domingo, 30 de maio de 2010

Geração de resíduos sólidos urbanos tem expressivo crescimento no brasil, segundo pesquisa da ABRELPE

Publicação “Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil – 2009” mostra que a geração de lixo cresceu em ritmo muito superior ao da população. Quase 22 milhões de toneladas ainda têm destino impróprio.

A ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais apresenta os dados inéditos da edição 2009 do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil. Além dos dados nacionais e das regiões geográficas, esta edição traz também de maneira inédita as informações segmentadas por Estado.

A publicação demonstra que, apesar de alguns avanços, a situação do setor ainda é crítica em relação à geração, coleta e destinação de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU). O País gerou mais de 57 milhões toneladas de resíduos sólidos em 2009, crescimento de 7,7% em relação ao volume do ano anterior. Só as capitais e as cidades com mais de 500 mil habitantes foram responsáveis por quase 23 milhões de toneladas de RSU no ano.

A geração per capita também registrou aumento de 6,6%, volume bem superior ao crescimento populacional, que foi de apenas 1% no ano. “Esse dado indica um aumento real na quantidade de resíduos gerados e reflete a ausência de ações com objetivo de minimizar a geração de resíduos no País”, afirma Carlos Roberto Vieira da Silva Filho, diretor executivo da ABRELPE, ao observar que “o lançamento do Panorama 2009 acontece em um momento muito importante, quando se intensificam as mobilizações para a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos”.

O Panorama demonstra que, em relação a 2008, houve um crescimento de 8% na quantidade de RSU coletado no país, o que representa mais de 50 milhões de toneladas. Silva Filho ressalta que esse crescimento na abrangência da coleta indica que o país caminha de maneira constante para universalizar esses serviços.

Apesar de ter sido constatada uma evolução na adequação da destinação de RSU de 2008 para 2009, no cenário atual 43% do total de resíduos sólidos urbanos coletados no Brasil, que representam quase 22 milhões de toneladas, ainda são dispostos de forma inadequada, em aterros controlados ou lixões, que não garantem a devida proteção ambiental.

“Isso evidencia a carência de uma gestão integrada eficiente, que envolva toda a cadeia”, observa o diretor executivo da ABRELPE. Esta gestão deve contar com programas de conscientização para reduzir a geração de lixo; a implantação de programas estruturados de coleta seletiva, que substituam as atuais práticas informais por políticas de reciclagem, e por fim a implementação de unidades adequadas para a destinação final de um volume mínimo de resíduos.

O levantamento desenvolvido pela ABRELPE também mostra que a oferta dos serviços de coleta seletiva continua avançando nos municípios, porém a passos muito lentos. Das 5.565 cidades 56,6% afirmaram contar com iniciativas de coleta seletiva. “Esta evolução vem se mantendo estável nos últimos cinco anos. Parece claro que a prática de medidas isoladas, e calcadas em ações informais, ainda é uma solução parcial, que não tem potencial de trazer avanços concretos para o setor”, lembra o diretor executivo da ABRELPE.

O Panorama 2009 ainda revela que os investimentos dos municípios destinados aos serviços de limpeza urbana - que incluem coleta de lixo diária, transporte, destino final, varrição, limpeza de ruas, capina, limpeza de córregos - são bastante limitados.

“A despesa média municipal no Brasil para dar conta de todos os serviços de limpeza urbana é de pouco mais de R$ 9,00 por habitante por mês, muito inferior ao ticket médio de outros serviços essenciais, como luz e água. Essa limitação financeira se torna uma importante barreira para os avanços do setor”, conclui o diretor executivo da ABRELPE.

. Estudo da ABRELPE retrata situação dos resíduos sólidos em cada região do país

Região Nordeste apresenta a situação mais crítica, com a maior geração diária de resíduos por habitante e 51% dos 1.688 lixões espalhados pelo País.

A Região Sudeste é a que gera o maior volume de resíduos sólidos no País, mas a região Nordeste é a que tem o maior volume de lixo per capita e apresenta a situação mais crítica, em função das deficiências na coleta e destinação. Estas são algumas das conclusões da edição 2009 do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, estudo divulgado no dia 26 de maio (quarta-feira), , pela ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais.

Em um País de dimensões continentais como o Brasil, as distinções regionais são marcantes nos mais variados aspectos, e isto é visível também na gestão dos resíduos sólidos. Segundo o estudo da ABRELPE, a região Sudeste produz 89,46 mil das 182.728 toneladas de resíduos sólidos urbanos gerados diariamente no País, ou seja, 49% do total. Cada habitante do Sudeste produz uma média de 1,204 quilo de lixo por dia.

“No Sudeste, 71,2% dos resíduos gerados têm destinação final ambientalmente correta. Ainda assim, em função do grande volume de lixo na região, os 28,8% restantes equivalem a 25 mil toneladas, mais do que o dobro do total gerado por toda a região Norte”, observa Carlos Roberto Vieira da Silva Filho, diretor executivo da ABRELPE.

A situação mais crítica, contudo, é a do Nordeste, onde 67,1% dos resíduos gerados, o equivalente a 24.105 toneladas/dia, ainda vão parar em lixões a céu aberto e aterros controlados. A região é responsável por 26% do lixo produzido em todo o Brasil e por uma produção per capita de 1,254 quilo/ dia, a maior do País, superando até mesmo o índice da região Sudeste, que é mais desenvolvida.

O cenário do Nordeste é ainda mais delicado quando contabilizados os 866 lixões existentes na região. “Esse número é alarmante já que representa 51% do total de 1.688 lixões espalhados pelo Brasil”, enfatiza o diretor executivo da ABRELPE.

Já na região Norte, cada habitante gera 1,051 quilo/dia, o que totaliza 12.072 toneladas/dia geradas, das quais 33% são enviadas a aterros sanitários. A região também responde por apenas 6% dos resíduos coletados no País.

O Sul é a região que caminha mais rápido para a universalização dos serviços de limpeza urbana. Hoje, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná geram 19.624 toneladas de resíduos sólidos diariamente e, desse total, apenas 5.511 toneladas/dia não têm destino final considerado adequado.

“Apesar, de em termos percentuais, o Sul estar um pouco abaixo do Sudeste, esta é a região que melhor trata de seus resíduos sólidos em valores absolutos”, esclarece Silva Filho. Esta é também a região com a menor geração de lixo per capita: 0,859 quilo/ dia.

No Centro-Oeste, 28,1% das 13.907 toneladas produzidas por dia têm destinação final ambientalmente correta, enquanto cada habitante da região é responsável por gerar, em média, 1, 161 quilo de resíduos diariamente.

No que se refere à quantidade de municípios que possuem iniciativas de coleta seletiva, o estudo da ABRELPE mostra que o Sudeste é o que mais se destaca, com 78,7% (o equivalente a 1.313 cidades da região). Na sequência vem o Sul, com 76,2% (905 municípios); o Norte, com 44,1% (198 municípios); o Nordeste, com 34,2% (614 municípios), e por último o Centro-Oeste, com 26,1% (122 municípios).



Perfil da ABRELPE [www.abrelpe.org.br] - Criada em 1976, a ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais é uma associação civil sem fins lucrativos, que congrega e representa as empresas que atuam nos serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, cujo objetivo fundamental é promover o desenvolvimento técnico-operacional do setor de limpeza pública e gestão de resíduos sólidos, dentro dos princípios da preservação ambiental e do desenvolvimento sustentável.

Com mais de 30 anos de atuação, a ABRELPE colabora efetivamente com os setores público e privado, promovendo a permanente troca de informações, estudos e experiências destinadas ao desenvolvimento do setor.

A ABRELPE, além de representar e defender seus associados, também é uma entidade engajada em incentivar a sociedade a buscar soluções para a correta gestão dos resíduos sólidos.

Além dessa atuação institucional e social, para o equacionamento das demandas decorrentes da gestão de resíduos de forma conjunta, a ABRELPE desenvolve e cultiva o relacionamento com diversas entidades, associações técnicas e empresariais, universidades e entidades de pesquisa do Brasil e do exterior, do setor de resíduos e de outros setores

Fonte: Revista Fator

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Gestão de resíduos sólidos industriais

Resíduos sólidos industriais podem ser de classe I (quando são perigosos, patogênicos, tóxicos, inflamáveis e coisas assim), podem ser de classe IIA (iguais aos resíduos domésticos) ou podem ser de classe IIB (iguais aos de construção civil, que em sua maioria são inertes, com exceção do gesso, tinta e outros componentes menores).

Esta classificação é dada pela NBR (Norma Brasileira Recomendada) 10.004/2007 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) que regulamenta tecnicamente o assunto.

Resíduos industriais, de qualquer classe podem ter alguma destinação viável em atividades de reaproveitamento ou reciclagem. Desde que estas atividades sejam exercidas por empresas legalmente licenciadas para esta finalidade.


Por exemplo o cromo resultante de atividades de curtimento de couros, pode ser recuperado para reutilização em novos banhos de curtimento, economizando matéria-prima curtente e evitando a poluição das redes de drenagem superficiais.

A regra na gestão dos resíduos sólidos industriais primeiramente é a redução na produção. Menos resíduo produzido é menor desperdício de matéria prima. Depois é a segregação na fonte ou na origem de produção. Segregação quer dizer separação. Só é possível separar o resíduo de forma econômica e prática quando da sua geração. Depois de tudo misturado é pouco operacional ficar separando materiais por catação.

Devemos segregar os resíduos na origem. Mas somente aqueles que tem tecnologia para reciclagem ou reaproveitamento e cujas quantidades sejam significativas para justificar o processo.

Para segregar os resíduos é necessário uma caracterização físico-química e bacteriológica dos mesmos para definição do tipo de recipiente que deve ser utilizado internamente. Existem códigos para os tipos de resíduos e tipos de recipiente (NAIME, R. Gestão de Resíduos Sólidos. Uma abordagem prática. Novo Hamburgo. Editora do Centro Universitário Feevale, 2.005).

Temos que definir também a periodicidade e a forma da coleta e armazenamento internos. Em geral o armazenamento interno deve ser feito em local com proteção contra a chuva e que impeça o acesso de pessoas não autorizadas a manterem contato com os resíduos.

Por último deve ser feito o acondicionamento (prensagem, enfardamento, qualquer que seja o beneficiamento previsto para o transporte final) e o transporte externo. Lembrando sempre que este transporte externo deve ser realizado por transportador devidamente autorizado e licenciado em veículo adequado.

O transportador deve sempre conduzir um Manifesto de Transporte de Resíduos preenchido pelo gerador, que é um documento que é fundamental para o transportador, e para o receptor, é a garantia que mantém a responsabilidade do gerador pelo resíduo produzido enquanto o mesmo existir, mesmo em centrais de resíduos sólidos (denominação dos centros de armazenamento com valas sanitárias ou valas para acondicionamento de resíduos industriais perigosos – ARIPs).

Resíduos que não tem reaproveitamento devem ser beneficiados (prensados ou enfardados para diminuição de volume) e remetidos para aterros sanitários ou aterros de resíduos industriais perigosos – ARIPs.

A responsabilidade cessa se o resíduo for destinado a ser matéria prima em novo processo industrial, como por exemplo no caso de latinhas de alumínio de refrigerantes.

Neste caso, além do MTR (Manifesto de Transporte de Resíduos) que é um documento necessário para o transportador, deve ser emitida também uma nota fiscal de venda, do produtor do resíduo para a empresa que reutiliza e reindustrializa os materiais, que passa então a ser responsável pela matéria-prima em que os resíduos da outra empresa se transformam.

Roberto Naime, Professor no Programa de pós-graduação em Qualidade Ambiental, Universidade FEEVALE, Novo Hamburgo – RS.

Fonte: Portal Ecodebate.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Tratamento de efluentes.

Por Rorberto Naime

Existem 3 preocupações básicas na questão ambiental dentro das empresas: o tratamento de efluentes (líquidos usados na produção e que necessitam recuperação antes de serem devolvidos às bacias hidrográficas superficiais); gestão de resíduos sólidos e monitoramento de emissões atmosféricas, quando existem.

Dentro da abrangência da sustentabilidade, ainda entram o ecodesign, a reciclagem, as questões de eficiência energética e otimização de uso de recursos hídricos.

Que são efluentes industriais: águas utilizadas nos processos produtivos que se tornam impróprias para retornar para a rede de drenagem superficial sem que primeiro sofram tratamento físico-químico e/ou microbiológico.


Porque são impróprias para retornar sem tratamento? Porque estas águas estão contaminadas com vários tipos de substâncias e produziriam poluição hídrica.

A Poluição hídrica pode ser definida como a introdução num corpo d’água de qualquer matéria ou energia que venha a alterar as propriedades dessa água, afetando, ou podendo afetar, por isso, a “saúde” das espécies animais ou vegetais que dependem dessas águas ou com elas tenham contato, ou mesmo que venham a provocar modificações físico-químicas nas espécies contatadas.

Quando um curtume utiliza água para efetuar o curtimento, recurtimento ou tingimento de peles bovinas, esta água, quando retornada dos processos, é um efluente industrial. Quando um matadouro utiliza água nos seus processos de abate e beneficiamento de carnes, a água fica sem condições de retornar aos sistemas hídricos antes de passar por processos de tratamento de efluentes.

