quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Empresas veem lei como principal motivo para aplicar logística reversa, diz pesquisa.



Seis entre 10 empresas no Brasil consideram que atender as exigências legais é a principal motivação para aplicar a logística reversa, um dos principais mecanismos da Política Nacional dos Resíduos Sólidos, que prevê o recolhimento e descarte pelo fabricante dos resíduos pós-consumo (pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes, eletroeletrônicos, embalagens, pneus e agrotóxicos para reciclagem).

A conclusão conta em levantamento do Instituto Ilos divulgado na quarta-feira, 22 de agosto, no Rio de Janeiro.
consciência ambiental e social foi o segundo fator mais apontado pelas empresas (47%) para a implantação da logística reversa. O levantamento também destaca que, embora alguns resíduos possam ser reutilizados na produção, apenas 21% dos entrevistados são fortemente motivados pela redução dos custos, enquanto 17% são impulsionados pelaaumento de receita.


De acordo com a pesquisa, apenas 23% das empresas nacionais têm iniciativas de coleta usando o consumidor para levar o resíduo ao ponto de entrega. Entre as companhias com esse tipo de iniciativa, mais da metade oferece algum incentivo ao consumidor para levar o resíduo a um ponto de coleta. Na maior parte das ações (42%), os resíduos devem ser entregues em pontos de venda do varejo, enquanto em 27% dos casos, os pontos de coleta são instalados na própria empresa.




questão geográfica está entre os principais obstáculos apontados pelas empresas para investirem na logística reversa. Elas alegam que, como o consumidor está espalhado pelo país, isso dificulta um pouco a operação e eleva custos, em razão da baixa escala de transporte.
A necessidade de instalação de pontos para a coleta dos resíduos foi apontada como barreira por 53% das companhias consultadas. Para 45%, falta mais apoio governamental para a coleta seletiva.
A consultora do Instituto Ilus, Gisela Sousa, informou ao EcoD que a pesquisa ouviu ao todo 101 empresas, situadas entre as 1.000 maiores do país. "Optamos por manter o sigilo quanto aos nomes dessas organizações para que elas se sentissem mais a vontade para fornecer as respostas", explicou a responsável pelo levantamento.



Outros pontos de destaque no estudo:
  • Para 39% das empresas consultadas, a maior motivação para implantar a logística reversa consiste em elevar o prestígio da marca e sua imagem com clientes;
  • Já para 32%, o principal fator é atender a demanda de ambientalistas;
  • Menos de 40% das indústrias do país possuem área específica para a logística reversa. Desse total, 60% estão pouco ou muito pouco dispostas a desenvolver essa área;
  • Cerca de 70% das consultadas querem gastar, “no máximo”, R$ 400 mil por ano para fazer uma operação de logística reversa.
Entenda a Logística Reversa

A gestão obrigatória de resíduos pós-consumo é um dos princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída em 2010, e que estabelece a responsabilidade compartilhada entre governo, indústria, comércio e consumidor final pelo ciclo de vida do produto.

Pela lei, fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes devem estruturar e implantar sistemas de logística reversa para o retorno de produtos e embalagens do consumidor, respeitando as características dos itens a ser descartados.

Os detalhamentos da implementação das medidas de logística reversa serão definidos nos editais previstos para serem publicados entre novembro e dezembro próximos, a partir da assinatura dos acordos setoriais com o governo.





sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Agrotóxicos e a poluição das águas



Maior parte dos agrotóxicos não atinge a praga alvo, contamina as águas subterrâneas e superficiais e traz graves riscos à saúde.


