domingo, 27 de março de 2011

Aquífero na Amazônia pode abastecer a população mundial em até 100 vezes

Enquanto boa parte do mundo já encontra-se em estado de alerta em razão da falta de água potável, como é o caso da África Subsaariana e alguns países asiáticos, uma reserva subterrânea situada em plena Amazônia pode ser a maior do planeta, graças a um volume de 86 mil quilômetros cúbicos de água doce, o equivalente para abastecer a população mundial (atualmente estimada em sete bilhões) em até 100 vezes.

A reserva em questão é o Aquífero Alter do Chão, que foi alvo de um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA), cuja publicação foi feita em abril de 2010. Localizado sob os estados do Amazonas, Pará e Amapá, o aquífero tem quase o dobro do volume de água potável que o Aquífero Guarani (com 45 mil km³ de volume), até então considerado o maior do país e que também passa pela Argentina, Paraguai e Uruguai.

"Os estudos que temos são preliminares, mas há indicativos suficientes para dizer que se trata do maior aquífero do mundo, já que está sob a maior bacia hidrográfica do mundo, que é a do Amazonas/Solimões. O que nos resta agora é convencer toda a cadeia científica do que estamos falando", afirmou ao portal G1 Milton Matta, geólogo da UFPA.

O especialista adiantou que o Aquífero Alter do Chão deverá ter o nome mudado por ser homônimo de um dos principais pontos turísticos do Pará, o que costuma provocar enganos sobre a localização da reserva de água. Uma das sugestões é Aquífero Grande Amazônia, em razão de uma "visibilidade comercial mais interessante". Matta tenta concluir a segunda etapa do estudo junto ao patrocínio do Banco Mundial e outros apoiadores científicos.

Ele também destacou a qualidade da água que pode ser explorada no Alter do Chão. "A região amazônica é menos habitada e por isso menos poluente. No Guarani, há um problema sério de flúor, metais pesados e inseticidas usados na agricultura. A formação rochosa é diferente e filtra menos a água da superfície. No Alter do Chão as rochas são mais arenosas, o que permite uma filtragem da recarga de água na reserva subterrânea", comparou Oliveira.

Além do Guarani, que abrange os estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, estendendo-se à Argentina, ao Paraguai e ao Uruguai, e do Alter do Chão, o Brasil também possui outros aquíferos importantes, como é o caso do Urucuia (BA), Serra Grande (PI) e Cabeças (MA).



Fonte:Ecodesenvolvimento.org

terça-feira, 22 de março de 2011

UnB desenvolve fórmula que reduz em 43% a contaminação

Aplicação da equação é útil, por exemplo, para a avaliar o perigo de contaminação do lençol freático

O Departamento de Engenharia Florestal da Universidade de Brasília (UnB) criou uma fórmula matemática que permite aos produtores rurais reduzirem em até 42,7% os riscos de contaminação da água por causa do uso de pesticidas. A aplicação da equação é útil, por exemplo, para avaliar o perigo de contaminação do lençol freático que irriga as bacias de abastecimento das cidades.

A equação foi criada após pesquisa de campo em cinco lavouras de culturas diferentes na Bacia do Ribeirão Pipiripau, no Distrito Federal, que abastece a população da cidade-satélite de Planaltina, a cerca de 40 quilômetros do Plano Piloto. A pesquisa ainda não foi publicada.

O modelo matemático, chamado Modelo de Avaliação e Manejo do Risco de Contaminação da Água por Pesticidas (Arca), calcula o risco de contaminação ao multiplicar os índices de vulnerabilidade dos recursos hídricos à contaminação (por causa da distância em relação à lavoura, composição do solo e ao manejo de plantio) pelo índice do potencial de contaminação dos produtos químicos usados (mobilidade, persistência e toxidade do inseticida, herbicida ou fungicida).

De acordo com o pesquisador responsável pelo estudo, Henrique Chaves, qualquer agricultor pode calcular os eventuais riscos de contaminação. “Ele vai ver em quanto foi reduzido o risco de contaminação, substituindo produtos mais tóxicos, móveis ou mais persistentes”. Segundo Chaves, por causa de sua atividade os produtores rurais conhecem as informações que compõem o índice de vulnerabilidade e podem saber o efeito dos princípios ativos dos pesticidas no meio ambiente com base nos dados registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

“No futuro, a gente poderá listar na internet todos os produtos licenciados no Brasil com o respectivo potencial de contaminação”, prevê o pesquisador ao salientar que, ao calcular o risco não significa que a contaminação ocorra de fato, ou que se possa concluir que os pesticidas estão “bem menos agressivos que no passado”.

