quinta-feira, 31 de maio de 2012

Teste realizado no IPT compara a biodegradação de quatro diferentes tipos de sacolas de supermercado



Sob contratação da Rede Globo de Televisão, para série de matérias publicadas no Jornal SPTV 1º Edição, o Centro Tecnológico de Processos e Produtos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) realizou um estudo para comparar o comportamento biodegradável de quatro diferentes embalagens vendidas ou dadas em supermercados.

Dentro dos tubos de ensaio são colocadas as amostras de plástico junto com uma solução mineral para que elas sejam consumidas por micro-organismos.

Para serem submetidas aos testes do Laboratório de Biotecnologia Industrial do Instituto, as quatro sacolas, algumas conhecidas como “degradáveis”, foram trazidas pela equipe do jornal. O resultado apresentou a porcentagem que cada material biodegradou – a margem de erro é de 10%: as de papel biodegradaram cerca de 40%; as de plástico comum 30%; as de amido de milho (feita a partir de fontes retornáveis) 15%; e as oxidegradáveis (que recebem aditivos para se degradarem mais rápido) apenas 2%. De modo geral, nas condições do teste empregado, nenhuma das amostras analisadas pode ser considerada como de fácil biodegradação, isto é, não serão degradadas rapidamente na natureza. Porém, existem diversos fabricantes de sacolinhas no mercado e o teste foi realizado em apenas uma amostra de cada material. “A conscientização do consumidor em contribuir com a redução dos lixos, coleta seletiva e reciclagem pode ser tão importante quanto os novos materiais no mercado”, afirmou a pesquisadora Maria Filomena Rodrigues.

Segundo a determinação do “Teste da Biodegradabilidade Imediata pela Medida do Dióxido de Carbono Desprendido em Sistema Aberto”, facilmente biodegradável é todo material cujo conteúdo orgânico se transforma em água e gás carbônico (mínimo 60%), em até 28 dias. Compostável, por sua vez, é o material que se biodegradou e gerou húmus com ausência de metais pesados e substâncias nocivas ao meio ambiente, que permitem a germinação e o desenvolvimento normal de plantas.
Bactérias retiradas do solo ficam em observação para pesquisadores acompanharem seu desenvolvimento

O ensaio realizado no Instituto consiste em submeter os diferentes tipos de embalagens em uma solução mineral para que elas sejam consumidas por microorganismos naturais, retirados da natureza (solo, lago, lodo), simulando com maior intensidade o que pode acontecer no meio ambiente. Sendo assim, as sacolinhas são a única substancia orgânica fonte de “alimento” para essas bactérias. A avaliação da biodegradabilidade é realizada em condições similares, tanto quanto possível, às do ambiente de destinação.

A biodegradação leva a formação de dióxido de carbono (CO2), água e biomassa. A porcentagem de CO2 apresentado pelo material estudado, em relação ao total de CO2 teoricamente esperado para a completa oxidação do conteúdo de carbono da amostra (CO2 – teórico), informará se a sacola é biodegradável ou biorresistente, determinada nessa metodologia por 28 dias.

Já no Laboratório de Processos Químicos e Tecnologia de Partículas, foram realizados os ensaios para identificação química das sacolas plásticas. Por meio desta técnica, foi identificado que as sacolas “oxidegradável” e “convencional” são constituídas de polietileno, um dos tipos de plástico mais comum. Na sacola de “amido” foi identificada a presença de um constituinte polimérico quimicamente diferente das outras duas citadas, um polímero do tipo poliéster, que inclui produtos químicos presente nas plantas. É importante ressaltar, que as técnicas empregadas não permitem identificar a presença de possíveis aditivos nas sacolas, como os oxidegradáveis. Ainda, não é possível avaliar origem do material polimérico, se é proveniente de uma fonte renovável ou não.

Normas do estudo

O Laboratório de Biotecnologia Industrial do IPT realizou o ensaio baseado no “Teste da Biodegradabilidade Imediata pela Medida do Dióxido de Carbono Desprendido em Sistema Aberto” (Norma IBAMA – E.1.1.2. – 1998), seguindo as prescrições do “Manual de Testes para Avaliação da Ecotoxicidade de Agentes Químicos do IBAMA” e do guia “OECD Guideline for Testing of Chemicals, 301 (1992)”.

