domingo, 27 de setembro de 2009

Queima do lixo no Brasil pode gerar 300 MW de energia em cinco anos.

Estimativa é da Pöyry, empresa finlandesa especializada na implantação de usinas térmicas a partir de lixo.

Estimativa da Pöyry, multinacional da área de consultoria e engenharia especializada na área de Energia, entre outros setores, é de que o Brasil pode gerar 300 MW de energia com a incineração de 12.000 toneladas de lixo ao dia. A geração de energia elétrica a partir da queima do lixo é uma atividade que tem grande potencial de desenvolvimento no País, e pode se tornar viável em escala expressiva, favorecendo o meio ambiente.

O Brasil gera atualmente 170.000 toneladas de lixo/dia, dos quais aproximadamente 70% vão para lixões não controlados e apenas 30% vão para os aterros sanitários ou controlados. Se 10% desse total de lixo for queimado, em usinas com tecnologia de ponta na área ambiental, seria possível gerar energia suficiente para abastecer uma cidade de 1 milhão de habitantes e também evitar a emissão de aproximadamente 10.000 toneladas de CO2 equivalente/dia, segundo estimativa da Pöyry.

“A queima com geração de energia é a única solução para o problema do lixo no País, pois os aterros estarão saturados no futuro próximo e a criação de novos se depara com dificuldades para obtenção de licenças. Levando-nos a aterros cada vez mais longínquos e de operação mais cara”, observa Marcelo Cordaro, presidente da Pöyry Tecnologia no Brasil, empresa que foi responsável pela implantação de mais de 100 usinas de geração de energia a partir de lixo na Europa.

Segundo ele, na cidade de São Paulo, a implantação de uma usina é viável economicamente apenas com o valor que a Prefeitura gasta hoje com despesas de aterro e transbordo de lixo, com a venda de energia elétrica e com a venda de créditos de carbono. “Esse tipo de investimento deve ser suportado pelo setor privado, com o apoio do governo, no sentido de garantir uma remuneração semelhante ao que é pago hoje para os aterros”, acrescenta Cordaro.

O investimento estimado em uma usina com capacidade para processar 1.200 toneladas/dia é de R$ 345 a 390 milhões, com retorno previsto dentro do esperado. “A cidade de São Paulo produz algo como 12 mil toneladas de lixo por dia, o que permitiria gerar aproximadamente 300 MW de energia, o suficiente para abastecer 1 milhão de habitantes”, afirma o presidente da Pöyry.

Apesar dos benefícios para o meio ambiente, os avanços tecnológicos da queima do lixo são pouco conhecidos no mercado brasileiro, e a legislação ainda é tímida porque só regulamenta os aterros, cuja atividade traz prejuízos para o meio ambiente em termos de emissões de gás metano. “A tecnologia de incineração do lixo avançou muito e conta com um forte controle das emissões de gases, mas a percepção no Brasil ainda é a dos velhos incineradores, já desativados e que eram pouco eficientes em termos tecnológicos e de emissões”, ressalta.

A Pöyry implantou na Europa e Ásia mais de 6.000MW térmicos em plantas que combinam geração de energia e de vapor para aquecimento municipal a partir da queima de lixo e que evitam a emissão de aproximadamente 19 milhões t/ano de CO2 equivalente.

Para que a geração de energia a partir da queima do lixo se torne uma realidade no Brasil, é importante que alguns projetos de lei em tramitação no Congresso, regulamentem a operação da planta. As perspectivas começam a melhorar em função da possibilidade do projeto de lei de Resíduos Sólidos incluir um artigo apoiando a queima do lixo com geração de energia. Também há expectativa com a possível criação de um regime tributário especial para fontes alternativas de energia e a inclusão da queima do lixo nessa proposta.

Especialização na área de energia - Empresa sediada na Finlândia, a Pöyry é líder européia em consultoria e uma das líderes mundiais no fornecimento de serviços de engenharia e gerenciamento de projetos de energia. No Brasil, a empresa se tornou reconhecida pela liderança no atendimento do setor de papel e celulose, e está ampliando o foco em projetos de energia renovável de todos os tipos de geração, incluindo hidrelétrica (de pequeno e grande porte), eólica e termoelétrica movida a biomassa a partir de resíduos de celulose e papel, casca de arroz, bagaço de cana, além de energia gerada a partir da queima de lixo.

Entre os serviços oferecidos, está a orientação para as empresas na instalação das usinas de lixo, realização de estudos de viabilidade econômica, consultoria na compra de equipamentos, elaboração do projeto básico, gerenciamento na implantação, construção e montagem, além de suporte para o início da operação da planta.