Conforme o pesquisador, o modelo matemático serve para orientar o agricultor e evita a necessidade de tratamento futuro da água. “Uma vez que chega na água [o pesticida], é muito difícil retirá-lo por meio dos tratamentos convencionais que temos no Brasil, como, por exemplo, a purificação de água nas estações de tratamento”.

Para incentivar inovações que preservem os corpos hídricos, a Agência Nacional de Águas (ANA) mantém, em dez estados, o Programa Produtor de Água para pagamento de serviços ambientais. Atualmente, o programa apoia, orienta e certifica projetos que visem à redução da erosão e do assoreamento de mananciais no meio rural.

Fonte:Cnews/Agência Brasil

Mais da metade dos municípios pode ficar sem água em 2015

Luana Lourenço - Repórter da Agência Brasil

Dono do maior potencial hídrico do planeta, o Brasil corre o risco de chegar a 2015 com problemas de abastecimento de água em mais da metade dos municípios. O diagnóstico está no Atlas Brasil – Abastecimento Urbano de Água, lançado dia 22 pela Agência Nacional de Águas (ANA). O levantamento mapeou as tendências de demanda e oferta de água nos 5.565 municípios brasileiros e estimou em R$ 22 bilhões o total de investimentos necessários para evitar a escassez.

Considerando a disponibilidade hídrica e as condições de infraestrutura dos sistemas de produção e distribuição, os dados revelam que em 2015, 55% dos municípios brasileiros poderão ter déficit no abastecimento de água, entre eles grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre e o Distrito Federal. O percentual representa 71% da população urbana do país, 125 milhões de pessoas, já considerado o aumento demográfico.

“A maior parte dos problemas de abastecimento urbano do país está relacionada com a capacidade dos sistemas de produção, impondo alternativas técnicas para a ampliação das unidades de captação, adução e tratamento”, aponta o relatório.

O diretor-presidente da ANA, Vicente Andreu, disse que o atlas foi elaborado para orientar o planejamento da gestão de águas no país. Segundo ele, como atualmente mais de 90% dos domicílios brasileiros têm acesso à rede de abastecimento de água, a escassez parece uma ameaça distante, como se não fosse possível haver problemas no futuro. “Existe uma cultura da abundância de água que não é verdadeira, porque a distribuição é absolutamente desigual. O atlas mostra que é preciso se antecipar a uma situação para evitar que o quadro apresentado [de déficit] venha a ser consolidado”, avalia.

De acordo com o levantamento, as regiões Norte e Nordeste são as que têm, relativamente, os maiores problemas nos sistemas produtores de água. Apesar de a Amazônia concentrar 81% do potencial hídrico do país, na Região Norte menos de 14% da população urbana é atendida por sistemas de abastecimento satisfatórios. No Nordeste, esse percentual é de 18% e a região também concentra os maiores problemas com disponibilidade de mananciais, por conta da escassez de chuvas.

O documento da ANA calcula em R$ 22,2 bilhões o investimento necessário para evitar que o desabastecimento atinja mais da metade das cidades brasileiras. O dinheiro deverá financiar um conjunto de obras para o aproveitamento de novos mananciais e para adequações no sistema de produção de água.

A maior parcelas dos investimentos deverá ser direcionada para capitais, grandes regiões metropolitanas e para o semi-árido nordestino. “Em função do maior número de aglomerados urbanos e da existência da região do semi-árido, que demandam grandes esforços para a garantia hídrica do abastecimento de água, o Rio de Janeiro, São Paulo, a Bahia e Pernambuco reúnem 51% dos investimentos, concentrados em 730 cidades”, detalha o atlas.

“Esperamos que os órgãos executores assumam o atlas como referência para os projetos. Ele é um instrumento de planejamento qualificado, dá a dimensão de onde o problema é grande e precisa de grandes investimentos e onde é pequeno, mas igualmente relevante”, pondera Andreu.

