sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Medir a responsabilidade social .

Várias abordagens têm sido desenvolvidas para permitir que as empresas cumpram as suas responsabilidades de gestão (seja gestão ambiental, equidade e bem-estar social ou vitalidade econômica da comunidade) aos seus stakeholders. Estes programas têm-se centrado no desenvolvimento de estratégias e iniciativas para implementar a estratégia de maneira vertical. Empregados e fornecedores vêm frequentemente estas iniciativas como ordens infundadas, por vezes, entregues de forma aparentemente pesada.

Os responsáveis pela Responsabilidade Social Empresarial (RSE) têm uma gama de conhecimentos para desenhar e proporcionar uma abordagem decididamente melhor para implantar sua estratégia para cada ponto de presença de seus produtos e / ou serviços. Esse conhecimento pode ser efetivamente usado para estender ainda mais a estratégia de cada área ao longo da sua cadeia de fornecedores. Vamos dar uma olhada em como isso pode ser feito:

Os sistemas de gestão (por exemplo, ISO 9001 e ISO 14001) têm sido usados para tratar da qualidade e meio ambiente como parte integrante da forma como cada negócio é operado em nível local. É importante gerir as ações RSE de forma que sejam parte do que cada funcionário faz todos os dias. Elas tem de ser parte de todas as decisões de negócio, no nível local, onde a licença da companhia "para operar" é conquistada.

Neste ano, a ISO 26000 adicionará responsabilidade social e governança a essas importantes normas do sistema de gestão. A British Standards já lançou um padrão de sustentabilidade (BS 8900) e a Standards of Australia, tem uma Norma (AS 8303) de responsabilidade corporativa.

Cada unidade da empresa e todos os fornecedores podem implementar um sistema de gestão que gerencie a RSE, de forma a torná-la sua. Pode ser feito de uma maneira que seja consistente com a estratégia de responsabilidade. O cliente pode auditar as ações (isto é, auditoria de segunda parte) a capacidade dos fornecedores para implementar a estratégia em suas operações, OU o cliente poderia fazer uma auditoria de terceira parte da cadeia de abastecimento - e cada um de seus pontos de presença.

Algumas empresas com programas de Responsabilidade Social também utilizam um sistemas de gestão. No entanto, em quase todos os casos, estes programas não são aplicados para administrar as ações. Elas seriam apenas parte da “caixinha separada” de pensamentos, que prevalece na maioria das empresas.

Quadros de desempenho são usados para criar indicadores-chave que vão levar a empresa às melhores práticas em muitas áreas críticas para a competitividade:


Liderança e responsabilidade social
O planejamento estratégico e estratégia de implantação
O envolvimento dos stakeholders e desempenho do mercado
A gestão do conhecimento e da inovação
Ser um ótimo lugar para trabalhar e envolvimento dos funcionários
Gestão e melhoria de processos

Alguns estudos demonstram que as empresas que usam um dos mais dos 70 modelos de desempenho disponíveis superam financeiramente aquelas que não utilizam estes sistemas. Muitas empresas com programas de sustentabilidade utilizam os modelos de desempenho. No entanto, eles raramente são utilizados em ações de RSE. Talvez esta seja mais uma demonstração de pensar em caixinhas separadas.

Então, como seria se uma empresa realmente usasse esses programas de "Performance de Responsabilidade Dirigida?" A importância de abordar as três áreas da sustentabilidade (social, ambiental e financeira) passariam a fazer parte do trabalho de todos. Isso aconteceria em toda a empresa (mesmo que seja uma planta única) e em toda a cadeia de valor. A indústria automotiva tem feito qualidade gerida como gestão ambiental e parte da sua cadeia de valor. Certamente pode ser feito se uma empresa pretendia incluir a responsabilidade dentro do programa de gestão ambiental de um programa de ISO 14001 ou como uma especificação de produto no programa de gestão da qualidade.

O programa fornece uma pontuação de desempenho individual de cada ponto de presença. Estes resultados podem ser agregados e desagregados em unidades de negócios, as cadeias de fornecimento, e mantas de transporte. Seria possível ver como cada unidade está realizando. Isso faz essencialmente a melhoria contínua em um valor quantitativo. Cada um dos resultados da GRI pode ser atribuída uma pontuação e todos os indicadores de atrasos podem ser agregados em escores totais para as cinco categorias previstas. Em alternativa, podem ainda ser agregados em um escore único indicador do lagging. Não há necessidade de transmitir os painéis complicados ou medição de desempenho. É como ter um ponto de classe média, em vez de uma coleção independente de testes, exames, papel semestre e pontuações participação em sala de aula por quatro ou cinco cursos a cada semestre.

Algumas empresas estão começando a murchar, sob a pressão de preencher os questionários tantos para informar a comunidade de investimento socialmente responsável e as suas outras partes interessadas. Desempenho de Responsabilidade Dirigido é verificável por um terceiro, e cada componente tem um corpo de conhecimentos suficientes para justificar as afirmações feitas anteriormente.

Fonte:O Barriga Verde/Adjori/SC

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Dengue sem asas.


Agência FAPESP – Para combater a transmissão de dengue, que tal cortar o mal pela raiz? Ou melhor, que tal cortar as asas dos mosquitos – ou, pelo menos sua capacidade de voar? Essa é a sugestão de um grupo internacional de pesquisadores, que obteve uma nova linhagem de mosquitos na qual as fêmeas não podem voar.

O estudo, feito por um grupo do Reino Unido e dos Estados Unidos, será publicado esta semana no site e, em breve, na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

Fêmeas do principal vetor da dengue, o Aedes aegypti, quando não conseguem voar, morrem rapidamente, reduzindo o número de mosquitos e, por consequência, a transmissão da doença, segundo os autores do estudo. Machos podem voar, mas não picam ou transmitem a doença.

