sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Lei que retira competências do Ibama na gestão ambiental entra em vigor no País

Manaira Medeiros


Já está em vigor a Lei Complementar (LC) nº 140, chamada Lei de Competências Ambientais, que regulamenta as atribuições da União, estados e municípios na proteção do meio ambiente, fiscalização, licenciamento e combate ao desmatamento. Sancionada pela presidente Dilma Rousseff, as mudanças retiram competências exclusivas da União e descentralizam a questão para os estados e municípios, que passam a ter ampla autonomia para decidir sobre a gestão ambiental. O que atende a mais um pleito da bancada ruralista do Congresso Nacional.

Na nova configuração, fica reduzido o poder do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), prevalecendo em todos os casos a decisão dos órgãos estaduais, que também passam a responder pela maioria das licenças ambientais.

Além disso, somente o órgão que emitiu a licença poderá efetuar a fiscalização. Se existir mais de uma multa em um mesmo empreendimento, prevalece a do Estado, mesmo que esta tenha valor irrisório, diante do impacto. A autarquia federal passa a ser mera coadjuvante no processo e não poderá interferir mesmo em processos que indiquem irregularidades.

Na definição sobre as competências, fica estabelecido que caberá à União legislar sobre áreas indígenas, florestas e reservas federais, questões nucleares, fronteiras e que envolvam dois estados ou mais. Aos órgãos ambientais estaduais cabem as questões que envolvam mais de um município. Os municípios fiscalizarão e licenciarão obras e outras interferências ambientais ligadas a parques e reservas municipais.

A sanção da lei entra ainda no campo da falta de capacidade dos municípios de licenciar e fiscalizar empreendimentos, já que hoje, a não ser as principais prefeituras, a maioria não tem sequer uma secretaria ambiental.

As mudanças na legislação contrariam alertas do próprio Ministério de Meio Ambiente (MMA). Em nota, a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) também já havia se manifestado: “é relegar a questão ambiental aos desmandos regionais que ainda assombram a democracia no País”. Para ANPR, por se tratar de uma autarquia federal, o Ibama é o órgão mais indicado para restringir ou licenciar as ações do homem na natureza de forma isenta, idônea e suprapartidária.

A Lei Complementar (LC) nº 140 teve origem no Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 12, apresentada no Congresso Nacional em 2003, pelo deputado federal Sarney Filho (PV). O texto original sofreu várias modificações na Câmara e no Senado, por meio de emendas. O resultado não agradou nem mesmo ao verde.

No Senado, a relatora da matéria foi exatamente a representante da bancada ruralista no Congresso, Kátia Abreu (PSD), presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O projeto foi aprovado em outubro último, sem alterações de mérito, seguindo direto para sanção presidencial. O assunto também integra o projeto que trata do Código Florestal.

Fonte: SeculoDiario

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Paulínia recebe sistema pioneiro de coletores subterrâneos de lixo

Paulínia, localizada no interior de São Paulo, é a primeira cidade brasileira a receber coletores de resíduos instalados no subsolo das calçadas. As lixeiras especiais foram trazidas pela empresa portuguesa Sotkon, que já possui 20 mil unidades instaladas em várias partes do mundo. O sistema pretende reduzir os custos de coleta em até 30%, utilizando menos mão de obra, deslocamento de veículos e energia.

Este conceito de coleta nasceu na Espanha, em 1995, e rapidamente se espalhou por todo o mundo em razão da sua simplicidade.

Segundo Sergio Machado, diretor-geral da Sotkon Brasil, empresa do Grupo Allegro Participações, o sistema consiste em recipientes feitos de aço inoxidável, colocados na superfície sobre grandes contentores subterrâneos que comportam três metros cúbicos de lixo, o equivalente a três mil litros.

Os contentores são divididos em quatro caixas, cada uma para um material reciclável específico. Os moradores vão descartar seus resíduos nesses baldes que direcionarão os resíduos até o recipiente subterrâneo. Em dias específicos da semana, o caminhão recolherá o lixo dos coletores.

O sistema foi concebido com foco na ergonomia, facilidade de utilização, higiene e segurança. Uma pequena grua hidráulica automática é colocada no teto da caixa subterrânea que é suspensa até a superfície e presa ao caminhão tradicional de lixo.

O município já começou a receber a instalação de 50 conjuntos da lixeira, operados a cargo da empresa de limpeza urbana local, a Corpus. O sistema é considerado pelos seus idealizadores como o mais simples para atender o grave problema do lixo urbano.

O contentor é um sistema premiado na Europa devido ao custo/benefício operacional e estético, pois ele permite e estimula a separação de lixo desde a origem, incentivando a reciclagem e consequetemente a redução de resíduos enviados a aterros. A cidade de São Paulo deverá contar com o mesmo sistema já em 2012.

“Esse sistema contribui para os projetos de coleta seletiva da cidade, reduz o entupimento de bueiros causado pelo lixo espalhado nas ruas, proporciona segurança aos profissionais envolvidos, uma vez que eles não entram em contato direto com os resíduos no momento da coleta, e as calçadas de Paulínia ficarão mais limpas”, disse o prefeito de Paulínia, José Pavan Junior, ao portal Ciclo Vivo.

Benefícios

De acordo com o diretor-geral, o sistema elimina o risco de que o lixo seja jogado de um lado para o outro, principalmente nas chuvas, evitando o entupimento de bueiros. Além disso, impede a ação de eventuais depredações das embalagens tradicionais (sacos de lixo) por vândalos e animais que espalham os dejetos pela cidade, o que consequetemente vai reduzir também a proliferação de pestes e vetores, além dos fortes odores.

O sistema vai possibilitar também a separação do lixo no momento do descarte, reduzindo dessa forma os custos com a separação.

Machado contou que a Europa e outras regiões no mundo estão abandonando o armazenamento tradicional do lixo para o modelo subterrâneo. “O sistema modifica completamente o que existe hoje, deixando as cidades visualmente muito mais limpas, e preservando o meio ambiente da poluição material e visual, permitindo e incentivando a coleta seletiva e oferecendo uma grande solução para as cidades e seus condomínios residenciais e empresariais”, afirmou.


Fonte:Evnolverde

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Índice de Cidades Verdes traça perfil das cidades mais sustentáveis da América Latina.

Problemas ambientais, como o desmatamento e a poluição de grandes rios e mares, ainda nos chocam pela constância e intensidade que acontecem em todo o mundo. Porém, existem também outras questões, ainda mais próximas da realidade da maioria da população global, que precisam de soluções inteligente e rápidas. Esta avaliação é do Índice de Cidades Verdes (GCI, na sigla em inglês) produzido pela Economist Intelligence Unit, com o patrocínio da Siemens.

O documento alerta e classifica a situação das cidades, avaliando questões ambientais urbanas que afetam de maneira imediata os cidadãos. Em 2009, o estudo apresentou dados das cidades europeias e, em novembro de 2010, divulgou o resultado do desempenho ambiental de 17 maiores cidades latino-americanas.

De acordo com a Divisão Populacional das Nações Unidas, a América Latina é a região mais urbanizada no mundo em desenvolvimento, inclusive mais do que diversos países já desenvolvidos. E o percentual da população que vive em cidades latino-americanas deverá crescer ainda mais. Até 2030, deverá chegar a 86%, acompanhando a Europa Ocidental.

O índice identificou as principais práticas de toda a região, fazendo uma descrição detalhada das iniciativas de cada uma delas. Traçou assim um perfil, baseado em oito categorias:

* Energia e CO2,
* Uso do solo e prédios,
* Transporte,
* Resíduos,
* Água,
* Saneamento básico,
* Qualidade do ar
* Governança ambiental

O estudo também identificou que, no futuro, os desafios ambientais das áreas urbanas latino-americanas serão ainda maiores. A infraestrutura ficará sob pressão por conta do crescimento da população e da área, especialmente em cidades de médio porte, e também por conta dos efeitos meteorológicos, provocados pelas mudanças climáticas, como enchentes, secas e tempestades. Além disso, o crescimento das cidades fora da estrutura formal de planejamento também continuará.

Para Nicholas You, presidente do Comitê de Coordenação da Campanha Urbana Mundial da ONU-Habitat, diversos obstáculos impedem as cidades de tratar de maneira abrangente os desafios ambientais, como políticas de curto prazo versus as de longo prazo, descentralização e falta de delegação de poderes às autoridades locais, além da sobreposição de jurisdições. Porém, ele acredita que o maior desafio está em conscientizar as populações de que todos são responsáveis por uma fatia do problema.

Para You, as melhores práticas devem ser implementadas na elaboração de políticas ao mais alto nível, deixando de ser iniciativas isoladas. Além disso, ele defende que é preciso levar o planejamento a sério. “Eu não estou dizendo planejamento ‘setorial’, em que cada setor planeja independentemente. Precisamos olhar para as cidades ou para a região metropolitana como um todo”, conclui.

Principais resultados das cidades latino-americanas

A capital do Paraná, Curitiba, foi considerada a metrópole mais verde entre outras 17 da América Latina. Habitada por 1,7 milhão de pessoas, Curitiba foi a única das cidades analisadas que conquistou um resultado “bem acima da média” quanto a implantação de normas ambientais, sendo a única nesse nível de classificação.

No segundo dos cinco níveis, “acima da média”, ficaram as cidades de Bogotá, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. Resultados na “média” da classificação foram obtidos por Medellín, Cidade do México, Puebla e Monterrey, Porto Alegre, Quito e Santiago do Chile. Já “abaixo da média” ficaram Buenos Aires e Montevidéu, enquanto a mexicana Guadalajara e Lima, capital do Peru, foram classificadas no nível “muito abaixo” da média.

Para os realizadores do GCI, alguns dos resultados do índice podem surpreender. São Paulo, por exemplo, cidade com reputação de congestionamento crônico no tráfego e vasto crescimento urbano desordenado, está classificada como acima da média de maneira global. No entanto, Buenos Aires e Montevidéu, duas cidades agradáveis, têm desempenho geral abaixo da média.

Segundo eles, nem o índice nem essas percepções comuns estão errados. Eles se baseiam em informações diferentes. “A percepção das cidades é baseada em observações subjetivas sobre a qualidade de vida, incluindo fatores como beleza arquitetônica e existência de instituições de lazer ou culturais. A percepção ambiental dos residentes tende a focar em questões altamente problemáticas e visíveis, tais como congestionamento do tráfego, resíduos não coletados, ar ou rios poluídos”, afirma o relatório.

Cidades brasileiras

Pioneira em sustentabilidade de longa data na região, Curitiba é a líder disparada do índice. O berço do sistema de “trânsito rápido de ônibus” (BRT), a primeira cidade com ruas exclusivas para pedestres e a única da lista a se classificar bem acima da média, a cidade também alcançou essa distinção exclusiva em duas categorias individuais: qualidade do ar e resíduos. E está acima da média em cinco outras. A supervisão ambiental da cidade também é consistentemente forte e, além disso, com apenas algumas poucas exceções, está entre as melhores políticas em cada categoria.

Além de Curitiba, outras quatro das seis cidades que terminaram acima da média ou bem acima da média geral no índice são do Brasil. Mas, embora as cidades tenham uma parcela muito alta de energia de hidrelétricas, o que lhes dá a vantagem do desempenho em energia e CO2, em geral, elas não têm outros pontos fortes em particular. O desempenho individual varia bastante dentro das categorias, como acontece com a seção de resíduos, em que Curitiba está bem acima da média e Brasília, bastante abaixo.

No entanto, há um ponto primordial comum entre as cidades brasileiras, inclusive Porto Alegre: políticas ambientais sólidas. Essa questão fica clara quando os indicadores quantitativos são retirados da análise. Cinco das seis cidades brasileiras têm melhor desempenho quando somente os indicadores da política são avaliados. São Paulo, por exemplo, tem um dos planos de ação para mudanças climáticas mais sólidos no índice. Belo Horizonte apresenta bom desempenho com suas políticas de prédios ecológicos e qualidades da água e do ar, enquanto o Rio de Janeiro se destaca por suas políticas de energia limpa. A exceção é Brasília, que cai de acima da média para média geral quando somente os indicadores de política são levados em consideração.