A Norma brasileira “ABNT NBR 15448”, em vigor hoje no Brasil, atende às principais normas utilizadas pelas instituições internacionais (ISO 14855:1999, EN 14045:2003, EN 13432 e OECD 208 vigentes). Os testes especificados nessa norma estão sendo implantados no LBI e permitirão avaliar se o material analisado além de biodegradável, é ainda compostável e não tóxico.


FONTE: Informe do IPT, publicado pelo Canal VG, 31/05/2012


quarta-feira, 30 de maio de 2012

Censo 2010: Municípios entre 500 mil e 1 milhão de habitantes registraram maior proporção de esgoto a céu aberto no entorno dos domicílios.

A iluminação pública foi a característica de infraestrutura urbana mais presente no entorno dos domicílios investigados no Censo 2010, atingindo 96,3%. Com menor incidência no entorno dos domicílios, os bueiros, fundamentais para o escoamento da água das chuvas, foram observados em menos da metade (41,5%) dos domicílios do país. Entre os municípios com mais de um milhão de habitantes, registraram as maiores proporções de bueiro, Rio de Janeiro (84,6%) e Curitiba (84,3%), enquanto as mais baixas foram em Fortaleza (16,5%) e São Luís (17,1%). Já a ocorrência de rampa para cadeirantes próxima ao domicílio variou de apenas 1,6% (Norte e Nordeste) a 7,8% (Sul e Centro Oeste). A pesquisa verificou, também, a existência de esgoto a céu aberto (11,0%) e depósitos de lixo nos logradouros (5,0%) do entorno dos domicílios. A grande maioria (87,4%) dos domicílios com rendimento nominal mensal domiciliar per capita maior de 2 salários mínimos possuía calçada em seu entorno, em comparação com 45,4% daqueles com até ¼ de salário mínimo por morador. As crianças estavam mais sujeitas a condições precárias: 15,1% delas, na faixa de 0 a 4 anos, viviam em áreas com esgoto a céu aberto e 6,4% em locais com acúmulo de lixo. Entre os quinze municípios com mais de um milhão de habitantes, Goiânia e Belo Horizonte apresentavam a melhor infraestrutura urbana. As cidades mais arborizadas do país eram Goiânia (entorno de 89,5% dos domicílios), Campinas (88,4%) e Belo Horizonte (83,0%). Estes são alguns dos resultados do estudo inédito Censo Demográfico 2010 – Características Urbanísticas do Entorno dos Domicílios. As informações foram obtidas durante a etapa de pré-coleta do Censo 2010, através da observação direta de características previamente definidas em cada face de quadra das áreas urbanas do país, correspondentes a 96,9% dos domicílios urbanos, com o objetivo de conhecer a infraestrutura urbana do país, relacionando as variáveis territoriais, domiciliares e as características socioeconômicas e demográficas da população.

 A publicação completa está disponível na página http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/entorno/default_entorno.shtm

4,7% dos domicílios urbanos possuíam rampa para cadeirantes no seu entorno

Para o total do país, o estudo demonstrou que a iluminação pública foi a característica de infraestrutura urbana mais presente no entorno dos domicílios investigados no Censo 2010, atingindo a proporção de 96,3%. A pavimentação das vias (81,7%), meio fio/guia (77,0%), calçadas (69,0%), arborização (68,0%) e identificação do logradouro (60,5%) também apresentaram percentuais superiores a 50%, enquanto bueiros (41,5%) e rampa para cadeirantes (4,7%) estavam menos presentes no entorno dos domicílios. No total do país, verificou-se a existência de esgoto a céu aberto e depósitos de lixo nos logradouros do entorno em 11,0% e 5,0% dos domicílios, respectivamente.

Esgoto a céu aberto tinha alta incidência no Norte (32,2%) e Nordeste (26,3%)

A região Sudeste apresentava elevada proporção na maioria das características desejáveis no entorno dos domicílios, com destaque para pavimentação (90,5%), meio-fio (87,9%), calçada (82,2%) e identificação dos logradouros (73,2%). O percentual de rampa para cadeirante ficava em 5,0%. Na região Sul, notou-se a mais elevada presença de bueiros (64,1%).

A região Norte concentrou a menor incidência de domicílios situados em entorno com identificação (36,1%), pavimentação (61,9%), arborização (36,7%), meio-fio/guia (46,1%), calçadas (32,4%), bem como as maiores proporções para depósito de lixo (7,8%) e esgoto a céu aberto (32,2%), características associadas ao meio ambiente e a saúde da população.