Por Larissa Stracci da Redação Ag Solve



A utilização de agrotóxicos é a 2ª maior causa de contaminação dos rios no Brasil, perdendo apenas para o esgoto doméstico, segundo dados do IBGE. Considerando que a agricultura é o setor que mais consome água doce no Brasil, cerca de 70%, segundo o Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), pode-se dizer que além de sérios problemas para a saúde, os agrotóxicos também se transformaram em um grave problema ambiental no país.
De acordo com o engenheiro agrônomo e professor da Universidade Estadual de Campinas, Mohamed Habib, “hoje o Brasil é o maior consumidor de agrotóxico do mundo, embora não seja o maior produtor”. Atualmente o Brasil utiliza 19% de todo defensivo agrícola produzido no planeta, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Além disso, mais de 99% dos venenos aplicados na lavoura não atingem a praga alvo. Então, pode-se dizer que mais de 99% dos agrotóxicos vão para os rios, para o solo, para o ar e para a água subterrânea”, afirma Habib.
Para o especialista em instrumentação ambiental e hidrológica, Mauro Banderali, “Embora a disponibilidade de água no Brasil seja imensa, é preciso garantir sua qualidade para as gerações futuras. Por isso, ao detectar o aparecimento de resíduos de agrotóxicos nas reservas de água subterrânea e superficial, é necessário tomar medidas para evitar o agravamento do problema. Quando a água é contaminada por defensivos agrícolas, sua detecção e descontaminação é mais difícil e custosa. De modo geral, esses químicos raramente são analisados ou removidos das águas, tornando-se uma ameaça à saúde de todos que a ingerem, particularmente para substâncias cumulativas”.
Consequências para a vida aquática
A água poluída com agrotóxicos irá prejudicar diretamente a fauna e a flora aquática. “A contaminação das águas pelos agrotóxicos tem efeito direto nos seres vivos que vivem na água, a biota de um modo geral. Se o veneno que chega nas águas for o herbicida, o efeito é direto e pode, por exemplo, matar as plantas aquáticas. Se o rio for contaminado por um veneno que mata animais, pode ocorrer a morte de algumas espécies de peixes menores”, explica o professor.
Além dos efeitos diretos, o carregamento de agrotóxicos pelos rios e lagos, também traz alguns efeitos indiretos para a biota aquática e para a saúde humana. “Alguns peixes armazenam os agrotóxicos no tecido adiposo e por isso, não sofrem danos diretamente. No entanto, quando nós compramos esse peixe contaminado com veneno e o ingerimos, algumas pessoas podem passar mal e sofrer algum tipo de intoxicação (envenenamento). Tem muita gente que compra peixes pequenos para dar para seu gato de estimação e o animal chega até a morrer”, alerta Habib.
Os compostos orgânicos, ao entrar em contato com a água, provocam um aumento no número de microrganismos decompositores. De acordo com o especialista Mauro Banderali, “além de estarmos criando um ambiente de restrição da vida, ainda criamos uma armadilha para as populações que se utilizam desta água, em razão de inúmeros defensivos agrícolas utilizarem em sua formulação compostos orgânicos altamente estáveis e lipossolúveis, depositando-se preferencialmente nas gorduras dos animais. Por ingestão da água ou de animais que dela dependem, estamos acumulando estes defensivos em gorduras do corpo que jamais serão eliminadas em vida”.
Ao serem carregados pelas águas superficiais, os agrotóxicos passam a fazer parte do do ciclo natural da natureza. Segundo o professor da Unicamp, “quando se trata de água corrente, o veneno vai fazer parte de um ciclo e um dia vai chegar ao oceano. Ainda hoje, análises nas geleiras polares mostram que naquele gelo existe DDT, um veneno proibido há muitos anos. Isso é pra se ter uma ideia do processo: saiu da lavoura através da chuva, passou pelos rios e mar e através das correntes marítimas, chegou às geleiras”, comenta Mohamed Habib.
O Dicloro-Difenil-Tricloroetano (DDT) foi o primeiro veneno moderno, sintetizado em 1874 e utilizado como pesticida a partir de 1939. Após a Segunda Guerra Mundial, foi usado em larga escala para combater os mosquitos da malária. O DDT foi banido de vários países na década de 70, após estudos comprovarem sua relação com casos de câncer. No Brasil, seu uso foi proibido na agricultura em 1984, porém sua produção em larga escala, uso como medicamento e exportação foram permitidos até 2009 ,conforme lei federal nº. 11.936 de 14 de maio de 2009. De acordo com o professor Mohamed Habib, “alguns tipos de venenos como é o caso dos organoclorados, venenos utilizados antigamente por produtores rurais, apesar de serem proibidos, continuam sendo aplicados e usados ilegalmente”. Os organoclorados são os inseticidas que mais persistem no meio ambiente, chegando a permanecer por até 30 anos.
Segundo o especialista em instrumentação ambiental, Mauro Banderali, é preciso conhecer a qualidade das águas nas regiões influenciadas pela agricultura. “Uma das maneiras de avaliar os impactos dos defensivos agrícolas nos recursos hídricos consiste no monitoramento desses resíduos. Atualmente, já existem tecnologias que monitoram e mensuram parâmetros físico-químicos na água e são aplicados no monitoramento geral da sua qualidade, porém moléculas químicas específicas, se faz necessário o apoio de laboratórios especializados para sua detecção.
Problema brasileiro
Para Mohamed, o Brasil é um país sem conscientização do problema em relação aos demais. “Estamos falando de países com uma situação melhor que a nossa: Europa, América do Norte e alguns países asiáticos como o Japão. Esses países têm consumidores muito mais conscientes em relação à utilização de agrotóxicos que cobram essa postura de seus governos. Portanto, os governos também são mais conscientes, não formam lobbys como no Brasil. O setor industrial também é mais consciente, não é como o Brasil que faz de conta que não está acontecendo nada e continua abusando da utilização dos agrotóxicos”, comenta o professor.
Segundo Habib, a utilização de agrotóxicos hoje é uma prática condenada, “porque a ciência coloca à disposição vários outros métodos de produção. Basta investir. Basta a sociedade humana valorizar um pouco mais a vida, pois hoje estamos pagando muito caro pelas irresponsabilidades do passado”.
Ingestão de agrotóxicos e saúde
Pela água ou através do próprio consumo de alimentos, a ingestão de venenos agrícolas pode ocasionar diversos tipos de doenças, seja ela em grandes ou pequenas quantidades. Conforme explica o professor da Unicamp e engenheiro agrônomo, Mohamed Habib, “dependendo do tipo de veneno, os efeitos para a saúde humana são morte, envenenamento estomacal, problemas no sistema nervoso, convulsões, lesões nos rins e cânceres. Esse efeito pode ser agudo, imediato ou crônico, a curto, médio ou longo prazo. As consequências podem aparecer também nos filhos e netos dessa pessoa, principalmente quando se trata das doenças cancerígenas e tumores”.