Os tratamentos físico químicos e biológicos são muito variados e dependem das características dos efluentes a serem tratados. Quando se quer remover material particulado sólido imerso na água, se usam técnicas de peneiramento, filtração ou reações químicas com coagulantes.

Para remover constituintes orgânicos como sebo, pele ou outro constituinte qualquer se usam técnicas com lodo ativado. Na remoção de biodegradáveis se utilizam reatores ou adição de reagentes para produzir processos físico-químicos.

Substâncias orgânicas voláteis (ou seja que evaporam no ar, como álcool) utilizam arraste com ar ou adsorção em carbono. Para eliminar bactérias patogênicas, se usa cloro, ozônio ou radiação ultravioleta. Metais pesados, como Mercúrio, Chumbo ou Cromo são removidos por precipitação química ou troca iônica.

O mecanismo de precipitação química é quando a gente coloca uma substância que reage com o metal e forma um sólido que decanta (precipita) no fundo e daí a gente faz a separação. É como colocar excesso de açúcar num cafezinho, onde o excesso fica no fundo e a gente pode remover facilmente até com a colherzinha.

Os tratamentos, sempre são realizados em estruturas denominadas Estações de Tratamento de Efluentes (ETEs), diferentes das Estações de Tratamento de Esgotos ou Estações de Tratamento de Água (ETAs), que se destinam a preparar a água para o consumo humano.

As estações geralmente começam por gradeamentos e separação dos efluentes conforme suas origens. Os efluentes, devidamente separados, vão sofrer decantações em ambientes distintos, por processos meramente físicos em tanques ou lagoas.

Os efluentes depois de deixarem em tanques apropriados suas porções decantadas, são misturados para um primeiro tratamento, que é biológico.

Após isso, há um procedimento físico-químico, conforme a composição do efluente, conforme já visto anteriormente, para o tratamento. Após os lodos resultantes do tratamento são submetidos a leitos de secagem com retorno de líquidos e finalmente obtém-se o efluente tratado dentro dos padrões exigidos.
Este efluente dentro dos padrões pode ser retornado à rede de drenagem superficial, formada por rios, córregos e lagos.

Roberto Naime, Professor no Programa de pós-graduação em Qualidade Ambiental, Universidade FEEVALE, Novo Hamburgo – RS.

Fonte:Portal Ecodebate.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Estudo aponta principais setores poluidores da Baía de Sepetiba, RJ

Terminal portuário industrial em Sepetiba


Estimar o potencial poluidor das indústrias localizadas na bacia hidrográfica da Baía de Sepetiba, no Rio de Janeiro, foi o objetivo da dissertação de mestrado do Programa de Saúde Pública e Meio Ambiente da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), apresentada por Lilian Calazans Costa. Por meio de metodologia criada pelo Banco Mundial, o estudo analisa uma série de parâmetros para verificar a poluição em 14 municípios da região e definir os principais setores poluidores.

O modelo do Banco Mundial utilizado no trabalho Aplicação do sistema de projeção de poluição industrial (modelo IPPS): estudo de caso – bacia hidrográfica da Baía de Sepetiba foi o Industrial Pollution Projection System (IPPS). Segundo Lilian, “esse método permite estimar o potencial poluidor industrial baseado no número de funcionários e no setor industrial”. Para a utilização dessa metodologia, a autora realizou um levantamento industrial dos municípios inseridos na região para os anos de 2005-2006 e 2008-2009.


Foram quatro os parâmetros selecionados como potenciais poluidores: DBO (demanda bioquímica de oxigênio), STS (sólidos totais em suspensão), MTA (metais tóxicos da água) e TA (tóxicos da água). Dados mostram que o setor metalúrgico foi responsável por 95% do total das potenciais emissões de STS, 60% dos T.A, e 88% dos MTA. Os setores químico e de papel e papelão foram os responsáveis pelo restante das potenciais emissões para os parâmetros selecionados. Já para DBO, os setores de alimentos e de papel e papelão foram responsáveis por 78% das potenciais emissões.

Lilian revela que os resultados também evidenciaram regiões críticas de poluição. “Os municípios de Barra do Piraí e Rio de Janeiro foram os que apresentaram maior potencial de emissão de metais tóxicos e tóxicos da água. Para DBO e STS, os municípios de Nova Iguaçu e Piraí foram os que mais contribuíram. Percebemos ainda que poucos setores industriais são responsáveis por grande parte do potencial poluidor, e esses setores são constituídos de um grupo pequeno de indústrias”, disse.

Para a pesquisadora, é fundamental o estabelecimento de ações contínuas voltadas para o monitoramento e regulamentação do lançamento de efluentes industriais desses setores, como forma de mitigar os problemas relativos à poluição industrial na região. “Os dados coletados também indicam ao poder público as regiões e os setores que devem ser priorizados no estabelecimento de políticas de gestão ambiental, exigindo menor esforço e menos recursos para sua implementação”, concluiu.

Baía de Sepetiba

Com aproximadamente 305km2 de área, a Baía de Sepetiba é um corpo de águas salinas e salobras, que se comunica com o Oceano Atlântico por meio de duas passagens, na parte oeste entre os cordões de ilhas que limitam com a ponta da Restinga, e na porção leste, pelo canal que deságua na Barra de Guaratiba. Constitui um criadouro natural para diversas espécies em suas áreas de mangue e zonas estuarinas, sendo a atividade pesqueira um importante suporte econômico e social para a região. Além disso, suas águas servem à preservação da flora e fauna, à recreação, à navegação e, graças à beleza cênica da região, com suas cachoeiras e ilhas, possui áreas propícias ao turismo.

A região desponta, ainda, como um dos polos industriais do Estado do Rio de Janeiro. A atividade industrial desse parque é responsável pelo lançamento de várias substâncias potencialmente tóxicas na baia, destacando-se os metais pesados.

Fonte: Ag. Solve

Ranking do saneamento revela parceria com setor privado entre as cidades melhores posicionadas.

Estudo do Instituto Trata Brasil avaliou os serviços nas 81 maiores cidades do País. A conclusão é que os maiores avanços no período de observação ocorreram nas cidades que procuraram desenvolver alternativas para antecipar as metas de universalização através de parceria com empresas privadas.

Recentemente, o Instituto Trata Brasil divulgou um ranking do saneamento básico no País, em que se revelou um avanço de 11,7% no atendimento de esgoto nas cidades observadas e de 4,6% no tratamento, entre os anos de 2003 e 2008. Ainda assim, o estudo mostrou que são despejados no meio ambiente todos os dias 5,9 bilhões de litros de esgoto sem tratamento algum, gerado nessas localidades, contaminando solo, rios, mananciais e praias do País, com impactos diretos à saúde da população.

A pesquisa mapeou as 81 maiores cidades do Brasil e constatou que, entre as cidades que hoje se encontram nas melhores posições, houve investimentos do município em conjunto com o setor privado. Este é o caso, por exemplo, da cidade de Jundiaí, em São Paulo. O município com população de 348 mil habitantes passou de quinto para primeiro lugar no ranking por ter reduzido suas perdas de 32% para 27% e aumentado seus investimentos em 86% em relação ao ano anterior. A operação municipal contou com a parceria do setor privado. A terceira colocada, Niterói, no Rio de Janeiro, com população de 478 mil habitantes, conta com uma concessionária privada que é responsável pelos serviços de água e esgoto.

A pesquisa destacou também a situação de Ribeirão Preto, que passou da 19ª para a 6ª posição devido ao aumento da cobertura de tratamento de esgoto de 38% para 70%. A cidade com população de 558 mil pessoas, também fez parceria com o setor privado.

Em cidades como Paranaguá, Limeira, Guaratinguetá, Cachoeira de Itapemirim, embora não estejam entre os municípios com mais de 300 mil habitantes, tem ótimos índices de coleta e tratamento de esgoto por conta de parcerias com o setor privado.

A conclusão, segundo Raul Pinho, Conselheiro do Instituto Trata Brasil, é que os maiores avanços no período de observação ocorreram nas cidades que procuraram desenvolver alternativas para antecipar as metas de universalização através de parceria com empresas privadas. Ele reforça a tese, constatando que em 2008 todas as integrantes do grupo das dez piores são operadas apenas por empresas estaduais. “Os avanços no setor de saneamento desde 2003 são evidentes, mas ainda em ritmo lento, pois os investimentos estão muito aquém das necessidades para alcançarmos a universalização dos serviços”, avalia. Para o Trata Brasil é necessário perseguir-se o cumprimento da Lei de Saneamento (11.445/07) que exige, dentre outras, a elaboração de Planos Municipais de Saneamento, investimentos na melhoria da gestão, pois os níveis de ineficiência dos nossos operadores são enormes, e assegurar recursos financeiros para investimentos anuais de no mínimo R$ 10 bilhões para alcançarmos a meta de universalização até 2027.

Esgoto no Brasil: 81 cidades brasileiras observadas no estudo | . 72 milhões de habitantes | . 129 litros de água por dia é o consumo médio desta população | . 150 litros de água por dia é o consumo médio do brasileiro | . 80% em média da água consumida se transforma em esgoto | . 9,3 bilhões de litros de esgoto é o total gerado todos os dias por essa | . População: 5,9 bilhões de litros de esgoto é o total de esgoto gerado por ess população que não recebe nenhum tratamento. Em média, apenas 36% do esgoto gerado nessas cidades recebem algum tipo de tratamento.

O Instituto Trata Brasil é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), iniciativa de responsabilidade socioambiental que visa a mobilização dos diversos segmentos da sociedade para garantir a universalização do saneamento no País.

Fonte: Portal Fator Brasil.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

NOVAS PERSPECTIVAS PARA A GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL.

POR CARLOS ROBERTO VIEIRA DA SILVA FILHO


O Projeto de Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), aprovado no início de março na Câmara dos Deputados e atualmente em discussão no Senado, é um importante avanço para o País e resultado de quase duas décadas de debates. Alguns pontos ainda devem ser aperfeiçoados e a regulamentação será decisiva para que ele se torne viável na prática, mas nenhuma evolução será alcançada sem sua aprovação e sanção, que se impõem como medidas urgentes. Um dos aspectos que têm gerado polêmica, e que precisam ser melhor esclarecidos, é o dos mecanismos práticos para se implantar soluções adequadas de destinação final.

Infelizmente, a realidade mostra que 45% dos resíduos sólidos urbanos coletados no Brasil (o equivalente a 67 mil toneladas por dia) ainda vão parar em lixões a céu aberto e outras destinações inadequadas. Sem contar as 20 mil toneladas por dia que sequer são coletadas, e acabam abandonadas em córregos e terrenos baldios. Justamente para sanar este grave problema, o projeto da PNRS prevê um prazo de quatro anos para que os municípios adequem a destinação final dos resíduos, extinguindo de vez os lixões e enviando para aterros sanitários somente os chamados rejeitos, materiais que não podem mais ser aproveitados.

É fundamental que a totalidade dos resíduos tenha um destino final ambientalmente correto. Para isso, devem ser implementadas mudanças na sistemática utilizada pelos municípios atualmente, principalmente por que grande parte das cidades e centros urbanos não dispõe de áreas para a implantação de novas áreas para disposição de resíduos, exigindo que os gestores públicos busquem outras soluções. Na gestão de resíduos sólidos não existe solução única, isolada. É imprescindível que haja uma integração entre as soluções disponíveis.

A tarefa no Brasil não é pequena, uma vez que no país são geradas mais de 160 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos por dia. Diferentemente de outras realidades, temos que considerar que o Brasil é um país de dimensões continentais, com mais de 190 milhões de habitantes. Diante disso, não podemos esquecer que a geração de resíduos sólidos está diretamente relacionada ao número de habitantes e ao padrão de vida e hábitos de consumo das pessoas.

As diretrizes trazidas pelo projeto vão sim permitir avanços concretos para o setor, possibilitando que cada município faça um planejamento de longo prazo que contemple toda a cadeia dos resíduos sólidos, não só o gargalo da ponta, ou seja, a destinação final.

Neste ponto, destacamos o princípio da hierarquia na gestão de resíduos como o ponto fundamental para o sucesso da Política que se pretende estabelecer. A gestão de resíduos deve seguir uma ordem de ações que são implementadas com vistas ao atingimento dos objetivos traçados pela lei, de forma que uma ação precede a outra de acordo com a hierarquia de prioridade estabelecida na lei.

De início devem ser adotadas medidas que minimizem a geração de resíduos e isso se faz com alteração de processos produtivos e mobilização da população. O segundo passo é a reutilização, cuja adoção depende principalmente de mudanças nos hábitos de produção e consumo.

Na sequência vem a reciclagem, que contempla a separação dos resíduos e o real encaminhamento do material para unidades recicladoras. Aqui cabe uma forte atuação do poder público, já que a cadeia só conseguirá se desenvolver se puder contar com incentivos e benefícios, como a redução de tributos e a criação de mercados consumidores dos insumos reciclados.

Para evoluir no campo da reciclagem, atingindo índices consideráveis de recuperação de materiais recicláveis é preciso reduzir ao máximo a informalidade que hoje pauta a atividade, consolidando esse nicho como a indústria que ela é. Não dá para seguir em frente com o padrão desregrado e a precariedade com os quais nos deparamos atualmente. Isso não quer dizer que o trabalho dos catadores e cooperativas não seja importante.Pelo contrário, é indispensável, mas não pode continuar sendo feito sem uma normatização, sem condições adequadas, e na informalidade.