No Nordeste, mais de um quarto dos domicílios (26,3%) encontrava-se em vias públicas com esgoto a céu aberto. A região obteve as menores proporções de bueiros/bocas de lobo (18,0%), empatando com o Norte em relação ao menor percentual de rampa para cadeirante (1,6%). Na região Centro-Oeste, havia a menor incidência de domicílios situados em logradouros com depósito de lixo (3,7%) e esgoto a céu aberto (2,9%), além de possuir a mais elevada proporção de rampas para cadeirante (7,8%).

Municípios entre 500 mil e 1 milhão de habitantes registraram maior proporção de esgoto a céu aberto no entorno dos domicílios

A iluminação púbica apresentava elevadas proporções em todas as classes de tamanho de população, variando de 94,9% (municípios com até 20 mil habitantes) até 97,1% (nos municípios com mais de 500 mil habitantes). Observou-se que os municípios com mais de um milhão de habitantes apresentaram percentuais mais altos de domicílios localizados em áreas com iluminação pública (97,1%), pavimentação das vias públicas (92,8%), meio fio/guia (85,8%), calçada (82,9%) identificação de logradouros (79,9%) e 8,6% de rampas para cadeirantes. No outro extremo, os municípios com população até 20 mil habitantes, caracterizaram-se pelas mais baixas incidências de bueiro (26,7%), identificação do logradouro (43,0%) e calçada (53,2%).

O percentual de domicílios com depósito/acúmulo de lixo nos logradouros em seu entorno aumentava proporcionalmente em relação ao tamanho do município, variando de 3,0%, nos municípios com até 20 mil habitantes, até 7,4%, nos de mais de 500 mil a 1 milhão de habitantes, para decrescer naqueles com mais de 1 milhão de habitantes (4,8%).

O esgoto a céu aberto apresentou uma oscilação em relação ao tamanho dos municípios, com o mais baixo percentual naqueles com mais de 1 milhão de habitantes (7,8%) e o mais alto em municípios de mais de 500 mil a 1 milhão de habitantes (14,3%). Nesse conjunto de características, a arborização foi a que menos variou segundo a população dos municípios, de 65,4% (mais de 100 mil a 200 mil habitantes) a 70,6% (até 20 mil habitantes).

Domicílios sem coleta de lixo tinham infraestrutura urbana mais precária

Quatro características configuram o meio ambiente urbano no entorno dos domicílios: a existência de bueiro (drenagem urbana), de esgoto a céu aberto, de lixo acumulado nos logradouros e de arborização. Em termos quantitativos, elas definem o nível de qualidade de vida em extremos opostos: por um lado, quanto mais alta a incidência de bueiros e de árvores, melhor a estrutura urbana disponível; por outro, quanto mais alta a existência de esgoto a céu aberto e de lixo acumulado nas vias urbanas, mais precárias as condições de vida da população.

Assim, os domicílios com lixo coletado diretamente por serviço de limpeza (empresa pública ou privada) apresentaram os mais altos percentuais de entorno com iluminação pública (97,2%), pavimentação (83,7%), meio-fio/guia (79,4%), arborização (69,1%), identificação de logradouro (62,3%) e bueiro/boca de lobo (43,1%). Já a condição menos desejável, de outro destino para o lixo (lixo queimado no terreno ou propriedade em que se localiza o domicílio, jogado em terreno baldio ou logradouro público ou nas águas de rio, lago ou mar), acompanha os índices mais baixos de iluminação pública (75,5%), ruas em pior estado de calçamento (pavimentação, 29,6% e meio-fio/guia, 22,3%), falta de bueiro/boca de lobo (existente em apenas 6,9% do total pesquisado) e arborização mais escassa (48,8%). A presença de lixo acumulado nos logradouros (12,9%) e a existência de esgoto a céu aberto (29,0%) ocorriam, com mais frequência, no entorno dos domicílios, na classificação “outro destino” para o lixo.

A comparação feita com as condições de esgotamento sanitário tem feições semelhantes. Os percentuais mais altos de características que apontam para uma condição urbana mais apropriada encontravam-se entre os domicílios ligados à rede geral de esgoto: iluminação pública (97,7%), pavimentação (88,6%), meio-fio/guia (84,5%), calçada (78,1%), arborização (70,5%) e identificação do logradouro (67,4%).