Um dos principais problemas de saúde pública no mundo, a dengue provoca anualmente de 50 milhões a 100 milhões de casos. Não há vacina para a doença, que coloca quase 40% da população global em risco.

Os cientistas alteraram geneticamente mosquitos machos que, ao cruzar com fêmeas selvagens, transmitiram seus genes aos descendentes. As fêmeas da geração seguinte não foram capazes de voar por que a alteração genética afetou o desenvolvimento dos músculos das asas.

Os autores da pesquisa estimam que a nova linhagem pode suplantar a população nativa em até nove meses, em alternativa eficiente e que não envolve o uso de pesticidas.

“Os métodos atuais de controle da dengue não são suficientemente eficientes e, por conta disso, novas alternativas se fazem urgentemente necessárias. Controlar o mosquito que transmite o vírus poderia reduzir significativamente a morbidade e mortalidade humanas”, disse Anthony James, professor da Universidade da Califórnia em Irvine e um dos autores do estudo.

Segundo James, uma das principais autoridades mundiais em doenças infecciosas transmitidas por insetos, há ainda estudos a serem feitos para confirmar a viabilidade do novo método, mas o potencial é de aplicação não apenas para a dengue, como também para outras doenças, como malária e febre do oeste do Nilo.

Fonte: Agência Fapesp.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Lâmpada fluorescente em debate.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) retomou os trabalhos para a regulamentação do descarte de lâmpadas fluorescentes. O Grupo de Trabalho sobre Disposição Final para Resíduos Sólidos de Lâmpadas Mercuriais reuniu-se na última semana em Brasília e definiu as premissas e diretrizes que irão nortear os trabalhos daqui para frente. O grupo tem seis meses para chegar ao texto final da resolução.

As lâmpadas fluorescentes tiveram seu consumo aumentado no Brasil depois do apagão de energia elétrica. Dados da Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux) mostram que o Brasil fabricava de dois milhões a três milhões de compactas em 2000. Hoje são 120 milhões.

Mais econômicas, essas lâmpadas ajudaram aos consumidores se manter dentro dos limites de consumo e são divulgadas como opção ecológica. No Brasil, no entanto, o custo benefício ambiental do uso das fluorescentes não é tão alto quanto na Europa e nos Estados Unidos, onde a matriz energética é baseada na queima de combustíveis. Com mercúrio encapsulado em um tubo de vidro frágil, as fluorescentes descartadas tornam-se um passivo ambiental difícil de lidar.

O diretor do Departamento de Apoio ao Conama, Nilo Diniz, explica que os trabalhos no GT das Mercuriais foi retomado no fim do ano passado, depois de duas tentativas fracassadas em 2001.

"Além de um questionamento legal, o Conama decidiu dar prioridade a proposição de uma Política Nacional de Resíduos Sólidos, que seria enviada ao Congresso por meio da casa civil", explica. As resoluções estabelecem regras adequadas para todas as fases do descarte, coleta, reciclagem e o envolvimento dos órgãos e autoridades.

No caso das fluorescentes, a logística de coleta e transporte pode ter um alto custo e exigir sistemas especiais, o que estabeleceu uma polêmica entre os envolvidos. A discussão mais difícil é estabelecer quem vai pagar a conta. Segundo Diniz, toda vez que se agrega logística nova de recolhimento e coleta, há um custo e, nesses casos, a tendência dos fabricantes é repassar esse custo para o preço.

"O argumento das associações de fabricantes é que o custo desse cuidado ambiental vai recair para o consumidor. Ao mesmo tempo, eles também se preocupam com a imagem." Essa negociação, diz o diretor, deve ser feita com muita cautela. "É preciso avaliar cuidadosamente a responsabilidade de cada uma das partes envolvidas: produtor, vendedor, importador, consumidor e poder público, que pode colaborar." O assessor técnico do Conama, Adriano Gerin Ribeiro, diz que essa será uma longa discussão. "Há soluções pontuais, mas agora a discussão é nacional e todos podem participar."

Fonte: O Estado de São Paulo/Assemae


--------------------------------------------------------------------------------

Uso agrícola de resíduos orgânicos .

Autor: Walder Antonio Gomes Albuquerque Nunes


As atividades agrícola e pecuária, assim como a indústria de transformação de seus produtos, geram grandes quantidades de resíduos orgânicos, incluindo folhas, palhas, cascas, bagaços, tortas, camas e estercos, entre outros. Todos esses resíduos, se não forem devidamente tratados, podem causar poluição no solo e nos rios.

No entanto, uma das melhores formas de tratamento de resíduos é seu uso no solo, como fertilizante de culturas, transformando um problema ambiental em insumo agropecuário barato e permitindo a reciclagem de nutrientes, quando são observadas algumas regras técnicas.

Para fazer a fertilização correta de qualquer cultura, o primeiro passo é conhecer a sua necessidade de nutrientes e quanto tem de nutrientes no solo. A partir disso, verifica-se quanto deve ser fornecido ao solo com o uso de fertilizantes. Para o bom uso de resíduos como fertilizante é essencial conhecer a composição aproximada dos mesmos, o que pode ser feito por análise ou consultando tabelas que já existem em livros ou nos escritórios da assistência técnica.

Ao usar fertilizantes orgânicos, deve-se levar em conta que eles demoram mais para fazer efeito e talvez seja necessário, nas primeiras fertilizações, fazer um complemento com fertilizantes mais solúveis, que agem mais rapidamente. Para diminuir esse atraso, pode-se utilizar os resíduos compostados, que podem disponibilizar os nutrientes mais rapidamente. Depois de algum tempo usando os fertilizantes orgânicos, a entrada e a saída dos nutrientes no solo fica em equilíbrio, e pode-se deixar de depender dos fertilizantes químicos, desde que respeitadas as necessidades das culturas.