Desempenho ambiental e renda

Outro destaque da pesquisa é a constatação de que não há um relacionamento claro entre o desempenho ambiental geral e a renda de cada cidade no índice, definido como a média do PIB per capita. A renda média para Curitiba, por exemplo, está dentro dos 15% das cifras de renda para três outras cidades com desempenhos largamente distintos: Rio de Janeiro (acima da média), Porto Alegre (média) e Guadalajara (bem abaixo da média). Ao contrário do que foi levantado em estudos similares da EIU em outras regiões, inclusive no Índice de Cidades Verdes da Europa, não houve ligação entre desempenho ambiental e o PIB por pessoa.

Apesar disso, os latino-americanos não suspenderam totalmente as leis da economia, como frisou o professor Roberto Sánchez-Rodríguez, da Universidade da Califórnia e especialista em questões ambientais urbanas. “As cidades mais ricas têm mais recursos. Com renda crescente, há a tendência da população tornar-se mais consciente sobre as questões ambientais e considerá-las importantes”, afirmou. Porém, quando cidadãos mais ricos compram mais carros, por exemplo, o desempenho ambiental da cidade tende a diminuir.

Nas cidades mais pobres, sem infraestrutura básica, não há dúvida também que o dinheiro poderia resolver alguns problemas ambientais, diz o estudo. O índice, no entanto, indica um relacionamento pouco claro entre riqueza e desempenho ambiental. Isso sugere que algum outro aspecto esteja impedindo as cidades mais ricas de usarem somente dinheiro para melhorarem seus resultados ambientais.

Desafios do crescimento

Grande parte da resposta da falta de clareza na questão da renda da América Latina está em como as cidades responderam ao crescimento demográfico rápido e ao resultante crescimento urbano desordenado. A área metropolitana da Cidade do México, por exemplo, passou de cerca de 11 milhões para 18 milhões de pessoas entre 1975 e 2000. De maneira semelhante, entre 1970 e 1990, a população da área metropolitana de São Paulo expandiu quase 90%, de 8,1 milhões para 15,4 milhões.

Em decorrência disso, as autoridades estão tentando adequar-se, diz a pesquisa. Mesmo as cidades mais ricas tendem a fixar-se nos problemas mais imediatos somente quando há uma demanda política forte por uma solução, em vez de se envolverem em ações abrangentes ou planejamento antecipado. “Até que haja algum tipo de crise – pode ser uma crise política devido aos protestos ou porque uma agência não tem como fornecer um determinado serviço ou fica sem dinheiro – as questões ambientais não estão posicionadas no topo da lista de prioridades e muito pouco é feito”, diz o professor Alan Gilbert, da University College de Londres, especialista em urbanização e meio ambiente latino-americanos.

O crescimento urbano desordenado também impôs limites às opções das políticas. De acordo com o estudo, o número de veículos tem efeito negativo não só no transporte, mas também na qualidade do ar e nas emissões de gases estufa, apesar disso, algumas cidades estão tendo dificuldades em criar políticas que limitem o uso do veículo.

Outra consequência do crescimento urbano desordenado é que muitas das cidades maiores cresceram de tal forma que atravessam diversas jurisdições municipais, com governos locais diferentes, algumas vezes nas mãos de partidos políticos opostos. O professor Sánchez-Rodríguez explicou que é difícil juntar esses stakeholders ou mesmo fazer com que concordem em uma visão comum para a cidade. Assim sendo, não é só complicado ir além da solução dos problemas locais imediatos, mas é mais difícil ainda acessar recursos econômicos da cidade toda.


Fonte:Envolverde/EcoD

Diagnóstico dos Resíduos com Logística Reversa no Brasil.

Por Antônio Silvio Hendges


O Plano Nacional de Resíduos Sólidos disponível no site do Ministério do Meio Ambiente (www.mma.gov.br) faz um diagnóstico da situação dos resíduos que de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos estão sujeitos à logística reversa, definida como o “instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado pelo conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada” (Lei 12.305/2010, artigo 3º, inciso XII). A logística reversa é oficializada através de um acordo setorial entre o poder público e os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, formalizando a responsabilidade compartilhada pelos ciclos de vida dos produtos.

Os resíduos sólidos que devem possuir sistemas de logística reversa são pilhas e baterias, pneus, lâmpadas fluorescentes de vapor de sódio e mercúrio e luz mista, óleos lubrificantes, produtos eletroeletrônicos e seus componentes, resíduos e embalagens de agrotóxicos. Através de acordos setoriais, a logística reversa será implantada em outros setores como as embalagens em geral e a indústria farmacêutica. O diagnóstico foi elaborado com informações do Sistema Nacional de Informações em Saneamento (SNIS), Pesquisa Nacional de Saneamento básico (PNRS) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Secretarias Estaduais de Meio Ambiente, Ministério do Meio Ambiente, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), Associação Brasileira da Indústria Eletro Eletrônica (ABINEE) e Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Dos 5.564 municípios brasileiros, 2.937 (52,79%) exercem algum controle sobre os resíduos especiais.

No Brasil são produzidas anualmente 800 milhões de pilhas e 17 milhões de baterias. O programa Papa Pilhas, desenvolvido pelo Banco Real a partir de 2006 recebe pilhas e baterias de celulares (lítio) e recolheu 42 toneladas em 2007 e 127 toneladas em 2008 destes resíduos. Dos 302 (5,42%) de municípios que controlam as pilhas e baterias, 30 acondicionam em recipientes vedados, 72 realizam estocagem simples e 14 adotam outras formas de acondicionamento, encaminhando para indústrias especializadas. As formas de disposição das pilhas e baterias nos municípios que manejam estes produtos são: 33 municípios realizam a disposição em conjunto com os demais resíduos; 30 dispõem as pilhas e baterias de forma controlada em aterros convencionais, em conjunto com os outros resíduos; 64 adotam disposição controlada em galpões ou pátios de estocagem específicos para resíduos especiais; 17 municípios encaminham para aterros específicos de resíduos especiais; 24 têm disposição controlada em aterros terceirizados específicos para resíduos especiais e 04 municípios realizam outras formas de disposição.

Foram comercializadas em 2007 no país 169 milhões de lâmpadas fluorescentes tubulares, compactas e de descarga de alta pressão, sendo 65,26% importadas. 526 municípios (9,46%) possuem algum tipo de controle sobre as lâmpadas fluorescentes. 100% das lâmpadas fluorescentes compactas e 80% das lâmpadas fluorescentes tubulares são importadas. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Iluminação – ABILUX, os resíduos das lâmpadas de vapor de mercúrio, sódio e luz mista podem contaminar o solo e águas e atingirem as cadeias alimentares. Estas são as únicas informações que constam no diagnóstico do Plano Nacional de Resíduos Sólidos sobre as lâmpadas fluorescentes, mas pressupõe-se que a destinação das lâmpadas fluorescente é semelhante ao aplicado às pilhas e baterias.

Quanto aos pneus, entre outubro/2009 e dezembro/2010 foram destinadas 555.107,62 toneladas, sendo a meta dos fabricantes e importadores de 560.337,63 toneladas. Os objetivos dos fabricantes nacionais foram superados em 5,88% enquanto que aos importadores faltaram 12,6%: a meta dos fabricantes era de 357.743,12 t e atingiram 378.774,09 t (105,88%); a meta dos importadores era 202.594,52 t e atingiram somente 176.333,53 t (87,04%). A meta geral foi atingida em 99,06% e a diferença de 5.230,01 toneladas não tiveram destinação adequada.

Em relação aos óleos lubrificantes foram produzidos 1.260.533,41 m³ no ano de 2010 e foram coletados 381.023,80 m³, correspondendo a 35% do total.

No Estado de São Paulo é produzido um milhão de m³ de óleos lubrificantes anualmente, acondicionado em aproximadamente 305 milhões de embalagens feitas de polietileno de alta densidade – PEAD. Em São Paulo o consumo de óleos lubrificantes produz 150 milhões de embalagens anuais, principalmente de 1 litro.

Os resíduos eletroeletrônicos – REE contêm vários produtos tóxicos: chumbo, cádmio, arsênio, mercúrio, PCBs (bifenilas policloradas), prata, éter difenil polibromados, que podem contaminar os ambientes. A produção de resíduos eletroeletrônicos no Brasil é de 2,6 kg/habitante/ano. A Fundação Estadual do Meio Ambiente de Minas Gerais apresentou um diagnóstico para os anos de 2009 e 2010 com uma geração de 68.633 t/ano. No entanto, não existem estimativas nacionais que requerem estudos mais amplos e diversificados.

Os resíduos de agrotóxicos e suas embalagens não são mencionados no Plano Nacional de Resíduos Sólidos e de acordo com o texto serão avaliados em um caderno exclusivo sobre os resíduos agrossilvopastoris.

Fonte: EcoDebate

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Projeto concede incentivos fiscais a indústria que utilizar resíduos sólidos.

Por Murilo Souza

Tramita na Câmara o Projeto de Lei 1908/11, do deputado Onofre Santo Agostini (PSD-SC), que concede tratamento diferenciado na incidência do IPI sobre produtos industrializados reciclados que contenham resíduos sólidos como matéria-prima.

De acordo com a proposta, o tratamento diferenciado se dará de duas formas. A primeira, baseada no princípio da não cumulatividade, prevê crédito presumido a estabelecimentos industriais que adquirirem resíduos sólidos para serem utilizados como matérias- primas na fabricação dos produtos reciclados. A segunda forma concentra-se no princípio da defesa do meio ambiente e facultaria ao Poder Executivo a redução das alíquotas dos produtos reciclados em função da sua essencialidade e eficácia na proteção do meio ambiente.

Para o autor, além de contribuir para a redução dos danos ambientais decorrentes do não aproveitamento de resíduos sólidos, o projeto vai estimular os processos de reciclagem, o que, segundo ele, resulta em uma menor necessidade de extração de recursos naturais para uso industrial.

Geração de empregos
“A formalização de compra e venda de materiais reciclados contribuirá para o aumento da geração de empregos e para o incentivo de atividades econômicas, como é o caso da instituição das cooperativas de catadores de materiais recicláveis”, argumentou Agostini, apontando outro resultado esperado com a aprovação do projeto.

A proposta também estabelece que as alterações previstas entram em vigor no ano subsequente ao de sua publicação, produzindo efeitos a partir de sua regulamentação. “Isso permite que não haja impacto na receita no ano de 2011”, ressalta o autor. “E, com relação aos exercícios de 2012 e 2013, a renúncia fiscal deverá ser considerada na elaboração do Projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA), de maneira a não afetar as metas de resultados fiscais”, completou.

O texto ainda fixa prazo de vigência máximo de cinco anos, a contar da data de sua entrada em vigor, em atendimento ao que determina a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2001.

Tramitação
O projeto tem caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Constituição e Justiça e de Cidadania; e de Finanças e Tributação, inclusive no seu mérito.


Fonte:Câmara dos Deputados

domingo, 4 de dezembro de 2011

Responsabilidade socioambiental

Por Patrícia Patriota


Responsabilidade que a empresa tem com a sociedade e com o meio ambiente além de suas obrigações legais e econômicas.

Apesar de ser um termo bastante utilizado, é comum observarmos erros na conceitução de responsabilidade socioambiental, ou seja, se uma empresa apenas segue as normas e leis de seu setor no que tange ao meio ambiente e a sociedade, esta ação não pode ser considerada responsabilidade socioambiental, neste caso ela está apenas exercendo seu papel de pessoa jurídica cumprindo as leis que lhe são impostas.

O movimento em prol da responsabilidade socioambiental ganhou forte impulso e organização no início da década de 1990, em decorrência dos resultados da Primeira e Segunda Conferências Mundiais da Indústria sobre gerenciamento ambiental, ocorridas em 1984 e 1991.

Nos anos subsequentes às conferências surgiram movimentos cobrando mudanças socias, científicas e tecnológicas. Muitas empresas iniciaram uma nova postura em relação ao meio ambiente refletidas em importantes decisões e estratégias práticas, segundo o autor Melo Neto (2001) tal postura fundamentou-se nos seguintes parâmetros:

Bom relacionamento com a comunidade;

Bom relacionamento com os organismos ambientais;

Estabelecimento de uma política ambiental;

Eficiente sistema de gestão ambiental;

Garantia de segurança dos empregados e das comunidades vizinhas;

Uso de tecnologia limpa;

Elevados investimentos em proteção ambiental;

Definição de um compromisso ambiental;

Associação das ações ambientais com os princípios estabelecidos na carta para o desenvolvimento sustentável;

A questão ambiental como valor do negócio;

Atuação ambiental com base na agenda 21 local;

Contribuição para o desenvolvimento sustentável dos municípios circunvizinhos.