Mas, quando se trata de esgoto a céu aberto e de lixo acumulado nos logradouros, o topo ficava com os domicílios sem banheiro ou sanitário: nestes, a ocorrência de esgoto a céu aberto foi de 34,4%; naqueles ligados a uma rede geral de esgoto ou pluvial ou ainda por fossa séptica foi de 6,3%; em termos de lixo acumulado nos logradouros, as proporções foram, respectivamente, 12,0% e 4,2%. Quanto à arborização, outro componente de peso para a avaliação qualitativa do meio ambiente urbano, sua presença também decresce na medida em que pioram as condições de esgotamento sanitário: após cair 10,1 pontos percentuais na categoria “outro” escoadouro sanitário (tais como fossa negra, poço, buraco ou ligado diretamente a uma vala a céu aberto ou mesmo rio, lago e mar), fica em pouco mais da metade do entorno pesquisado (52,5%), diante da inexistência de banheiro ou sanitário.

Entorno de domicílios particulares permanentes inadequados: 4,3% de bueiros

Um indicador síntese, a partir de características mínimas de adequabilidade das moradias, distribui os domicílios em: adequados, semiadequados e inadequados. Nos domicílios adequados, situam-se as moradias servidas por rede geral de abastecimento de água, de esgoto ou pluvial ou fossa séptica e coleta de lixo (direta ou indireta). Grande parte delas estava localizada em face de quadra com elevada ocorrência de iluminação pública (98,1%), pavimentação (90,0%), meio-fio/guia (86,1%) e calçadas (80,0%) e baixíssimas incidências de esgoto a céu aberto (5,7%) e de depósito de lixo nas vias públicas (4,1%). O percentual de bueiros/boca de lobo, todavia, não chegava à metade (49,2%) e o de identificação do logradouro também não é expressivo: 68,6%. Verificou-se ainda que 71,5% dos domicílios adequados estavam em faces de quadra com arborização, mas com apenas 5,8% de rampas para cadeirantes.

Em relação às moradias semiadequadas (domicílios que atendiam de uma a duas das características de adequação), alguns percentuais distanciavam-se bastante da primeira categoria, como, por exemplo, na ocorrência de calçadas (43,0%), bueiro/boca de lobo (23,1%) e rampa para cadeirante (1,9%). A presença de árvores tem um decréscimo significativo, passando a ocorrer em 59,8% dos locais pesquisados, enquanto a proporção de esgoto a céu aberto começa a subir (24,0%).

Com o aumento do percentual de esgoto a céu aberto para 26,9% e de lixo acumulado nos logradouros para 12,2%, delineiam-se as condições precárias das moradias que não atendiam a nenhuma das condições de adequação dos domicílios. Era baixa a incidência de iluminação pública (64,8%), pavimentação (21,0%) e meio-fio/guia (14,1%), chegando a menos de 10% para a existência de calçada (9,0%) e de bueiro (4,3%). Rampas para cadeirantes era praticamente inexistente: 0,2%.

Crianças e adolescentes estão mais expostos a riscos para a saúde

O Censo 2010 também investigou a idade e o rendimento dos moradores, permitindo relacioná-los às características do entorno dos domicílios em diferentes áreas urbanas do país. O estudo verificou que crianças e adolescentes estavam mais expostos a situações de risco para a saúde: 15,1% das crianças de 0 a 4 anos viviam em áreas com esgoto a céu aberto e 6,4% em locais com acúmulo de lixo nos logradouros. Esses percentuais se mantiveram elevados para os grupos de 5 a 9 anos e 10 a 14 anos de idade: 15,0% e 14,7% conviviam com esgoto a céu aberto, e 6,4% e 6,2% com acúmulo de lixo, respectivamente.

Por outro lado, a população de 60 anos ou mais de idade vivia em domicílios urbanos com as melhores condições em todas as variáveis pesquisadas no entorno. Eram áreas com elevada proporção de iluminação pública (97,4%), pavimentação (86,3%), calçada (75,7%), arborização (72,3%), identificação dos logradouros (64,4%) e menor proporção de esgoto a céu aberto (9,1%) e lixo acumulado nos logradouros (3,8%).