A decisão pelo uso de um resíduo vai depender da sua concentração em nutrientes, da distância entre a fonte e o local de uso, de seu preço, caso seja comprado de terceiros, etc. Alguns resíduos são mais complicados de transportar, principalmente quando estão na forma aquosa, como é o caso de vinhoto, manipueira, chorume, etc, pois sua concentração é muito baixa e gasta-se muito para transportar apenas água. Nesses casos, não vale à pena transportar para muito longe.

Além dos nutrientes, o uso de resíduos ricos em matéria orgânica pode trazer outros benefícios, como tornar o solo mais macio, quando ele é muito argiloso, ou dar mais resistência, quando o solo é muito arenoso. Um outro grande benefício é aumentar a retenção de água, o que é muito bom para os solos arenosos.

A /Embrapa Agropecuária Oeste/ (Dourados, MS) desenvolve trabalhos de pesquisa com alguns resíduos disponíveis na região, visando obter doses ótimas a serem utilizadas em algumas culturas de interesse, como mandioca, milho, soja e cana-de-açúcar. Esses dados são repassados à assistência técnica, que pode ajudar no planejamento do uso de resíduos.


*Walder Antonio Gomes de Albuquerque Nunes - pesquisador da /Embrapa Agropecuária Oeste/ (Dourados, MS)

Fonte: Agronoticias.

Liberado 1º aterro sanitário em Sergipe.

Claudio Nunes.

A empresa Estre Ambiental S/A vai investir cerca de R$ 30 milhões num Centro de Gerenciamento de Resíduos numa área de 150 hectares no município de Rosário do Catete.

Adema acaba de liberar o primeiro licenciamento prévio para um aterro sanitário em Sergipe. Na verdade é algo bem mais técnico e o que há de mais moderno no mundo, trata-se de um Centro de Gerenciamento de Resíduos que ficará localizado em Rosário do Catete com a capacidade diária de receber uma tonelada de lixo. O investimento será de R$ 30 milhões e a meta é atender todo o Estado já que a capacidade será de uma tonelada diária.

A empresa Estre Ambiental S/A, que pediu o licenciamento, tem centros de gerenciamentos de lixo em quatro municípios de São Paulo e dois na Argentina. A meta da empresa é transformar parte do lixo em gás, como também vender créditos de carbono.



A Estre foi fundada em São Paulo em 1999 e hoje tem oito unidades de negócios: Estre Ambiental, Resicontrol, Água & Solo, Oxil, Estação Ecologia, Estrans, Pollydutos e Estre Petróleo e Gás. A Estre Ambiental que atua em Paulínea (SP) foi vencedora do Prêmio Excelência Empresarial 2009 na categoria melhor Projeto Social/Ambiental da Região Metropolitana de Campinas, conferido pelo Ciesp Campinas.


A Estre Ambiental de Paulínea é a maior do mundo em créditos de carbono e a direção da empresa quer fazer um Centro de Gerenciamento igual em Sergipe, só que mais moderna e com uma melhor operacionalização. O Centro vai tratar até mesmo o chorume, que em quase sua totalidade será transformado em água.


Outro detalhe: enquanto alguns brigavam para fazer um aterro na região de São Cristovão, Socorro e até mesmo Aracaju, onde não tem uma área extensa e sem prejudicar o meio ambiente, a Estre Ambiental passou oito meses com estudos técnicos até localizar uma área de 150 hectares em Rosário do Catete.



Infonet.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Medidas de Proteção Global dos Oceanos têm falhado.

Milhares de toneladas de lixo são jogadas no mar a cada ano, colocando em risco vidas humanas e selvagens. Um relatório confidencial do governo Alemão, obtido pelo SPIEGEL ONLINE, indica que os esforços das Nações Unidas e da União Européia para limpar nossos oceanos têm falhado completamente.

Dada a imensidão de nossos oceanos, poucas pessoas encontram problema para despejar lixo nesses corpos d´água. Mas enormes quantidades de plásticos, que degradam a uma taxa bem baixa, podem ser encontradas a rodo em nossos oceanos. As vidas selvagens consomem pedaços pequenos de plásticos levando muitas delas a morrer, dado que os mesmos estão repletos de venenos. E, conforme advertem os especialistas, atingimos um ponto em que está ficando perigoso até mesmo para humanos consumir peixes e frutos do mar.

Consideradas tais condições, a comunidade internacional vem desenvolvendo por quatro décadas massivos esforços burocráticos na busca de liberar os oceanos do lixo. Em 1973, as Nações Unidas patrocinaram um pacto protegendo os oceanos do despejo. Adicionalmente, em seis diferentes ocasiões, provisões (destinadas à “poluição marinha”) têm sido agregadas à chamada Convenção Marpol. Há nove anos, a União Européia publicou diretrizes que proíbem qualquer despejo de resíduo marítimo no oceano enquanto as embarcações estiverem nos portos.

Entretanto, de acordo com o documento de estratégia confidencial do governo alemão, obtido pelo SPIEGEL ONLINE, se você somar todos os benefícios de tais medidas, o resultado é zero. O fato é que, conclui o documento confidencial, os esforços internacionais buscando proteger os oceanos falharam em todos os sentidos. Nossos oceanos se transformaram num vasto aterro de lixo.

Até mesmo leis rigorosas não têm feito qualquer coisa para ajudar os oceanos, estabelece o documento. Tome o caso dos mares Norte e Báltico. Embora o despejo nesses mares têm sido ilegal, desde 1988, o montante de lixo ali encontrado permanece “sem melhoria”. O governo estima, também, que a cada ano 20.000 toneladas de lixo encontram seu caminho só para o Mar do Norte, principalmente de navios e da indústria da pesca. O documento conclui que todos os acordos internacionais relacionados com o assunto têm sido “infrutíferos.”