Portal Fator Brasil

PESQUISAS COM LODO DE ESGOTO INDICAM CAUTELA NO USO EM ALIMENTOS

Cristina Tordin - Embrapa Meio Ambiente.

Com o objetivo de avaliar a segurança do uso de lodo de esgoto como adubo de plantas cultivadas, projeto de pesquisa desenvolvido na Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) investigou a absorção de algumas substâncias orgânicas presentes no lodo por plantas de milho. Um dos resultados foi a identificação dos níveis de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) em grãos de milho cultivados em áreas com histórico de aplicações de lodo de esgoto. Foi observado também que o seu uso contínuo como fertilizante agrícola pode contaminar o solo com HPAs.

O pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Lourival Costa Paraíba ressalta que este é o primeiro projeto desenvolvido no Brasil que observa níveis de HPAs em solos fertilizados com lodo de esgoto e em grãos de milho cultivados nesses solos.

Os HPAs constituem uma ampla classe de compostos químicos orgânicos geralmente formados a partir da queima incompleta de material orgânico. São compostos orgânicos hidrofóbicos, não polares, formados por dois ou mais anéis benzênicos, constituídos exclusivamente por átomos de carbono e hidrogênio. Além de nocivas a diversos organismos aquáticos e terrestres, estas substâncias podem persistir por várias décadas no ambiente. Alguns destes compostos são comprovadamente carcinogênicos ou mutagênicos para humanos, explica o pesquisador.

A presença de HPAs em alimentos deve-se principalmente à sua formação durante certos tipos de processamentos como defumação, torrefação e secagem. Os HPAs têm sido encontrados nos mais diferentes tipos de alimentos, incluindo produtos como óleos vegetais, margarinas, maionese, produtos lácteos, frutas, vegetais, produtos defumados, chá, café, açúcar, cereais, água, alimentos de origem marinha, alimentos grelhados, entre outros. Assim, a exposição humana a HPAs pode ocorrer por meio de alimentos industrializados, águas contaminadas ou produtos agrícolas.

O lodo de esgoto é um material complexo resultante do processo utilizado nas estações de tratamento de esgoto. Em todo o mundo, rejeitar lodo é um problema ambiental, pois as estações de tratamento de esgotos produzem mensalmente uma quantidade elevada deste material. A rica composição em matéria orgânica, nitrogênio e fósforo fazem com que o lodo seja considerado um adubo útil para condicionar e fertilizar solos agrícolas ou recuperar áreas degradadas.

Além disso, seu uso pode proporcionar valiosos benefícios econômicos, agrícolas e ambientais. Entretanto, nos lodos, além de microorganismos e metais pesados, podem estar presentes compostos orgânicos poluentes como os HPAs. Em geral, a presença dessas substâncias está associada à mistura não controlada de esgotos domésticos com esgotos industriais.
Conforme o pesquisador, alguns lodos podem contaminar cultivos agrícolas, solos, águas superficiais e subterrâneas com nitratos, metais pesados, patógenos e compostos orgânicos persistentes.

No Brasil, a portaria do Conselho Nacional do Meio Ambiente - Conama 357/2005, em resposta a uma solicitação realizada pela Embrapa regulamenta o seu uso como fertilizante agrícola. No Estado de São Paulo, a taxa de aplicação de lodo em solos agrícolas segue a norma técnica P4.230/99 da Cetesb que impõe limites à carga de metais pesados, ao aporte de nitrogênio em relação à necessidade nutricional da planta cultivada e à taxa de mineralização do nitrogênio, entre outras providências.

Na metodologia empregada pelo projeto foi decidido identificar os níveis de resíduos de 16 HPAs em solos e em grãos de milho. Os HPAs escolhidos são recomendados pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA-USA) como os prioritários em estudos ambientais e alimentares. Para tanto, foram verificados os seus níveis de resíduos em amostras de solos e de grãos de milho cultivados na estação experimental da Embrapa Meio Ambiente. Esta área foi utilizada durante seis anos consecutivos para o cultivo de milho com lodo. Nessa estação, além do estudo de problemas ambientais associados à utilização de lodos como fertilizantes, suas aplicações históricas tiveram como objetivos avaliar os seus efeitos na nutrição de plantas de milho e nos atributos físico-químicos de solos.

Segundo a pesquisadora Sonia Queiroz, responsável pelo Laboratório de Resíduos e Contaminantes – LRC da Embrapa Meio Ambiente, para alcançar os resultados analíticos obtidos pelo projeto foi necessário adaptar e validar métodos cromatográficos de análise de resíduos de HPAs em amostras de lodos, solos e grãos de milho.