Em relação à acessibilidade, constataram-se baixos percentuais para todos os grupos etários. Da população com mais de 60 anos de idade, apenas 5,6% contavam com rampa para cadeirantes no entorno de seus domicílios. Os grupos etários de 0 a 4 anos (2,9%), 5 a 9 anos (2,8%), 10 a 14 anos (2,8%) e 15 a 59 anos (4,0%) apresentaram percentuais ainda mais baixos.

Condições das calçadas reflete rendimento domiciliar per capita

No que se refere às classes de rendimento, observou-se que quanto maior o rendimento nominal mensal domiciliar per capita, melhores as condições do entorno dos domicílios. A maior desigualdade foi encontrada em relação à existência de calçada, com uma diferença de 42 pontos percentuais (87,4% dos domicílios cuja renda per capita era maior de 2 salários mínimos possuíam calçada em seu entorno, contra 45,4% dos domicílios com até ¼ de salário mínimo por morador). Outras características do entorno que apresentaram diferenças acima de 30 pontos percentuais foram: bueiro, com variação de 38,5 p.p; identificação do logradouro, 38,3 p.p; meio-fio/guia, 35,6p.p; e pavimentação, 32,3 p.p.

A menor desigualdade foi observada em relação ao acúmulo de lixo, com uma diferença de 5,6 pontos percentuais entre os domicílios com menor e maior rendimento nominal mensal domiciliar per capita: 8,2% dos domicílios até ¼ de salário mínimo per capita possuíam lixo acumulado no entorno, contra 2,6% dos domicílios com rendimento de mais 2 salários mínimos per capita.

Goiânia e Belo Horizonte possuíam melhor infraestrutura urbana

Na análise dos quinze municípios com mais de um milhão de habitantes no país, cabe destacar o desempenho de Goiânia e Belo Horizonte como os municípios com as melhores estruturas urbanas. Goiânia liderou em identificação do logradouro (94,1%), iluminação pública (99,6%), meio fio/guia (97,5%) e arborização (89,5%). Belo Horizonte, apresentou os melhores percentuais para o entorno em pavimentação (98,2%) e calçada (94,0%). No outro extremo, o município de Belém apresentou condições menos desejáveis no entorno dos domicílios em esgoto a céu aberto (44,5%) e lixo acumulado nos logradouros (10,4%).

Em relação ao esgoto a céu aberto e ao depósito de lixo nos logradouros, as melhores condições foram verificadas em Goiânia (0,5% e 2,6%) e Belo Horizonte (1,4% e 2,8%), nas duas características. As proporções mais altas em relação ao esgoto a céu aberto e depósito de lixo predominavam no entorno dos domicílios em Belém (44,5% e 10,4%). Destacaram-se, negativamente, São Luís, com 33,9% de domicílios em cujo entorno havia esgoto a céu aberto e Fortaleza, com 7,7% dos domicílios situados em locais com acúmulo de lixo nos logradouros.

Ainda entre os quinze municípios com mais de um milhão de habitantes, a iluminação pública apresentou incidências acima de 93,7%. As demais características apresentaram diferenciações significativas, cabendo destacar a identificação do logradouro, que variou de 94,1%, em Goiânia, e 93,6%, em Curitiba, a 35,5% em Belém. A existência de rampas foi outro exemplo marcante de desigualdade entre os municípios selecionados, onde Porto Alegre se destacou com a maior incidência (23,3%) e Fortaleza com a menor (1,6%).

As cidades mais arborizadas do país eram Goiânia (89,5% dos domicílios), Campinas (88,4%) e Belo Horizonte (83,0%), enquanto Manaus (25,1%) e Belém (22,4%) apresentaram os menores percentuais nesta característica. Brasília apresentou 37,2% de arborização. A presença de bueiro/boca de lobo variou significativamente nos municípios selecionados, onde a sua existência nas faces de quadra do entorno dos domicílios apresentou as mais altas proporções no Rio de Janeiro (84,6%) e em Curitiba (84,3%) e as mais baixas em Fortaleza (16,5%) e São Luís (17,1%). Das características do entorno pesquisadas, essa foi a única onde o desempenho de Goiânia não se destacou (53,1%).