Fonte: Redação Ag Solve/EcoDebate

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Manejo de resíduos pode gerar US$ 570 mi em créditos de carbono.


Além de possibilitar a redução de 54 milhões de toneladas de gases de efeito estufa (GEE) por ano, o manejo adequado dos resíduos sólidos no Brasil também pode render US$ 570 milhões em créditos de carbono, segundo um estudo feito na Universidade de Utrecht (Holanda), encomendado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).

O trabalho levou em conta o cenário de mudanças estabelecido pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, na comparação com o padrão atual de descarte. A pesquisa considerou também as estimativas do Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para as emissões do setor, e o padrão da composição dos resíduos sólidos no Brasil elaborado pela Abrelpe.

Em 2030, segundo projeção do estudo, 36% do "lixo seco" deverá ser reciclado, e 53% do lixo orgânico deverá ser compostado. O trabalho considera também o aproveitamento de 83% do gás gerado nos aterros para produção de energia elétrica. Com tudo isso, deixaria de ser emitido o equivalente a 54 milhões de toneladas de CO2 por ano - redução de 56% em relação à projeção se nada fosse feito.

"Além do ganho climático, essa diminuição geraria créditos de carbono que poderiam render US$ 570 milhões", destacou ao Estadão Carlos Silva, diretor executivo da Abrelpe. O trabalho também considerou um cenário mais ousado, com padrões semelhantes aos europeus: reciclagem maior, compostagem de 80% e incineração do que não for reciclado, gerando energia.