Enchimento de Lixo no “Armário Azul”

A princípio, talvez pareça que a União Européia esteja fazendo muito para limpar o lixo dos mares. Por exemplo, a mais recente diretriz da UE sobre o assunto, em julho de 2008, busca a garantia de “boas condições” dos mares da Europa em 2020. Entretanto, nesta terça-feira, a Comissão Européia anunciou sua intenção de estabelecer “uma agência dedicada (…) para atacar os problemas subjacentes da má implementação e execução da legislação européia sobre lixo.”

Quer dizer, o documento de estratégia alemã não coloca muita fé em tais planos. Do jeito que seus autores vêm as coisas, é “extremamente improvável” que um consenso efetivo sobre não poluir os oceanos emergirá num futuro previsível. A verdade é que, os especialistas do governo parecem acreditar que martelar sobre novos acordos não é o caminho certo para abordar a questão. Em vez disso, eles acreditam que a praticabilidade de futuros pactos buscando proteger os oceanos deve “ser investigada em primeira mão.”

Em público, por outro lado, o governo federal da Alemanha assume um tom muito menos cáustico. Em abril de 2008, a então grande coalizão dominante – feita pela chanceler Angela Merkel do partido de centro-direita União Democrática Cristã e pelo Partido Social Democrático de centro-esquerda – declarou que reconheceu as regulamentações existentes buscando conter a inundação de resíduos como “em princípio suficientes.” Na quinta-feira o Ministro do Meio Ambiente, da Conservação da Natureza e da Segurança Nuclear Federal da Alemanha declinou fornecer qualquer comentário adicional para O SPIEGEL ONLINE.

Oportunidades de Descarte Insuficientes

A proteção ambiental advoga, por outro lado, não estar acanhada para dar voz a sua consternação. “Na existência de controles e penalidades,” diz Onno Gross, o presidente da Deepwave, uma organização de conservação do oceano baseada em Hamburg, “estão aparentemente tentando se livrar de seu lixo no ´armário azul´.” Permanece, de acordo com o documento interno do governo, que o descarte da maneira apropriada de lixo marítimo não é fácil como deveria ser. Da forma como os autores do documento vêm isto, “as oportunidades insuficientes de descarte nos portos, altas taxas e logísticas complicadas” frustram tais esforços.

Mesmo assim, eles também admitem que colocar um basta em mais poluição é urgentemente necessário. Os especialistas por trás do relatório observam a “piora de um problema ecológico e econômico” que terá efeitos negativos sobre animais marinhos assim como “custos imensos.”

Eles também alertam para sérias consequências relacionadas com a saúde humana. Por exemplo, partículas de plástico podem desalinhar completamente nosso complexo equilíbrio hormonal, de acordo com um estudo publicado no ano passado por cientistas do Hospital Universitário de Caridade de Berlim. Da mesma forma, segundo Richard Thompson, um biólogo marinho da Universidade de Plymouth na Grã-Bretanha, pedaços de plástico podem transformar-se, da noite para o dia, em substâncias armadilhas venenosas, embutidas nelas mesmas, causadoras de câncer, tais como DDT. Na verdade, o estudo mais recente coloca a concentração de tais venenos, das pontas dos plásticos, como sendo milhões de vezes maior do que o normal. E, conforme alerta Gross, “quando as pessoas consomem peixe, elas trazem o veneno para dentro de seus corpos.”

Quando Thompson olha para esse problema, ele se preocupa sobre as chances de haver uma perigosa cadeia de reações. Quanto mais alto um animal estiver na cadeia alimentar, é provável que ele tenha mais veneno em seu corpo. Os cientistas estão atualmente procurando descobrir quanto veneno os humanos ingerem quando comem coisas que vêm do oceano.

Comendo Plástico até Morrer

Os pássaros muitas vezes têm dificuldade em distinguir entre pequenos pedaços de plástico e comida. Segundo um estudo conduzido em 2002, 80 por cento dos pássaros examinados ao longo do Mar do Norte continham partículas de plástico em suas bocas. Da mesma forma, os pesquisadores do Centro de Pesquisa e Tecnologia da Costa Oeste, da cidade de Büsum do nordeste da Alemanha, determinaram recentemente que quase todos (93 por cento) os pássaros mergulhadores do Mar do Norte têm pedaços de plástico em seus estômagos.

Outro estudo encontrou, ainda, uma média de 32 pedaços de plástico nos estômagos de Fulmarus glacialis, equivalentes aos petréis. Com todos esses pedaços em seus estômagos os pássaros sentem-se cheios, desta forma eles consomem menos, adquirem menos nutrientes e, em muitos casos, morrem. Um painel de especialistas disse, à EU, que pássaros migratórios alimentam seus filhotes na Antártica com pedaços de plástico que eles encontram no Oceano Atlântico.

De acordo com o Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas, há, em média, 18.000 pedaços visíveis de plástico flutuando em cada quilômetro quadrado do mar. Algumas nódoas de lixo flutuante são até mesmo visíveis em fotos de satélite. Pesquisadores da Fundação de Pesquisa Marinha Algalita pesquisaram 11 sítios randomicamente escolhidos no meio do Oceano Pacífico e descobriram uma massa de plástico seis vezes maior do que a massa de plâncton. Através do tempo o plástico se desintegra em pedaços cada vez menores, mas leva séculos até que ele desapareça completamente.

O Fundo do Mar do Norte Está Saturado de Plástico

Um exemplo particularmente flagrante de lixo marinho é apresentado pela Angra Alemã, uma parte do Mar do Norte na costa da Alemanha. Ao todo 8 milhões de pedaços de plástico podem ser encontrados ali. Na parte sul do Mar do Norte, uma média de 575 pedaços de rejeitos pode ser encontrada por quilômetro quadrado.

