lixo, que era um problema, passa a ser uma solução com a produção de fertilizantes para a agricultura”, completa Judice.

Questão social
O presidente da Associação de Catadores de Lixo, Sebastião dos Santos, que também participou do debate, chamou atenção para a dimensão social. Nas últimas décadas a reciclagem tem sido possível graças à existência de um exército de pessoas que se dedicam a separar o material e revendê-lo. “Os catadores são protagonistas nesse debate, queremos que nossos direitos sejam respeitados”, afirma, defendendo que as prefeituras encarem a coleta seletiva como uma política pública permanente, e não como um projeto de inclusão social. Em relação ao fechamento dos lixões, ele foi enfático: “Para cada lixão fechado, deveria ser criado um fundo para os catadores que ficaram sem local para continuar suas atividades”.

Redenoticia.com.br

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Protozoário resiste ao cloro em piscina.

Protozoário encontrado em piscina é resistente ao tratamento com cloro e pode causar doença crônica. Só a luz ultravioleta C tem o forte poder de matá-lo.

O Cryptosporidium causa uma doença chamada criptosporidiose. Os sintomas são diarréia, desidratação, perda de peso, dor abdominal, febre, náuseas e vômitos. E pode se tornar um caso de infecção crônica em pacientes com baixa imunidade, principalmente as crianças. Portanto, é preciso cuidar bem da piscina para que os usuários não sejam contaminados pelo protozoário. Só a luz ultravioleta C atua diretamente no DNA do parasito, por isso é capaz de inativá-lo. O Pool Clean UVC da Sibrape é pioneiro no Brasil em descontaminação de água de piscina por meio dessa luz germicida.

O Cryptosporidium é transmitido na piscina de uma pessoa para outra por meio de oocistos, formas de resistência com formato oval ou esférico, bem pequenas, que são eliminadas nas fezes de indivíduos infectados por essa parasitose. Os oocistos, muito resistentes ao cloro, "abrigam" o protozoário que permanece protegido das condições adversas do ambiente.

A infecção se dá quando a pessoa infectada vai ao banheiro, não faz a higiene adequada e em seguida entra na piscina. Os resíduos fecais contendo oocistos contaminam a água e podem infectar outros indivíduos que, acidentalmente, a ingere. Os oocistos já saem nas fezes na forma infectante e permanecem resistentes no ambiente até três meses.

"Os pacientes infectados podem apresentar quadros de diarréia que, em alguns casos, podem ser severos, assemelhando-se à colera. O acometimento varia de acordo com o estado de imunidade de cada pessoa. O período de incubação vai de sete a 10 dias. E não existe, até o momento, um remédio altamente eficaz para o tratamento", informa a infectologista Karen Mirna Loro Morejón, que é médica do departamento de moléstias infecciosas do Hospital das Clínicas.

"Aproximadamente 17% dos casos de diarréia na população infantil são associados com infecção por Cryptosporidium. E como os oocistos são resistentes ao cloro, não é fácil a inativação do protozoário", explica a bióloga e presidente da Sociedade Paulista de Parasitologia, Regina Maura Bueno Franco, que é mestre e doutora em parasitologia e coordenadora do Programa de Pós-graduação em Parasitologia da Unicamp, Universidade Estadual de Campinas-SP.

Em artigo científico publicado em revistas nacionais e internacionais, a bióloga fala sobre a preocupação que se deve ter com as águas de recreação, que constituem um risco de aquisição desses agentes parasitários. "As formas de resistência desses protozoários são capazes de sobreviver aos processos de cloração da água e apresentam elevada persistência às condições adversas ambientais", esclarece a bióloga. A composição da parede do oocisto faz com que ele seja impermeável a maior parte dos desinfectantes, inclusive o cloro. "O parasito sobrevive longos períodos em ambientes úmidos e frios, sendo resistente não só à cloração, como também à ozonização", completa a infectologista do HC.