A redução poderia chegar ao equivalente a 82 milhões de toneladas de CO2 por ano, com ganho em créditos de US$ 1,3 bilhão. "E nesse cálculo nem foram considerados os ganhos com a venda da reciclagem. A ideia é que essas atividades poderiam gerar recurso para o próprio setor melhorar", ressaltou Silva.

Cenário sem mudanças

Em 2011, 51,4% dos resíduos brasileiros eram matéria orgânica (passível de compostagem), 31,9% eram recicláveis e 16,7% entravam na categoria outros (em geral rejeitos que não têm nenhum aproveitamento).

Esse quadro foi complementado com o dado de que 42,44% dos resíduos têm destino inadequado (vai para lixões) e só 3% são reciclados. Pelos cálculos dos pesquisadores, em uma projeção para 2030, mantidas essas condições, as emissões do setor seriam equivalentes a 95,5 milhões de toneladas de CO2 por ano.

Entenda os créditos de carbono

O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), no qual os créditos de carbono estão inseridos, foi estabelecido no artigo 12 do Protocolo de Kyoto com o objetivo de ajudar os países desenvolvidos (pertencentes ao Anexo I do documento) a atingir suas metas de redução dos gases causadores de efeito estufa.

Ao mesmo tempo, a iniciativa pretende beneficiar as nações em desenvolvimento que, ao colocarem em prática os projetos de MDL, podem vender os créditos de carbono gerados a partir de então para os governos ricos, aplicando as quantias no combate as mudanças climáticas.


Fonte: Redação EcoD

Taxa de urbanização no Brasil será de 90% em 2020, prevê relatório.



A taxa de urbanização no Brasil passará dos atuais 84,5% para 90% até 2020, segundo o estudo inédito Estado das Cidades da América Latina e Caribe, lançado na terça-feira, 21 de agosto, no Rio de Janeiro, e produzido pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat).

No México e nos países da região Andino-Equatorial, o número atual não passa de 85%. O Caribe e a América Central têm taxas de urbanização mais baixas, mas o aumento é constante, com perspectiva de chegar a 83% e 75% da população urbana em 2050, respectivamente. De acordo com o estudo, a população urbana da América Latina chegará a 89% em 2050.

Além de informações sobre população e urbanização, o estudo apresenta dados sobre o desenvolvimento econômico, habitação, serviços básicos urbanos, meio ambiente, gestão de riscos e governança urbana.

Conforme o documento, a transição das pessoas para a realidade urbana na América Latina é caracterizada pela velocidade. "Proporcionar melhores condições de trabalho e de vida para amplos setores da população tem gerado um alto custo social, econômico e ambiental", adverte o texto.

“Para avançar é preciso um modelo de cidades mais sustentáveis e compactas, que dotem nossas zonas urbanas de maior mobilidade e eficiência energética. É preciso reafirmar o interesse coletivo pelo planejamento urbano, trabalhar em políticas de coesão social e territorial", defendeu o diretor executivo do ONU-Habitat, Joan Clos.

Outras conclusões do documento:

•A América Latina e o Caribe reúnem quase 80% de sua população (468 milhões de pessoas) em áreas urbanas e, desse número, a metade reside em cidades de menos de 500.000 habitantes;

•Mais de dois terços da riqueza da região procede das cidades. Ademais, cresce o potencial e a participação econômica de centros urbanos secundários;

•Em que a pese a diminuição das taxas de pobreza na região, uma em cada quatro pessoas das áreas urbanas é pobre e os índices de desigualdade estão situados entre os mais altos do mundo;

•O escasso planejamento e as limitações das políticas urbanas têm tido como consequência a expansão das cidades de forma insustentável, com ausência de espaços públicos acessíveis para todos, privilegiando o automóvel em detrimento do transporte comum e reforçando a segregação social;

•As cidades registram altos índices de violência e insegurança, que parecem ir além da capacidade de resposta dos governos. Ainda que a violência não seja registrada em todas as áreas e deixe de ser homogênea em uma mesma cidade, a gravidade de suas consequências exige esforços coordenados de todos os níveis de governo;

•São constatadas iniciativas importantes para a proteção ambiental, redução das emissões de gases de efeito estufa e prevenção e resposta aos desastres naturais. Contudo, existe pouca consciência de como a urbanização mal planejada aumenta o risco de desastres.