Ao longo das praias do Mar do Norte e do Atlântico Norte, segundo o relatório do governo, perto de 712 pedaços de lixo podem ser contados em cada faixa de 100 metros, em média. Algumas faixas contêm até 1.200 pedaços. “Não é suficiente apenas varrer as praias de vez em quando”, diz o biólogo marinho Gross. Na verdade, até 67 por cento do lixo afunda até o fundo do mar. Abaixo das águas do Mar do Norte descansam 600.000 metros cúbicos de entulho, de acordo com os cálculos oficiais – grosseiramente o volume de duas pirâmides de Giza. Cada quilômetro quadrado do Mar do Norte contém um metro quadrado de lixo.

Não faltam sugestões sobre como atacar o problema. O documento estratégico do governo alemão propõe começar devagar. Primeiro de tudo, diz ele, deve-se trabalhar num critério para um mar saudável e a vida marinha deve ser melhor pesquisada para corrigir o “estado difuso de nosso conhecimento.” A questão, se os padrões de métodos de pesquisa são suficientes, permanece um “problema sem uma solução satisfatória.”

Mas o governo também possui algumas medidas concretas que ele gostaria de ver implementadas. “Sacos de lixo reforçados” devem ser distribuídos aos pescadores de modo que 500 deles possam servir de coletores de lixo do Mar do Norte. O relatório do governo aponta também para redes de pesca sem âncoras, como um problema importante que a vida marinha enfrenta no Mar do Norte. O documento estratégico aconselha uma avaliação sobre a necessidade das redes de pesca serem equipadas, no futuro, com dispositivos de localização.

Os sistemas de reciclagem também devem ser promovidos a bordo dos navios, propõe o documento. A separação de lixo é também desejada – mas não prensas de lixo, porque desta forma o lixo “não pode ser mais identificado.” “Controles mais rigorosos e penalidades mais altas,” devem ser introduzidas.

“Os livros de registro de lixo devem, finalmente, nos dar insights sobre o montante atual de lixo produzido, diz Onno Gross da Deepwave. Um navio contêiner padrão produz alguns 100 kg de lixo por dia. Caso os navios descartem um montante suspeitavelmente menor de lixo ao aportar, deveriam ser forçados a pagar “penalidades drásticas”, diz Thilo Maack do Greenpeace.

Gross propõe utilizar as taxas portuárias para financiar o descarte de lixo. “O sistema que alguém tende a encontrar em acampamentos de lazer deveria também ser utilizado em navios,” diz ele. Mas o governo alemão não tem grandes esperanças para melhorias. O documento argumenta que o descarte de lixo deve permanecer livre de cobrança, se alguém esperar mudar o comportamento dos marítimos.



(Envolverde/Ecoagência)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Navios-tanque traficam água de rios da Amazônia.

Por Chico Araújo, da Agência Amazônia


BRASÍLIA – É assustador o tráfico de água doce no Brasil. A denúncia está na revista jurídica Consulex 310, de dezembro do ano passado, num texto sobre a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o mercado internacional de água. A revista denuncia: “Navios-tanque estão retirando sorrateiramente água do Rio Amazonas”. Empresas internacionais até já criarem novas tecnologias para a captação da água. Uma delas, a Nordic Water Supply Co., empresa da Noruega, já firmou contrato de exportação de água com essa técnica para a Grécia, Oriente Médio, Madeira e Caribe.

Conforme a revista, a captação geralmente é feito no ponto que o rio deságua no Oceano Atlântico. Estima-se que cada embarcação seja abastecida com 250 milhões de litros de água doce, para engarrafamento na Europa e Oriente Médio. Diz a revista ser grande o interesse pela água farta do Brasil, considerando que é mais barato tratar águas usurpadas (US$ 0,80 o metro cúbico) do que realizar a dessalinização das águas oceânicas (US$ 1,50).

Há trás anos, a Agência Amazônia também denunciou a prática nefasta. Até agora, ao que se sabe nada de concreto foi feito para coibir o crime batizado de hidropirataria. Para a revista Consulex, “essa prática ilegal, no então, não pode ser negligenciada pelas autoridades brasileiras, tendo em vida que são considerados bens da União os lagos, os rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seus domínio (CF, art. 20, III).

Outro dispositivo, a Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, atribui à Agência Nacional de Águas (ANA), entre outros órgãos federais, a fiscalização dos recursos hídricos de domínio da União. A lei ainda prevê os mecanismos de outorga de utilização desse direito. Assinado pela advogada Ilma de Camargos Pereira Barcellos, o artigo ainda destaca que a água é um bem ambiental de uso comum da humanidade. “É recurso vital. Dela depende a vida no planeta. Por isso mesmo impõe-se salvaguardar os recursos hídricos do País de interesses econômicos ou políticos internacionais”, defende a autora.

Segundo Ilma Barcellos, o transporte internacional de água já é realizado através de grandes petroleiros. Eles saem de seu país de origem carregados de petróleo e retornam com água. Por exemplo, os navios-tanque partem do Alaska, Estados Unidos – primeira jurisdição a permitir a exportação de água – com destino à China e ao Oriente Médio carregando milhões de litros de água.

Nesse comércio, até uma nova tecnologia já foi introduzida no transporte transatlântico de água: as bolsas de água. A técnica já é utilizada no Reino Unido, Noruega ou Califórnia. O tamanho dessas bolsas excede ao de muitos navios juntos, destaca a revista Consulex. “Sua capacidade [a dos navios] é muito superior à dos superpetroleiros”. Ainda de acordo com a revista, as bolsas podem ser projetadas de acordo com necessidade e a quantidade de água e puxadas por embarcações rebocadoras convencionais.