Atualmente, muitas empresas enxergam a responsabilidade socioambiental como um grande negócio. São duas vertentes que se destacam neste meio:

Primeiramente, as empresas que investem em responsabilidade socioambiental com intuito de motivar seus colaboradores e principalmente ao nicho de mercado que preferem pagar mais por um produto que não viola o meio ambiente e investe em ações sociais;

A segunda vertente corresponde a empresas que investem em responsabilidade socioambiental com o objetivo de investir em marketing, apenas.

Apesar de ser um tema relativamente novo, o número de empresas que está aderindo a responsabilidade socioambiental é grande e a tendência é que este número aumente cada dia mais.

História
Em 1998, o Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (World Business Council for Sustainable Development – WBCSD), primeiro organismo internacional puramente empresarial com ações voltadas à sustentabilidade, definiu Responsabilidade socioambiental como “o compromisso permanente dos empresários de adotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento econômico, melhorando, simultaneamente, a qualidade de vida de seus empregados e de suas famílias, da comunidade local e da sociedade como um todo”.

Pode ser entendida também como um sistema de gestão adotado por empresas públicas e privadas que tem por objetivo providenciar a inclusão social (Responsabilidade Social) e o cuidado ou conservação ambiental (Responsabilidade Ambiental).

As principais ações realizadas são: inclusão social, inclusão digital, coleta seletiva de lixo, educação ambiental, dentre outras.

Este tipo de prática ou política tem sido adotado desde a década de 1990, entretanto a luta pela sociedade e principalmente pela natureza é mais antiga, por volta da década de 1920.

O ápice da luta ambiental se deu por volta dos anos 70 quando organizações não governamentais ganharam força e influência no mundo.

Com a internacionalização do capital (globalização), o uso dos recursos naturais pelas empresas de maneira intensa e quase predatória, ou seja, sem a devida preocupação com os possíveis danos, foi fortemente combatida desde a década de 1970 pelos movimentos ambientalistas.

As empresas, no intuito de ganhar a confiança do novo público mundial (preocupado com a preservação e o possível esgotamento dos recursos naturais), procuraram se adaptar a essa nova tendência com programas de preservação ambiental – utilização consciente dos recursos naturais. Muitas buscam seguir as regras de qualidade idealizadas pelo programa ISO 14000 e pelo Instituto Ethos.

A partir da Revolução Industrial ocorrida na Europa no século XIX, a utilização de materiais, dos recursos naturais e a emissão de gases poluentes foram desenfreados.

Em contrapartida, no inicio do séc. XX alguns estudiosos e observadores já se preocupavam com a velocidade da destruição dos recursos naturais e com a quantidade de lixo que a humanidade estava produzindo. O movimento ambientalista começou a engatinhar na década de 1920.

Passados os anos, este movimento ganhou destaque na década de 1970 e tornou-se obrigatório na vida de cada cidadão no momento atual. Conceitos como Gestão Ambiental, Desenvolvimento Regional Sustentável, Biodiversidade, Ecossistema, Responsabilidade Socioambiental ganharam força e a devida importância.

Responsabilidade socioambiental (RSA) é um conceito empregado por empresas e companhias, e expressa o quão responsáveis são as mesmas para com as questões sociais e ambientais que envolvem a produção de sua mercadoria ou a realização de serviços, para com a sociedade e o meio ambiente, buscando reduzir ou evitar possíveis riscos e danos sem redução nos lucros.

A Responsabilidade Socioambiental corresponde a um compromisso das empresas em atender à crescente conscientização da sociedade, principalmente nos mercados mais maduros. Diz respeito à necessidade de revisar os modos de produção e padrões de consumo vigentes de tal forma que o sucesso empresarial não seja alcançado a qualquer preço, mas ponderando-se os impactos sociais e ambientais conseqüentes da atuação administrativa da empresa.

São exemplos de programas e projetos de Responsabilidade Socioambiental: inclusão social, inclusão digital, programas de alfabetização, ou seja, assistencialismo social, coleta de lixo, reciclagem, programas de coleta de esgotos e dejetos, e questões que envolvem: lixo industrial, reflorestamento X desmatamento, utilização de agrotóxicos, poluição, entre outros.

Em 1987, o documento Our Common Future (Nosso Futuro Comum), também conhecido como Relatório Brundtland, apresentou um novo conceito sobre desenvolvimento definindo-o como o processo que “satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. Assim fica conhecido o conceito de desenvolvimento sustentável.


Fonte:Ambiental Sustentável

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Sergipe possui o 2º melhor percentual de domicílios com saneamento adequado do Nordeste.

Observatório de Sergipe divulga estudo que, com base no Censo 2010, aponta Sergipe com percentual de domicilios em situação adequada de saneamento acima da média do Nordeste. Em relação aos municípios, Aracaju e Carmópolis aparecem à frente.

Os dados do IBGE foram divulgados no último dia 16 e trazem informações sobre infraestrutura de acesso à rede de fornecimento de água potável, de esgotamento sanitário e de coleta de lixo, constituindo um indíce de adequabilidade do tipo de saneamento, buscando garantir um melhor dimesionamento das condições de saneamento básico dos domicílios brasileiros.

No estudo, foram consideradas as seguintes condições: domicílio com sanemento adequado (é aquele com escoadouro ligado à rede geral ou a fossa séptica, servido por rede geral de abastecimento e com destino do lixo coletado diretamente ou indiretamente pelos serviços de limpeza); domicílio com saneamento semiadequado (possui acesso adequado à, pelo menos, um dos serviços de abastecimento de água, esgoto ou lixo) e domicilio com saneamento inadequado (aquele não conectados à rede geral de abastecimento de água, ao esgotamento sanitário e nem tinham acesso à coleta de lixo).

Nordeste

Para a região Nordeste, foi constatado que 40,02% dos domicílios particulares permanentes estão com bons índices de adequabilidade ao saneamento. Em relação aos estados que compõem o Nordeste, observou-se que Bahia (47,69%), Sergipe (47,47%), Pernambuco (47,35%) apresentam os melhores desempenhos em relação à adequação de saneamento que, acompanhados de Paraíba (45,56%) e Rio Grande do Norte (41,97%), tem percentuais acima da média para o Nordeste.

Já entre os domicílios particulares permanentes com índices de inadequação quanto ao saneamento, Sergipe aparece com o segundo menor percentual nordestino, 9,43%. O estado do Rio Grande no Norte (7,93%) lidera e Pernambuco (12,07%) aparece em terceiro.

“Apesar de haver ainda uma disparidade entre os estados do Sudeste e Sul em relação ao restante do país, Sergipe chama a atenção por apresentar bons percentuais para o índice de adequabilidade, como também um baixo percentual de inadequabilidade”, afirmou Walter Uchôa, Coordenador do Observatório de Sergipe.

Municípios sergipanos

Tratando a condição de saneamento em visões municipais/territoriais, constata-se que, apesar de cinco dos dez municípios com maiores índices de adequação de saneamento do estado se localizarem no território da Grande Aracaju, os municípios de Carmópolis (81,59%), Propriá (71,39%), Telha (65,23%) e Tobias Barreto (60,46%) aparecem entre os cinco primeiros em percentual de adequabilidade.

“Se cruzarmos esses dados com as políticas públicas na área de urbanização e saneamento adotados nos últimos anos, privilegiando a interiorização dessas políticas, provavelmente perceberemos um processo de causa-efeito”, afirmou Oliveira Júnior, secretário de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão.

Analisando as informações espacialmente, nota-se uma concentração dos melhores índices de adequação na porção oeste, nos territórios do Alto Sertão, Agreste Central e Centro Sul, além do território Grande Aracaju.

Quanto à condição “semiadequado”, os municípios do Baixo São Francisco e Leste Sergipano apresentam maior concentração, onde se verifica maiores índices na porção Nordeste, envolvendo os territórios Médio Sertão, Baixo São Francisco e Leste, evidenciando uma zona homogênea composta por todos os municípios do Médio Sertão e pelos municípios de Nossa Senhora das Dores (80,76%), Capela (75,55%), Japaratuba (79,90%), Japoatã (76,98%), Brejo Grande (80,50%), Neópolis (68,04%), Nossa Senhora de Lourdes (81,06%), Amparo de São Francisco (66,86%) e Pirambu (73,99%).

Já para a situação “inadequado”, a zona mais homogênea com altos percentuais envolve os territórios Centro Sul e Sul, sendo composta pelos municípios de Cristinápolis (26,14%), Tomar do Geru (42,89%), Indiaroba (23,61%), Umbaúba (18%), Riachão do Dantas (42,62%) e Simão Dias (28,38%), Salgado (36,82%) e Santa Luzia do Itanhy (32,35%).

O Baixo São Francisco também demonstra um comportamento semelhante em sua porção mais litorânea, com Pacatuba (50,12%) apresentando o maior percentual de inadequablidade.

“Os estudos e pesquisas estão servindo de base para direcionar as políticas públicas estaduais. Exemplo disso é que para área de saneamento, os estudos prévios elaborados pelo Observatório de Sergipe em cima dos dados do Censo 2010 já evidenciavam a situação de Pacatuba, e em consequência disso, o governador, ao assinar convênio para saneamento básico de municípios sergipanos via Codevasf, inseriu esse município que terá 100% dos domicílios com saneamento básico”, completou Oliveira Júnior.

O estudo completo sobre as condições de saneamento em Sergipe está disponível no portal do Observatório de Sergipe


Fonte:Agência Sergipe de Notícias

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Brasil produzirá combustível a partir de lodo de esgoto

Por Patrícia Patriota.

O Brasil vai importar da Alemanha um processo de fabricação de combustível limpo –sem emissão de gases do efeito estufa– que usa esgoto como matéria-prima.

O processo transforma os gases gerados na decomposição do lodo do esgoto em biometano, um tipo de GNV renovável, diferente do derivado de petróleo.

O sistema será implantado em uma estação de tratamento da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo) em Franca (a 400 km da capital) e deve começar a operar em março, ainda em caráter experimental.

O novo combustível já é usado em frotas organizacionais (públicas e privadas) na Europa há uma década. Mas, por aqui, passará por testes.

Orçado em R$ 6 milhões, o projeto é desenvolvido em parceria com a fundação Fraunhofer. A Alemanha repassará R$ 5,1 milhões e a Sabesp bancará R$ 900 mil.

O superintendente de inovação tecnológica da Sabesp, Américo de Oliveira Sampaio, diz que a planta a ser instalada em Franca produzirá 1.900 m³ de biometano por dia.

Cada m3 do gás equivale a um litro de gasolina e, por isso, o volume diário previsto para a unidade corresponde a 10% de todo combustível utilizado hoje pelos 5.057 veículos que compõem a frota da Sabesp no Estado.

“Essa produção inicial pode reduzir a emissão de CO2 em até 16 toneladas por ano”, afirmou Sampaio.

Inicialmente, porém, o novo combustível será usado em 49 carros da companhia.

Se a experiência der certo, o biometano pode ser adotado em toda a frota da Sabesp.

MAIS TESTES

Antes, serão necessários três anos de estudos sobre a viabilidade e a logística para distribuição no Estado.

Apesar de produzido a partir do lodo de esgoto, o biometano não tem o cheiro ruim típico do esgoto.

Isso porque o processo de fabricação filtra o H2S (sulfeto de hidrogênio), responsável pelo odor de ovo podre e capaz de corroer o motor.

Também são retirados do gás os siloxanos, substâncias que formam crostas que podem entupir pequenas tubulações da máquina.

Fonte:Ambiental Sustentável

Agrotóxicos são a segunda maior fonte de contaminação da água

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou no último dia 19 de outubro, um estudo sobre o saneamento básico no país. Nele, um fato soa um tanto quanto curioso: constata que os resíduos de agrotóxicos são a segunda principal fonte de contaminação das águas brasileiras, atrás apenas do esgoto sanitário.