O relatório também assinala que, depois de décadas em que os governos pareciam incapazes de responder as demandas do crescimento urbano acelerado, uma nova transição é anunciada, na qual o desafio será tanto responder as necessidades em termos de quantidade, quanto de qualidade, equidade e sustentabilidade.

Ao destacar que existe abundante conhecimento e experiência na região para impulsionar políticas urbanas orientadas ao desenvolvimento econômico e inclusão social, o documento reforça que para avançar nessa direção é preciso investir mais esforços no monitoramento das cidades, além de adaptar os mecanismos de planejamento, gestão e governo às novas realidades do desenvolvimento urbano.


Fonte: EdoD

domingo, 19 de agosto de 2012

Quase a metade da população das 100 maiores cidades do Brasil ainda não conta com a coleta de esgotos

Pesquisa aponta que serviço de saneamento básico é precário em todo o país – Os novos prefeitos e vereadores irão enfrentar grandes desafios durante o mandato para melhorar a qualidade de vida dos moradores de suas cidades. Um dos maiores é o precário serviço de saneamento básico, problema comum a praticamente todos os 5.565 municípios brasileiros.


Por Marli Moreira



Quase a metade da população das 100 maiores cidades do Brasil ainda não conta com a coleta de esgotos. Os dados foram divulgados ontem (16) pelo Instituto Trata Brasil e referem-se a levantamento feito em parceria com a empresa GO Associados.

O Instituto Trata Brasil é uma OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – que tem o objetivo incentivar uma mobilização nacional para que o país possa atingir a universalização do acesso à coleta e ao tratamento de esgoto.

Segundo a pesquisa, diariamente, são despejados em torno de 8 bilhões de litros de fezes, urina e outros dejetos nas águas dos córregos, dos rios e do mar. E pouco mais de um terço ou 36,28% da coleta de esgoto passa por tratamento.

Com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Instituto Trata Brasil informou que nessas 100 cidades vivem 40% dos habitantes do país ou 77 milhões de um total de 191 milhões de pessoas. Mais de 31 milhões moram em lugares onde o esgoto corre a céu aberto.

Embora esse volume seja expressivo, o nível de cobertura supera a média nacional com a coleta existente em 59,1% dos 100 municípios ante 46,2% quando se inclui as demais cidades brasileiras. Em 34 cidades, mais de 80% da população têm o esgoto coletado e entre estas cinco atendem todo o município: Belo Horizonte (MG), Santos (SP), Jundiaí (SP), Piracicaba (SP) e Franca (SP).

A pesquisa aponta que em 32 municípios, a coleta varia entre 0% a 40% e em 34, de 41% a 80%. Quanto ao esgoto tratado foi verificado que em 40 cidades, este serviço não ultrapassa a 20% da coleta. Já o nível de excelência ou acima de 81% só existe em seis localidades: Sorocaba (SP), Niterói (RJ), São José do Rio Preto (SP), Jundiaí (SP), Curitiba (PR) e Maringá (PR).

Em outras nove, o índice supera os 70%: Ribeirão Preto (SP); Londrina (PR), Uberlândia (MG), Montes Claros (MG), Santos (SP), Franca (SP), Salvador (BA), Petropólis (RJ) e Ponta Grossa (PR).

Na média, os 100 municípios destinaram 28% de sua receita em obras de saneamento a maioria num total de 60 não chegou a utilizar 20% dos recursos na ampliação dos serviços. E entre as oito cidades que aplicaram mais de 80% da verba os destaque são : Ribeirão das Neves (MG), Recife (PE), Teresina (PI), Praia Grande (SP) e Vitória (ES).