Há seis anos, o jornalista Erick Von Farfan também denunciou o caso. Numa reportagem no site eco21 lembrava que, depois de sofrer com a biopirataria, com o roubo de minérios e madeiras nobres, agora a Amazônia está enfrentando o tráfico de água doce. A nova modalidade de saque aos recursos naturais foi identificada por Farfan de hidropirataria. Segundo ele, os cientistas e autoridades brasileiras foram informadas que navios petroleiros estão reabastecendo seus reservatórios no Rio Amazonas antes de sair das águas nacionais.

Farfan ouviu Ivo Brasil, Diretor de Outorga, Cobrança e Fiscalização da Agência Nacional de Águas. O dirigente disse saber desta ação ilegal. Contudo, ele aguarda uma denúncia oficial chegar à entidade para poder tomar as providências necessárias. “Só assim teremos condições legais para agir contra essa apropriação indevida”, afirmou.

O dirigente está preocupado com a situação. Precisa, porém, dos amparos legais para mobilizar tanto a Marinha como a Polícia Federal, que necessitam de comprovação do ato criminoso para promover uma operação na foz dos rios de toda a região amazônica próxima ao Oceano Atlântico. “Tenho ouvido comentários neste sentido, mas ainda nada foi formalizado”, observa.

Águas amazônicas

Segundo Farfan, o tráfico pode ter ligações diretas com empresas multinacionais, pesquisadores estrangeiros autônomos ou missões religiosas internacionais. Também lembra que até agora nem mesmo com o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) foi possível conter os contrabandos e a interferência externa dentro da região.

A hidropirataria também é conhecida dos pesquisadores da Petrobrás e de órgãos públicos estaduais do Amazonas. A informação deste novo crime chegou, de maneira não oficial, ao Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), órgão do governo local. “Uma mobilização até o local seria extremamente dispendiosa e necessitaríamos do auxílio tanto de outros órgãos como da comunidade para coibir essa prática”, reafirmou Ivo Brasil.

A captação é feita pelos petroleiros na foz do rio ou já dentro do curso de água doce. Somente o local do deságüe do Amazonas no Atlântico tem 320 km de extensão e fica dentro do território do Amapá. Neste lugar, a profundidade média é em torno de 50 m, o que suportaria o trânsito de um grande navio cargueiro. O contrabando é facilitado pela ausência de fiscalização na área.

Essa água, apesar de conter uma gama residual imensa e a maior parte de origem mineral, pode ser facilmente tratada. Para empresas engarrafadoras, tanto da Europa como do Oriente Médio, trabalhar com essa água mesmo no estado bruto representaria uma grande economia. O custo por litro tratado seria muito inferior aos processos de dessalinizar águas subterrâneas ou oceânicas. Além de livrar-se do pagamento das altas taxas de utilização das águas de superfície existentes, principalmente, dos rios europeus. Abaixo, alguns trechos da reportagem de Erick Von Farfan:

O diretor de operações da empresa Águas do Amazonas, o engenheiro Paulo Edgard Fiamenghi, trata as águas do Rio Negro, que abastece Manaus, por processos convencionais. E reconhece que esse procedimento seria de baixo custo para países com grandes dificuldades em obter água potável. “Levar água para se tratar no processo convencional é muito mais barato que o tratamento por osmose reversa”, comenta.

O avanço sobre as reservas hídricas do maior complexo ambiental do mundo, segundo os especialistas, pode ser o começo de um processo desastroso para a Amazônia. E isto surge num momento crítico, cujos esforços estão concentrados em reduzir a destruição da flora e da fauna, abrandando também a pressão internacional pela conservação dos ecossistemas locais.

Entretanto, no meio científico ninguém poderia supor que o manancial hídrico seria a próxima vítima da pirataria ambiental. Porém os pesquisadores brasileiros questionam o real interesse em se levar as águas amazônicas para outros continentes. O que suscita novamente o maior drama amazônico, o roubo de seus organismos vivos. “Podem estar levando água, peixes ou outras espécies e isto envolve diretamente a soberania dos países na região”, argumentou Martini.

A mesma linha de raciocínio é utilizada pelo professor do Departamento de Hidráulica e Saneamento da Universidade Federal do Paraná, Ary Haro. Para ele, o simples roubo de água doce está longe de ser vantajoso no aspecto econômico. “Como ainda é desconhecido, só podemos formular teorias e uma delas pode estar ligada ao contrabando de peixes ou mesmo de microorganismos”, observou.

Essa suposição também é tida como algo possível para Fiamenghi, pois o volume levado na nova modalidade, denominada “hidropirataria” seria relativamente pequeno. Um navio petroleiro armazenaria o equivalente a meio dia de água utilizada pela cidade de Manaus, de 1,5 milhão de habitantes. “Desconheço esse caso, mas podemos estar diante de outros interesses além de se levar apenas água doce”, comentou.

Segundo o pesquisador do Inpe, a saturação dos recursos hídricos utilizáveis vem numa progressão mundial e a Amazônia é considerada a grande reserva do Planeta para os próximos mil anos. Pelos seus cálculos, 12% da água doce de superfície se encontram no território amazônico. “Essa é uma estimativa extremamente conservadora, há os que defendem 26% como o número mais preciso”, explicou.

Em todo o Planeta, dois terços são ocupados por oceanos, mares e rios. Porém, somente 3% desse volume são de água doce. Um índice baixo, que se torna ainda menor se for excluído o percentual encontrado no estado sólido, como nas geleiras polares e nos cumes das grandes cordilheiras. Contando ainda com as águas subterrâneas. Atualmente, na superfície do Planeta, a água em estado líquido, representa menos de 1% deste total disponível.