Agora temos uma doença que é resistente à principal barreira usada para exterminar a maioria dos germes transmitidos na piscina, o que gera grande preocupação. Muito há de se evoluir a respeito da prevenção, mas a boa notícia é que já existe um método indicado para esse fim, que é a luz ultravioleta. "A luz ultravioleta atua diretamente no DNA do parasito e, dessa forma, ele não pode se multiplicar. Isso significa que o usuário da piscina pode até ingerir o oocisto presente em águas que passam pela tecnologia de desinfecção por luz ultravioleta, mas não irá desenvolver a doença (criptospodiriose) porque a ação infectante do oocisto é inativada pela luz, não sendo mais capaz de complementar seu ciclo biológico", acrescenta a coordenadora do Programa de Pós-graduação em Parasitologia da Unicamp.

O Pool Clean UVC da Sibrape, sistema de descontaminação de água de piscinas por meio da luz ultravioleta, é pioneiro no Brasil no oferecimento dessa tecnologia avançada. "O equipamento combate todos os tipos de micro-organismos presentes na piscina, como o Cryptosporidium e também a Giárdia, que é outro protozoário resistente ao cloro. O UVC é o único método de descontaminação de água de piscinas que reduz a aplicação de processos químicos", informa o gerente de negócios da Sibrape UVC, Marcelo Sorrilha.

Ao recircular, a água passa pelo filtro da piscina e, depois, pela poderosa luz germicida ultravioleta C do Pool Clean. Instantaneamente, os micro-organismos são eliminados. Não existem riscos de alta dosagem, pois quanto mais a água passa pelo equipamento, mais descontaminada retorna à piscina.


Protozoário também contamina rios, lagos, mares e oceanos

Quando os oocistos do Cryptosporidium são direcionados para os esgotos juntamente com as fezes, os processos de tratamento (aeróbio ou anaeróbio: com ou sem oxigênio) não são totalmente eficazes na remoção desses protozoários. Pelo menos 20% permanecerão no efluente e novamente serão lançados nos rios, lagos, mares e oceanos. Portanto, o grande potencial de veiculação hídrica do protozoário também tem despertado a atenção da Saúde Pública e tornou-se uma constante preocupação para as empresas de saneamento que captam água dos mananciais e a tratam para distribuir à população — o problema preocupa, ainda, a indústria de alimentos pela ingestão dos que são mal cozidos e contaminados pelo Cryptosporidium.

"O protozoário já foi detectado no Rio Tietê, em São Paulo-SP. Ele também aparece em serras e matas, onde passam águas límpidas e cristalinas. Isso é válido, inclusive, como argumento para o uso do UV, quando pessoas querem simplesmente canalizar essas águas para uma cisterna usando apenas cloro", alerta Roberto Santos, diretor da Technolamp, empresa especializada em tecnologias de ponta com aplicações em purificação de água, desinfecção de efluentes e ambientes em geral.


O Centro de Vigilância Epidemiológica mantém um registro dos surtos da doença no estado de São Paulo. Os primeiros casos de criptosporidiose em ser humano aconteceram em 1976. Posteriormente, no início da década de 80, uma série de 21 registros chamou a atenção de especialistas em virtude dos fatores epidemiológicos em comum: as vítimas eram jovens, saudáveis e do sexo masculino.

Fonte: Tratamento de água

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Governo divulga lista dos veículos mais poluidores vendidos no Brasil

LORENNA RODRIGUES
da Folha Online, em Brasília

O Ministério do Meio Ambiente divulgou nesta terça-feira uma lista que pontua os veículos vendidos no Brasil de acordo com o grau de emissão de gases poluentes. Os 402 carros --todos produzidos em 2009-- receberam pontuação de uma a cinco estrelas, em que quanto menor a poluição maior a quantidade de estrelas. De acordo com o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), o objetivo é informar o consumidor, para que ele possa fazer uma escolha consciente.

Veículos com melhores notas são mais econômicos e o consumidor gasta menos. Ele vai estar poluindo menos, emitindo menos CO2, ou seja, contribuindo menos para o aquecimento do planeta e também gastando menos combustível, fazendo bem para o bolso", afirmou.