Em relação à distribuição de água tratada, o serviço é oferecido por 90,94% das cidades, acima da média nacional (81,1%). Mas a pesquisa mostra que ainda faltam melhorias porque em 11 cidades, o atendimento está abaixo de 80% da população.


Fonte: Agência Brasil/EcoDebate



domingo, 5 de agosto de 2012

Água dura e seus riscos



Água com alto teor de cálcio e magnésio pode causar danos à saúde; e trazer problemas para a indústria, mas tecnologia permite identificação e tratamento





A utilização da água dura, água que contém elevada quantidade de sais, pode trazer diversos problemas tanto para a saúde da população quanto para o uso industrial. São classificadas como duras as águas que contém elevada concentração de íons minerais de cálcio e magnésio dissolvidos. Os íons são provenientes de depósitos subterrâneos, como calcário ou dolomita que agregam à composição da água uma quantidade excessiva de cálcio e magnésio, na forma de bicarbonatos, nitratos, cloretos e sulfatos. Em menor importância, o zinco, estrôncio, ferro e alumínio também podem ser levados em conta na aferição da dureza. Considera-se água dura aquelas com teores acima de 150 mg/l de cálcio e magnésio e água mole, as que possuem concentrações abaixo de 75mg/l.

De acordo com o Gerente da Divisão de Qualidade das Águas e do Solo da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), Nelson Menegon Júnior, a principal fonte de dureza nas águas é quando ocorre a passagem pelo solo e acontece a dissolução da rocha calcária pelo gás carbônico da água, “desta forma, as águas subterrâneas geralmente apresentam dureza mais elevada do que as águas superficiais”. Segundo Menegon, “O mapa geológico do território brasileiro permite constatar solos com características de dureza no Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, mas o problema é muito mais grave nos Estados Unidos e Europa, onde muitas regiões estão sujeitas a graus bastante elevados de dureza nas águas devido à composição do solo”.

Conforme explica a engenheira química do Setor das Águas Subterrâneas e do Solo da Cetesb, Márcia Sayuri Ohba, a dureza elevada afeta principalmente a eficiência de limpeza dos detergentes e sabões, exigindo seu consumo excessivo nas lavagens domésticas. Além do produto final, esta característica também afeta o processo de produção das fábricas. “Para o abastecimento industrial, a dureza na água pode causar problemas nos sistemas de água quente como caldeiras e trocadores de calor, pois com o aumento da temperatura os carbonatos precipitam-se e incrustam na tubulação, que necessita de maior manutenção. Caso contrário, essa incrustação pode causar entupimentos, perda de eficiência e pode chegar até mesmo a explodir. Portanto, o correto é realizar o tratamento de águas muito duras, antes de sua utilização”, afirma Márcia.

Segundo a engenheira química da Cetesb, não existem estudos científicos conclusivos relacionando a dureza da água com problemas de saúde humana. “No entanto, existem indícios de que o consumo de água dura possa causar uma maior incidência de casos de cálculo renal”. De acordo com Josi Tomaz, engenheira química da empresa Geoaqcua, as concentrações elevadas de cálcio e magnésio produzem na água um gosto salobro e efeitos biológicos adversos, não eliminam a sede e podem ter efeitos laxativos. “As pessoas expostas a quantidades de magnésio maiores do que estão acostumadas podem sofrer distúrbios intestinais temporários”, explica ela.

Em relação ao padrão de potabilidade para a dureza da água, segundo Menegon, “a portaria 2914/2011 do Ministério da Saúde estabelece como padrão, na somatória das concentrações de cálcio e magnésio, o valor máximo permissível de 500 mg/l”. Josi Tomaz afirma que em uma boa água potável contém apenas até 50 mg/l. “Dependendo da concentração, a água passa a ser classificada como água branda (0 – 40 mg/l), água moderada (40 – 100 mg/l), água dura (100 – 300 mg/l), água muito dura (300 – 500 mg/l) e água extremamente dura (com teores acima de 500 mg/l)”, detalha a engenheira química.