A previsão é que num período entre 100 e 150 anos, as guerras sejam motivadas pela detenção dos recursos hídricos utilizáveis no consumo humano e em suas diversas atividades, com a agricultura. Muito disto se daria pela quebra dos regimes de chuvas, causada pelo aquecimento global. Isto alteraria profundamente o cenário hidrológico mundial, trazendo estiagem mais longas, menores índices pluviométricos, além do degelo das reservas polares e das neves permanentes.

Sob esse aspecto, a Amazônia se transforma num local estratégico. Muito devido às suas características particulares, como o fato de ser a maior bacia existente na Terra e deter a mais complexa rede hidrográfica do planeta, com mais de mil afluentes. Diante deste quadro, a conclusão é óbvia: a sobrevivência da biodiversidade mundial passa pela preservação desta reserva.

Mas a importância deste reduto natural poderá ser, num futuro próximo, sinônimo de riscos à soberania dos territórios panamazônicos. O que significa dizer que o Brasil seria um alvo prioritário numa eventual tentativa de se internacionalizar esses recursos, como já ocorre no caso das patentes de produtos derivados de espécies amazônicas. Pois 63,88% das águas que formam o rio se encontram dentro dos limites nacionais.

Esse potencial conflito é algo que projetos como o Sistema de Vigilância da Amazônia procuram minimizar. Outro aspecto a ser contornado é a falta de monitoramento da foz do rio. A cobertura de nuvens em toda Amazônia é intensa e os satélites de sensoriamento remoto não conseguem obter imagens do local. Já os satélites de captação de imagens via radar, que conseguiriam furar o bloqueio das nuvens e detectar os navios, estão operando mais ao norte.

As águas amazônicas representam 68% de todo volume hídrico existente no Brasil. E sua importância para o futuro da humanidade é fundamental. Entre 1970 e 1995 a quantidade de água disponível para cada habitante do mundo caiu 37% em todo mundo, e atualmente cerca de 1,4 bilhão de pessoas não têm acesso a água limpa. Segundo a Water World Vision, somente o Rio Amazonas e o Congo podem ser qualificados como limpos.

Envolverde

Governo federal priorizará consórcios na gestão do lixo, política de resíduos não é mencionada.

Alexandre Spatuzza

Em 2010, o governo federal dará prioridade à formação de consórcios entre governos locais e regionais e à implemenatção de centrais de triagem e destinação final dos resíduos nas cidades para fortalecer a gestão de resíduos sólidos, o governo informou na Mensagem Presidencial ao Congresso Nacional.

Segundo o documento, a formação de consórcios, baseados numa lei de 2005, premitiu a construção de infraestrutura para gerenciar os resíduos sólidos urbanos em várias regiões do país.

Ao todo, sete estados e 192 municípios formaram 14 consórcios com apoio do governo federal em 2009. Os convênios, que visam baratear os custos da gestão dos resíduos, devem resultar na construção de 38 aterros convencionais, 29 aterros de pequeno porte, 69 unidades de compostagem e 79 galpões de triagem, entre outras intervenções.

POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS

No entanto, a mensagem presidencial não mencionou a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PL 1991/07) que prevê diretrizes nacionais para a gestão de resíduos no país, que harmoniza as legislações estaduais e municipais sobre o tema e abrange também a logística reversa.

A redação final da política nacional já foi aprovada por um grupo de trabalho na Câmara dos Deputados e desde dezembro 2009 aguarda entrar na pauta do plenário antes de ser enviada ao Senado Federal.

Segundo seu relator, Arnaldo Jardim (PPS-SP), a lei foi bastante discutida e tem apoio político para ser aprovada pelos deputados.

Revista Sustentabilidade

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Cisternas reduzem ocorrência de diarreia no semiárido.

A implantação de 267 mil cisternas em domicílios situados no semiárido brasileiro vem modificando não apenas a paisagem do lugar como a qualidade de vida e a saúde da população beneficiada. Um estudo desenvolvido pela Fiocruz Pernambuco, como parte integrante do Programa 1 Milhão de Cisternas (P1MC), investigou o impacto das cisternas no número e na duração dos episódios de diarreia em membros de 417 famílias residentes em 21 municípios do semiárido pernambucano. O trabalho concluiu que o risco de ocorrência de diarreia nos moradores que não utilizam cisternas foi duas vezes maior do que naqueles que fazem uso deste tipo de reservatório.

No que se refere ao número de ocorrências da diarreia, a diferença foi ainda mais significativa: os moradores sem cisternas tiveram cinco vezes mais diarreia do que aqueles que a utilizavam. “Verificamos também que a duração da doença nas pessoas que não fazem uso da cisterna foi mais prolongada. Enquanto entre os moradores que tem cisternas o maior período registrado foi de dez dias, entre as pessoas que não tinham cisternas encontramos casos que chegaram a durar até 20 dias”, explicou o pesquisador da Fiocruz Pernambuco Carlos Luna.

Segundo os pesquisadores, o acesso e a qualidade da água são fatores determinantes no processo de ocorrência de doenças. A pesquisa também mostrou que o indivíduo que não usa hipoclorito de sódio na água da cisterna tem risco cerca 80% maior de ter diarreia. “Não basta ter as cisternas. É preciso usar de maneira adequada a água de chuva captada pelo telhado e armazenada nesses reservatórios, evitando possíveis contaminações. É comum alguns moradores utilizarem água de carros-pipa na cisterna e essa água nem sempre é de qualidade, o que já compromete a saúde de quem a utiliza”, explicou o pesquisador da Fiocruz Pernambuco e um dos coordenadores do estudo André Monteiro.