Os piores

Pela lista, apenas 22 carros receberam cinco estrelas, todos eles carros flex e com motor de até 1.8 cilindradas. Na outra ponta da tabela, 20 carros receberam apenas uma estrela: todos carros a gasolina e potentes, com motor acima de 2.0 cilindradas.

Entre os menos pontuados estão 10 carros da Citroën, entre eles o Xsara Picaso GXA 2.0 e o C4 2.0. Outros cinco carros são da Peugeot, todos do modelo 407 com motor 2.0

Completam a lista três carros da Mitsubishi, entre eles o Pajero HPE 3.8. A Volkswagen tem dois modelos do Jetta 2.5 entre os que receberam uma estrela.

Menos poluidores

Entre os carros que receberam cinco estrelas --todos flex-- sete são da General Motors, sendo seis modelos diferentes do Celta 1.0 e 1.4 e o Prisma 1.0. A Fiat tem seis modelos no topo da lista, entre eles o Idea, Palio, Siena e Stilo, todos 1.8.

A Volkswagen teve cinco carros entre os mais bem pontuados, todos modelos do Fox e do Spacefox 1.6. A Citroën tem três C3 1.4 com cinco estrelas e o Ford KA 1.0 completa a lista.

Critério

A pontuação estabelecida pelo ministério é dividida em duas partes: três estrelas representam o nível de poluição relativo ao monóxido de carbono, hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio. Das duas restantes, uma é dada para carros com baixa emissão de CO2 no escape e, a última, apenas para carros flex ou a álcool.

Ou seja, pelo critério, nenhum carro a gasolina pode receber cinco estrelas.

De acordo com o ministro Minc, o critério de pontuação da lista divulgada hoje é mais rigoroso do que lista semelhante divulgada em setembro.

Veja, abaixo, os dez veículos mais poluidores, de acordo com o Ministério:

VW JETTA VARIANT 2.5 (CCC) GASOLINA
VW JETTA 2.5 (CCC) GASOLINA
PSA/PEUGEOT 407 SSD A 2.0 2.0 L GASOLINA
PSA/PEUGEOT 407 SW 2.0 2.0 L GASOLINA
PSA/PEUGEOT 407 2.0 2.0 L GASOLINA
PSA/PEUGEOT 407SW20SA ALL 2.0 L GASOLINA
PSA/PEUGEOT 407SD20SA ALL 2.0 L GASOLINA
PSA/CITROËN PICASSO 20CONF A 2.0 L GASOLINA
PSA/CITROËN PICASSO II 20GLXA 2.0 L GASOLINA
PSA/CITROËN PICASSO II 20EXCA 2.0 L GASOLINA
PSA/CITROËN XSARA PICASSO EXA 2.0 L GASOLINA

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Tecnologia de descontaminação.

A MFSFlux, empresa brasileira de soluções para o meio ambiente, atua no segmento de tecnologia de beneficiamento de água e tratamento de efluentes, fornecendo os serviços para todas as etapas do processo de tratamento de água, de efluentes, descarte de material e produção de água de reuso. A empresa - que tem entre seus clientes a Hyundai, em Goiás, a Ford, na Bahia e a Coca-Cola, no Rio de Janeiro está investindo R$ 6 milhões para trazer ao mercado dois novos produtos para tratamento de efluentes. O Turboflux e o Carbonflux utilizam tecnologia japonesa e russa, respectivamente, sendo que o segundo será fabricado pela própria MFSFLUX em São Bernardo do Campo.

O Turboflux é um polímero que reduz em 95% as impurezas de efluentes com 35% de redução do custo operacional. O Carbonflux retira do ambiente óleo derramado, seja em meio líquido ou sólido - inclusive da areia - e reduz o custo em até 50%. "Somos distribuidores exclusivos dessa tecnologia japonesa que substitui produtos químicos como os descolorantes, coagulantes, entre outros", diz Marco Antonio Minerbo, sócio-diretor da empresa. Trata-se de um polímero que aglutina em flocos as impurezas presentes nos efluentes - industriais e sanitários - em um tempo que varia de 30 segundos a um minuto.