Tratamento

Com a tecnologia disponível já é possível identificar e tratar a dureza da água. Para identificar o cálcio e magnésio, a Ag Solve disponibiliza as sondas multiparamétricas da linha Aquaread, capazes de medir a quantidade de elementos presentes na água. “O Aquaread pode contribuir para identificar e monitorar com excelência a água dura com os sensores de TDS (Totais de Sólidos Dissolvidos) e salinidade”, garante Josi. As sondas AP 2000 e AP 7000 podem ser utilizadas para monitoramento portátil, semi-fixo ou telemétrico da qualidade da água. “Por meio dessa tecnologia é possível avaliar de 11 a 17 variáveis, dependendo da configuração, e assim medir diversos outros parâmetros (turbidez, clorofila A, algas azuis, amônio e amônia, cloretos, fluoretos, nitratos, etc)”, explica a técnica da Geoacqua.

O tratamento para retirar a água dura é conhecido como abrandamento (descalcificação) e consiste na passagem da água por resinas trocadoras de íons que capturam os cátions Ca+2 (cálcio) e Mg+2 (magnésio). Segundo Josi Tomaz, engenheira química da GeoAcqua, “os descalcificadores são equipamentos semelhantes aos filtros mas que possuem em seu interior resinas permutadoras que retém o cálcio e o magnésio”.

Fonte: AgSolve.



quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Cemitérios como Fonte de Contaminação Ambiental

Infraestrutura superada dessas unidades pode afetar recursos hídricos e disseminar microrganismos ameaçadores para a saúde


por Pedro Kemerich, Fernando Ernesto Ucker e Willian F. de Borba


Em razão do crescimento da população e contaminação das águas superficiais, o que compromete os padrões de potabilidade a custos razoáveis, o abastecimento de regiões quase sempre de maior densidade demográfica é um desafio crescente e de alto investimento, limitando a exploração de fontes hídricas subterrâneas.

O aumento populacional também exige áreas cada vez maiores para sepultamento de corpos humanos. Assim, áreas destinadas à implantação de cemitérios geralmente são escolhidas entre as de baixa valorização econômica, quase sempre em regiões de reduzido desenvolvimento socioeconômico. Essas áreas muitas vezes têm características geológicas e hidrogeológicas não avaliadas devidamente, o que pode levar a problemas sanitários e ambientais de enorme complexidade. Cemitérios são áreas que geram alterações no meio físico e por isso devem ser considerados fontes sérias de impacto ambiental.

No Brasil, a maioria dos cemitérios é muito antiga e, exatamente por isso, descompassados em termos de estudos técnicos e ambientais. Considerando essa situação, o Conselho Nacional do Meio Ambiente publicou, em 3 de abril de 2003, a Resolução nº 335 estabelecendo que todos os cemitérios horizontais e verticais deverão ser submetidos ao processo de licenciamento ambiental. Mas que impactos podem ser produzidos por cemitérios?

CONTAMINAÇÃO DO SOLO

Os cemitérios, como qualquer outra instalação que afete as condições naturais do solo e das águas subterrâneas, são classificados como atividade com risco de contaminação ambiental. A razão disso é que o solo em que estão instalados funciona como um filtro das impurezas depositadas sobre ele. O processo de decomposição de corpos libera diversos metais que formam o organismo humano, sem falar nos diferentes utensílios que acompanham o corpo e o caixão em que ele é sepultado. O principal contaminante na decomposição dos corpos é um líquido conhecido como necrochorume, de aparência viscosa e coloração castanho-acinzentada, contendo aproximadamente 60% de água, 30% de sais minerais e 10% de substancias orgânicas degradáveis.