A análise apresenta ainda que, com 6,24%, os agrotóxicos ficaram a frente dos despejos industriais e da atividade mineradora como origens de contaminação. O uso indiscriminado dessas substâncias acaba afetando tanto a vida quanto a saúde da população.

A doutora Silvia Brandalise, presidente do Centro Boldrini, especializado em câncer infantil, localizado em Campinas e professora de Ciências Médicas da Unicamp, diz que por ser um composto derivado de benzeno, o agrotóxico é extremamente prejudicial à saúde, podendo disseminar o câncer. “O agrotóxico, a maior parte deles, tem como matéria-prima básica os derivados de benzeno. Os derivados de benzeno têm como ação importante a quebra de cromátides, que são elementos que compõem o cromossoma. Uma exposição aos derivados de benzeno ou à radiação, você consegue fazer uma mutação. Sendo assim, o câncer e outras doenças, que são mutações sucessivas, vão acontecendo na célula cronicamente exposta a esses produtos”, explica.

A utilização dos agrotóxicos em larga escala na agricultura chegou a tal ponto que é preciso parar com o despejo desses produtos, segundo a coordenadora do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), Rosany Bochner. “A verdade é que chegamos a um limite. Não tem mais como falarmos apenas em diminuir ou usar outro tipo. É preciso acabar com o uso. Acreditamos que é necessário até mudar a maneira de como o Brasil lida com a produção de alimentos. Seria uma revolução maior”, afirma a coordenadora.

Outro grande problema apontado por Rosany é a questão dos alimentos geneticamente modificados, pelo fato de utilizarem “muito agrotóxico para o seu cultivo, em especial a soja. Com isso, toda a soja carrega uma quantidade enorme de produtos químicos na sua composição. Sem contar que os produtores que não utilizam os transgênicos, mas possuem agricultores vizinhos que os produzem, acabam por ter suas plantações também contaminadas”, explica.

Ainda segundo a coordenadora, o Brasil se habituou a utilizar a monocultura como forma predominante nas plantações, o que força os agricultores a aplicar os agrotóxicos.

“O que é proposto por especialistas de produção é a agroecologia. Entretanto, esse conceito iria mexer em uma questão cultural, já que hoje você tem todo mundo comendo a mesma coisa o tempo todo. Não há mais a produção de uma fruta, por exemplo, em determinada época do ano, e sim, a produção dela o ano inteiro, por conta da manipulação”, acrescenta Rosany.

Saúde

Chamados pela indústria de “defensivos agrícolas”, o uso de pesticidas ainda podem provocar danos na medula, a ponto de um transplante se fazer necessário. “O defensivo agrícola é um veneno para o homem, pois ele altera o cromossomo da célula. Uma das ações que ele faz no ser humano é diminuir a produção dos glóbulos brancos. Com a queda de glóbulos brancos, a imunidade cai. Isso provoca uma aplasia de medula, quer dizer, a medula óssea não produz mais os elementos do sangue. Nesse cenário, que é uma destruição global da medula óssea, só o transplante de medula pode resolver”, relata Brandalise.

Diversos estudos já comprovaram que foi detectada uma quantidade significativa de agrotóxicos em águas da chuva. Na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), existem teses que já provaram que essas toxinas foram encontradas no leite materno, o que prejudica na formação do bebê. Tanto para médicos, quanto para especialistas, a fiscalização das leis que regulamentam o uso dos agrotóxicos, e até a extinção deles, é essencial para que a saúde da população seja a prioridade na hora de se produzir um alimento.

Todavia, mesmo as legislações já vigentes que regulam a utilização desses produtos são pouco respeitadas pelo setor. “Existe legislação que proíbe a pulverização com veneno uma árvore que já tem frutos, por exemplo. Mas na prática se vê aviões pulverizando pés de banana, de laranja, etc., já com o fruto na árvore. Ou seja, a quantidade de derivado de benzeno que vai ficar nessa fruta é enorme”, salienta a doutora.

Além do fato de existirem diversos “produtos que estão com a quantidade muito maior de agrotóxico do que seria permitida pela Vigilância Sanitária. Nisso, os consumidores ingerem uma hortaliça ou uma verdura com um altíssimo teor”, enfatiza.

Intimidação

No entanto, apesar de já existirem diversos estudos que relacionam a contaminação da água por venenos agrícolas, Rosany destaca a dificuldade que há em associar causa e efeito nessa questão.

“O Sinitox registrava apenas intoxicações agudas. Contudo, com a contaminação da água, pode-se levar uma população a desenvolver uma desintoxicação que será crônica. O sistema de saúde não irá registrar essa intoxicação como causada pelos agrotóxicos, pois ao longo do tempo é que irão aparecer os problemas. Verificar esse nexo causal, provar que existe essa relação, é muito difícil”, explica.

“É nessa incerteza que as indústrias se beneficiam, porque quando se vai fazer qualquer tipo de denúncia, ela exige que tenha uma comprovação de nexo causal. Como ainda não se tem essa relação, essas empresas acabam entrando na justiça contra quem declarou qualquer coisa, intimidando as pessoas de fazerem qualquer tipo de declaração. E por essa pressão, as pessoas acabam não falando sobre o assunto”, conclui.

Por Leandro Carrasco, do MAB-Movimento dos Atingidos por Barragens.

Fonte: EcoDebate.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Baixo São Francisco caminha para criação de consórcio público para a gestão do lixo

Seis Câmeras de Vereadores do território do Baixo São Francisco entregaram na manhã desta quarta-feira, 9, à Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh) um Documento de Lei que autoriza os municípios a participar da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos por meio da Criação de Consórcio Público. A reunião entre prefeitos, secretários, vereadores e comunidade local, ocorreu na cidade de Propriá.
Com a criação do Consórcio Público para a Gestão do lixo, o cenário de lixões a céu aberto será varrido da história dos 28 municípios que compõe a região do São Francisco. Dos 18 prefeitos que assinaram o Protocolo de Intenções para Criação do Consórcio Público de Saneamento Básico, seis deles já entregaram documento de lei que autoriza o ingresso do município ao consórcio.
Mediante a própria Lei dos Consórcios de Saneamento Básico, a constituição do consórcio poderá ser efetiva com um terço do total dos municípios comprometidos via protocolo de intenções com a sua criação. Sendo assim, o consórcio do Baixo São Francisco já poderia ser criado na data de hoje. Mas houve um entendimento no sentido de esperar mais um tempo para que as outras Câmaras Municipais entreguem a autorização para que o seu município possa integrar o consórcio.
Até o momento, estão aptos à constituição de consórcio público, com aval das Câmaras Municipais, os municípios de Canhoba, Itabi, Gararú, Neópolis, Pirambú e Nossa Senhora de Lourdes.
Equipamentos
Na reunião, o superintendente de Qualidade Ambiental da Semarh, Lício Valério, que representou o secretário Genival Nunes, explicou que o Baixo São Francisco, composto por 28 municípios, irá receber os seguintes equipamentos de gestão de Resíduos Sólidos: oito(08) aterros sanitários de pequeno porte; duas(2) centrais de resíduos; seis(6) aterros de demolição e construção; oito (8) unidades de triagem, 28 Pontos de Entrega Voluntária(PEV) e o encerramento de todos os lixões. No total a região do Baixo São Francisco tem 28 lixões a céu aberto.
Revelou Lício que a operacionalização dos equipamentos tem projeção para 20 anos de funcionabilidade, em conformidade com a lei 12.305 da PNRS. Enfatizou sobre a importância e ganhos de uma prefeitura ser consorciada frente aos órgãos federais.
“O pedido de recursos de uma prefeitura para a compra de um trator, por exemplo, para ser utilizado na gestão do lixo do município, somente será acatado se esse município estiver consorciado”, explicou Lício, enfatizando que, todos os municípios brasileiros devem elaborar um plano local de Resíduos Sólidos até agosto 2012. Lembrou que a obrigatoriedade e o prazo são determinações da Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei 12.305/2010, que foi regulamentada no final de 2010 pelo Decreto 7.404/2010.
O texto da lei estabelece dois anos para os Municípios elaborem os planos e quatro anos para substituir os lixões por aterros sanitários. O prazo começou a contar a partir da publicação da lei no Diário Oficial da União, o que ocorreu dia 3 de agosto do ano passado.
Reconhecimento
Para o prefeito de Propriá, José Américo Lima, a lei nacional favoreceu a gestão do lixo de forma compartilhada. “A questão lixo só crescia, não só em Sergipe como em grande parte do Brasil. Não tínhamos como resolver sozinhos, município a município. Com a efetivação da política de resíduos sólidos, os problemas gerados pelo lixo tomaram novos rumos, amenizando a situação por longos anos, mediante criação de consórcio”, comenta o prefeito.
Ansioso pelo fato da consolidação do consórcio ainda não ter sido efetivada na data de hoje no Baixo São Francisco, o prefeito de Neópolis, Marcelo Guedes Souza, convidou aos prefeitos presentes, estes com lei municipal já em mãos, a cobrarem maior celeridade por parte das demais prefeituras comprometidas com a criação do consórcio. “Não há mais tempo. O processo de gestão do lixo é lei e a alternativa mais viável é sem dúvida a gestão compartilhada por meio da criação do consórcio. É necessário o empenho de todos nós para fecharmos consórcio com a união maior municípios”, exclamou Marcelo.
Feliz com a criação do consórcio e conseqüentemente com a implantação de aterros sanitários, o secretário municipal de Agricultura e Meio Ambiente de Itabi, Aldo Mota de Santana, revela o motivo do seu entusiasmo. “Iremos sair de uma vala, que já funciona há seis anos em substituição ao lixão, para uma estrutura bem mais gerida e funcional que é o aterro sanitário. O empenho de todos é fundamental para por fim aos lixões do Baixo São Francisco”, frisou.
Dezembro
No dia 07 de Dezembro, os 28 prefeitos do Baixo São Francisco irão se reunir para formalizar a criação do Consórcio Público da região. Na ocasião, será feita eleição da mesa diretora do consórcio público e em seguida, posse da diretoria. As quatro cadeiras, formada por presidente, vice-presidente, diretor administrativo e financeiro. Segundo Lei do Consórcio, elas deverão apenas ser preenchidas por prefeitos.
Consolidação
A correria da Semarh para a criação dos consórcios públicos no Estado é uma iniciativa providencial, pois a partir de 2014, de acordo com a nova lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) do Brasil, não será mais tolerado a nenhum município da Federação a utilização de lixões a céu aberto. A lei é clara quanto ao prazo, frisando responsabilidades aos municípios quanto ao cumprimento da política de resíduos sólidos, a exemplo do papel do município junto à população no incentivo da Coleta Seletiva.
Na perspectiva de que todos os territórios recebam o apoio do Governo do Estado nesse processo, a Semarh tem se esmerado quanto à criação dos consórcios públicos. Até o momento já foram criados dois consórcios públicos de Saneamento Básico no Estado, o do Agreste Central, formado por 20 municípios, e o do território Sul e Centro Sul Sergipano, consórcio criado por 16 prefeituras.

Fonte:FAXAJU

Cohidro investe em atividades de racionalização do uso de agrotóxicos.