Fonte: EcoDebate



quinta-feira, 24 de maio de 2012

Educação Ambiental: Instrução Normativa 02/2012 do Ibama


Por Antônio Silva Hendges*


A Instrução Normativa 02/2012 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama estabelece as diretrizes e procedimentos para a elaboração, implantação, monitoramento e avaliação dos programas de educação ambiental que devem ser desenvolvidos como parte dos processos de licenciamentos federais e das medidas de mitigação ou compensação dos impactos ambientais e sociais dos empreendimentos. Os programas devem ser estruturados em dois componentes: a) Programa de Educação Ambiental – PEA direcionado aos grupos sociais das áreas de influência das atividades em licenciamento; b) Programa de Educação Ambiental dos Trabalhadores – PEAT para os recursos humanos envolvidos direta ou indiretamente na implantação e operação dos empreendimentos em licenciamento.

Anexo a esta Instrução Normativa está o documento Bases Técnicas para a Elaboração dos Programas de Educação Ambiental no Licenciamento Ambiental Federal que propõe as diretrizes de elaboração, execução e divulgação dos programas e projetos de educação ambiental vinculados aos licenciamentos conduzidos pela Diretoria de Licenciamento Ambiental – Dilic/Ibama. Os principais instrumentos legais que estabelecem as exigências relacionadas são:

- Constituição Federal de 1988, artigo 225;

- Lei 6.938/1981 – Política Nacional do Meio Ambiente;

- Decreto 99.274/1990 – Regulamenta a lei anterior sobre a PNMA;

- Lei 9.795/1999 – Política Nacional de Educação Ambiental;

- Decreto 4.281/2002 – regulamentação da lei anterior sobre a PNEA,

- Resolução 09/1987 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) – Dispõe sobre a realização das Audiências Públicas;

- Resolução 237/1997 do CONAMA – Dispõe sobre os licenciamentos, licenças, estudos de impactos ambientais e relatórios de impactos ambientais.

A Constituição Federal garante o direito ao meio ambiente equilibrado, bem de uso comum indispensável para uma vida saudável, impondo ao Poder Público e à coletividade a responsabilidade pela proteção e preservação dos recursos às atuais e futuras gerações de brasileiros. Neste sentido uma das exigências constitucionais ao Poder Público é a prevenção dos danos e a avaliação dos riscos e impactos de obras e atividades com potencial de degradação ambiental. Neste sentido, o licenciamento é uma prerrogativa do Estado como espaço de gestão ambiental pública. Também está previsto na Constituição que é incumbência do Poder Público a promoção da educação ambiental e a conscientização pública para as questões ambientais (Constituição Federal, artigo 225, incisos IV e VI).

Estes princípios justificam a adoção durante os processos de licenciamentos de ações educativas que desenvolvam capacidades, conhecimentos, atitudes e habilidades para que os grupos sociais e pessoas afetadas pelos empreendimentos percebam a escala, as consequências explícitas e implícitas dos impactos e riscos decorrentes em seus cotidianos, intervindo como sujeitos qualificados nas diversas etapas dos licenciamentos ambientais, com capacidade de produzirem inclusive, as suas próprias agendas de prioridades integradas.

A educação ambiental no âmbito dos licenciamentos não pode ser uma formalidade dissociada das outras exigências legais ou um instrumento focado somente em informações científicas. Precisa organizar a troca de saberes, produzir conhecimentos, habilidades, atitudes que estimulem a autonomia dos sujeitos participantes em escolher, agir e atuar na transformação das condições socioambientais dos territórios onde estão inseridos, superando visões fragmentadas e partindo de situações concretas dos grupos sociais afetados, organizando a coletividade na gestão dos recursos naturais e na busca de um meio ambiente ecologicamente adequado. É indispensável que os programas educativos a) ajudem na compreensão clara da interdependência entre a economia, a sociedade, a ecologia e a política; b) proporcione aos envolvidos adquirirem conhecimentos, valores, atitudes, interesses, habilidades e aptidões necessárias; c) estabeleça novas condutas coletivas e individuais relacionadas à proteção e melhoria do meio ambiente.

Os trabalhadores envolvidos nos processos de implantação e operação dos empreendimentos também precisam ser capacitados para compreenderem os riscos ambientais envolvidos, seja para preveni-los ou enfrentar emergências que possam ocorrer. Neste sentido, é indispensável à implantação de programas e projetos educativos de formação contínua dos recursos humanos direta ou indiretamente relacionados com as atividades em licenciamento, “visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente” (Lei 9.795/1999, artigo 3º, inciso V – Política Nacional de Educação Ambiental).

Antônio Silva Hendges é Professor de Biologia, Agente Educacional, assessoria em resíduos sólidos, educação ambiental e tendências ambientais.