A etapa seguinte, que antecede a disposição sobre o solo, é a recuperação,principalmente energética, dos resíduos que sobraram nos processos anteriores. Trata-se de uma etapa de extrema importância, já disseminada e totalmente segura, que, além de ser uma solução de tratamento, aproveita o resíduo não como material descartado, mas como recurso, tranformando-o em energia.
Aqui também estão abrangidas outras alternativas de tratamento de resíduos, dentre as quais destaca-se a compostagem. A gestão e destinação da matéria orgânica, que representa cerca de 50% da composição do lixo urbano brasileiro ainda causa polêmicas.

Alguns ditos especialistas afirmam que a totalidade dessa matéria orgânica pode ser compostada e virar fertilizante, mas na realidade não é bem assim. As soluções de tratamento biológico, categoria em que se encontra a compostagem, demandam matéria orgânica de alta qualidade para gerar, ao final do processo, um produto também de qualidade. O uso indistinto de qualquer material orgânico, ou de resíduos orgânicos sem uma eficiente separação prévia, resultará em um composto de baixa qualidade, sem nenhuma utilidade.

Por fim, como elo final na cadeia da gestão de resíduos, vem a destinação final sobre o solo, em aterros sanitários, unidades de recepção de resíduos que serão sempre necessários e garantem a total proteção do meio ambiente e dos recursos naturais, pois constituem-se como verdadeiras obras de engenharia, cuja finalidade é receber os resíduos sem causar nenhum tipo de degradação ambiental.

Tudo isso só comprova que somente com planejamento e adoção de uma gestão integrada de resíduos é possível resolver a problemática do lixo em nosso País, sendo que para tanto fazem-se necessários investimentos que, é claro, serão proporcionais à quantidade de resíduos gerados e à solução eleita.

Diferentemente do que alguns analistas apregoam, não existe e nunca existirá uma fórmula mágica que faça o lixo desaparecer. Sem planejamento e conscientização, o cenário não vai mudar. Estamos vivenciando um momento de avanços no setor. Não dá para defender paixões, mitos e ieologias do passado. Está na hora de trazer a discussão para o campo técnico e possibilitar um efetivo desenvolvimento desse setor que é essencial à qualidade de vida de todos nós.

* Carlos Roberto Vieira da Silva Filho é diretor executivo da ABRELPE - Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais.

Fonte: Abrelpe

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Água limpa que vem da escola.

Tecnologia desenvolvida por aluna do ensino médio pode beneficiar comunidades sem acesso à água tratada

Por Bruna Bessi


Comunidades sem acesso à água tratada podem ser beneficiadas pela tecnologia desenvolvida por uma aluna do ensino médio. O projeto exposto na Feira Internacional de Ciência e Engenharia da Intel (Intel ISEF- International Science and Engineering Fair), realizado na California (EUA), nos dias 09 a 14 de maio, cria uma estação de tratamento em que a desinfecção da água é feita a partir da filtração e do aquecimento solar, em um sistema de fluxo contínuo de tratamento.

Karoline Elis Lopes Martins, estudante do terceiro ano do curso de edificações no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), desenvolveu o projeto e concorreu na feira internacional, conquistando além de outras classificações, o Prêmio Google no valor de US$ 10 mil, uma das principais categorias da competição e que tem destaque pelo grau de inovação exigido nos projetos.

Na técnica desenvolvida, o canal de fluxo contínuo é produzido com garrafas PET de dois litros, acopladas a um concentrador solar feito com uma estrutura de madeira e chapas refletoras. Para que haja a desinfecção microbiológica da água, ela deve ficar exposta por mais de duas horas e atingir a temperatura de 50º.

O tratamento na estação é composto por duas etapas. A primeira consiste na filtração da água e sua desinfecção através da luz solar, processo conhecido como solarização, e a segunda ,no tratamento de parte da água já utilizada, diminuindo o impacto nos afluentes dos rios. A estação criada tem capacidade para atender uma demanda de 47L/dia por pessoa e tem um custo aproximado de R$ 10 mil.

O sistema de concentração de calor solar é potencializado com a pintura da metade inferior das garrafas PET com a cor preta. A desinfecção alcançada no projeto é de 99,9% e, para que haja um efeito máximo a temperatura deve estar próxima dos 70ºC.

Segundo Guilherme Fernandes Marques, orientador do projeto e docente da CEFET, a viabilidade do sistema desenvolvido foi um dos aspectos decisivos para a conquista do prêmio. “O projeto é representativo porque envolve uma técnica de baixo custo, utiliza energia solar e ainda reaproveita garrafas pet”, diz.

A prática de desinfectar por solarização pode ser encontrada no Nordeste, mas o volume de água solarizada obtido ainda é muito pequeno e não há uma estação de tratamento que utilize esse sistema. “No Nordeste, as pessoas usam essa técnica de maneira individual. Karoline fez um sistema de fluxo contínuo de tratamento da água que possibilita o uso freqüente”, diz Andréa Rodrigues Guimarães, coorientadora do projeto.

A competição Intel ISEF envolve 1600 alunos pré-universitários, de 59 países. Este ano, o Brasil conquistou duas menções honrosas e 16 prêmios, dentre eles o primeiro lugar na categoria Ciências Comportamentais e Sociais e o destaque com o projeto Gemara e Gematria, da aluna Tamara Gedankien, em que foi apresentado um estudo de caso sobre os efeitos do uso de contextualização sociocultural para a aprendizagem da matemática.

Para competirem na feira internacional, os alunos brasileiros passaram por seleções em dois importantes eventos, a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) e a Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec).

Na feira internacional foram mostrados 18 projetos brasileiros e, segundo Roseli Deus Lopes, diretora da Febrace, o bom resultado dos alunos é decorrente da integração deles com a escola. “Através de competições como essa, podemos mostrar que nossos jovens têm alto potencial e conseguem bons resultados quando há integração nas escolas”, afirma.


Fonte: Último Segundo IG.

Crescimento econômico traz à tona problema do lixo.

Estudo mostra que a limpeza urbana consome em média de 7% a 15% do orçamento municipal das cidades brasileiras.

Por Ernesto Cavasin Neto

O crescimento econômico que experimentamos no momento é sem dúvida motivo de euforia para empresários e políticos. Depois de anos de crescimento abaixo do desejado, o Brasil dá sinais de uma economia forte e capaz de sustentar um crescimento mais vigoroso. Contudo, o sabor desse desenvolvimento acelerado pode ser amargo, se não estivermos preparados para os passivos por ele gerados.

Uma das preocupações ambientais mais fortes durante um período de desenvolvimento acelerado é a geração de lixo, ou melhor, a destinação do resíduo gerado. O aumento do consumo faz com que o cidadão leve para casa mais produtos e jogue fora as peças substituídas. A indústria, ao elevar sua produção, também aumenta seus rejeitos, que, na maioria das vezes, necessitam de tratamento adequado.

Segundo estudo do Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM, a limpeza urbana consome em média de 7% a 15% do orçamento municipal das cidades brasileiras. Uma rubrica orçamentária relevante e que tende a crescer caso soluções inovadoras focadas na realidade nacional não sejam criadas.

A legislação brasileira prevê que a responsabilidade dos resíduos gerados por residências, comércios e setor público é dos municípios onde o mesmo foi originado, e que quando gerado pela indústria, serviços de saúde, construção civil e terminais logísticos (portos, aeroportos, ferroviárias e etc.) é do gerador.

Se existem desafios relevantes aos municípios no que tange ao tratamento de lixo, desafio igual está no setor privado, principalmente na indústria. Apesar de um crescimento exponencial do setor de tratamento de resíduos industriais no Brasil, principalmente de 2007 em diante, quando o setor de tratamento de resíduos cresceu mais de 40% ao ano, ainda existem barreiras para que as empresas geradoras façam uso desse tipo de serviço.

O setor de tratamento de resíduos industriais no Brasil conta hoje com aproximadamente 160 unidades de processamento, com grande concentração de unidades na Região Sudeste. Além dessa concentração, a logística é um grande gargalo para o setor, muitas vezes dificultando o acesso de pequenas e médias empresas a esse tipo de serviço.

Apesar de todos esses fatores, estima-se que o setor de tratamento de resíduos industriais fature cerca de R$ 1,1 bilhão por ano e que manterá para os próximos anos crescimentos da mesma ordem do ultimo triênio.

Um maior comprometimento do governo e fiscalização mais sólida são necessários para que passivos ambientais gerados pela má gestão de resíduos sejam evitados, além da criação de ambiente institucional seguro para que novos investidores possam entrar nesse mercado promissor e de suma importância para o meio-ambiente.


Ernesto Cavasin Neto, especialista em Sustentabilidade empresarial, Gerente Executivo da PricewaterhouseCoopers, Membro do Conselho da Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Carbono.

Fonte: Último Segundo IG

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Como se dá a avaliação e o monitoramento da qualidade da água?

Quem explica é Maurrem Ramon Vieira, especialista em Recursos Hídricos da Superintendência de Gestão da Rede Hidrometeorológica (SGH), da Agência Nacional de Águas (ANA). Segundo Vieira, “a avaliação da qualidade da água pode se dar a partir de diversas configurações, em termos de localização dos pontos de monitoramento, periodicidade e tipo de parâmetros monitorados, sempre em função dos objetivos visados”. Ele acrescenta ainda que é possível identificar quatro diferentes tipos de avaliações: monitoramento básico, inventários, vigilância e de conformidade. Acompanhe o que prevê cada um deles, nas explicações do especialista:

Monitoramento básico

É realizado em pontos estratégicos para acompanhamento da evolução da qualidade das águas, identificação de tendências e apoio à elaboração de diagnósticos. Os resultados obtidos no monitoramento permitem a identificação de locais onde é necessário um maior detalhamento. A freqüência do monitoramento básico acompanha os ciclos hidrológicos e geralmente varia de uma freqüência mínima trimestral até uma freqüência mensal. Os parâmetros monitorados nesta modalidade devem estar relacionados com o tipo de uso e ocupação da bacia contribuinte a estação e com os objetivos da rede. Sendo assim, tanto a localização das estações quanto os parâmetros monitorados devem ser reavaliados periodicamente. A definição dos pontos estratégicos depende dos objetivos do monitoramento.

Inventários

Esta modalidade compreende observações associadas à avaliação intensiva de um espectro relativamente amplo de parâmetros com o objetivo de estabelecer um diagnóstico “instantâneo” da qualidade das águas de um trecho específico de curso d’água. Esta avaliação está associada ao acompanhamento de ações limitadas no tempo (por exemplo, implantação de empreendimentos hidrelétricos). No inventário, a freqüência de amostragem é alta, variando de diária até mensal, por um período de tempo determinado.

Vigilância

Na vigilância, incluem-se as observações efetuadas em locais onde a qualidade das águas é de fundamental importância para um determinado uso (especialmente para consumo humano) ou em locais críticos em termos de poluição associada ao uso da água. É necessário um monitoramento praticamente em tempo real, o que pressupõe a utilização de aparelhos automáticos de medição, o que limita os tipos de parâmetros passíveis de serem monitorados. Entretanto, um bom acompanhamento dos parâmetros pH, oxigênio dissolvido e condutividade elétrica, já permite identificar alterações associadas a ações antrópicas, configurando um alerta para a tomada de providências.

De Conformidade

Nesta modalidade, incluem-se as observações feitas pelos usuários dos recursos hídricos (auto-monitoramento) em atendimento a requisitos legais presentes nos marcos regulatórios (Portaria n° 518 do Ministério da Saúde, Resolução n° 357 do CONAMA), nas condicionantes das licenças ambientais e nos termos de outorga. Tanto a periodicidade quanto os parâmetros monitorados são determinados pelos órgãos competentes e fazem parte dos requisitos legais que acompanham as licenças e termos de outorga. Os resultados são enviados aos órgãos competentes, das esferas estadual e federal, que acompanham a evolução dos parâmetros monitorados.


Fonte: AgSolve

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Saneamento precisa de R$ 120 bilhões.

Yves Besse, da Abcon: empresas privadas, que prestam serviços de saneamento, cobrem 10% da população urbana.

O setor de saneamento no Brasil movimentou R$ 25 bilhões em 2009 e deve apresentar um crescimento de cerca de 10% em 2010. Quem garante é Yves Besse, presidente da Associação Brasileira de Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon), que reúne 91 empresas. “Quase 100% dos investimentos serão destinados a obras de expansão”, diz. Organizações privadas, como a Foz do Brasil e a CAB Ambiental, aumentam a participação no setor, antes dominado por estatais. Juntas, as duas companhias têm 22 projetos em execução que vão beneficiar 7 milhões de pessoas.

Segundo Besse, as empresas estaduais de saneamento, criadas pelo Plano Nacional de Saneamento (Planasa), nos anos 1970, atendem 70% da população urbana brasileira. As empresas privadas, que prestam serviços a partir de contratos de concessão ou Parcerias Público Privadas (PPPs), já cobrem 10% da população urbana ou cerca de 15 milhões de pessoas.

Para a Abcon, as empresas têm muito trabalho pela frente: o governo federal estima que serão necessários até R$ 120 bilhões em investimentos para universalizar o saneamento no país. Estudo encomendado pelo Instituto Trata Brasil indica que metade da população brasileira ainda não tem acesso à rede de esgotos.