Atenta aos riscos dos agrotóxicos para a saúde do homem do campo e do consumidor final, a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural (Seagri), tem realizado, ao longo dos últimos anos, um intensivo trabalho de orientação e assistência entre os produtores dos perímetros irrigados para a racionalização do uso do defensivo agrícola. Quatro anos depois de irrigar esta ideia, a Cohidro já colhe resultados otimistas.
O ´Projeto de Racionalização do Uso de Agrotóxicos´ teve início com a formalização de uma equipe técnica composta por engenheiros agrônomos. Eles são responsáveis por desenvolver as ações educativas nos perímetros. Capitaneado pela gerente de Desenvolvimento Agropecuário da Cohidro, Sônia Loureiro, o projeto segue como uma das prioridades da atual gestão. Paralelamente a ele, é realizado um trabalho voltado para o estímulo à produção orgânica, ou seja, sem o uso de agrotóxicos.
“As ações da Cohidro tiveram início após um acordo firmado com o Ministério Público Federal em Sergipe e demais órgãos parceiros, no ano de 2004. Desde então, foram desenvolvidas atividades de conscientização sobre o uso do defensivo agrícola. Realizamos diversas reuniões de sensibilização, capacitações de técnicos e produtores, dias de campo, palestras educativas em escolas municipais, formação de Organizações de Controle Social, confecção de quatro mil cartilhas explicativas, e em 2011 fizemos a implantação do sistema PAIS em nossos perímetros, uma importante tecnologia social que estimula a produção livre de agrotóxicos”, pontua Loureiro.
Além das ações citadas, a Cohidro implantou unidades demonstrativas para divulgar o uso correto da substância no cultivo de hortaliças, realizou cursos para 105 aplicadores de agrotóxicos sobre os cuidados na aplicação, e promoveu testes de sangue que revelam o nível de contaminação dos trabalhadores rurais por substancias tóxicas.
Para garantir um destino correto aos vasilhames de agrotóxicos, a companhia estimula o descarte dos recipientes na Central de Recebimento de Embalagens Vazias, mantida pela Associação de Revendedores de Defensivos Agrícolas de Sergipe (Ardase) na cidade de Ribeirópolis. Essas embalagens, que não devem ser reutilizadas após o consumo do produto, são coletadas pela Cohidro nos lotes dos agricultores e encaminhadas à Central. De lá, após o processamento, seguem para São Paulo, onde são recicladas.
Dentre todas as ações, ganha destaque o fortalecimento da emissão de receituários agronômicos, necessários para a compra legal do produto em lojas especializadas. Até maio deste ano foram disponibilizadas cerca de 1.600 receitas para os agricultores dos seis perímetros. Além de promover a legalidade da compra, os receituários possibilitam calcular estatísticas com as informações contidas neles.
“Os técnicos da Cohidro participaram de uma capacitação em parceria com o Crea/SE sobre aplicação da receita agronômica. No documento, preenchido por um engenheiro agrônomo ou técnico agrícola, consta qual praga ou doença está afetando a plantação, qual o produto indicado para fazer o controle e a dosagem correta. Das três vias, uma permanece com a Cohidro, outra com o produtor e uma terceira com a loja. Essa ação é importante pois coíbe a venda ilegal do produto, o uso indiscriminado do agrotóxico, e nos permite colher dados precisos sobre os problemas que afetam as lavouras”, afirma João Quintiliano, diretor de Irrigacao e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro. O diretor ressalta, ainda, que os técnicos procuram indicar produtos de classes toxicológicas mais fracas, mas que sejam eficazes no combate às pragas e doenças.
Para o presidente da Cohidro, Mardoqueu Bodano, as ações da companhia e demais órgãos engajados nessa mesma causa tem levado à diminuição do uso indiscriminado de agrotóxico e ao fortalecimento da produção orgânica no Estado de Sergipe.
“É possível notar que os agricultores estão mais conscientes quanto aos perigos dessas substâncias. Quando existe uma praga ou doença na plantação, ao invés de agir por conta própria, eles procuram os técnicos da Cohidro, que indicam o melhor tratamento e emitem o receituário para a compra do agrotóxico adequado, se for o caso. É também notável o crescimento da produção orgânica nos perímetros. O trabalho é de formiguinha, já que pretende uma mudança de comportamento e pensamento, mas temos conseguido bons resultados e continuamos otimistas”, declara Bodano.
Incentivo à agricultura orgânica
Delfino Batista do Nascimento, pequeno produtor rural do perímetro Piauí, em Lagarto, é exemplo do trabalho de incentivo à produção orgânica da Cohidro. Com o estímulo da companhia, há cerca de dois anos o agricultor destinou uma área de seu lote ao cultivo de alimentos sem agrotóxicos, e hoje se dedica ao plantio e à venda desses produtos em feiras populares e nas Feiras de Agricultura Familiar, promovidas pela Secretaria de Estado da Inclusão, Assistência e do Desenvolvimento Social (Seides), em parceria com a Cohidro e demais órgãos.
Seu Delfino é bastante conhecido por aqueles que consomem este tipo de alimentação. Para ele, alimentos orgânicos são as melhores opções para se levar uma vida saudável. “Os produtos que o povo vê nos supermercados grandes e caros, são todos com veneno, causas de câncer por aí. Com esses alimentos orgânicos, a saúde do agricultor e de quem consome fica bem”, destaca o consciente produtor.

Fonte:FAXAJU

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

China investe bilhões de dolares para tornar potável a água do mar.

Poe Celina Nascentes.


Elevando-se sobre a costa do Mar de Bohai, na periferia da cidade homônima, a Usina de Energia e Dessalinização de Pequim é uma maravilha técnica que custou ao governo chinês 26 bilhões de yuans – o equivalente a cerca de 4 bilhões de dólares. Trata-se de um gerador de temperaturas ultraelevadas alimentado a carvão, com controles de poluição de última geração, combinados a avançados equipamentos israelenses, que utilizam o calor excedente para destilar água salgada e transformá-la em água doce. Embora a ideia possa ser a solução para a produção de água potável, a conta tem um pequeno problema: a água que passa pelo processo de dessalinização tem um custo de produção duas vezes maior que seu preço de venda.

Mesmo assim, o proprietário do complexo, um conglomerado estatal chamado SDIC, está trabalhando para quadruplicar a capacidade de dessalinização da usina, e torná-la a maior da China. “Alguém tem que perder dinheiro”, disse Guo Qigang, gerente geral da usina, em uma entrevista recente. “Somos uma empresa de propriedade do estado, e essa é nossa responsabilidade social”. Em alguns lugares, isso seria uma loucura econômica, mas, na China, a atitude é encarada como uma estratégia econômica.

Como fez com os painéis solares e aero geradores, o governo estabeleceu o objetivo de se tornar uma potência em mais uma nova indústria relacionada ao meio ambiente: abastecer o mundo com água doce. O projeto Beijiang, no sul de Pequim, irá fortalecer a perícia chinesa na dessalinização, afinar a economia, ajudar a construir uma estrutura industrial e, enquanto isso, diminuir a falta de água crônica em Tianjin.

Dessalinização - “Os fatores de política são mais importantes que os fatores econômicos”, disse Olivia Jensen, uma especialista em políticas hídricas chinesas e diretora da Infrastructure Economics, uma consultoria sediada em Cingapura. “Se o governo central diz que a dessalinização será uma área de foco, e que o dinheiro deve ir para a tecnologia de dessalinização, então isso irá acontecer”.

A China está rapidamente se tornando um dos maiores mercados mundiais em crescimento para a água dessalinizada. A meta mais recente é quadruplicar a produção até 2020, dos atuais 680.000 metros cúbicos diários para pelo menos 3 milhões de metros cúbicos, equivalentes à produção de quase uma dúzia de outras usinas de 200 toneladas diárias, como a que está sendo expandida em Pequim.

Espera-se que o mais recente plano de cinco anos da China para o setor ordene o estabelecimento de uma indústria nacional de dessalinização, segundo Guo Yozhi, que lidera a Associação de Dessalinização da China. Institutos localizados em pelo menos seis cidades chinesas pesquisam avanços em membranas, a principal tecnologia presente nas técnicas de dessalinização mais sofisticadas e de melhor custo-benefício. A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, a mais alta agência estatal de planejamento chinesa, está rascunhando planos para fornecer tratamento preferencial para companhias nacionais que fabriquem equipamentos ou patenteiem tecnologias para dessalinização. Existem rumores sobre diminuição de impostos e empréstimos a juros baixos, para encorajar a produção nacional.

Em uma entrevista, Guo Yozhi definiu a atuação governamental na dessalinização como “simbólica”, dizendo que o investimento governamental direto em projetos para água salgada não excede 10% de seu custo. Em comparação, disse, grandes investimentos em água como o enorme Projeto de Desvio de Águas Sul-Norte, que irá desviar água do rio Yangtzé do sul para o norte, são completamente financiados pelo governo.

Investimento - Ainda assim, os planos do governo poderiam significar um investimento de até 200 bilhões de yuans, ou aproximadamente 31 bilhões de dólares, das companhias estatais, agências governamentais e parceiros privados. O complexo de dessalinização de Beijiang, construído pela SDIC por ordem da Comissão de Desenvolvimento e Reforma como um projeto-conceito, foi quase completamente desenvolvido em Israel, enviado para Tianjin e montado localmente. Em todo o país, menos de 60% dos equipamentos e tecnologias de dessalinização são nacionais.

A meta da China é aumentar esse número para 90% até 2020, disse Jennie Peng, analista e especialista na indústria da água, no escritório de Pequim da Frost & Sullivan, empresa de consultoria sediada em San Antonio.

Existem muitas razões para a China querer uma indústria de dessalinização local, sendo que a menor delas não é a água doce local. Espera-se que a demanda por água na China cresça 63% até 2030 – mais que em qualquer outro lugar do planeta, segundo a Asia Water Project, uma organização de informações de mercado.

O norte da China há muito tempo sofre com a falta de água, e cidades de rápido crescimento como Pequim e Tianjin voltaram-se para programas extensos de reciclagem e conservação, para atenderem às necessidades. Em Tianjin, considerada uma cidade-modelo para a conservação de água, 90% da água utilizada na indústria é reciclada, 60% do sistema de irrigação da agricultura utiliza tecnologias de economia de água, e 238 quilômetros de tubulações serpenteiam abaixo da cidade. Os apartamentos situados dentro de uma área de 26 quilômetros quadrados da cidade possuem duas torneiras, uma de água potável, e uma de água reciclada, adequada para outros usos.

A usina Beijiang, uma de duas usinas desse tipo, abastece diariamente uma periferia em crescimento com 10.000 toneladas de água dessalinizada, e tem planos de, algum dia, bombear 180.000 toneladas. Um segundo estabelecimento com capacidade de 100.000 toneladas abastece uma enorme usina de produção de etileno, fora da cidade. A instalação enfrentou alguns obstáculos. A água destilada e livre de minerais “raspa” a ferrugem das tubulações da cidade em seu caminho até as torneiras, o que torna a água marrom e, além disso, alguns residentes desconfiam da água, dizendo que sua pureza significa que lhe faltam nutrientes. A usina está atendendo a ambas as reclamações, adicionando minerais à água.

Mas, alguns dizem que saciar a sede da China pode ser um efeito colateral benéfico da tentativa de atingir metas maiores. O mercado global para a tecnologia de dessalinização irá mais que quadruplicar até 2020, chegando a aproximadamente US $50 bilhões anuais, predisse em setembro a companhia de pesquisas SBI Energy _ e o aumento da escassez de água em todo o mundo parece garantir o crescimento futuro.

Além disso, as cada vez mais sofisticadas tecnologias de membranas que filtram o sal da água do mar podem ser aplicadas ao tratamento de esgotos, controle de poluição, e inúmeros outros usos de alta tecnologia. Ultrapassada de longe pelos produtores de membranas estrangeiros, que comandam pelo menos 85% do mercado, a China agora está decidida a desenvolver suas próprias tecnologias avançadas. Alguns especialistas dizem que é aí que reside o maior interesse por parte do governo. “Mais que para uso local, a ideia é desenvolver uma indústria de membranas chinesa”, disse Jensen, a analista de Singapura. “Essa é fundamentalmente uma indústria de exportação, e não uma indústria criada para desenvolver uma China mais ecológica”. Quaisquer que sejam suas motivações, a China já está correndo em direção a seus alvos.

Da mesma maneira que as indústrias estrangeiras correram para a China para garantirem um lugar no florescente mercado da energia eólica do país, a lista de empresas estrangeiras que mergulharam na indústria de dessalinização chinesa é longa: Hyflux de Singapura, Toray do Japão, Befesa da Espanha, Brack de Israel e ERI dos Estados Unidos, entre outras.

E, assim como os estrangeiros mudaram suas pesquisas em energia solar e produção para a China, as companhias de dessalinização estão deixando a sede para trás. A companhia norueguesa Aqualyng é parceira do governo da cidade de Pequim na construção de uma usina de dessalinização em Tangshan, cidade costeira a aproximadamente 217 quilômetros a leste de Pequim, e está estudando a mudança de suas fábricas da Europa para a China.