Fonte: EcoDebate



Pesquisa acusa presença de contaminantes emergentes na água fornecida em 16 capitais brasileiras.


Por Emanuel Alves Filho

 
A água potável fornecida em 16 capitais brasileiras, onde vivem aproximadamente 40 milhões de pessoas, apresenta contaminação por substâncias ainda não legisladas, mas que podem ser potencialmente nocivas à saúde humana. A constatação é de uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto Nacional de Ciências e Tecnologias Analíticas Avançadas (INCTAA), que está sediado no Instituto de Química (IQ) da Unicamp, em colaboração com outras instituições. Os pesquisadores identificaram, por exemplo, a presença de cafeína em todas as 49 amostras coletadas no cavalete (cano de entrada) de residências espalhadas pelas cinco regiões do país. “Esse dado é relevante, pois a cafeína funciona como uma espécie de traçador da eficiência das estações de tratamento de água. Ou seja, onde a cafeína está presente, há grande probabilidade da presença de outros contaminantes”, explica o professor Wilson de Figueiredo Jardim, coordenador do estudo e do Laboratório de Química Ambiental (LQA) do IQ.

Além de cafeína, os cientistas também encontraram nas amostras analisadas concentrações variadas de atrazina (herbicida), fenolftaleína (laxante) e triclosan (substância presente em produtos de higiene pessoal). No caso da cafeína, as duas capitais que apresentaram maiores níveis de contaminação pela substância foram, respectivamente, Porto Alegre e São Paulo. “A liderança de Porto Alegre nesse ranking foi uma surpresa. Há uma hipótese para explicar a situação, mas ela evidentemente depende de confirmação. Segundo essa conjectura, a contaminação estaria ocorrendo porque os gaúchos são grandes consumidores de erva mate, que, por sua vez, tem grande concentração de cafeína. Independentemente da origem, a presença da cafeína na água fornecida aos porto-alegrenses e aos demais moradores das capitais consideradas no estudo demonstra que os mananciais estão contaminados por esgoto e que as estações de tratamento não estão dando conta de remover este e outros compostos do produto que chega às torneiras das residências. Ou seja, é a prova inequívoca de que estamos praticando o reúso de água há muito tempo”, explica o docente da Unicamp.

De acordo com Wilson Jardim, por não serem legislados, esses contaminantes emergentes – são emergentes não porque são novos, mas porque estão cada vez mais presentes no ambiente – não são monitorados com frequência. Ademais, a ciência ainda não sabe ao certo qual o limite de proteção ao ser humano e nem que efeitos deletérios eles podem causar ao organismo do homem. “Entretanto, já dispomos de estudos científicos que apontam que esses compostos têm causado sérios danos aos organismos aquáticos. Está comprovado, por exemplo, que eles podem provocar a feminização de peixes, alteração de desenvolvimento de moluscos e anfíbios e decréscimo de fertilidade de aves”, elenca o professor da Unicamp.

Quanto aos humanos, prossegue Wilson Jardim, há indícios de que os contaminantes não legislados, especialmente hormônios naturais e sintéticos, como o estrógeno, podem provocar mudanças no sistema endócrino de homens e mulheres. Uma hipótese, que carece de maiores estudos, considera que esse tipo de contaminação poderia estar contribuindo para que a menarca (primeira menstruação) ocorra cada vez mais cedo entre as meninas. “Estabelecer esse nexo causal é difícil. Entretanto, temos que estar atentos para problemas dessa ordem. Acredito que, com o tempo, os contaminantes emergentes também terão que ser legislados. O trabalho que estamos realizando tem por objetivo exatamente fornecer subsídios para a formulação de políticas públicas que possam assegurar à população o fornecimento de uma água potável de maior qualidade”, diz.

Na opinião do especialista, o melhor caminho a seguir, num primeiro momento, é dar continuidade às pesquisas com vistas ao estabelecimento de normas que concorram para preservar o ambiente. “Esse tema será discutido em congresso científico que será realizado brevemente. A Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental [ABES] tem refletido sobre essa questão e deverá formular uma proposta de limiares de proteção da vida aquática. O passo seguinte, acredito, deverá estender esses parâmetros em relação ao ser humano”, prevê o docente.