Além do dinheiro para produção de água, o levantamento também aponta necessidade de investimentos significativos em coleta e tratamento de esgotos. O volume de recursos não seria suficiente para universalizar os serviços de saneamento no país, mas poderia reduzir a poluição de águas que são utilizadas como fonte de captação para abastecimento urbano.

Andreu espera que o diagnóstico subsidie a elaboração de projetos integrados, compartilhados entre os órgão executores. “Ao longo do tempo, o planejamento acabou se dando apenas no âmbito do município, que busca uma solução isolada, como se as cidades fossem ilhas. É preciso buscar uma forma de integração, de planejamento mais amplo, preferencialmente por bacia hidrográfica”, sugere o diretor-presidente da agência reguladora. “Ainda não estamos no padrão de culturas que já assumiram mais cuidado com a água. Mas estamos no caminho, e o atlas pode ser um instrumento dessa mudança”.

Fonte: Agência Brasil

Falta de capacidade técnica provoca déficit de projetos de saneamento básico

Gilberto Costa - Repórter da Agência Brasil


A segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) prevê a aplicação de R$ 40 bilhões em obras de saneamento básico entre 2011 e 2014. Junto com PAC 1 (2007-2010), são R$ 76 milhões para as obras como instalação de rede e tratamento de esgoto, fornecimento de água e drenagem em oito anos. A expectativa em Brasília é que com a continuidade dos investimentos até 2030 o Brasil universalize o fornecimento de água e esgoto para todos os domicílios urbanos.

O desafio, no entanto, não está na garantia de recursos financeiros, mas na elaboração de projetos adequados. Dois em cada dez projetos de saneamento do PAC 1 não foram sequer iniciados por falta de qualidade técnica dos projetos. O PAC teve 859 projetos selecionados no fim de 2010 e ainda não entrou em execução. Os dados foram passados pelo secretário nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, Leodegar Tiscoski. O número de projetos não iniciados do PAC 1 representa 10% do total de 1.772 projetos aprovados.

Para o secretário, há uma carência na apresentação de projetos na área de saneamento, que tem diminuído desde o PAC 1. “Duas universidades públicas ameaçaram fechar o curso de engenharia sanitária”, conta Tiscoski. O prenúncio de apagão da mão de obra da engenharia para projetos de saneamento, na visão do secretário, se soma à cultura política que compartilhavam alguns gestores públicos com o raciocínio de que “esgoto não dá voto”.

Segundo Tiscoski, o resultado é que há água encanada e tratada hoje para 92% dos domicílios urbanos, mas a rede para recolhimento de esgoto não chega a 60% das residências. E o tratamento dos dejetos domiciliares, antes de ser jogado nos rios e mares, é de 35%.

A falta de capacidade técnica torna ainda mais difícil a execução das metas de tratamento de resíduo sólido. Conforme legislação aprovada no ano passado, até agosto de 2014 não poderão mais existir depósitos de lixo a céu aberto. Os mais de 2 mil lixões do país deverão se transformar em aterros sanitários impermeabilizados para evitar a contaminação do lençol freático com o líquido que sai do lixo em decomposição, o chorume.

Além do tratamento adequado do esgoto e da instalação de aterros sanitários, ainda são desafios remover construções em áreas impróprias, como leitos de rio e canais, corrigir os sistemas precários de drenagem e consertar a rede de água. Conforme Tiscoski, a média de perda nas redes, com ligações irregulares e vazamentos, é de 40% do volume total, prejuízo estimado em até R$ 6 bilhões anuais.

A partir de janeiro de 2014, estados e municípios que não tiverem plano próprio de saneamento serão descredenciados para receber investimentos federais, provenientes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Orçamento Geral da União. Tiscoski estima que apenas 10% das unidades da Federação já tenham o plano.