"O tempo gasto pela tecnologia atual é de no mínimo uma hora, garantindo economia em escala em toda a operação", garante Minerbo. Até a construção da estação de tratamento de água fica 35% mais barata. Tomando como parâmetro uma ETE de pequeno porte, por exemplo, o investimento exigido é de aproximadamente R$ 3,25 milhões contra gastos atuais de R$ 5 milhões. A área construída diminui o que requer menos obras civis e reduz também o número de equipamentos adquiridos porque a produtividade aumenta muito.

O Turboflux é um produto focado para produção de água de reuso porque atua no tratamento primário do efluente, apresentando um rendimento superior a 95% de remoção de impurezas. O floco gerado possui aspecto plástico que retém 20% menos de água, o que agiliza também o trabalho do secador de lodo.

Com as novas regras de taxação e limitação de captação de água pura, o reuso ganhou importância no setor industrial. Uma fábrica do setor automotivo, por exemplo, gasta em média 150 mil metros cúbicos por mês. Já no setor têxtil, esse uso chega a 600 mil metros cúbicos por mês. "A economia proporcionada pelo Turboflux é real e contribui tanto para o caixa das empresas quanto para a preservação dos nossos mananciais", afirma o empresário.

O Carbonflux é um grafite tratado industrialmente para ampliar sua capacidade de absorção. A tecnologia foi desenvolvida na antiga URSS e adquirida pela MFSFlux na Rússia, por meio de licença exclusiva. A planta de fabricação será em São Bernardo do Campo e entra em operação em dezembro de 2009. "O produto é ideal para retirada de óleos em geral e absorve 45 vezes mais o seu próprio peso. Ou seja, para cada 1 kg de Carbonflux, são absorvidos 45 kg de óleo", explica Minerbo.

O processo em uso atualmente no mercado é o de flotação que só absorve o óleo em meio líquido e, no processo, acaba captando água junto. Já o Carbonflux absorve óleo em qualquer lugar - inclusive na areia - e não capta água, apresentando capacidade de descontaminação da água de 99,9%. Na areia, por exemplo, a remoção de óleo fica aproximadamente 50% mais barata. No mar, reduz em 35%. "A capacidade elevada de absorção dá ao Carbonflux uma produtividade única no mercado", afirma o sócio-diretor da MFSFLUX.

Os planos da companhia são de expandir seu faturamento mensal dos atuais R$ 3,5 milhões para R$ 10 milhões já a partir de 2010. O investimento deve gerar 100 novos postos de trabalho.

Fonte:Agua, gestão e sustentabilidade

A ordem econômica Ambiental Brasileira.

Foi-se o tempo em que a natureza podia ser concebida como infinita e colocada em toda a sua plenitude a serviço da satisfação humana. Desde a década de 60, fundamentada na Hipótese Gaia - que define o planeta Terra como um organismo vivo e inteligente, capaz de superar situações de desequilíbrio ameaçadoras à vida e de criar novas condições de sobrevivência mesmo que isso exija grandes adaptações das espécies -, verificou-se que os modelos de desenvolvimento exercidos foram determinantes não só para melhorar a qualidade de vida humana, mas também, para proporcionar um corpo de ameaças e transformações ecológicas sobre as quais não se tinha qualquer controle.
Os reflexos dessa discussão planetária fizeram-se sentir de forma mais acentuada no Brasil quase 20 anos depois. Marcos como a Política Nacional do Meio Ambiente, a criação de agências de fiscalização e os programas setoriais, sinalizavam uma nova sensibilidade do Estado às pressões da opinião pública e dos movimentos ambientalistas.
Na Constituição Federal de 1988, o meio ambiente mereceu tratamento preciso e moderno, reconhecendo-o como um bem jurídico autônomo e portador de substantividade própria, essencial à sadia qualidade de vida.
Paralelamente ao inafastável dever de preservação, a obrigatória compatibilização das atividades econômicas com a defesa do meio ambiente é também uma premissa constitucional, conforme se depreende da análise do Título VII dedicado à matéria.
Nesse contexto e, consequentemente, na reestruturação das leis de mercado em virtude do novo quadro mundial regulador, tornou-se imperativo para o exercício regular das atividades econômicas, a consideração das contingências ambientais dentro de um procedimento contínuo de crescimento, seja por pressões externas, seja pela ameaça iminente de esgotamento da matéria-prima e insumos do próprio processo produtivo.
Nessa seara, influenciadas pelo quadro acima demonstrado e preocupadas com a sustentabilidade dos negócios de seus clientes, as Bolsas de Valores iniciaram um processo de adequação das avaliações de riscos das empresas, e inseriram a variável ambiental em seus indicadores de análise.