Segundo a associação das concessionárias, entre as obras de saneamento em execução no Brasil estão a ampliação da estação de tratamento de água Taiaçupeba, em Suzano (SP), uma PPP entre a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e a CAB Ambiental; o programa Despoluição do Rio Tietê, também da Sabesp; e o Bahia Azul, da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), em Salvador (BA) e cidades do entorno. “Os investimentos são caracterizados pela ampliação da produção de água e expansão do sistema sanitário, com a coleta e tratamento do esgoto.”

Para Besse, os investimentos no setor podem crescer com a aplicação da nova Lei do Saneamento, que assegura que todo município deve planejar e regular serviços da área. “Além disso, o Brasil precisa de uma política de financiamento menos burocratizada por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Caixa Econômica Federal”, afirma. “Os Tribunais de Contas e o Ministério Público precisam conhecer melhor a legislação para não emperrar processos de licitação que os municípios realizam para resolver problemas de saneamento.”

Segundo ele, o setor privado pode acelerar a universalização dos serviços públicos de água e esgoto com o apoio de parcerias com o governo. “As empresas privadas devem ajudar principalmente na redução do índice de perdas no sistema de abastecimento de água, que chega a 45%, no Brasil.”

A Foz do Brasil, controlada pela Odebrecht, tem um plano de investimentos de R$ 3,6 bilhões até 2013. Com uma carteira de contratos com prazo médio de 24 anos, a expectativa é obter um faturamento de R$ 780 milhões em 2010, R$ 421 milhões a mais que o resultado do ano passado. “Os negócios com saneamento representam cerca de 60% do nosso faturamento”, afirma o presidente da empresa, Fernando Santos-Reis.
Os serviços da companhia beneficiam mais de 3 milhões de pessoas em 12 projetos, divididos em cinco Estados. A lista inclui a gestão dos serviços de coleta em Mauá (SP), a distribuição de água potável em Limeira (SP) e o tratamento de esgoto em Cachoeiro de Itapemirim (ES). Em março, a companhia assumiu um contrato para cuidar do sistema de esgoto da cidade de Blumenau (SC), avaliado em R$ 303 milhões. “O projeto vai beneficiar 300 mil habitantes.”

Na CAB Ambiental, criada em 2006, a especialidade é a prestação de serviços públicos por meio de contratos de concessão e PPPs. A empresa faturou R$ 87 milhões em 2009 e quer alcançar R$ 136 milhões em 2010. Está envolvida em dez operações nos Estados de São Paulo, Paraná e Mato Grosso, com projetos para 4 milhões de habitantes.

No mês passado, ganhou a concessão de água e esgoto na cidade de Piquete (SP), em um contrato com validade de 30 anos. “O investimento total é de R$ 6,1 milhões”, assegura Giuliano Dragone, diretor operacional da CAB. O contrato prevê obras de expansão do sistema de abastecimento de água, esgotamento sanitário e investimentos na redução de perdas - 15 mil habitantes serão beneficiados.

Para Frederico Turolla, sócio da consultoria Pezco, o grupo das empresas privadas de saneamento é o menor entre os três tipos de companhias existentes - privadas, regionais e autarquias municipais - mas é o que mais cresce em número de contratos. “As novas leis do setor trouxeram uma grande mudança no cenário, permitindo que as grandes operadoras públicas pudessem contratar organizações privadas para trabalhar com o tratamento de água e esgoto”, diz. “As PPPs funcionam como um grande atrativo para as empresas privadas e a mistura de companhias diferentes traz uma maior eficiência nos projetos.” Segundo os especialistas, a escolha do Brasil para sediar a Copa do Mundo e as Olimpíada também deve ajudar na liberação de mais recursos para obras de saneamento.

Jacilio Saraiva/Claudio Belli/Valor

Fator Ambiental

Brasil carece de política para escoamento da chuva em áreas urbanas, conclui Oscip.

Segundo presidente da organização, não existem projetos no país voltados para drenagem urbana.

problema da drenagem urbana, segmento do saneamento afetado de forma direta pela falta de uma política de resíduos sólidos, será debatido entre nesta quarta, dia 18, e quinta, dia 19, em seminário organizado pelo Instituto Trata Brasil. A drenagem urbana é o gerenciamento da água da chuva de modo a prevenir inundações.

O Instituto Trata Brasil é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), que promove a mobilização nacional no sentido de ajudar o país a atingir a universalização da coleta e do tratamento de esgoto.

O presidente da Oscip, Raul Pinho, afirmou que não existem projetos no país voltados para a drenagem urbana. O chamado lixo urbano é considerado um agravante quando o assunto é enchente.

Segundo Pinho, são necessárias políticas municipais de drenagem urbana. Ele lembrou que o Ministério das Cidades tem demonstrado preocupação com o assunto e destacou que um dos problemas é a falta de recursos para investir especificamente em drenagem pluvial.

– Financiamento para água e esgoto você tem. Tem as companhias que operam, as tarifas que remuneram esse serviço. Agora, drenagem, cujos recursos são vultosos, não existe recurso, por exemplo, a fundo perdido, para financiar os investimentos.

Durante o seminário, será apresentada a experiência da cidade de Barcelona, na Espanha, que conseguiu resolver a questão da drenagem urbana por meio de um sistema de gestão de bacias. Lá, a drenagem é vista como prestação de serviços similar às de água, esgoto e resíduos.

Pinho disse que o sistema adotado em Barcelona é considerado referência no setor de saneamento. Ali, o sistema de coleta de lixo é feito por dutos, assim como o de esgoto. Os apartamentos ou as áreas comuns dispõem de comportas onde o lixo reciclado é jogado e segue em dutos para uma central.

– É outro mundo. Nós estamos muito longe disso.

Pinho acredita que o financiamento para o setor de drenagem urbana no país poderia ser feito por parcerias público-privadas, desde que se defina como a iniciativa privada seria remunerada pelo investimento. O seminário pretende discutir as formas que o poder público poderia conseguir recursos para assegurar esses investimentos.

Fonte: Canal Rural/Agência Brasil.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Lixo ou resíduos sólidos.

Por Roberto Naime


Resíduo deriva do latim residuu, que significa o que sobra de determinada substância. A palavra sólida é incorporada para diferenciar de líquidos e gases. A palavra lixo, provêm do latim lix, que significa lixívia ou resto. No Brasil, a norma NBR 10.004/07 atribui a seguinte definição aos resíduos sólidos:

Resíduo Sólido é todos aqueles resíduos nos estado sólido e semi-sólido que resultam da atividade da comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, de serviços, de varrição ou agrícola. Incluem-se os lodos de Estações de Tratamento de Água (ETAs) e Estações de Esgotos (ETEs), resíduos gerados em equipamentos e instalações de controle da poluição e líquidos que não possam ser lançados na rede pública de esgotos, em função de suas particularidades.

Qual é a diferença entre lixo e resíduos sólidos? Nenhuma, antigamente os resíduos sólidos eram denominados lixo e fim. Atualmente há uma compreensão que os materiais separados, passíveis de reciclagem ou reaproveitamento recebem tratamento de resíduos sólidos, enquanto os materiais misturados e acumulados tem mais uma conotação de lixo.

Os resíduos sólidos são uma das principais causas da poluição do solo decorrentes dos acúmulos de embalagens de plástico, papel e metais, e de produtos químicos, como fertilizantes, pesticidas e herbicidas. O material sólido do lixo demora muito tempo para desaparecer no ambiente. O vidro, por exemplo, leva em torno de cinco mil anos para se decompor, enquanto determinados tipos de plástico nunca se decompõem, pois são resistentes ao processo de biodegradação promovido pelos microorganismos.

O lixo orgânico (restos de alimentos), no processo de decomposição, gera um líquido escuro, turvo e malcheiroso altamente poluente denominado de chorume (este líquido é dez vezes mais poluente que o esgoto doméstico). Este efluente tem a capacidade de dissolver tintas, resinas e outras substâncias químicas de alta toxidade contaminando o solo, impedindo o desenvolvimento das plantas.

No período chuvoso, em que o lixo se mistura com a água de chuva, o chorume encontra maior facilidade de infiltração no solo, contaminando os mananciais subterrâneos e de superfície (rios, lagos, córregos). O chorume pode permanecer por décadas no solo mesmo após o encerramento dos lixões, exigindo ações corretivas durante vários anos com o objetivo de remediar a contaminação.

Em relação aos gases provenientes da disposição do lixo, o metano é o componente mais problemático devido a sua elevada concentração (em torno de 300.000 vezes maior que a encontrada na atmosfera) exigindo técnicas sanitárias e ambientais apropriadas de controle. A concentração de metano superior a 5% é explosiva. O metano é o segundo elemento causador do efeito-estufa na atmosfera.

O uso de incineração produz fuligem e gases. Esta fumaça provoca muitos problemas alérgicos na população, principalmente entre as crianças. Em termos ambientais a queima do lixo destrói todas as propriedades coloidais e outras que são benéficas ao condicionamento dos resíduos nos solos. A queima de plásticos e isopor emite gases que poluem a atmosfera causando doenças e contribuindo para o efeito estufa. A falta de coleta pública leva as populações também a enterrarem o lixo.

O lixo é também o ambiente perfeito para a proliferação de doenças. Quando disposto no solo sem nenhum tratamento, o lixo atrai dois grandes grupos de seres vivos: os macro-vetores e os micro-vetores. Fazem parte do grupo dos macro-vetores as moscas, baratas, ratos, porcos, cachorros, urubus. O grupo dos micro-vetores como as bactérias, os fungos e vírus são considerados de grande importância epidemiológica por serem patogênicos isto é, causadores de doenças e nocivos ao homem.

Estes vetores são causadores de uma série de moléstias como diarréias infecciosas, amebíase, febre tifóide, malária, febre amarela, cólera, tifo, leptospirose, males respiratórios, infecções e alergias, encontrando no lixo um dos grandes responsáveis pela sua disseminação.

A leishimaniose, considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma das doenças infecciosas mais perigosas, vê a sua transmissão favorecida pelo acúmulo de lixo nos terrenos baldios e lixões que são locais extremamente favoráveis à reprodução e desenvolvimento do mosquito transmissor.

Outra enfermidade bastante conhecida dos brasileiros é a dengue. Transmitida pela picada do mosquito Aedes Aegypti, a doença pode levar à morte. As larvas reproduzem-se principalmente em pneus velhos, vasos de plantas, garrafas e outros locais onde a água da chuva fica acumulada. O sistema de coleta de lixo deve ser visto como uma medida preventiva, pois impede o acúmulo desses tipos de materiais próximos a população.

Uma das principais conclusões assumidas a nível internacional é a recomendação de se investir em uma mudança de mentalidade e valores, sensibilizando as populações para a necessidade de se utilizar novos pontos de vista e novas posturas diante dos dilemas referentes à degradação ambiental.

Resolver o problema dos resíduos sólidos pode significar muito menor demanda por serviços de saúde. A OMS estima que para cada dólar investido no saneamento básico, do qual a gestão de resíduos sólidos é um dos principais itens, mas não o único, podem ser economizados 4 dólares na gestão dos serviços de saúde.

Roberto Naime, Professor no Programa de pós-graduação em Qualidade Ambiental, Universidade FEEVALE, Novo Hamburgo – RS.

Fonte: Ecodebate.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Esgotamento sanitário e lixões e a profilaxia tardia.

Antonio Carlos Porto Araujo.

A tragédia é como uma máquina de fazer relevância. A mais recente do País desenterrou milhares de toneladas de lixo do Morro do Bumba, representando o caos dominante na disposição final de resíduos sólidos no Brasil. Nesse momento de dor perplexa torna-se relevante observar que todo o Estado do Rio de Janeiro, com sua composição de relevo montanhoso, é carente de alternativas ambientalmente corretas, e os eventos com mortes são consequências disso.

Com quase uma centena de municípios, somente dois possuem aterros sanitários licenciados. Essa irresponsabilidade social e sanitária agrava-se com uma tremenda falta de monitoramento ambiental, indispensável ao compromisso com um mundo melhor.

Não há o esgotamento sanitário minimamente satisfatório. Em várias localidades ainda é feito através de valas; o abastecimento de água não é universalizado; a coleta de lixo só atende cerca de 60% da população; existência de inúmeros vazadouros de lixo (lixões) etc. Além disso, os lixões encerrados por falta de capacidade não deveriam conter qualquer tipo de construção habitacional, por evidente falta de estrutura.

A determinação da intensidade de precipitação é importante para o controle de inundação e a erosão do solo. Por sua capacidade de produzir escoamento, a chuva é o tipo de precipitação mais importante para a hidrologia. O que se viu nesse desastre foi a reiterada conduta de se ignorar esse princípio básico e, com isso, imprudentemente, assistir a construção de habitações literalmente sobre lixo.

O Brasil e o mundo assistem ao mais intenso paradoxo – onde não cabia mais lixo, construíram-se lares...

A responsabilidade pela coleta e disposição final dos resíduos domiciliares urbanos é das municipalidades, que alegam insuficiência de recursos financeiros para adequação dos meios de tratamento e disposição final do lixo. Sabe-se, porém que entre as diversas opções para o equacionamento desse problema há a tecnologia preconizada pelo chamado crédito de carbono, um dos mecanismos de flexibilização previstos no MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo), dentro do Protocolo de Kyoto.