Fonte: Agência Brasil/Edição: Lana Cristina

sábado, 19 de março de 2011

Desperdício de água

Por Andréa Marques, do Nota 10


Brasil perde cerca de 7,4 bilhões de reais por ano por falta de investimentos em manutenção, fiscalização e atualização de redes antigas de abastecimento de água para impedir vazamentos, ligações clandestinas - conhecidas como "gatos" - e erros de medição. O cálculo foi feito pelo consultor especialista em uso eficiente da água e energia, Airton Gomes. Para chegar a esse valor, foram usados dados de 4.561 municípios constantes no documento mais recente - de 2008 - do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, e considera a produção das cidades, tempo médio de abastecimento de 20h por dia, consumo autorizado não faturado, estimativa de perdas reais (vazamentos) e aparentes (fraudes nos hidrômetros e ramais clandestinos). De acordo com os cálculos do especialista, do total de 7,4 bilhões de reais, 4,4 bilhões de reais são recuperáveis com medidas de gestão e investimentos. Ele classifica o número como "avassalador" porque o país necessita de investimentos de cerca de 10 bilhões de reais ao ano para garantir a universalização dos serviços de água e esgoto até 2015.



Fonte: Envolverde/Nota 10

terça-feira, 1 de março de 2011

Pediatra alerta sobre poder destruidor dos esgotos

O pediatra Anthony Wong, professor e diretor do Centro de Assistência Toxicológica do Instituto da Criança e do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, não se cansa de alertar e de apontar sobre os riscos que a falta de coleta e tratamento de esgotos, e as doenças conseqüentes desse cenário podem causar na população. Apesar de lutar pela mudança nesse quadro há anos, o pediatra diz que ainda se surpreende com "o poder destruidor dos esgotos, sua capacidade de atuar em todo o território nacional e de se infiltrar em todos os níveis da sociedade".

O mais preocupante nesse quadro é o impacto da convivência com os esgotos a céu abertos para as crianças. Uma das doenças mais comuns causadas pela falta de saneamento são as diarréias, conforme comprovou o estudo do Instituto Trata Brasil (leia mais neste blog). No entanto, conforme explica o Dr. Wong, "após três ou quatro crises de diarréia, a criança cria imunidade, e então, desde que haja uma boa nutrição, as diarréias ficam menos importantes, uma vez que a criança se recupera bem".

Porém, conforme alerta o Dr. Wong, outras doenças causadas pela falta de coleta e tratamento dos esgotos prejudicam o desenvolvimento das crianças e condenam essas crianças em longo prazo. O quadro se torna ainda mais alarmante se pensarmos em crianças de até 5 anos: os danos sofridos durante esse estágio da infância são permanentes. "Tratam-se de doenças toxicológicas causadas pela contaminação por substâncias químicas vindas de causas e produtos diversos, tais como a lata de refrigerante, a lata de tinta, garrafas PET, óleo de cozinha, sacolas plásticas, entre outros objetos que são lançados diariamente nos rios e nos esgotos a céu aberto das comunidades carentes em todo o País", explica.

Tais substâncias afetarão a capacidade imunológica dos glóbulos brancos eliminarem as bactérias e de produzir anticorpos provocando alergias respiratórias, nasais, intestinais e de pele que vão permanecer com essa criança por muito tempo. Além disso, a criança terá também a sua função renal alterada podendo tornar-se hipertensa e seu rim pode vir a sofrer uma falência precoce.

Segundo o Dr. Wong, os danos em crianças de até 5 anos são permanentes porque elas ainda estão em fase de desenvolvimento corporal e do cérebro. "Essa é a fase mais importante do ser humano em termos de ditar a qualidade de vida como adulto, incluindo também os nove meses de gestação da mãe; é a fase mais crítica, ou seja, quando os órgãos estão se formando, pois eles estão extremamente sensíveis e suscetíveis a pequenas modificações ambientais ou de ingestão de substâncias", explica.

O pediatra chama ainda atenção para a visão míope dos governantes: "constroem estádios enormes e esquecem de investir em uma área que é fundamental, que representa um investimento, que no futuro irá refletir em uma economia enorme que é a de não ter que cuidar de uma criança com deficiência mental, intelectual, imunológica ou de saúde decorrente da exposição a substâncias químicas que permeiam o nosso país", conclui.