Como exemplo, quase 10% dos itens de qualificação ponderados no Dow Jones Sustainability Índex diz respeito às políticas de controle e redução das emissões de gases de efeito estufa, às características do modelo energético adotado e às estratégias de mitigação climática. Já na Bovespa, o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) possui indicadores específicos referentes à gestão ambiental da empresa e do seu compromisso de redução de emissões de gases de efeito estufa.
Nesse todo, podemos citar também a Lei Sarbanes-Oxley (Sarbox) que exige das corporações que estão sob a sua égide, o monitoramento e transparência sobre qualquer fato, situação ou condição, que possa repercutir, negativamente, sobre receitas, lucros, participação de mercado e/ou posição competitiva da empresa, dentre eles, os aspectos ambientais.
Desse modo, os impactos sobre a indústria brasileira foram significativos. A necessidade de cumprir os requisitos legais e as demais diretrizes setoriais fez com que 85% das indústrias brasileiras adotassem, durante os anos 90, algum tipo de procedimento associado às questões ambientais de sua atividade. E para aquelas com inserção internacional, a necessidade de ajuste às novas exigências não se limitou às nossas fronteiras. Sobre elas recaíram as chamadas barreiras verdes, resultantes dos padrões ambientais mais restritivos por parte dos países desenvolvidos, compradores, em sua grande maioria, do produto nacional.
Como resultado, em recente relatório, a Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Carbono (Abemc) narra que as empresas brasileiras têm uma postura avançada em relação à questão da sustentabilidade do planeta, em comparação a de outros países em desenvolvimento com base no projeto denominado "Carbon Disclosure Project" (CDP).
Entretanto, apesar de todo esse quadro positivo, há ainda muito por fazer. A última análise do setor industrial realizado pela CDP, sobre a emissão de gases de efeito estufa, focada especificamente na cadeia de fornecedores de matérias-primas, embalagens, suportes logísticos, dentre outras atividades, das 34 maiores multinacionais, constatou-se que (i) entre 40% e 60% das emissões totais de gases de efeito estufa apontadas nos inventários das multinacionais, provêm de suas cadeias de fornecedores; (ii) 42% desses fornecedores informam não identificar o risco que uma alteração no clima representa às suas operações; e (iii) 1/3 alegam não enxergar no seu processo alguma ameaça ao atual cenário climático mundial.

Mas há esperanças e previsões de futuros pródigos. A conclusão do estudo elaborado pela Mckinsey acerca da matéria Caminhos para uma economia de baixa emissão de carbono no Brasil aponta, dentre outras considerações, que o Brasil é o quarto maior emissor de gases causadores de efeito estufa e é o que possui o maior potencial de reduzi-las. Comparado ao resto do mundo, o Brasil tem sozinho 5% das oportunidades de abatimento nas reduções das emissões de gases de efeito estufa, o que indica uma excelente justificativa para investimentos e, claro, de mobilização do setor empresarial nesse sentido.


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Fonte:Análise de Balanço/Valor Econômico, por Svetlana Maria de Miranda