No próprio Estado do Rio de Janeiro há um dos exemplos mais emblemáticos da correta destinação para os resíduos, especificamente no município de Nova Iguaçu.

Apesar de argumentos críticos em relação a esse “direito de poluir”, o cerne desse mecanismo pode transferir tecnologia de cuidados ambientais e monitoramento de emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa), dentre eles o metano produzido pela decomposição da matéria orgânica encontrada nos lixões.

A ideia é que os países que acharem o custo de reduzir emissões no próprio país particularmente alto possam pagar por cortes nas emissões em outros lugares, com custos menores. A eficiência econômica global de reduzir emissões é aumentada enquanto ainda está sendo atingida a meta geral de redução.

O interesse na compra dos créditos de carbono reside na diferença de custos de redução de emissões que existem nos diversos países através de processos desenvolvidos em suas instalações que podem alcançar valores superiores a US$ 500 por tonelada de carbono e os custos de redução de emissões em desenvolvimento, que podem variar de US$ 10 a US$ 40 por tonelada de CO².

Com base nesta diferença de preços, o ganho com o MDL é bastante significativo, pois permite a entrada de recursos de países estrangeiros gerando empregos e investimentos na área de saneamento, saúde e outros.

Tais recursos não são financiamentos que têm que ser amortizados; são receitas efetivas de operação de venda, isto é, os países desenvolvidos pagam pela qualidade ambiental futura. É uma eficiente forma de transferência de recursos de países ricos para países em desenvolvimento. Ao mesmo tempo promove a melhoria da qualidade ambiental pela utilização de tecnologias limpas e a modernização das atividades produtivas.

Em aterros sanitários ou lixões, o gás gerado pela decomposição da matéria orgânica presente no lixo normalmente vai diretamente para a atmosfera. O gás de aterro, ou biogás, é composto por aproximadamente 55% de metano (CH4). O poder de aquecimento global do metano é 21 vezes maior que do gás carbônico.

Desta forma, cada tonelada de metano emitido para a atmosfera, equivale ao lançamento de 21 toneladas de gás carbônico. Como o gás de aterro tem um grande potencial de geração de efeito estufa, caso ele consiga ser drenado, canalizado e encaminhado para tratamento específico, haverá uma minimização de emissão de gases de efeito estufa. O que deixou de ser lançado na atmosfera pode ser negociado como “créditos de carbono” ou “emissões reduzidas de carbono”.

Essa ótica sobre o problema abarca somente uma visão do prisma, mas deveria fazer com que passos ambientalmente corretos e socialmente justos sejam implantados na questão de urbanismo no Brasil, sobretudo nos grandes centros urbanos onde a percepção de déficit habitacional é mais pronunciada.

Um passivo para as próximas gerações

A questão dos resíduos sólidos no Brasil tem sido tema de debates na sociedade, a partir de vários levantamentos da situação atual brasileira e perspectivas para o setor. De uma forma geral, este assunto, principalmente nos últimos anos, permeou por várias áreas do conhecimento, desde o saneamento básico, meio ambiente, inserção social e econômica dos processos de triagem e reciclagem dos materiais, e mais recentemente, ainda de forma incipiente, o aproveitamento energético dos gases provenientes dos aterros sanitários.

Mas os amplos debatem são dilacerados pela cruel realidade de que predominantemente a disposição final de resíduos se dá no lixão, que é uma forma absolutamente inadequada de disposição final de resíduos sólidos, que se caracteriza pela simples descarga sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública. O mesmo que descarga de resíduos a céu aberto ou vazadouro.

Nos lixões não há controle na entrada dos resíduos, podendo ser lançado qualquer tipo de material, inclusive químicos e infectantes.

Os grandes centros urbanos produzem resíduos com elevados teores de matéria orgânica e o clima tropical e subtropical típico do País fornece condições favoráveis à produção de metano. Além de alto potencial de contribuição para o efeito estufa de aquecimento global, este gás possui propriedades combustíveis.

Em todo País são produzidas mais de 130 mil toneladas diárias de lixo, sendo que 68,5% dos resíduos sólidos das grandes cidades são despejados em lixões e alagados a céu aberto, contaminando as fontes de águas superficiais e subterrâneas, o solo e o ar. Quanto aos resíduos industriais perigosos, estimativas indicam que dos 3,1 milhões de toneladas geradas por ano no País, apenas 650 mil recebem tratamento adequado. Os 78% restantes são despejados indevida e irregularmente em lixões, sem qualquer tratamento preliminar, gerando nesse início de século XXI um passivo ambiental da ordem de R$ 10 bilhões.

Esses dados desencadeiam um grande problema, porque são poucos os municípios no Brasil que dispõe de um aterro sanitário construído segundo normas técnicas recomendadas pelas agencias ambientais. A maioria dos municípios brasileiros utiliza-se de buracos cavados no solo, "lixões", sem qualquer tipo de isolamento, onde os resíduos municipais são jogados.

Autor
Antonio Carlos Porto Araujo é consultor de sustentabilidade da Trevisan.

Fonte: Portal Tratmento de água.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Fracassa tentativa de conter mancha de óleo .

Por Redação IHU


Estados americanos no Golfo do México redobraram os esforços para tentar conter o avanço da mancha de óleo para terra firme, depois da tentativa fracassada da empresa British Petroleum (BP) de cessar o vazamento com uma grande estrutura de aço e cimento no sábado. O vazamento, que pode chegar a ser o pior da história dos Estados Unidos, ameaça provocar um desastre econômico e ecológico nas praias, refúgios selvagens e centros de pesca da região.

A possibilidade do desastre ganhou força depois de a empresa reconhecer que a estrutura que tentou instalar no poço de petróleo não funcionou devido à cristalização de água e gás no encanamento que transportaria o óleo para um navio na superfície. A BP está construindo uma nova estrutura de cimento, para tentar colocá-la em outra parte do vazamento nos próximos dias. A companhia considera a possibilidade de acrescentar metanol no concreto para impedir que o encanamento que deveria levar o óleo a um navio entupa.

A sensação de urgência é cada vez maior, já que bolas de alcatrão, algumas do tamanho de uma bola de golfe, alcançaram no sábado a Ilha Dauphin, a cinco quilômetros de Alabama, na entrada de Mobile Bay. "Parece casca de árvore, mas quando você pega percebe que uma consistência líquida e é que óleo", disse Kimberly Creel, de 42 anos, que estava nadando com outros banhistas. "Imaginar que o que vem por aí é algo muito maior."

Segundo a Guarda Costeira, foram recolhidas cerca de meia dúzia dessas bolas na ilha. Equipes estão usando roupas de proteção em busca de mais resíduos. Ontem, autoridades do Alabama continuavam trabalhando para manter a mancha de óleo afastada da baía de Mobile, em uma tentativa de proteger o nono maior porto do país.

Uma frota de dez navios da Guarda Costeira também está trabalhando no delta do rio Mississippi para eliminar os restos de petróleo, com a utilização de líquidos solventes. Os compostos químicos quebram a estrutura do petróleo em pequenas partículas, que são ingeridas posteriormente por bactérias.

O uso de milhares de litros desses solventes gerou polêmicas, já que, apesar de as substâncias não serem tão tóxicas quanto as utilizadas nos grandes vazamentos na década de 70, têm um efeito nocivo em organismos sensíveis, como bancos de corais. As barreiras flutuantes também não têm sido muito úteis, por causa da ressaca no mar e dos ventos na região.

Nas quase três semanas depois que a plataforma Deepwater Horizon explodiu, em 20 de abril, matando 11 trabalhadores, cerca de 795 mil litros de óleo cru foram despejados no Golfo do México.



(Envolverde/IHU - Instituto Humanitas Unisinos)

quinta-feira, 6 de maio de 2010

ULTRAFILTRAÇAO

Crescimento constante - Usada inicialmente no tratamento de efluentes, a ultrafiltração vem ganhando espaço no mercado e agora faz parte do pacote de soluções para o tratamento de água, em parceria ou não com a osmose reversa.

Aultrafiltração é um sistema ainda em desenvolvimento no País, já que tem menos de duas décadas de utilização. Usada, a princípio, muito mais para o tratamento de efluentes, hoje é considerada uma forte opção também na potabilização de água e como auxiliar do sistema de osmose reversa, aumentando sua vida útil. Ultimamente, além do emprego em potabilização e tratamento de efluentes, um dos segmentos em que tem conseguido grande destaque é o de água ultrapura para uso industrial, incluindo aplicações em caldeiras, no setor sucroalcooleiro, um dos que mais cresce no Brasil, e até mesmo na indústria de alimentos e bebidas.

Para o engenheiro José Corrêa do Carmo Junior, consultor técnico comercial da Centroprojekt, o mercado de ultrafiltração está em expansão, um pouco lentamente ainda no Brasil, mas é uma tendência mundial, uma vez que as exigências em relação à qualidade final, tanto na área de água como em efluentes, estão cada vez maiores e somente com processos de tecnologia avançadas é que se consegue atender a essas exigências. “No País, o crescimento, atualmente, tem sido impulsionado quase na totalidade por empresas privadas compromissadas com o meio ambiente, que são as que mais estão investindo no segmento.”

Já o engenheiro Marcus Colnaghi Simionato, gerente de contas da Dow Water & Process Solutions – Brasil, esclarece que, particularmente, no Brasil os módulos de ultrafiltração da Dow vêm sendo empregados como pré-tratamento para sistemas de osmose reversa. “De acordo com a característica da água ultrafiltrada, em termos de turbidez e SDI, temos uma expectativa de incremento da vida útil das membranas de osmose reversa de pelo menos dois a três anos (considerando a operação do sistema de osmose reversa dentro dos parâmetros operacionais pré-determinados pela Dow)”.

Para ele, em termos de novos desenvolvimentos, o mercado de potabilização de águas se mostra bastante promissor. “As grandes companhias de saneamento do mundo investem cada vez mais em tecnologia, a fim de se tornarem mais competitivas em custo e qualidade. Quando comparamos uma Estação de de Água (ETA) convencional com um sistema de ultrafiltração, o sistema apresenta vantagens técnicas, entre elas o atendimento às legislações cada vez mais rigorosas; remoção de patógenos; menor consumo de produtos químicos e energia; operações automáticas e estáveis; trabalho menos intensivo; instalação mais fácil; e água de excelente qualidade. “Em termos de Capex, um sistema de ultrafiltração automatizado apresenta um custo superior de 20% a 25% quando comparado a uma ETA manual, porém, em termos de Opex, o sistema de ultrafiltração apresenta redução de cerca de 70%, o que proporciona retorno sobre o investimento inicial em torno de 18 a 24 meses.”

Essa ideia é reforçada por Luiz Fernando Bezerra, engenheiro de processos da Fluid: “No reúso de água a ultrafiltração vem sendo cada vez mais utilizada, pois é uma tecnologia que tem as vantagens de um menor consumo de produtos químicos e pode concentrar as impurezas em níveis mais elevados do que as tecnologias convencionais. Isso a torna uma tecnologia mais limpa.”

Em ultrafiltração, o segmento que mais cresce atualmente, para Sérgio Roberto Rodrigues Ribeiro, diretor comercial da Koch Membrane Systems, é o de tratamento de efluentes, seguido do tratamento de água. ”O crescimento da ultrafiltração tem sido impulsionado por duas razões principais: uma delas, é a exigência cada vez mais rigorosa dos órgãos ambientais em relação aos parâmetros de qualidade dos efluentes lançados em corpos receptores, incluindo Demanda Biológica de Oxigênio (DBO) e Demanda Química de Oxigênio (DQO), sólidos suspensos; a outra é o custo da água captada, que tem incentivado o investimento em reúso. Nos países mais desenvolvidos percebe-se uma procura pela ultrafiltração motivada pela preocupação ambiental e no Brasil o que mais motiva a utilização dessa tecnologia ainda é o custo da captação. Outro segmento que está aquecido é o de tratamento de efluentes de refinarias, que vem sendo feito com a ultrafiltração.”

Ribeiro ainda compara: “A tecnologia de osmose reversa já está consagrada, por ter 40 anos de aplicação no País, tanto na indústria quanto no setor privado, sendo usada inclusive para fornecimento de água potável, em especial em locais onde há escassez de água doce, pois é empregada para dessalinização de água do mar. Em alguns casos já é considerada uma commodity, tendo sua comercialização muitas vezes feita com base no preço do produto.

Já a ultrafiltração é um produto que vem sendo desenvolvido nos últimos 20 anos, principalmente no tratamento de esgotos sanitários. Mas ultimamente ela vem sendo bastante empregada em pré-filtração, como uma proteção para as películas da osmose. Elas são complementares, principalmente onde é exigida uma água de alta qualidade, como a produção de vapor para caldeiras. No Brasil, o setor que mais usa a combinação dessas duas tecnologias é o de açúcar e álcool, para alimentar as caldeiras de alta pressão.”

Eduardo Pacheco, engenheiro sanitarista da Nalco IWM - Integrated Water Management Technical Manager – Latin America, lembra, por sua vez, que “a utilização de membranas filtrantes vem crescendo de modo significativo ao longo dos anos e isso se deve ao desenvolvimento de novas membranas e de novos fornecedores. Os preços vêm caindo e as vantagens desses processos estão cada vez mais evidentes.”