A diarreia ainda hoje figura no mundo como uma das principais causas de adoecimento e morte de crianças com idade entre 1 e 4 anos. Em Pernambuco, embora as taxas de mortalidade venham diminuindo ao longo dos anos – com uma redução de 181,3%, no período entre 1996 a 2006 – ainda são registrados cerca de 3,9 episódios por criança/ano. No universo estudado pela Fiocruz, 245 crianças menores de 5 anos dispunham de cisternas em suas casas e 244, com a mesma idade, não contavam com as cisternas. Entre elas, o número de casos de diarréia foi três vezes maior naquelas que não tinha reservatório em suas casas.

Realizada em 2003, a pesquisa contou com duas etapas. Na primeira, os pesquisadores investigaram hábitos sanitários, características dos moradores e dos domicílios em residências que possuem cisternas construídas pelo P1MC, comparando com moradores de domicílios sem cisternas, estratificando sexo e grupos etários, além de avaliar o risco de ocorrência de diarréia. Nessa fase, a ocorrência de casos de diarréia era auto-referida.

Numa segunda etapa, durante dois meses, os investigadores estimaram o risco e avaliaram o número de casos novos de diarreia, o número e a duração dos episódios, nos moradores residentes em 219 domicílios que têm cisternas construídas pelo P1MC. Esses dados foram comparados com as informações colhidas entre moradores de 198 domicílios sem cisternas, num total de 1.985 pessoas entrevistadas. Divididos por sexo e grupos etários, o estudo teve como um dos critérios de inclusão na amostra pelo menos um dos moradores do domicílio ter menos de cinco anos de idade.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 1 bilhão de pessoas ainda não tem acesso à água potável e 2,2 bilhões de pessoas sofrem com doenças transmitidas pela água todos os anos. O Programa 1 Milhão de Cisternas é coordenado pela Articulação do Semiárido (ASA), que reúne 700 ONGs para desenvolver ações de convivência do semiárido. O estudo foi desenvolvido pelos pesquisadores da Fiocruz Pernambuco em parceria com a Agência de Saúde Pública do Canadá.

Reportagem de Rita Vasconcelos, da Agência Fiocruz de Notícias, publicada pelo EcoDebate, 05/02/2010

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Sistema de esgotos é usado para aquecer piscinas na França.

Inovação no aproveitamento do sistema hídrico visa economizar energia elétrica e diminuir emissão de CO2.

PARIS - A água de duchas e banheiras, de lavadoras e máquinas de lavar pratos chega aos esgotos das cidades a uma temperatura média entre 15º e 20º centígrados, uma energia geralmente desperdiçada, mas um sistema inovador sugere aproveitar o recurso hídrico para aquecer piscinas em um município perto de Paris.


Levallois-Perret, situado nos arredores da capital francesa, é pioneiro na França no aproveitamento da energia dos esgotos, com o qual pretende economizar na conta de energia elétrica e reduzir as emissões de gases do efeito estufa.


"Quando soube a quantidade de calor perdida nos esgotos decidi que tinha de fazer alguma coisa", afirma à Agência Efe a vereadora do Meio Ambiente da localidade, Sophie Deschiens, que não esconde querer tornar sua cidade referência no aproveitamento de energias limpas.


Deschiens percorreu o mundo para conhecer as tecnologias de aproveitamento dos recursos ecológicos e descobriu um sistema que permitia recuperar o calor dos esgotos. "Não duvidei um instante, tínhamos que tê-lo em nossa cidade", assegura a vereadora da localidade.


Para começar, decidiram aplicar o sistema para aquecer o novo centro aquático que está sendo construído na cidade, dotado de três piscinas, saunas, jacuzzi e outras instalações. Em meados deste mês, o sistema estará pronto e começará a aproveitar o calor dos esgotos.


A empresa Lyonnaise des Eaux ficou encarregada de iniciar o projeto porque, além disso, é a responsável pelo tratamento de água e esgoto de Levallois-Perret. Os analistas calcularam que os lares consomem cada vez menos água, porém cresce o uso de água aquecida, o que facilita o aproveitamento desta fonte de energia.


A ideia é manter durante todo o ano a água das piscinas a uma temperatura de 28 º com a ajuda do calor recuperado dos esgotos. O princípio é simples. Uma série de placas de aço inoxidável é fixada no fundo das tubulações de esgotos equipadas com um líquido especial que capta o calor.


"É preciso que haja um volume de água residual mínimo para que o sistema funcione, mas tivemos a sorte que os esgotos que passam próximo do parque aquático atendiam as necessidades", explica.


Uma distância de 80 metros separa a local onde estão as placas da caldeira que aquece o parque aquático. Com este sistema, Levallois-Perret pretende reduzir em 24% os gastos com energia elétrica do parque e 66% as emissões de gases do efeito estufa.


Deschiens está convencida que o sistema é rentável no longo prazo e espera amortizar o investimento em dez anos. A cidade gastou 474 mil euros para instalar o sistema que recupera o calor da água e do esgoto. Quanto o projeto estiver funcionando a pleno a economia na conta de energia elétrica pode alcançar os 48 mil euros anuais, calcula a vereadora.


Para Deschiens, o novo sistema faz parte da aposta da cidade por energias limpas. Há anos, o sistema de calefação da cidade recebe energia gerada no tratamento de lixo. Este sistema, que funciona desde 1989, vai utilizar a energia que não for utilizada no aquecimento do centro aquático. O novo projeto apresentará a energia equivalente a cerca de 800 megawatts dos 3.600 megawatts que consome anualmente o parque de águas.


O sistema de recuperação do calor da águas e do esgoto chamou a atenção de outras cidades do país. Valenciennes e Bordeaux enviaram os responsáveis ambientais para obterem informações das instalações de Levallois-Perret. "Se outras cidades querem copiar o sistema, estamos felizes. Nunca ninguém se interessou tanto por nossos esgotos", brinca Deschiens.

Fonte: Estadão.