Em solos com alta umidade há um processo conhecido como saponificação pelo qual ocorre a quebra das gorduras corporais e a liberação de ácidos graxos. Esse composto liberado exibe alta acidez, o que inibe a ação de bactérias putrefativas, retardando assim o mecanismo de decomposição do cadáver e tornando o mecanismo tanto mais duradouro quanto mais contaminante.

Urnas funerárias confeccionadas em madeira estão fora das fontes signifi cativas de contaminação do solo, ao contrário do que ocorre com as metálicas. A menos que conservantes da madeira contenham metais pesados, principalmente cromo, ou substâncias do grupo dos organoclorados, como pentaclorofenol ou tribromofenol. Os caixões construídos com madeiras não tratadas se decompõem em curtos períodos, permitindo uma rápida disseminação de líquidos da putrefação dos corpos. Caixões de metal, pouco utilizados, no entanto, podem provocar contaminação do solo por metais como ferro, cobre, chumbo e zinco. Outra fonte significativa de impactos contaminantes por caixões funerários é a prata, com frequência utilizada nas alças. Na decomposição ela é liberada no ambiente.

Além dos metais convencionais, outro contaminante significativo é a radioatividade. Corpos que, antes da morte, ou mesmo depois dela, passaram por aparelhos com emissão de radiação podem estar contaminados. Nesse caso essa radioemissão também é liberada no solo.

Durante o processo de decomposição orgânica, além dos líquidos liberados há emissão também de alguns tipos de gases, entre eles principalmente os característicos da decomposição anaeróbica, como o gás sulfídrico (H2S), identifi cados popularmente como cheiro de “ovo podre”, incluindo dióxido de carbono, gás carbônico (CO2), metano (CH4), amônia (NH3) e hidrato de fósforo, a fosfina (PH3). Além desses elementos característicos, outros gases são emitidos, caso dos óxidos metálicos (titânio, cromo, cádmio, chumbo, ferro, manganês, mercúrio e níquel entre outros) lixiviados dos adereços das urnas mortuárias, incluindo formaldeído e metanol utilizados na prática do embalsamento.



Fonte: Uol/ScientificAmericanBrasil/Duetto,edição 123 - Agosto 2012






Mais de 90% dos municípios podem ficar sem recursos federais para saneamento e limpeza urbana.


Por Carolina Gonçalves, da Agência Brasil


Até o dia do prazo final definido pela Lei 12.305/2010, menos de 10% dos municípios brasileiros entregaram o Plano de Gestão de Resíduos Sólidos, prevendo formas de manejo do lixo em cada cidade. A partir de hoje (2), os repasses de recursos federais para as áreas de saneamento e limpeza urbana serão suspensos para as cidades que não apresentarem o plano.

A obrigatoriedade está prevista na lei que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos em 2010. Apesar do prazo de dois anos, apenas as prefeituras de 400 cidades e os governos de nove estados e do Distrito Federal conseguiram entregar o planejamento.


Segundo o Ministério do Meio Ambiente, do total de planos entregues até hoje, 291 já foram aprovados e contratados. Neste total, estão incluídos os planos estaduais que foram concluídos pelos governos de Pernambuco, do Rio Grande do Norte, de Mato Grosso, Sergipe, da Bahia, de Santa Catarina, do Amazonas, de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e do Distrito Federal.

Com a aprovação e contratação dos planos, o repasse de recursos federais permanece normalizado. Outros 197 planos municipais ainda estão em análise.

Os planos de gestão de resíduos devem incluir, por exemplo, a previsão de audiências públicas com a comunidade local para discutir questões relacionadas ao lixo e a estratégia para a erradicação dos lixões e construção de aterros.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos também obriga a desativação de todos os lixões do país até 2014. Como alguns municípios enfrentam dificuldades na execução dessa norma, justificadas, principalmente, pela falta de recursos e burocracia, o modelo de planos intermunicipais têm sido incorporado por alguns estados que optaram pelo estabelecimento de consórcios entre duas ou mais cidades.

Dados do governo federal apontam que mais da metade dos 5.564 municípios brasileiros do país não dão destinação correta para o lixo.



Fonte: EcoDebate