O diretor de Equipamentos e Sistemas de Águas e Efluentes da Nalco, Jorge Augello, complementa: “O mercado de ultrafiltração tem crescido muito, pois as necessidades de água pura e o reúso vêm crescendo e a ultrafiltração é uma tecnologia frequentemente utilizada nas soluções de reúso e reciclo de água.”

Por outro lado, Roberto Andreatti Freire, diretor da Norit, assevera que a tecnologia de ultrafiltração está se movendo rapidamente em direção a sistemas mais eficientes, com maior produção e menor consumo de energia e de produtos químicos, ou seja, “soluções sustentáveis com o menor custo de propriedade. Todos os segmentos da indústria, do comércio e também os usuários privados procuram resolver seus problemas de água com as melhores e mais acessíveis tecnologias. Particularmente no Brasil, podemos encontrar aplicações extremamente desafiadoras e forte interesse de quase todos os usuários de água, sendo eles uma empresa ou um indivíduo. A água potável nem sempre está disponível e, muitas vezes, quando está, sua qualidade é muito pobre. Outro fator é a escassez em algumas áreas, o que é um grande problema. Em todos esses casos, a ultrafiltração é uma forte tendência”.

Mercado

Com esse amadurecimento da tecnologia, o mercado vem se apresentando aquecido e enfrentou, com certa facilidade, a crise econômica e agora a expectativa é de que o crescimento seja retomado, alcançando incremento de mais de 10% em relação ao ano passado.
Para Carmo, a crise mundial afetou o segmento, com a maioria dos projetos sendo adiada. “Mas ainda vão ser implantados e muito poucos foram cancelados”, destaca, acrescentando: ”A perspectiva para 2010 é de que quase a totalidade desses projetos seja retomada e outras empresas estão elaborando estudos para melhorias no tratamento de águas, principalmente visando o reúso, uma vez que esse recurso está cada vez mais escasso.”

O consultor técnico adianta, ainda, que a Centroprojekt investiu recentemente e, ao contrário de outras empresas, cresceu durante a crise. “Nossos investimentos são feitos em sua maioria em pessoas, pois somos uma empresa de engenharia e tecnologia. Esse investimento é consequência de novos projetos contratados de nossa empresa. Temos, também, investimentos em pesquisa no que se refere ao tratamento de lodo, pesquisa com reúso de efluentes na área petroquímica e também no treinamento e aperfeiçoamento em nosso pessoal técnico. Além disso, a Centroprojekt possui hoje um laboratório onde desenvolve novas tecnologias.”

Por fim, Carmo lembra que a empresa tem um sistema de ultrafiltração instalado em fábrica de papel e celulose no Paraná, “a maior unidade dessa tecnologia em operação no Brasil. O efluente tem sido descartado com ótima qualidade e já se pensa em sua reutilização. Além disso, atualmente, temos plantas pilotos operando em indústrias químicas, petroquímicas e alimentos”.

Augello avalia que a crise não teve grande impacto: “Ao contrário, os projetos de reúso ajudam a reduzir custos operacionais. As expectativas são que cresçam a conscientização do reúso e reciclo de água dentro das empresas, sabendo que água é um recurso escasso e os custos de captação da água estão aumentando.”

Ele ainda lembra que a Nalco fez um investimento na diferenciação, com a inauguração do seu Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Campinas. “Nele, uma equipe de experts une tecnologias de membranas com tecnologia química e monitoramento e controle remoto que resultam em soluções confiáveis e economicamente sustentáveis para reúso e reciclo de água.”

Ribeiro por sua vez conta que “no início do ano passado tenha havido uma estagnação momentânea, com muitos projetos em andamento sendo deixados de lado, até para saber como seria a evolução dessa crise, mas já no segundo semestre houve uma retomada forte dos negócios e a expectativa é de que este ano o mercado apresente um crescimento elevado, acima de 10%”. Ele ainda revela que a Koch vai apresentar brevemente ao mercado novas alternativas em ultrafiltração.

Simionato diz que, apesar da crise no ano de 2009, o mercado de ultrafiltração para a Dow no Brasil foi bem interessante. “A nossa expectativa é incrementar as vendas em 2010 em pelo menos 20%”, afiança. Segundo ele, a Dow vem investindo em sua unidade na China com o objetivo de incrementar sua capacidade produtiva e desenvolver novos produtos. “Podemos citar, como exemplo, o lançamento em 2009 do módulo de Ultrafiltração SFP 2880 que possui uma área ativa de 77m2 por módulo – até então, o maior módulo era o SFP 2860 com uma área ativa de 51m2. Comparando-se o módulo 2860 e 2880, para plantas de grande porte, existe uma redução de 33% do número de módulos, tubulações e skids, levando a uma redução nos custos de produção da água em torno de 17% (Capex + Opex).”

Francisco Faus, gerente comercial da Fluid, também esclarece que alguns projetos sofreram paralisação e outros foram adiados em consequência da crise, “porém agora a maioria já foi retomada”. Ele ainda relata que a empresa é outra que está acreditando no segmento: A Fluid investiu em unidades piloto de MBR e UF para comprovação e verificação da performance da tecnologia antes do projeto final em escala industrial. Isso é necessário devido à grande diversidade dos efluentes industriais existentes. Além disso, a Fluid investiu na construção da nova sede, inaugurada em janeiro deste ano, que agrega a área administrativa (1.395m2) e fabril (2.400m2), contanto com laboratório, auditório para treinamentos e seminários.

A Fluid trabalha com empresas de ponta que desenvolvem a tecnologia de ponta de membranas como a Dow, americana, e a Norit, holandesa. Temos também um contrato com a empresa alemã Wehrle Umwelt GmbH, de aplicação de membranas de MBR.”
Para Freire, o ano passado foi um grande desafio em termos de vendas “e como a maioria dos projetos no Brasil é financiada pelo BNDES, a consequência da escassez de linhas de crédito foi o adiamento de muitos projetos para 2010 e 2011. De qualquer forma, as empresas que executaram projetos com seus próprios recursos os fizeram acontecer. Por outro lado, 2009 deu-nos uma boa oportunidade para entrar em mercados especiais com as Tecnologias Limpas de Processo Norit, como pequenas unidades de sistemas de tratamento de água usados em shoppings, bem como em condomínios”.
Freire afirma que as aplicações de ultrafiltração, embora sejam muito bem estabelecidas em todo o mundo, ainda estão sendo disseminadas no mercado brasileiro. “Apesar de já existirem enormes instalações em operação em nosso país usando as Tecnologias Limpas de Processo Norit, em várias aplicações que vão de águas industriais, tratamento de efluentes e reutilização da água, nós ainda encontramos no mercado várias empresas lidando com a água, mas com pouco conhecimento em tecnologia UF. Por esta razão, a Norit tem um programa de formação concebido para transferir conhecimentos para as melhores empresas de OEM no Brasil, onde damos treinamento e aperfeiçoamento profissional da área de água em aplicações de UF. Nos últimos dois anos a Norit já treinou mais de 200 profissionais que estão em constante contato com nossos engenheiros e recebendo apoio contínuo.”

O diretor da Norit ainda destaca que nos últimos anos a empresa fez vários investimentos, como a duplicação da capacidade da fábrica de membranas e o desenvolvimento da mais avançada tecnologia em UF. Neste momento está lançando o sistema de UF mais moderno do mundo, que trará diversos benefícios comparando-se com os sistemas de UF existentes no mercado. Estes desenvolvimentos estão na área de água municipal, na reutilização de efluentes, pequenas unidades de tratamento de água, membranas para água do mar, e unidades POU/POE.

“A Norit está constantemente investindo em P&D e, neste momento, os novos investimentos estão dirigidos no sentido de obter maior produção com baixo custo operacional. Nossos clientes buscam a sustentabilidade e a Norit está trabalhando incansavelmente para atender essa necessidade. Podemos dizer que temos os mais modernos e eficientes produtos no mercado e que podemos oferecer aos nossos clientes as soluções mais sustentáveis e com o custo mais competitivo do mundo.”

Fonte: Portal Tratameto de água.

Diagnóstico de serviços de água e esgoto mostra evolução de investimentos no Brasil.

Ministério das Cidades divulga novos dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS)

A Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades publicou neste mês de abril o Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos 2008, do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Dentre os dados compilados, destaca-se o valor total dos investimentos, que superou o de 2007 em R$ 1,4 bilhão, correspondendo a um incremento de 32,7%. Tal crescimento sinaliza que as contratações referentes ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) começam a aparecer nos números dos investimentos efetivamente realizados.

O SNIS é o maior banco de dados do setor saneamento brasileiro, baseado em informações enviadas por prestadores de serviços. Para o ministro das Cidades, Marcio Fortes de Almeida, “as análises possibilitam a identificação de tendências em relação a custos, receitas e padrões dos serviços, e a elaboração de estratégias de intervenção para o setor”. Fortes destaca o crescimento dos sistemas de esgoto, assim como a boa evolução do volume de esgotos tratados, sinalizando prioridade para este que é um dos maiores desafios do setor de saneamento no Brasil.

Água - No ano de 2008, observa-se evolução dos sistemas de água e de esgotos quando os dados são comparados aos de 2007. Os sistemas de abastecimento de água passaram a atender novas 1,3 milhão de ligações (acréscimo de 3,3%); as redes de água cresceram cerca de 12,1 mil quilômetros (acréscimo de 2,6%); a produção de água manteve-se sem acréscimo, com volume total no mesmo patamar de 2007; enquanto que o volume de água consumido teve um acréscimo de 2,7%.

Esgoto - Constata-se que os sistemas de esgotamento sanitário passaram a atender novas 905 mil ligações (acréscimo de 5,0%); as redes de esgotos cresceram cerca de 7,8 mil quilômetros (acréscimo de 4,2%); o volume de esgotos coletado teve crescimento de 3,4%; enquanto que no volume de esgoto tratado o crescimento foi de 8,8%.

Índices de atendimento - Os índices médios nacionais de atendimento da população total (urbana e rural) identificados pelo SNIS em 2008 foram de 81,2% para o abastecimento de água e de 43,2% para a coleta de esgotos. Considerando somente a população urbana, os dados evidenciam um elevado atendimento pelos serviços de água, com índice médio nacional igual a 94,7%, enquanto que na coleta de esgotos esse índice foi de 50,6%.

Quanto ao tratamento do volume de esgotos gerados, o índice médio de todo o conjunto participante do SNIS em 2008 foi de 34,6%, representando um bom acréscimo de 2,1 pontos percentuais em relação a 2007. Outro importante aspecto positivo é o bom índice de tratamento dos esgotos coletados, da ordem de 66%.

Consumo de água - O consumo médio per capita do país em 2008 foi de 151,2 l/hab.dia, sendo que nas médias regionais resultaram em 135,7 l/hab.dia na região Norte, 110,5 l/hab.dia na região Nordeste, 178,1 l/hab.dia na região Sudeste, 137,2 l/hab.dia na região Sul e 143,8 l/hab.dia na região Centro-Oeste.

Perda de água - No que se refere aos dados do SNIS em 2008, o valor médio das perdas de faturamento para todo o conjunto de prestadores de serviços foi de 37,4%, menor valor de toda a série histórica de 14 anos do SNIS, iniciada em 1995. O segundo menor valor da série ocorreu há dez anos atrás, em 1999, e foi de 38,0%. Em relação ao ano anterior, de 2007, verifica-se que houve uma boa redução de 1,7 ponto percentual.

Receitas e despesas - No conjunto, os prestadores de serviços participantes do SNIS em 2008 obtiveram receita operacional total de R$ 27,1 bilhões, valor 8,8% maior que o obtido em 2007, e despesa total com os serviços de R$ 25,6 bilhões, 11,3% maior que em 2007. Em ambos os casos, a variação foi superior à inflação de 2008, medida pelo IPCA, que apresentou índice de 5,9%.

Tarifas - A tarifa média praticada foi de R$ 1,95/m3, representando um crescimento de 4,3% em relação ao valor de 2007 que foi de R$ 1,87/m3. Os dados mostram que as tarifas médias tiveram crescimento inferior à inflação no período, medida pelo IPCA, que foi de 5,9%, enquanto que as despesas médias tiveram crescimento superior.

Geração de empregos - O número de trabalhadores envolvidos diretamente com prestação dos serviços foi de 190,3 mil, incluídos nesse total os postos de trabalho próprios dos prestadores de serviços (igual a 129,6 mil) e os que resultaram das atividades terceirizadas. Observou-se crescimento de aproximadamente 1,5% da força de trabalho comparativamente a 2007.

Amostragem - No ano de referência 2008, a amostra de prestadores de serviços correspondeu aos dados de 4.627 municípios atendidos com serviços de água e de 1.468 com serviços de esgoto (respectivamente, 83,1% e 26,4% do total dos municípios brasileiros). A amostragem abrange municípios que possuem população urbana de 153,6 milhões de pessoas, no caso dos serviços de água, e 121,0 milhões, no caso dos serviços de esgoto (respectivamente, 97,6% e 76,9% do total do país).