Dados da Associação Brasileira da Indústria do Milho – Abimilho atestam que o consumo per capita brasileiro de milho situa-se ao redor de 18 kg/pessoa/ano. O nível total de HPAs em grãos de milho identificado pelo projeto de 35ug/kg foi usado para estimar a ingestão de HPAs pelo consumo diário de grãos de milho por uma pessoa vivendo no Brasil. Os resultados indicaram que os níveis de HPAs nos grãos de milho produzido nos solos estudados não comprometem a sua qualidade para consumo humano.

Segundo padrões internacionais, o nível total de HPAs de 290ug/kg em solos da estação experimental com histórico de seis anos de aplicações de lodo indicou que apresentam contaminação leve, quando comparado com o nível de 105ug/kg encontrado em solos sem histórico de aplicação de lodos da mesma estação experimental.

Os resultados do projeto, atualmente financiado pela Fapesp (Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo), são importantíssimos, enfatiza Paraíba, “uma vez que fornecem subsídios e direções para decisões técnicas e políticas no sentido de cultivar ou não plantas utilizando lodo de esgotos”, diz ele. Porém, “é importante notar que o uso continuado de lodo como fertilizante pode contaminar solos agrícolas com HPAs”.

Àgua online

CRESCE MERCADO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES

Com empresas de capital nacional e estrangeiro, o setor de tratamento de resíduos industriais processa um volume de 3,6 milhões de toneladas por ano, movimentando R$ 1,5 bilhão com serviços prestados a 15 mil clientes industriais.

Segundo o Sindicato Nacional das Indústrias de Equipamentos para Saneamento Básico e Ambiental (Sinesam), composto por mais de 90 empresas, o segmento registrou crescimento nas vendas de 28%, no primeiro semestre de 2008, em comparação com o mesmo período de 2007. Estudos revelam que nos próximos anos a América Latina terá investimentos em tratamento de efluentes e de água industrial da ordem de US$ 2,2 bilhões. Desse total, pouco acima da metade se voltará apenas ao mercado brasileiro, um dos principais nesse setor.

Segundo o presidente do Sinesam, Gílson Cassini Afonso, os investimentos na área de saneamento também tem acelerado o crescimento do setor. "Em 2008, obras de saneamento básico superaram R$ 10 bilhões o que já sinaliza as boas perspectivas de crescimento da indústria fornecedora para o setor de água e esgoto", diz Cassini.

De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Tratamento de Resíduos (Abetre), o volume de resíduos industriais tratados deve atingir a marca de 8 milhões de toneladas em 2009, número superior ao dobro do volume processado em 2004. Para o presidente da Abetre, Diógenes Del Bel, o Brasil precisa adotar uma série de medidas de proteção, que estão o campo de atuação de empresas especializadas. “É uma atividade que demanda tecnologia, além de capacidade gerencial e empreendedora. E isso vem sendo implantado no Brasil por exclusiva iniciativa do setor privado”, disse Del Bel.

Destaque na indústria têxtil, Santa Catarina tem investido cada vez mais em tecnologia de ponta para a sustentabilidade desse setor. Em Brusque, principal pólo têxtil catarinense, com 290 fábricas, a Estação de Tratamento de Efluentes Industriais é a única no País que utiliza a tecnologia de poço profundo - deep shaft –, muito empregada no Japão e em países onde há necessidade de reutilização de água e também onde o tratamento é feita perto de centros urbanos. Esses resíduos chegam à estação, onde são tratados com um reator anaeróbico de 4 metros de diâmetro por 60 metros de profundidade, alimentado por ar comprimido garantindo a eficiência no tratamento biológico.

De acordo com o presidente da Riovivo Ambiental, empresa que administra a ETE de Brusque, Ceciliano Ennes, a inovação tecnológica é essencial para a preservação do meio ambiente. Recentemente, foram investidos mais de R$ 1,5 milhão em tecnologia na ETE para dar início a três importantes processos: automação, cobertura dos tanques e a secagem do resíduo sólido resultante do tratamento. “Todos os investimentos e inovação são voltados para otimizar a preservação do meio ambiente da nossa região”, afirma Ennes.

Água Online

US$ 1 DOLAR POR ÁGUA SUJA.

As doenças diarréicas tiram a vida de cerca de 2 milhões de crianças a cada ano - 5.000 por dia - e um número incontável delas sofrem desde o nascimento com doenças relacionadas com a falta de saneamento básico, como diarréia, cólera e febre tifóide. O alerta, feito pelo UNICEF, há cinco anos permanece extremamente atual ainda hoje. E ganha novos contornos com o lançamento pela entidade da ONU para a Infância da campanha US$ 1 por uma garrafa de água suja.