A ERI, que é sediada em São Francisco e afirma possuir a mais avançada tecnologia da indústria da dessalinização, está mudando suas instalações de pesquisa para a China. A empresa considera também a mudança de suas fábricas para daqui a alguns anos.

A maioria das companhias estrangeiras que atuam em território chinês formou parcerias com empresas estatais, para receber ajuda na captação de negócios e por proteção política – é preciso lembrar que o estado de direito e a proteção à propriedade intelectual são instáveis no país.

O presidente do conselho de administração da Aqualyng, Bernt Osthus, disse que o governo de Pequim tem sido “o mais próximo possível do parceiro ideal”, com os noruegueses controlando a tecnologia e os chineses fornecendo o dinheiro e o know-how local. Ele acrescentou, no entanto, que a empresa estava considerando uma joint venture de pesquisa com um parceiro chinês. “Ao reduzirmos nossa participação nos equipamentos, formos uma parceria com uma estatal chinesa, e realocarmos nossa produção da Europa para a China, a tecnologia efetivamente se torna chinesa”, disse ele. “Eu ainda sou o dono. Eu ainda sou o dono do meu pedaço do bolo. Estou apenas aumentando o tamanho desse bolo”. E é um bolo muito grande.

“Há projetos de dessalinização em larga escala por toda a costa leste da China”, disse o CEO da ERI, Thomas S. Rooney Jr. “Nossa empresa possui a mais avançada tecnologia de toda a indústria de dessalinização. E uma das ótimas características chinesas é que eles gostam de adotar as tecnologias mais avançadas”.

“Você pode lutar contra eles ou juntar-se a eles, e nossa filosofia é de que a China provavelmente será o próximo grande mercado para a dessalinização”, ele acrescentou. “Prefiro desenvolver tecnologia para a China na China, seguindo uma abordagem mais aberta, do que ficar com jogos de segredinhos”.


Fonte:Ambiental Sustentável

China pretende reciclar 70% dos resíduos até 2015.

Em movimento para impedir os impactos ambientais, a China vai colocar em prática um sistema completo e avançado para reciclar 70% dos resíduos produzidos no país.

O sistema deve caracterizar uma rede completa de coleta de resíduos, com tecnologias avançadas, bom funcionamento, classificação e padrão de gestão. Os resíduos de produtos importantes incluem: metal, papel, plástico, vidro, pneus, carros e aparelhos eletrônicos.

"É extremamente urgente que se estabeleça um sistema. A ausência disto não só impede a reciclagem dos recursos, mas também representa uma ameaça iminente para o meio ambiente", divulgou a agência de notícias oficial do governo - Xinhua.

Para acelerar a construção do sistema, as diretrizes incentivam um amplo conjunto de investimentos em prol da iniciativa. Segundo a agência, as pequenas e médias empresas, bem como os trabalhadores de saneamento individuais, devem ser empregados para realizar o trabalho de coleta, acrescentando que as políticas favoráveis ​​em termos de financiamento e uso da terra também estarão disponíveis.

Além disso, a proposta inclui o "direito estendido" de produtores e vendedores para facilitar a reciclagem, sob o qual, conveniência e reciclagem eficientes devem ser levadas em consideração durante a concepção e fabricação de produtos.

No 12º Plano Quinquenal (2011-2015), a China prometeu construir uma economia circular através de um padrão de desenvolvimento sustentável, além de promover energia e conservação dos recursos e redução de emissões.

Em 2009, a China reciclou 140 milhões de toneladas de resíduos, resultando em 500 bilhões de yuans, aproximadamente R$ 137 bilhões, de acordo com um comunicado do Ministério do Comércio chinês.


Fonte: Exame.com

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Níveis de CO2 estão mais altos que cenário mais pessimista de cientistas

por Jéssica Lipinski, do CarbonoBrasil


Departamento de Energia dos Estados Unidos calcula que a emissão de CO2 chegou à maior quantidade já registrada e aponta que países do Protocolo de Quioto conseguiram cumprir suas metas, mas Estados Unidos, China e Índia somaram mais da metade do aumento.

Em 2010, após a crise financeira ocorrida em 2008 e 2009, o mundo começou a retomar seu desenvolvimento econômico, mas não foi só a economia que cresceu. Segundo o Departamento de Energia dos Estados Unidos, as emissões globais de dióxido de carbono subiram 6% no último ano, atingindo o mais alto nível já registrado.

De acordo com o Departamento, a liberação mundial de gases do efeito estufa (GEEs) aumentou em 564 milhões de toneladas (512 milhões de toneladas métricas) em relação à taxa de emissão de 2009.

“É um grande salto. Do ponto de vista das emissões, a crise financeira global parece ter acabado”, declarou Tom Boden, diretor do Departamento de Energia do Centro de Análise da Informação do Laboratório Nacional Oak Ridge dos Estados Unidos, à Associeted Press (AP).

“Quanto mais falamos sobre a necessidade de controlar as emissões, mais elas estão crescendo”, alertou John Reilly, co-diretor do Programa Conjunto de Ciência e Política de Mudança Global do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

Esse aumento nas emissões foi causado em grande parte pelos Estados Unidos, pela China e pela Índia, já que os países que assinaram o Protocolo de Quioto conseguiram reduzir sua liberação de carbono em 8% em relação aos níveis de 1990, diminuindo sua contribuição nas emissões mundiais de 60% em 1990 para menos de 50% atualmente.

Com esses dados, é possível perceber o quão alarmante é a situação, já que mesmo com a redução das emissões nos países do Protocolo, elas continuam a crescer. Para Granger Morgan, diretor de engenharia e do departamento de políticas públicas da Universidade de Carnegie Mellon, é “realmente desalentador. Estamos gerando um legado horrível para nossos filhos e netos”.

Esse nível de aumento já ultrapassou o pior cenário projetado por cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) em 2007, que previram que as temperaturas globais aumentariam entre 2,4 e 6,4 graus Celsius até o final do século, sendo a estimativa mais provável a de quatro graus Celsius. E com o crescimento desenfreado de países como a China e a Índia, esta condição só tende a piorar.

No entanto, segundo Reilly, esse crescimento tem seu lado positivo, pois vem permitindo que muitas pessoas melhorem suas condições de vida, porém é importante buscar alternativas menos impactantes ambientalmente para que essa melhora ocorra integralmente.

“A boa notícia é que essas economias estão crescendo rapidamente. Melhorias econômicas mais amplas em países pobres têm trazido melhorias de vida às pessoas. Mas fazer isso com dependência crescente no carvão está pondo o mundo em perigo”, alertou o codiretor.

Mas há indícios de que estes países estão tomando algumas atitudes, ainda que poucas, para contribuir para um desenvolvimento de baixo carbono. Nesta semana, por exemplo, a China decidiu banir as importações de lâmpadas incandescentes de 100 MW ou mais a partir de outubro de 2012, as de 60 MW a partir de 2014, e as de 15 MW a partir de 2016.

Essa eliminação ajudaria o país a economizar 48 milhões de kWh e a reduzir 48 milhões de toneladas anuais de carbono assim que todas as lâmpadas incandescentes fossem abolidas. Além de contribuir com a mitigação das emissões chinesas, o plano também auxiliaria na diminuição de emissões em outros países, já que das 3,85 bilhões de lâmpadas incandescentes que a China produziu em 2010, apenas 1,07 bilhões foram consumidas domesticamente.

Nos Estados Unidos, um plano semelhante será adotado a partir de 2012; na Europa, a abolição gradual das lâmpadas incandescentes vem acontecendo desde 2008. “Precisamos realmente incluir o mundo em desenvolvimento (na mitigação das emissões) porque se não o fizermos, o problema vai escapar de nosso controle. E o problema está muito perto de escapar de nosso controle”, refletiu Andrew Weaver, cientista climático da Universidade de Victoria.


Fonte:Envolverde/Carbono Brasil

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Tecnologias aplicáveis aos resíduos sólidos

Por Antonio Silvio Hendges*


O Plano Nacional de Resíduos Sólidos em sua versão preliminar divulgada em 1º de setembro de 2011 e que está disponível para consultas públicas através de audiências regionais e no site do Ministério do Meio Ambiente (www.mma.gov.br/), além do diagnóstico da situação atual dos resíduos sólidos e da proposição de cenários, estabelece metas para a redução, reutilização, reciclagem, aproveitamento energético dos gases gerados nas unidades de disposição final, recuperação e eliminação dos lixões até 2014, normas e diretrizes para a disposição final dos rejeitos. O fortalecimento das cooperativas e associações de trabalhadores com materiais reutilizáveis/recicláveis, elevando os níveis de eficiência e capacitação destas organizações também está em destaque. Os planos estaduais e municipais que serão elaborados durante 2012 também devem prever estes objetivos.

Para que se possam atingir as metas estabelecidas para a gestão integrada e o gerenciamento correto dos resíduos sólidos, serão indispensáveis tecnologias às diversas etapas necessárias, desde a coleta até a destinação ambiental adequada dos rejeitos. Tecnologias sociais que estimulem a interação comunitária como a educação ambiental em todos os setores sociais e produtivos, valorização do associativismo, cooperativação e organização socioprodutiva dos catadores (aproximadamente 600 mil no país), capacitação administrativa, gerencial e financeira dos agentes públicos e privados são fundamentais.

Também indispensáveis são as tecnologias capazes de realizarem com eficiência técnica as diversas etapas desde a coleta, separação, seleção, tratamento, reintrodução nas cadeias produtivas e destino ambiental adequado dos rejeitos. Neste artigo estão descritas de forma bem fundamental algumas tecnologias aplicáveis aos resíduos sólidos. Todas já estão em operação em diversos países, inclusive no Brasil.

- Combustíveis Derivados de Resíduos (CDR): A geração de energia através do tratamento térmico do lixo é realizada em duas fases: na primeira, após a separação dos materiais recicláveis, a matéria orgânica e os resíduos não-recicláveis (papel e plástico que tiveram contato com matéria orgânica) são encaminhados para incineração. Esses materiais são fragmentados e triturados dando forma ao combustível derivado dos resíduos que é incinerado a uma temperatura de cerca de 1000 ºC. Os gases quentes são aspirados para uma caldeira, onde é produzido o vapor que aciona um turbogerador. Os gases extraídos da caldeira são neutralizados por um processo de filtragem, com rotores que giram a 900 rpm e lavados com água alcalina. Os gases limpos são lançados na atmosfera e os resíduos inertes arrastados para um decantador e podem ser aproveitados na produção de material de construção. Com 150 toneladas/dia de lixo é possível gerar 2,8 MW diários e fabricar pisos e tijolos para 28 casas populares de 50m² por mês. Esta tecnologia é nacional e está em funcionamento na Usina Verde no RJ (http://www.usinaverde.com.br/).

Existem outras tecnologias que também são direcionadas para a produção de combustíveis derivados de resíduos como a combustão em leito fluidificado em que a queima é realizada através do aquecimento de partículas inertes como areia ou cinzas, a gaseificação que converte materiais sólidos ou líquidos em gás através da aplicação de calor e a pirólise, processo formado por uma série de reações quando o material é aquecido na ausência de oxigênio e utilizado principalmente para fontes específicas como pneus e plásticos. Estas tecnologias são bastante utilizadas nos países europeus.

- Tecnologias Automatizadas de Separação e Classificação de Resíduos: Utilizam tecnologia de sensores óticos para diferenciar os tipos de materiais e acelerar a separação dos materiais recicláveis. Os plásticos, por exemplo, podem ser separados de acordo com os polímeros com que são fabricados, cor ou tamanho. Papéis e papelões de diferentes tipos também podem ser automaticamente classificados. Também podem ser separados diferentes materiais em um mesmo fluxo e os processos controlados em tempo real, assim como a análise estatística dos materiais separados. Os projetos também podem ser personalizados com as necessidades específicas dos empreendimentos. Esta tecnologia pode ser utilizada para os resíduos domésticos, industriais, comerciais, limpeza urbana e construção civil. Também na produção de combustíveis derivados de resíduos (CDR), esta tecnologia pode ser aplicada na eliminação dos resíduos clorados e metais e na homogeneização do valor calorífico do combustível.