O diagnóstico está disponível no site http://www.snis.gov.br. No endereço, pode também ser acessado o aplicativo Série Histórica SNIS 8, que contém a base de dados do sistema, desde 1995 para os serviços de água e esgotos, e desde 2002 para os serviços de manejo de resíduos sólidos urbanos.


(Envolverde/Ministério das Cidades

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Quebrando paradigmas no setor de águas e efluentes.

Antes de mais nada, vamos à definição de “paradigma”: do grego “parádeigma”, se traduz literalmente por “padrão” ou “modelo”. É a representação de um padrão a ser seguido. É um pressuposto filosófico, matriz, ou seja, uma teoria, um conhecimento que origina o estudo de um campo científico; uma realização científica com métodos e valores que são concebidos como modelo.

Pois bem, quebrar paradigmas não é por si só uma prática boa ou ruim, mas deixar de analisar a possibilidade de fazê-lo, aí sim, podemos afirmar que é muito ruim. Isso porque podemos estar agindo por comodismo, por receio de correr riscos, ou por reconhecida falta de capacidade para inovar, atualizar, criar ou simplesmente, corrigir.
Meu objetivo neste artigo é convidá-los à reflexão sobre paradigmas típicos do nosso setor de águas e efluentes. Vamos a alguns deles:

1) O controle operacional de um sistema de tratamento biológico de efluentes se faz pelas análises físico-químicas de entrada e saída.
Sem dúvida, parâmetros como DBO, DQO, nitrogênio, sólidos suspensos, sólidos voláteis e outros são importantes e devem sim ser analisados. No entanto, o verdadeiro controle operacional de um sistema de tratamento biológico exige o conhecimento da vida microbiana que está ali (bactérias, rotíferos, protozoários etc.), já que são estes organismos que fazem efetivamente o trabalho da depuração da matéria orgânica. São raros os sistemas em operação hoje (não só no Brasil), onde se faz um controle detalhado da vida microbiana para se obter o melhor rendimento do sistema.

2) O controle operacional de um sistema de desmineralização de água por membranas de osmose reversa se faz pelo monitoramento do SDI (silt density index).
Sim, esse parâmetro não só é importante como é mencionado nos termos de garantia de todos os fabricantes de membranas que, em geral, especificam o valor máximo de 3,0. Esse índice é um número puro e representa a capacidade de colmatação de uma água por elementos coloidais. Ou seja, para um SDI maior que 3,0, a probabilidade de entupimento prematuro é maior. No entanto, já sabemos que o pior tipo de colmatação de uma membrana é o que chamamos de “bio-fouling”. Trata-se da formação de colônias bacterianas que se desenvolvem nas membranas e isso se dá pela presença de compostos orgânicos denominados “biodisponíveis”, ou seja, que podem ser assimilados pelas bactérias e permitem a sua multiplicação. O problema é que isso pode acontecer numa água com SDI menor que 3,0, já que são compostos solúveis.
É por isso que não basta monitorar o SDI. Temos que verificar também a concentração de compostos orgânicos dissolvidos na água com o monitoramento, por exemplo, da TOC (concentração de carbono orgânico total). Ou seja, os planos de manutenção das membranas requerem muito mais cuidados do que a simples dosagem de uma solução anti-incrustante. Deve-se estudar a aplicação correta de soluções biocidas e programar limpezas químicas (ácida e alcalina) periódicas.

3) Sistemas de tratamento de água e efluentes por membranas de ultrafiltração não se aplicam ao setor municipal (saneamento básico).
Apesar de já existirem inúmeras aplicações de ultra-filtração em diversas partes do mundo tanto para água potável como para esgotos domésticos, ainda há, principalmente no Brasil, uma impressão generalizada de que são sistemas economicamente inviáveis. Pois bem, a SANASA (companhia de saneamento de Campinas – SP) acaba de assinar contrato para execução da primeira fase de um “MBR” (bio-reator a membranas) para tratar cerca de 600 m³/h de esgotos domésticos. O projeto completo é da ordem de 2.500 m³/h. Além de ser uma implantação de custo competitivo frente aos sistemas tradicionais, principalmente por ter muito menos volume de concreto lançado, permite ao órgão negociar esse efluente tratado com empresas da região, já que a qualidade esperada de saída é muito superior e permite a sua aplicação como água industrial.

4) Devemos sempre buscar o menor preço para implantação de um sistema de tratamento de água ou efluente.
A afirmação é válida se você souber entender e diferenciar o que é “menor” preço e o que é “melhor” preço. Em primeiro lugar, deve-se fazer o que chamamos de “equalização técnica”, ou seja, verificar se todos os fornecedores estão seguindo as mesmas especificações técnicas, os mesmos quantitativos e oferecendo as mesmas garantias. Em segundo lugar, assim como é muito importante avaliar os “custos de aquisição”, também é preciso avaliar os “custos de operação e manutenção” de cada alternativa. Se você comprar, por exemplo, um equipamento importado mais barato mas que não te ofereça condições de manutenção rápida e economicamente aceitável, você certamente errou na decisão. Uma compra técnica não pode ser simplista e precisa seguir roteiros rigorosos de qualificação.
Pessoal, estes foram apenas alguns exemplos para uma breve reflexão. Fiquem atentos no seu dia-a-dia para os paradigmas que nascem como sinônimos de “experiência” e acabam por engessar, principalmente, a nossa criatividade. Façam uma autoanálise e tentem identificar se estão sendo reativos a novos conceitos, idéias e possibilidades.


Eng. Eduardo Pacheco
Diretor Técnico do Portal www.tratamentodeagua.com.br e Technical Manager da Divisão “IWM - Integrated Water Management” da NALCO para América Latina
http://www.meiofiltrante.com.br/

Fonte: Portal Tratamento de água

Esgoto industrial coloca em risco estação de tratamento .

Projeto de mais de R$ 80 milhões é ameaçado por alta concentração de ácido e gordura vinda de Distritos Industriais.

A Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do Distrito Industrial, obra pública mais cara das últimas décadas, de pelo menos R$ 80 milhões, sofreria pane se hoje estivesse sendo colocada em funcionamento. É o que o Departamento de Água e Esgoto (DAE) vai extrair do relatório de efluentes sólidos que apontará elevado comprometimento do sistema de tratamento em razão do conteúdo de amostras dos resíduos lançados por indústrias da cidade no sistema.
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O laudo de laboratório a ser apresentado nos próximos dias, fruto de estudo conjunto entre DAE e Universidade Estadual Paulista (Unesp-Bauru), vai revelar que em três das amostras realizadas na última semana, de um total de oito pontos de coleta do esgoto industrial, é muito elevada a concentração de ácido e de gordura que chega aos interceptores. “A classificação dos resíduos coletados mostra que se a ETE estivesse em funcionamento entraria em pane, porque é muito elevada a presença de ácido e também é alta a concentração de gordura”, conta a responsável técnica pelo programa de tratamento de esgoto em Bauru, Nucimar Paes, da Divisão de Planejamento do DAE.

Mas não é somente a ETE que ficaria sob risco de colapso. As amostras retiradas de pontos estratégicos do despejo industrial na rede local apontam que a acidez é elevada (PH1) a ponto de comprometer também a manutenção dos interceptores. “Uma acidez como a apresentada nas amostras retiradas do esgoto que vem do Distrito Industrial I, por exemplo, gera corrosão acelerada do tubo e também provoca desestabilização do sistema da Estação de Tratamento, que teria o funcionamento da etapa micro-orgânica comprometida”, acrescenta Paes.

O estudo sobre o conteúdo do esgoto industrial foi uma solicitação da empresa contratada pelo DAE para entregar exatamente o projeto executivo da ETE, ou seja, o detalhamento final para a concorrência de mais de R$ 80 milhões que está sendo preparada pela autarquia.

O processo de tratamento de esgoto da futura estação estaria comprometido sem a classificação dos resíduos que, agora, está sendo realizada. “Coletamos amostras por três dias consecutivos, 24 horas por dia, em oito pontos. Na região da ponte do Mary Dota, que recebe esgoto do Distrito Industrial I, tivemos problemas com alta acidez, assim como no segundo ponto de coleta dentro da região do próprio Distrito. Já no Distrito III a concentração de sólido suspenso é altíssima, enquanto que o tolerável é de 10%. Isso se deu pela presença de muito material gorduroso, parecendo produto de origem de ingrediente alimentício junto com o esgoto”, ressalta a engenheira.

Para traduzir a linguagem especializada para o português popular, a “alta concentração de sólido suspenso” significa que o processo de tratamento de esgoto aceita que até 10% do conteúdo do esgoto coletado seja de material mais firme, concentrado, com o restante sendo líquido. Porém, imaginando um copo cheio de água suja, as amostras revelaram que todo o copo apresentou material denso. “É algo próximo de 100%, impraticável para tratar na ETE pelo sistema biológico (reator UASB) concebido para Bauru”, confirma a engenheira.

A solicitação das amostras foi realizada para trazer segurança à caracterização do processo de tratamento apontado nos últimos anos. O resultado será apresentado em audiência pública. Para não correr riscos em investimento tão elevado, o DAE terá, agora, de corrigir o descarte industrial, regulamentar o despejo do setor ou substituir o processo apontado até agora (o que envolveria rever custos e mudar o projeto final).



Trabalho exige identificar a origem dos despejos


A carga poluidora que vem de parte da indústria bauruense é a que mais preocupa a empresa contratada, a ETEP Consultoria, para apresentar o projeto executivo da ETE. Os relatórios analíticos do afluente do esgoto bruto, com a posição da quantidade de poluição (DBO), ainda vão trazer diversos outros elementos, como quantidade de oxigênio e de sólidos suspensos.

A indicação preliminar é que os setores que atuam nas áreas de alimentos e de metais serão os primeiros a serem verificados. Segundo Nucimar Paes, a Divisão de Planejamento está encaminhando ao presidente da autarquia, Rafael Ribeiro, solicitações a serem adotadas para a correção dos problemas. Entre as ações estão a notificação de indústrias sobre o conteúdo do laudo e a necessidade de coleta de amostras dentro das unidades para a identificação específica da origem.

Mas o DAE avisa que as medidas não são de caráter punitivo, mas de interesse público para evitar desperdício do investimento milionário de recursos previstos no programa de tratamento de esgoto. “Vamos pedir a análise individual dos resíduos da indústria. Identificada a origem, o DAE vai, junto com orientações de órgãos como a Cetesb, apontar as correções necessárias. Outra medida será antecipar a regulamentação sobre o despejo do esgoto industrial. Sanados os problemas, o projeto não corre mais riscos e isso pode correr junto com o cronograma em andamento”, avalia Nucimar Paes.

Para que o calendário do projeto executivo, em execução, não seja prejudicado, o DAE espera que o setor industrial colabore com o acesso às instalações para a análise. “A indústria que for identificada como entre aquelas com despejo dos produtos levantados nas amostras será chamada a corrigir o processo de destinação dos resíduos ou a tratar seu próprio esgoto. É importante orientar que é um trabalho de proteção do sistema e de interesse de toda a cidade”, frisa Paes.

Depois da análise, a caracterização da carga poluidora também vai exigir a apresentação de projeto de lei à Câmara Municipal de Bauru para definir regras de destinação de esgoto industrial e critérios de tarifação para situações típicas. “Nos municípios onde já funciona o tratamento, paga um pouco mais quem tem carga poluidora acima do padrão residencial. Mas isso tem interferência apenas para carga pesada de produtos químicos e em grande concentração”, finaliza a engenheira.


DAE licita mais R$ 11 milhões de interceptores

O Departamento de Água e Esgoto (DAE) abriu, anteontem, nova licitação para a segunda etapa de instalação de interceptores de esgoto na região da bacia do rio Bauru, com o objetivo de completar, em um ano, a programação de retirada de despejo “in natura” dos poluentes direto na área que percorre a área urbana.

A segunda etapa tem 7 mil metros de tubulação, sendo 415 metros de instalação não destrutível (com uso do equipamento conhecido como Tatuzão para perfurar o solo sem bloquear o trânsito). O valor orçado desta fase é de R$ 11,4 milhões. A obra ficaria mais barata, caso não fosse necessária a instalação subterrânea para manter o entroncamento ferroviário no Centro. Este trecho vai desde a confluência da avenida Nações Unidas com a Nuno de Assis até encontrar a avenida Comendador Martha.

“Com a segunda etapa, o planejamento do DAE é concluir a retirada da emissão dos poluentes de toda a região urbana, da Comendador até a saída da Nuno, em direção ao Distrito Industrial, onde estará, no futuro, sendo instalada a ETE. Vamos apresentar este cronograma, com a abertura da nova licitação, ao Ministério Público nos próximos dias”, conta a engenheira Nucimar Paes. O prazo de execução é de 12 meses, a partir da emissão da ordem de serviço.

Mas as obras dependem da conclusão da licitação. No processo da etapa I, no trecho a partir da quadra 18 da avenida Nuno de Assis em direção ao Distrito Industrial, a concorrência parou em medida judicial. A empresa Passareli conseguiu na Justiça anular a fase inicial da licitação.

O DAE não tem interesse em postergar o processo. A primeira razão é que a discussão é sobre especificação da capacidade técnica, item que foi superado pelo setor de planejamento. A segunda razão é que, acatar a liminar judicial significa levar adiante o processo para a fase de habilitação das empresas e, depois, da disputa do preço. A primeira etapa está orçada em R$ 19,454 milhões, para instalar tubos em uma extensão de 8 mil metros às margens da Nuno de Assis, sendo 1.032 metros com o Tatuzão (para impedir a destruição da alça da Rondon, na altura do trecho da saída para o Santa Luzia, por exemplo).