Várias máquinas, semelhantes às que vendem refrigerantes, foram espalhadas por Nova York oferecendo garrafas de água supostamente contaminadas por vírus e bactérias causadoras de doenças como a diarréia, a malária, a febre tifóide ou o cólera.

A idéia da campanha é chocar o público e ampliar as doações para as ações humanitárias e da área de saneamento, especialmente para países do Terceiro Mundo. No yuotube é possível assistir a um vídeo mostrando a elaboração da campanha e o lançamento nos Estados Unidos.

O mote é “Por 1 dólar, saboreie a água suja que se bebe diariamente na África e na América Latina" . Os nova-iorquinos que caminham pela Rua 14 olham admirados ao insólito "vendedor" e fazem cara de nojo diante das garrafas com um líquido de suspeita cor alaranjada.

Quando os passantes “mordem a isca”, o homem se identifica. Se chama Dámaso Crespo, espanhol e diretor artístico da campanha “Dirty Water/Agua Suja”, da agencia Casanova Pendrill, que inundou as ruas de Nova York.

A idéia da original campanha é arrecadar fundos para o Tap Project, em cooperação com o Unicef e para atingir a meta de prover de água potável durante 40 dias a uma criança por cada dólar arrecadado.

«Escolha você. Temos água com sabor a tifo, a cólera, a malária, a hepatite, a disenteria, a febre amarela...», são algumas das opções do mercado. Quando o interessado se dispõe a sacar o dólar e a comprar a água suja na máquina Dámaso e sua equipe explicam: « Para tua própria saúde economiza o dólar que te custa a água suja e doa o dinheiro ao Unicef.

Um mal que desafia o tempo

A diarréia se espalha mais facilmente em ambientes de saneamento pobre onde a água potável está indisponível. Muitas vezes essas áreas foram atingidas por catástrofes naturais ou tornaram-se degradadas pela ação do homem.

Doenças transmitidas pela água são uma das principais causas de mortalidade em menores de cinco anos, juntamente com pneumonia, malária e sarampo. No caso de catástrofes, o abastecimento de água e instalações sanitárias que não estão devidamente protegidas são rapidamente danificadas.

"Quando as catástrofes naturais como terremotos e inundações ou catástrofes provocadas pelo homem como conflito destroem ou contaminam o abastecimento de água, a primeira conseqüência `uma ameaça à vida de crianças," segundo o UNICEF. Uma quantidade cada vez maior de recursos de água e saneamento são dedicados às situações de emergência - naturais e provocadas – em que comunidades pobres enfrentam o maior perigo. O UNICEF está empenhada em garantir o fornecimento de água potável e saneamento no prazo de 72 horas da superveniência de emergência porque as crianças são particularmente vulneráveis aos perigos da água suja em situações de emergência, como desastres naturais e conflitos. A melhor maneira de evitar o efeito de emergência, segundo a entidade é capacitar comunidades locais para cuidar de seu abastecimento de água e de governos a fazer investimentos que assegurem a segurança de água e saneamento mesmo durante os tempos mais difíceis.

Envolverde/Água online.

A SOLUÇÃO ESTÁ NO LIXO

Depois de tentativas de se produzir biocombustíveis a partir de milho, soja e cana-de-açúcar, o que resultou em um aumento no preço dos alimentos e, em alguns casos, prejudicou ainda mais o meio ambiente do que a queima de combustíveis fósseis, a nova opção é extrair etanol do lixo.

No ano passado, os Estados Unidos produziram 32 bilhões de litros de etanol proveniente de diferentes fontes, e a previsão do Governo é de que esta quantidade chegue a quadruplicar até 2022. O lixo urbano pode ser utilizado na produção de pelo menos metade desta quantidade, e a Fulcrum BioEnergy, uma empresa da cidade de Pleasanton, no estado americano da Califórnia, já percebeu esta tendência.

A companhia investiu US$ 100 milhões na construção de uma usina em Reno (Nevada), que produzirá 37,8 milhões de litros de etanol por ano, proveniente somente de resíduos sólidos urbanos. James Macias, dono da empresa, detectou outras 26 localidades pelo país onde o volume de lixo produzido pela cidade tornaria viável a construção de mais usinas similares ou até maiores. No total, a empresa poderia produzir mais de 3 bilhões de litros de etanol por ano, por aproximadamente apenas US$ 0,27 por litro.

Atualmente, a gasolina abastecida nos postos já contém de 5% a 10% de etanol, mas os motores de carros de passeio suportariam um índice de até 20%, sem que seus donos percebessem diferença alguma em seu desempenho. A grande vantagem está na baixa emissão de gases que agravam o efeito estufa, que chega a ser 85% menor dependendo do tipo de processo de fermentação do combustível.


Fonte: Envolverde.