Destaca-se nesta área de tecnologia ótica a empresa francesa Pellenc Selective Technologies – Pellenc ST (http://pellencst.com/), que desenvolve pesquisas, máquinas e equipamentos para a classificação automática dos resíduos sólidos. Nos EUA, a Bulk Andling Systems – BHS (http://www.bulkandlingsystems.com/), Em cache - Similares também desenvolve sistemas de automação nesta área. No Brasil esta tecnologia é pouco utilizada, mas já existem projetos e empresas como a Quattro Vento (http://www.quattrovento.com.br/) de Porto Alegre/RS que representa a Pellenc ST na Região Sul do Brasil, inclusive com a possibilidade de financiamento do banco francês Coface para a aquisição dos equipamentos. Em 2012 entrará em funcionamento uma unidade que utiliza esta tecnologia na cidade de Farroupilha/RS.

- Plasma térmico: Quando um gás é aquecido em temperaturas elevadas há mudanças importantes em suas propriedades. Com cerca de 2000 ºC, as moléculas do gás começam a dissociarem-se em estado atômico. Em 3000 ºC os átomos são ionizados pela perda de parte dos elétrons. Este gás ionizado é chamado de plasma. O gás no estado de plasma tem excelente condutividade eléctrica e alta viscosidade se comparado a um gás normal.


Um gerador ou tocha de plasma é um dispositivo que transforma energia eléctrica em calor transportado por um gás. Qualquer gás pode ser levado ao estado de plasma e o gás utilizado pode ter participação significativa na reação. O fluxo de calor pode ser medido e controlado e ser utilizado para aquecer, gaseificar e promover reações químicas em um reator acoplado ao gerador de plasma. Temperaturas alcançadas por plasmas térmicos são da ordem de 15.000 ºC, mas temperaturas de até 50.000 ºC são possíveis.

O plasma térmico é uma tecnologia bastante versatil que é utilizada principalmente para o processamento de resíduos perigosos (inclusive os organoclorados), lamas, cinzas de incineração, lixo hospitalar, sucatas metálicas, resíduos da produção de alumínio e outros metais. São dois métodos de tratamento: com a tocha diretamente sobre os resíduos um campo de energia de alta intensidade é aplicado e produz a dissociação das ligações moleculares dos resíduos sólidos, líquidos ou gases, orgânicos ou inorgânicos, perigosos ou não, alterando a composição química original para compostos mais simples; no processamento em duas câmaras, os resíduos são inseridos em uma primeira câmara em que é gaseificada a parte orgânica e fundida a parte inorgânica. Os gases e líquidos são posteriormente decompostos em uma segunda câmara através de um reator de plasma. Os gases gerados podem ser utilizados como combustíveis após a lavagem e incineração dos metais voláteis e gases ácidos. Os outros materiais resultantes são compostos vítreos semelhantes a minerais de origem vulcânica e podem ser utilizados em processos industriais.

No Brasil, as principais pesquisas são realizadas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte que desde 1985 mantém o LabPlasma – Laboratório de Processamento de Materiais por Plasma (www.labplasma.ct.ufrn.com/) e pela Universidade do Estado de Santa Catarina que através do Departamento de Física do Centro de Ciências Tecnológicas mantém desde 1998 na cidade de Joinvile o Laboratório de Física de Plasmas (http://www2.joinville.udesc.br/~plasma/). Uma das principais empresas que desenvolvem pesquisa e equipamentos é a Scanarc Plasma Tecnologies (http://www.scanarc.se/), empresa sueca que tem como principal atividade o processamento de resíduos industriais e perigosos para a extração de valores. A principal desvantagem desta tecnologia é o elevado custo de implantação das unidades.

- Produção de adubos orgânicos: Os adubos orgânicos são o resultado da degradação biológica da matéria orgânica, em presença de oxigênio do ar e sob condições controladas. Podem ser produzidos a partir de qualquer matéria orgânica, mas a diversificação e fragmentação adequada dos componentes permitem um produto final de melhor qualidade, com mais nutrientes e melhor capacidade de recuperação dos solos. Os adubos orgânicos são muito eficientes na recomposição de solos e pastagens degradadas, assim como na manutenção e melhoria da fertilidade em áreas agrícolas e de atividades como floricultura, horticultura, fruticultura e produção de alimentos orgânicos.

Existem diversos métodos de produção de adubos orgânicos desde os artesanais até os sistemas fechados com condições controladas que proporcionam tratamento especial à matéria prima e melhoram as condições de fermentação e dos produtos finais. Esta é uma tecnologia natural e muito versátil que pode ser aplicada para a produção independente e adequada às atividades desenvolvidas nas propriedades rurais ou para a produção comercial, principalmente utilizando-se os resíduos orgânicos produzidos nas áreas urbanas e transformados em compostos por empresas, cooperativas ou organizações específicas.

Existem muitas pesquisas, empresas, cooperativas e empreendimentos que produzem e comercializam adubos orgânicos, mas certamente ainda existe um mercado amplo e em expansão para estes produtos. A empresa Organoaço (http://www.dailymotion.com/video/x86x1m_fabrica-de-adubos-organicos_tech) e (http://www.dailymotion.com/leandronantes#videoId=x86x1m), fabrica equipamentos adequados para a produção comercial de adubos orgânicos.

- Aproveitamento de biogás de aterros sanitários: A produção de metano durante a decomposição dos resíduos orgânicos depositados em aterros sanitários pode ser aproveitada para a geração de energia elétrica, evitando-se o lançamento deste gás de efeito estufa na atmosfera. Os aterros devem ser projetados para recuperar o metano através de drenos de captação onde são instaladas tubulações que transportam-no para uma planta de biogás onde a sua queima controlada aciona uma turbina que gera energia elétrica. Também pode ser utilizado na iluminação a gás. A produção vai depender da capacidade do aterro e do grupo gerador.

Esta mesma tecnologia pode ser aplicada no aproveitamento do metano captado em estações de tratamento de esgotos ou de resíduos rurais como os gerados na criação de suínos e outros animais (http://www.metodoeventos.com.br/5eficienciaenergetica/downloads/12-06-08/sala2/suani_teixeira_coelho.pdf).

*Antônio Hendges é professor de Ciências Biológicas; Agente Educacional no RS; assessoria em tendências ambientais, resíduos sólidos e educação ambiental.


Fonte:EcoDebate

domingo, 30 de outubro de 2011

Reciclagem ganha mais importância no setor de alumínio

Por Patrícia Patriota

O agravamento da crise sobre a indústria do alumínio elevou a importância econômica da reciclagem para o setor. Antes tratado somente como uma questão socioambiental, o reaproveitamento de sucatas agora é disputado por grandes empresas.

A estimativa do setor é que a produção nacional de alumínio primário (obtido pela extração mineral) vai encerrar o ano com queda de 5% em relação a 2010. Já a participação da reciclagem no suprimento industrial deve crescer acima de 34%.

“A reciclagem é um elemento importante do suprimento interno e seu futuro vai depender da economia e da redução das importações de bens prontos”, disse o presidente da Abal (Associação Brasileira do Alumínio), Adjarma Azevedo.

No ano passado, as importações de alumínio semiacabado ou acabado vindas de países asiáticos, principalmente da China, cresceram 96%, para 139,9 mil toneladas, reduzindo a competitividade local, segundo a Abal.

Associado a isso, estão os elevados custos de produção no país. Segundo Azevedo, o custo para produção de uma tonelada do metal atinge US$ 2.100. Na comercialização, o valor sobe para US$ 2.200. “Não remunera.”

Por outro lado, só a reciclagem de latas de alumínio em 2010 cresceu 20,3% ante 2009, totalizando 239,1 mil toneladas, ou 97,6% do fabricado, segundo balanço divulgado na semana passada em parceria com a Abralatas (reúne os fabricantes de latas).

Com o resultado, o Brasil alcançou, pela décima vez, o posto de país que mais recicla latas de alumínio. O país, segundo o balanço, está à frente de regiões desenvolvidas como a Europa e a América do Norte.

Segundo o diretor-executivo da Abralatas, Renault Castro, a capacidade da indústria de latas deve crescer 50% com os investimentos previstos, de US$ 765 milhões. “Vamos produzir 25 bilhões de latas por ano.”

CRISE

Por causa da crise, segundo Azevedo, empresas fecharam as portas e nenhuma nova fábrica de alumínio primário foi instalada no país nos últimos 20 anos. Entre os que restaram, estão produtores como Alcoa e Votorantim.

“É uma situação preocupante porque você não tem o crescimento da produção primária; pelo contrário, tem a ameaça da sua decadência e as importações chinesas, que estão capturando o mercado brasileiro”, disse.

Para Reinaldo Rodrigues dos Santos, diretor comercial de uma fornecedora de alumínio, a importação de alumínio pode reduzir a reciclagem no Brasil. “A cadeia funciona com o mercado interno. Se entra produto de fora, desestabiliza tudo entre a gente”, disse Santos.

Fonte: Ambiental Sustentável

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS): Óleo lubrificante será primeiro produto com descarte e reciclagem regulados.

Por Vinicius Konchinski, da Agência Brasil


O setor de óleos lubrificantes deve ser o primeiro a ter a cadeia de logística reversa regulamentada conforme a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). A forma como os óleos já utilizados e as respectivas embalagens serão recolhidos e reciclados será tema de um acordo setorial, que deve ser concluído e posto em prática ainda neste ano.

Segundo o secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Nabil Bonduki, os termos do acordo já foram discutidos com os representantes do setor. Estão, agora, passando por uma avaliação jurídica do ministério.

Quando essa avaliação terminar, o texto do acordo será aberto para sugestões por um mês. “Nós entendemos que se possível, até o final deste ano ou no máximo começo do ano que vem, vai ser assinado este acordo”, disse Bonduki, que participou hoje (24) de um debate sobre resíduos sólidos promovido pela Fundação Getulio Vargas, em São Paulo.

A PNRS prevê que cinco setores específicos terão um sistema de logística reversa definido. Todos esses setores terão que estabelecer a cadeia de responsabilidades, envolvendo produtores, distribuidores, vendedores, transportadores, consumidores e governos na destinação de seus resíduos.

Além do setor de óleos lubrificantes, também terão que se integrar à política nacional de descarte e reciclagem os de lâmpadas fluorescentes, medicamentos, eletroeletrônicos e embalagens em geral, que já discutem os acordos setoriais.

Bonduki disse, porém, que esses acordos estão mais atrasados. A discussão deve ser priorizada pelo governo federal quando o acordo do setor de óleos lubrificantes for finalizado

Fonte:EcoDebate

Brasil: 52% das empresas já têm departamento de sustentabilidade.

Por Celina Nascentes

Mais de metade das empresas brasileiras e multinacionais presentes no Brasil (52%) já têm departamentos dedicados exclusivamente à sustentabilidade, segundo uma pesquisa do Ibope Ambiental. De acordo com o estudo, as empresas têm lançado estas áreas, sobretudo, para responder às exigências dos consumidores e implementar práticas e políticas sócio-ambientais.

A pesquisa afirma que 57% das empresas que já trabalham com sustentabilidade estão localizadas na região Sudeste e que 40% destas pertencem aos sectores da indústria e construção civil. É às empresas destes sectores, de resto, que os consumidores mais pedem práticas sustentáveis.

“É uma boa notícia, se levarmos em conta que há 20 anos, durante o Eco92, quando foram feitas as primeiras pesquisas sobre o tema, o homem nem era considerado parte do meio ambiente. [Então], pensava-se apenas em florestas, bem distantes”, explicou Márcia Cavallari, CEO do Ibope Inteligência.

“Hoje, a consciência ambiental do brasileiro está muito maior e, sobretudo nas empresas, é mais fácil colocá-la em prática por conta da cobrança do consumidor”.

De acordo com o estudo, 82% dos clientes do ramo da construção civil pedem aos seus fornecedores informações a respeito do seu comprometimento com o tema. Este é, de resto, o sector que possui os consumidores mais conscientes, segundo Cavallari.

Por tudo isto, a especialista acredita que a conduta dos cidadãos influencia directamente a postura das empresas. “Aproximadamente 70% dos clientes das empresas que têm agora uma área de sustentabilidade na sua estrutura querem informações sobre a sua actividade”, explicou a executiva.