O Tatuzão é um equipamento que vai perfurando o solo em profundidade com capacidade para ir recebendo os tubos encravados sem necessidade de interdição. “É como se fosse uma máquina tatuzinho, uma técnica que algumas empresas desenvolvem para realizar obras desse tipo sem destruir nada”, contou Rafael Ribeiro.

As obras do tratamento de esgoto são custeadas por todos os bauruenses, que pagam o equivalente a 40 pontos percentuais a título de tarifa de esgoto para formar o caixa do Fundo de Tratamento de Esgoto (FTE). Atualmente, o fundo dispõe de quase R$ 40 milhões em caixa. As duas etapas dos interceptores do Rio Bauru vão consumir R$ 30 milhões. O DAE arrecada pouco mais de R$ 1 milhão/mês para o fundo.

Fonte: JCNET/Nelson Gonçalves.

Teorias socioambientais: em busca de uma nova sociedade.

Artigo de Wagner Costa Ribeiro

NO DEBATE ACADÊMICO é frequente buscar a explicação pelo surgimento de um tema de pesquisa. Não foi diferente com a chamada questão ambiental, que desde meados do século XX ganha cada vez mais destaque. Por isso é bom lembrar as razões que a tornaram obrigatória em discussões de políticos, empresários, pesquisadores e de alguns setores dos movimentos sociais.

Vinculada à condição de ser no mundo, a questão ambiental é fundamental à existência humana, pois é do ambiente que provém a base material de reprodução da vida, aliás, das diversas formas de vida. Em outras palavras, é do ambiente que são extraídos os recursos para produção de abrigo, alimento, artefatos técnicos, vestuário, entre tantas outras coisas necessárias à manutenção da vida, qualquer que seja a forma de organização social que os humanos estabeleceram ao longo de milhares de anos de presença no planeta.

A história registrou alterações importantes na trajetória humana na Terra. Passou-se da condição de coletor para a de produtor de objetos, de alimentos e de ambientes, no interior dos quais se exercem as distintas formas de sociabilidade, independentemente da estrutura social que o grupo instituiu.

A questão ambiental é fundamental à existência humana, é preciso insistir, já que ela possui uma dimensão territorial implícita. Os recursos estão dispersos pela superfície terrestre, como resultado de processos naturais de milhões de anos, e são apropriados pelos grupos sociais de acordo com sua capacidade de gerar instrumentos técnicos, o que a torna, em si, foco de poder, disputa e conflitos.

A reprodução da vida impõe ações como comer, abrigar-se de intempéries, edificar lugares para produzir objetos, como as fábricas contemporâneas, para exercer a contemplação ou mesmo para o lazer, para realizar eventos sociais, religiosos, míticos, entre outras significações que se possam emprestar a uma edificação. Essas atividades foram transformadas ao longo da aventura humana na Terra e ganharam enorme complexidade em nossos dias.

Os alimentos, por exemplo, eram supridos no passado pela coleta do que estava ao alcance das mãos, fosse no chão ou no alto. Depois, o uso de fragmentos de rochas e ossos permitiu abater animais e gerar fogo. Hoje, o alimento é resultado do uso de sofisticados meios técnicos, como tratores, colheitadeiras, sistemas de irrigação e insumos químicos que repõem características físicas do solo e agregam substâncias para aumentar a produtividade que acabam degradando a água e mesmo o solo pelo acúmulo de anos de sua utilização. Também é importante citar as formas de conservação de alimentos, que variam desde a irradiação de elementos nucleares até o congelamento ou mesmo adição de substâncias químicas que, comparadas à imersão em gordura animal ou mesmo à adição de sal realizadas no passado, indicam uma grande transformação.

A produção de roupas é outro exemplo que deve ser lembrado. Independentemente da dimensão cultural e estética que se pode atribuir ao vestuário, suas funções de proteger e emprestar significado à existência humana permanecem. Mas os meios usados para produzir o tecido são bastante diferentes. Da manipulação direta de pele de animais, em nossos dias encontram-se fios que misturam elementos químicos e resultam em materiais resistentes a baixas temperaturas e ao fogo, ainda que por alguns minutos, com elevada flexibilidade, entre outros atributos. Note-se que o uso do petróleo é central na produção de fios sintéticos, por exemplo, que muitas vezes é misturado a fibras vegetais, como o algodão.

Em relação à produção de ambientes, a situação não é diferente. O conjunto de materiais disponível para uso na construção civil é muito maior que no passado. Mais uma vez tem-se uma mistura de elementos químicos que resultou em materiais mais leves, duráveis e resistentes a chuva, frio, calor e até a eventos extremos de curta duração, como terremotos de média intensidade. A padronização de processos construtivos permite que um prédio de 20 andares seja edificado e concluído em cerca de dois anos. O mesmo se pode escrever para a produção de vias, sejam ruas, viadutos e, especialmente, pontes suspensas, que agregaram simbolismos à simples circulação de veículos e pessoas, por exemplo, e iniciaram uma nova disputa: no passado recente, um município brasileiro precisava ter um viaduto para indicar “progresso”. A estetização da produção dos objetos urbanos contemporânea exige pontes suspensas como novos cartões postais, não importando seu custo, evidentemente. À população resta usufruir como pode de tais obras de engenharia com apelo simbólico da capacidade técnica de superar obstáculos, já que é quem paga a conta de quem decidiu por esse meio técnico em vez de adotar outros mais acessíveis.

Não bastassem os aspectos citados, a produção de objetos na dimensão capitalista predominante também torna o ambiente um fator central para a reprodução do capital. Um modo de produção baseado na produção contínua de objetos, que os torna passíveis de ser descartados mesmo que em total condição de uso, necessita repor a base material usada para fabricá-los. E de muita energia para alterar as condições naturais dos recursos naturais, como a bauxita, e transformá-la em objetos complexos como aeronaves, satélites, ou em folhas finas que recobrem alimentos, como os chocolates.

Uma das maiores dificuldades será manter essa produção diante de uma oferta restrita de recursos não renováveis. Não é por outra razão que o desenvolvimento dos chamados novos materiais, que combina química fina e biotecnologia, é tão premente. A ideia é repor a base material da produção independente da herança dos processos naturais e criar materiais em laboratório de modo a controlar sua reprodução e se livrar da dependência dos recursos não renováveis.

O modo de produção capitalista também é responsável pela contaminação ambiental, pela degradação do solo e da água, já citados, mas também do ar. As primeiras chuvas ácidas, registradas em meados do século passado em áreas que não tinham indústrias, foram os indícios que apontaram a necessidade de pensar os problemas ambientais em uma dimensão territorial mais ampla. Ou seja, a contaminação atinge áreas muito afastadas dos pontos de emissão de poluentes, que são transportados pelos ventos.

O risco de contaminação pela poluição foi democratizado, apesar de os benefícios da produção capitalista continuarem privados. Em outras palavras, chegou-se àquilo que o sociólogo alemão Ulrich Beck (1986) cunhou como sociedade de risco, que banaliza os riscos tornando a convivência com eles algo natural. O risco passou a ser mensurado e foi apropriado pela acumulação capitalista, pois alimenta um amplo setor financeiro: os seguros.

Esse rol de problemas despertou atenção de muitos pesquisadores. Inicialmente eles dedicavam-se majoritariamente a entender a dinâmica dos processos naturais. Mas já no século XIX a geografia apresentava pistas de como encarar os problemas ao propor como objeto de estudo a relação sociedade-natureza, atualmente redefinida por muitos como socioambientalismo.

Foi a partir da Conferência do Rio, de 1992, que segmentos sociais que até então se criticavam mutuamente se congregaram em uma nova frente de ação política por meio do Fórum Brasileiro de Organizações Não Governamentais Preparatório para a Rio-92. O socioambientalismo surgiu da reunião de movimentos sociais e do movimento ambientalista, na segunda metade da década de 1980. A partir daí, observa-se um impulso na retomada e criação de teorias socioambientais, cujas matrizes centrais foram reunidas neste dossiê.

A sustentabilidade é um dos eixos centrais dessa discussão, abordada por um de seus principais formuladores, Ignacy Sachs. Em seu artigo, ele avança suas reflexões sobre a civilização do futuro, que deve ser sustentável, baseada em recursos renováveis e com inclusão social, por meio do desenvolvimento de camponeses. A bioenergia é uma de suas apostas, que deve contar, em seu entender, com um estado promotor de um outro tipo de desenvolvimento, que não deve ser medido apenas pelo crescimento do PIB.

José Eli da Veiga discute esse aspecto em seu texto. Ao analisar diversos indicadores ambientais, para muitos necessários para planejar ações e avaliar impactos das atividades humanas, o autor apresenta vários índices e seus respectivos problemas, incluindo o mais popular: a pegada ecológica. Ao final de seu artigo, afirma que medir a sustentabilidade não é o mesmo que avaliar qualidade de vida.

Durante muito tempo, a economia deixou de considerar os temas ambientais. Como bem demonstra Clóvis Cavalcanti, a incorporação da dimensão ambiental nos estudos da economia gerou uma diversidade de possibilidades, como a visão econômica da ecologia, que ele critica por meio de um diálogo muito rico com expoentes da economia ecológica, como Joan Martínez Alier (2007) e Nicholas Georgescu-Roegen, considerado um de seus formuladores iniciais.

Entre os desafios que as teorias socioambientais buscam tratar, está a conciliação do desenvolvimento inclusivo com a conservação ambiental. O movimento de justiça ambiental, por exemplo, buscou pautar a desigualdade social como eixo central de suas reivindicações, que é muito diferente da simples adoção do discurso ambiental, como demonstra muito bem Henri Acselrad em sua contribuição ao dossiê. A leitura de seu texto permite distinguir os discursos de vários segmentos sociais sobre o ambiente.

Por sua vez, José Augusto Pádua demonstra que a preocupação ambiental já estava presente no século XVIII. Porém, observa que foi a mobilização popular que despertou tantos interessados em analisar os problemas ambientais nas últimas décadas e que a história ambiental é resultado desse processo associado a uma importante renovação epistemológica na produção historiográfica.

Wagner Costa Ribeiro comenta que a ordem ambiental internacional tem sido favorável aos países mais pobres e com menos poder militar no mundo atual, ao contrário do que se costuma escrever. Ao analisar reuniões internacionais sobre o ambiente, observa que o ponto de vista dos países mais pobres foi vitorioso, razão pela qual enfatiza a importância das conferências e convenções promovidas pela ONU, apesar da resistência em implementá-las por países ricos que também são potências militares.

Essa coletânea não poderia deixar de comentar os resultados da mais importante rodada da ordem ambiental internacional de 2009: a reunião de Copenhague, realizada para estabelecer ajustes no controle de emissão de gases de efeito estufa na atmosfera. Sérgio Abranches apresenta uma análise precisa, na qual afirmou que aquele encontro permitiu avançar em alguns pontos, como a decisão de conter o aquecimento em até dois graus, apesar de ao mesmo tempo frustrar expectativas da opinião pública internacional.

Por fim, uma palavra sobre o grande homenageado por esse dossiê: o geó-grafo Aziz Ab’Sáber, pesquisador emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo. Além de inovador em sua contribuição científica sobre o ambiente, o professor Aziz é um exemplo de engajamento em lutas socioambientais.

De certa forma, esse conjunto de textos é um prolongamento do evento “Desafios socioambientais para o século XXI: homenagem a Aziz Ab’Sáber”, uma realização conjunta do Instituto de Estudos Avançados com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, a Associação dos Geógrafos Brasileiros e o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, ocorrido em outubro de 2009, que pode ser assistido na página http://www.iea.usp.br/iea/online/midiateca/ambiente /index.html.

Dividido em quatro eixos, o evento propiciou uma reflexão em distintas escalas. Na internacional, visou aprofundar o debate sobre a regulação das ações humanas em relação ao ambiente e avaliar a eficácia dos instrumentos em uso. Na escala nacional, avaliou o potencial e as oportunidades para o Brasil diante de um quadro de renovação tecnológica e de busca de fontes de energia alternativas. Na escala metropolitana, o modelo de reprodução do espaço geográfico que gerou condições socioambientais segregou a pobreza, apesar de difundir problemas ambientais a toda a população, como os que resultam da poluição atmosférica na metrópole paulistana.

Essa pauta exige soluções nos curto, médio e longo prazos. Cabe indagar como a Universidade pode contribuir na resolução desses problemas, que engendram a reprodução da vida, em suas diversas formas de expressão. Espera-se que este dossiê possa estimular mais pesquisas sobre os temas socioambientais que resultem em uma sociedade mais justa e equilibrada no acesso e nas consequências do uso dos recursos naturais.

Referências
BECK, U. La sociedad del riesgo. Madrid: Paidós, 1986.
MARTÍNEZ ALIER, J. Ecologismo dos pobres. São Paulo: Contexto, 2007.

Wagner Costa Ribeiro é professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH-USP), do Instituto de Estudos Avançados (IEA-USP) e pesquisador do CNPq. @ – wribeiro{at}usp.br

Fonte: Potal Ecodebate