Fonte: Instituto Trata Brasil

Saneamento inadequado: um mal que ameaça o futuro do Brasil

Estudo revela expressiva participação infantil nas internações por diarréias e que, em 2008, 67 mil crianças com até 5 anos foram internadas por diarréias nos 81 municípios pesquisados

O novo estudo do Instituto Trata Brasil "Esgotamento Sanitário Inadequado e Impactos na Saúde da População", lançando em Janeiro, revelou que as diarreias respondem por mais de 50% das doenças resultante do saneamento ambiental inadequado, sendo responsáveis também por mais da metade dos gastos com esse tipo de enfermidade. O estudo, desenvolvido pelos pesquisadores Denise Kronemberger e Judical Clevelário Júnior a pedido do Instituto Trata Brasil confirma ainda a associação entre saneamento básico precário, pobreza e índices de internação por diarréias.

O estudo fez um recorte da realidade dos 81 municípios mais populosos do país entre 2003 e 2008, a partir da compilação e do cruzamento de informações sobre níveis de coleta de esgoto, taxas de internação por diarréias e custos hospitalares assumidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Para o Presidente do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, os resultados do estudo evidenciam a existência de dois "Brasis" no que se refere a abrangência dos serviços de coleta do esgoto. O primeiro é formado por municípios com elevados níveis de cobertura e, portanto, menos sujeitos a doenças decorrentes de saneamento inadequado. No segundo, predominam localidades mais pobres, desassistidas de condições mínimas de esgotamento sanitário e com uma população permanentemente exposta a enfermidades.

Assim como acontece com o perfil geográfico dos municípios com piores índices de coleta de esgoto, o Norte e o Nordeste aparecem entre 2003 e 2008 como as áreas com as taxas mais elevadas de internações por diarréias - 7 das cidades com pior desempenho eram dessas regiões. As outras estavam no Centro-Oeste (Complexo Brasília-Goiânia) e no Sudeste (Baixada Fluminense). Esse ranking indica serem as regiões mais pobres do país e as periferias das grandes cidades as áreas mais críticas em termos de internações por diarréias.

Os resultados do estudo também chamam atenção para um dado bastante preocupante, um verdadeiro golpe silencioso em parte da geração que irá formar o Brasil de amanhã: as crianças de até 5 anos são o grupo mais vulnerável às diarréias e representam mais de 50% das internações por esse tipo de enfermidade. Em 2008, mais de 67 mil crianças menores de 5 anos foram internadas por diarréias nos 81 municípios analisados. Este contingente representou 61% de todas as hospitalizações por diarréias registradas no universo pesquisado. Em 16 das 81 cidades analisadas, a proporção superou 70%. A situação é mais grave onde há menos saneamento e mais pobreza.

Os municípios de Ananindeua (PA), Maceió (AL), João Pessoa (PB) e Teresina (PI) tiveram em 2008 a situação mais crítica em relação aos números absolutos de internações por diarréias de crianças menores de 5 anos.

Esgotamento sanitário X Taxas de Internação

O estudo também revelou que há uma nítida tendência de redução das taxas de internação por diarréias com a expansão do esgotamento sanitário. Com base na média das taxas de internação por diarréias nos 10 municípios com maior cobertura de coleta de esgoto, o estudo identificou uma média de 49,1 internações por grupo de 100 mil habitantes entre 2003 e 2008. Esse resultado é 4 vezes menor do que a média das taxas de hospitalização observada nas 10 cidades com os piores índices.

O resultado confirma o Ranking Trata Brasil de avaliação dos serviços de saneamento das 81 maiores cidades do País, lançado em 2010, ou seja, as cidades melhor atendidas em coleta e tratamento de esgoto possuem as menores taxas de internação por diarréias. O mesmo se aplica as cidades que ocupam as piores posições no Ranking, que apresentam taxas de internação maiores.

Conclusões

• A universalização do saneamento básico, em especial dos serviços de coleta e tratamento de esgoto, é urgente para poder alterar o panorama das internações por diarréia nos País, contribuindo para melhorar a saúde da população e para diminuir os gastos com internação por essa enfermidade;

• As diarréias acometem, principalmente, crianças de até 5 anos de idade, que necessitam, mais do que o restante da população, de boas condições de saúde e bem-estar para seu pleno desenvolvimento, aprendizado escolar e participação na sociedade civil;

• Fazer com que os municípios brasileiros avancem rumo à universalização do saneamento básico é firmar um compromisso com um amanhã melhor para todos.

Fonte: Instituto Trata Brasil