Finalmente, e ainda de acordo com o estudo, o investimento médio destinado pelas empresas a acções e políticas de sustentabilidade é de 3%. “Pode parecer um valor pequeno, num primeiro momento, mas se levarmos em conta que estamos a falar de grandes e médias empresas, que facturam grandes montantes de dinheiro anualmente, é uma quantia razoável”.

A pesquisa entrevistou 400 grandes e médias empresas brasileiras, de diversos sectores, durante Agosto e Setembro. Pode consultar todos os resultados do estudo, na íntegra, aqui.
O Ibope Ambiental, que desenvolveu o estudo, é uma nova área deste grupo e pretende fornecer, à sociedade, serviços e informações que ajudem na promoção do desenvolvimento sustentável do Brasil e combate ao aquecimento global.

Fonte:Ambiental Sustentável

Uso da água cresce mais do que população mundial

Por Patrícia Patriota


Os seres humanos dependem do acesso à água desde os primeiros dias da civilização, mas com sete bilhões de pessoas no planeta em 31 de outubro, a urbanização e o desenvolvimento em expansão exponencial estão aumentando a demanda como nunca. O uso da água tem crescido mais do que o dobro da taxa de crescimento da população no último século, disse Kirsty Jenkinson, do Instituto de Recursos Mundiais, um grupo de pesquisas de Washington.

Prevse que o uso da água deve aumentar até 50% entre 2007 e 2025 nos países em desenvolvimento e 18% nos desenvolvidos, e grande parte da crescente utilização nos países mais pobres será por causa do aumento do deslocamento de pessoas de áreas rurais para as cidades, afirmou Jenkinson em uma entrevista por telefone.

Junte a isso os impactos das mudanças climáticas esperados para esse século – mais enchentes e secas severas e mudanças nos padrões de precipitação anteriores – que provavelmente atingirão primeiro e mais gravemente as pessoas mais pobres “e temos um desafio significativo em nossas mãos”, declarou Jenkinson.

Mais de um bilhão de pessoas não tem acesso a água limpa para beber, e mais de dois bilhões vivem sem saneamento adequado, levando a mortes de mais de cinco milhões de pessoas, principalmente crianças, a cada ano, por doenças transmitidas pela água evitáveis.

Apenas 8% do fornecimento de água doce do planeta vai para uso doméstico; cerca de 70% é usado para irrigação e 22% na indústria, declarou Jenkinson.

Secas e chuvas insuficientes contribuem para o que é conhecido como risco de água, junto com enchentes e contaminações. Pontos críticos de risco de água, como relatados no atlas online do Instituto de Recursos Mundiais, incluem:

- Bacia Murray-Darling na Austrália;

- Bacia do Rio Colorado no sudoeste dos EUA;

- Bacia Orange-Senqu, que cobre partes da África do Sul, Botsuana e Namíbia e todo o Lesoto;

- Bacias dos rios Yangtze e Amarelo na China.

O que é necessário, disse Jenkinson, é um manejo integrado de recursos hídricos que leve em consideração quem precisa de que tipo de água, assim como onde e como usá-la mais eficientemente.

- A água vai se tornar rapidamente um fator limitante em nossas vidas - afirmou Ralph Eberts, vice-presidente executivo da Black & Veatch, empresa de engenharia de US$ 2,3 bilhões que projeta sistemas hídricos e opera em mais de 100 países.

Ele declarou que vê uma “redefinição de prioridades” dos recursos para enfrentar os desafios hídricos impostos pelas mudanças climáticas e pela crescente urbanização.

A companhia de Eberts não está sozinha. A escassez de água e o estresse hídrico – que ocorre quando a demanda por água excede o fornecimento ou quando a baixa qualidade restringe o uso – já atingiram companhias de uso intensivo da água e cadeias de suprimento na Rússia, China e no sul dos Estados Unidos.

Ao mesmo tempo, enchentes extremas têm impactos econômicos severos na Austrália, Paquistão e no meio-oeste dos EUA, de acordo com a Ceres, uma coalizão de grandes investidores e grupos ambientais que colocaram o risco de água como um assunto que as empresas do século 21 terão que resolver.

- A centralidade da água doce para nossas necessidades de alimento, para o combustível, está tomando o papel central no que se tornou um mundo lotado e ambientalmente tenso - disse a presidente da Ceres Mindy Lubber.

Uma base de dados da Ceres permite que investidores institucionais saibam quais companhias estão combatendo o risco de água. A Nestlé e a Rio Tinto foram vistas como as líderes neste sentido. O risco de água já está afetando os negócios da fabricante de roupas The Gap, que cortou sua previsão de lucro em 22% após uma seca reduzir as colheitas de algodão no Texas.

As gigantes de alimentos Kraft Foods Inc, Sara Lee Corp e Nestlé anunciaram um aumento planejado de preços para compensar os custos mais altos das commodities causados por secas, enchentes e outros fatores.

O risco de água é mais do que uma preocupação corporativa. Para grupos internacionais de ajuda, impõe um risco de desastre para aqueles que ficam no caminho das secas ou aumenta a incerteza a respeito dos fornecimentos de água.

Na África Oriental, por exemplo, as mudanças climáticas podem trazer alterações na temperatura e nas precipitações, que diminuiriam a estação de colheitas e reduziriam o rendimento de alimentos básicos como o milho e o feijão, atingindo pequenos agricultores e pastores mais gravemente, de acordo com um relatório da Oxfam.

Mas uma análise cientifica de 30 países chamada Programa de Desafio em Água e Alimentação indica que há esperança. A pesquisa descobriu que bacias hidrográficas importantes na África, Ásia e América Latina poderiam dobrar a produção de alimentos nas próximas décadas se os habitantes das partes altas dos rios trabalharem com os das partes baixas para usar eficientemente a água que têm.

Fonte: Ambiental Sustentável

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O que será dos catadores com o fim dos lixões?

Eles são os maiores responsáveis pela inserção dos materiais na cadeia produtiva da reciclagem de resíduos, mas continuam como o elo mais frágil e penalizado.

Por Rafaela Francisconi Guiterrez*


Nas últimas décadas, houve um acelerado crescimento do consumo de produtos industrializados e descartáveis. Em 2010, o País produziu 195 mil toneladas de resíduos sólidos por dia, um aumento de 6,8% em relação a 2009, quando foram geradas 182.728 toneladas (ABRELPE, 2010). No Brasil, de acordo com a última Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 18% dos 5.565 municípios possuem programas de coleta seletiva de resíduos. No entanto, esses resíduos descartados de maneira seletiva ou recolhidos diretamente dos lixões e aterros são cada vez mais utilizados como fonte de renda para milhares de pessoas, já que os brasileiros descartam todo ano cifras que equivalem a bilhões de reais em resíduos recicláveis.

No cenário brasileiro, um dos aspectos mais relevantes dessa questão é o papel que milhares de catadoras e catadores de resíduos desempenham diariamente. Coletam, separam por categorias, compactam, acondicionam e comercializam os resíduos que são descartados por nós. Ao exercerem estas atividades, são os maiores responsáveis pela inserção dos materiais recicláveis na cadeia produtiva da reciclagem de resíduos, pois coletam aproximadamente 90% dos resíduos que alimentam estas indústrias brasileiras (MNCR, 2009).

No entanto, estes catadores e catadoras, que trabalham de maneira individual nas ruas, lixões, aterros ou organizados em cooperativas e associações, são ainda o elo mais frágil e penalizado dessa cadeia produtiva. Presentes no cenário dos resíduos há diversas décadas, estes profissionais vêm ampliando suas atividades na tentativa de se fortalecerem e avançarem na cadeia produtiva da reciclagem, principalmente por meio de organizações coletivas, quer seja no campo da produção (trabalho associado, formação de redes de comercialização e beneficiamento dos resíduos) ou enquanto movimento social.

Estima-se que exista no Brasil aproximadamente um milhão de catadores de materiais recicláveis (CEMPRE, 2010), sendo que mais de 13 mil estão organizados em cooperativas, associações ou grupos informais (BRASIL, 2007). Isto significa que a grande maioria dos catadores trabalha individualmente nas ruas, lixões e aterros. Em 2010 foi aprovada a PNRS – a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305; veja reportagem) – com diversos objetivos, dentre eles a eliminação e recuperação dos lixões. Nesse contexto, o que acontecerá com esses trabalhadores e trabalhadoras?

A PNRS prevê a eliminação dos lixões associada à inclusão social e à emancipação econômica de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis. Estes trabalhadores não poderão simplesmente ser tolhidos de suas atividades e expulsos dos lixões. O governo deverá incentivar a criação e o desenvolvimento de cooperativas ou outras formas de organização coletiva de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, como previsto na Lei.

Nesse momento, outros atores importantes, que já atuam na luta por melhores condições de trabalho e para o fortalecimento dos empreendimentos coletivos de catadores, deverão ser envolvidos nesse processo, como é o caso de muitas universidades, incubadoras universitárias de empreendimentos coletivos populares e organizações não governamentais (ONGs). O governo terá o importante papel de articular e contratar estas instituições para realizarem todas as atividades pertinentes para a inserção desses catadores em empreendimentos coletivos já existentes e/ou para a criação de novos empreendimentos.

No entanto, não basta que estes catadores autônomos estejam inseridos em empreendimentos coletivos. É necessário e urgente que estes empreendimentos se fortaleçam para deixarem de ser explorados e que avancem na cadeia produtiva da reciclagem pois, como apresentado em estudo com cooperativas de catadores do Estado de São Paulo (GUTIERREZ & ZANIN, 2011), o acesso à infraestrutura e a conhecimentos adequados possibilita agregar valor ao produto, traz melhores condições de venda e, consequentemente, melhoria na qualidade de vida e do trabalho. Isso porque ainda hoje a maioria dos catadores realiza suas atividades na ponta da cadeia de valor da reciclagem de resíduos e geralmente são subordinados aos atravessadores, que efetuam a intermediação comercial e controlam a logística para armazenagem e transporte do material até as indústrias de processamento e transformação (FÉ & FARIA, 2011).

Essa situação mantém os catadores vulneráveis às variações no preço do material e dependentes dos atravessadores para o escoamento da produção. Por isso, é preciso auxiliar o acesso desses empreendimentos de catadores tanto à infraestrutura mínima (por exemplo, barracão com espaço adequado para triagem e armazenamento dos resíduos, caminhão para coleta seletiva e transporte dos resíduos, computadores, prensas, mesas, carrinhos etc.) quanto aos conhecimentos necessários para a gestão coletiva do empreendimento (trabalho coletivo, autogestão, economia solidária, capacitação técnica e gerencial, planejamento estratégico, assessoria na comercialização, administração, busca por recursos e outros). Dessa forma, esses empreendimentos terão melhores condições de sair da situação de precariedade que a maioria se encontra atualmente.

A PNRS também prioriza a implantação da coleta seletiva com a participação de empreendimentos coletivos de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formada por pessoas físicas de baixa renda. Essa é uma alternativa para a humanização e formalização do trabalho realizado pelos empreendimentos de catadores que poderão ser contratados para realizarem a coleta seletiva nas cidades, como já acontece em alguns municípios brasileiros.

Mas, para que isso seja alcançado, outras atividades devem ser realizadas de maneira articulada ao processo de sensibilização e inserção dos catadores. Será fundamental um trabalho de conscientização e inclusão da população na responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos e na participação da coleta seletiva implementada nos municípios brasileiros, já que o descarte correto dos resíduos trará o aumento da quantidade e uma melhora na qualidade da matéria-prima a ser reciclada.

Há ainda muito o que fazer para que esses catadores, que movem a reciclagem de resíduos no Brasil, e exercem uma função inestimável para a minimização dos impactos ambientais causados pela quantidade de resíduos descartados, deixem de viver na precariedade a que estão submetidos e possam avançar na cadeia produtiva da reciclagem. É preciso um esforço articulado entre governos (municipal, estadual e federal), população, empresas e outros atores envolvidos (universidades, incubadoras, ONGs, Movimento Nacional dos Catadores de Resíduos e outras instituições).

*Rafaela Francisconi Guiterrez é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Política Científica e Tecnológica da Universidade Estadual de Campinas (DPCT/UNICAMP) e colaboradora da Incubadora Regional de Cooperativas Populares da Universidade Federal de São Carlos (INCOOP/UFSCar).

Fonte:Pré-Univesp