Conforme Wilson Jardim, o trabalho de análise da água potável fornecida nas 16 capitais contou com a participação de 25 pesquisadores das seguintes instituições, além da Unicamp: Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) e Universidade Federal do Paraná (UFPR).

CAPITAIS PESQUISADAS:

Belo Horizonte, Cuiabá, Curitiba, Distrito Federal, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, João Pessoa, Natal, Palmas, Porto Alegr, Porto Velho, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Vitória.

Depois de coletarem as amostras de água nos cavaletes das residências, seguindo procedimentos previamente estabelecidos, os pesquisadores as enviaram à Unicamp, onde as análises químicas foram realizadas. Os métodos analíticos empregados atualmente, destaca Wilson Jardim, são bastante precisos. Tanto é assim que determinados contaminantes foram identificados em concentrações equivalentes a nanogramas por litro. Um dado interessante proporcionado pelo estudo, segundo o professor da Unicamp, é que as capitais costeiras, como Florianópolis, Vitória e Rio de Janeiro, apresentaram níveis de contaminação inferiores às demais. A explicação para isso, cogita o especialista, é o fato de esses municípios lançarem parte do esgoto diretamente no mar. “Desse modo, os rios de onde a água é captada para posterior fornecimento à população apresentam concentrações inferiores de poluentes”, argumenta.

No caso do Brasil, insiste o docente, a alternativa de curto prazo para enfrentar esse tipo de problemática é estabelecer novos valores de referência para a potabilidade da água. Wilson Jardim lembra que já existem tecnologias disponíveis capazes de remover os contaminantes não legislados. A própria lei brasileira, segundo ele, estabelece que as concessionárias de água devem adotar métodos de polimento mais sofisticados contra substâncias potencialmente nocivas, mesmo que elas não estejam legisladas. “É claro que um investimento desse tipo pode encarecer o custo de produção da água potável. Entretanto, temos que considerar que determinados compostos acarretam custos sociais ainda maiores, visto que podem trazer sérias sequelas não apenas ao ser humano exposto, com também aos seus descendentes”, pondera.

Wilson Jardim assinala que, se olharmos o cenário mundial, perceberemos que até mesmo os países que tratam 100% do seu esgoto enfrentam problemas de contaminação da água potável. Isso decorre de uma série de fatores, entre os quais o crescimento e adensamento populacional e a chegada ao mercado de novas substâncias. “Estudos indicam que 1.500 substâncias são lançadas anualmente no mundo. São moléculas novas, às quais não estamos tendo tempo de estudar. Além disso, o padrão de consumo da sociedade tem crescido freneticamente. Antes, uma pessoa usava, em média, três produtos de higiene pessoal antes de sair de casa. Hoje, usa dez. Há alguns anos, as pessoas passavam filtro solar apenas para ir à praia e à piscina. Agora, muita gente passa diariamente para ir trabalhar, inclusive por recomendação médica”, exemplifica.

Continuidade

De acordo com Wilson Jardim, as pesquisas em torno da qualidade da água potável das capitais brasileiras terá continuidade. O INCTAA vai se dedicar ao tema por mais dois anos. Nesse período, os pesquisadores trabalharão em duas frentes. Primeiramente, as análises realizadas nas 16 primeiras cidades serão repetidas, para verificar se houve alguma alteração. Em seguida, o trabalho será estendido para as demais capitais. “Queremos traçar um panorama geral do país por intermédio desses municípios. Penso que temos prazo suficiente para concluir essa tarefa”, calcula o docente da Unicamp. Ele informa que os estudos realizados pelo Laboratório de Química Ambiental (LQA) em conjunto com o INCTAA já têm contribuído para que as concessionárias considerem promover melhorias em seus sistemas de tratamento de água.

Em Campinas, por exemplo, a Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A (Sanasa) demonstrou interesse em adotar novas tecnologias que possam reduzir a presença de contaminantes não legislados na água fornecida aos campineiros. Além da Sanasa, outras concessionárias do Estado de São Paulo também estão iniciando conversações com Wilson Jardim com o mesmo propósito.


Fonte: EcoDebate/Matéria do Jornal da Unicamp nº 527



quarta-feira, 23 de maio de 2012

Cresce nível de conhecimento do brasileiro sobre saneamento básico, segundo pesquisa.


Por Camila Maciel, da Agência Brasil



O nível de conhecimento dos brasileiros sobre saneamento básico cresceu 16 pontos percentuais em 2012, quando comparado com 2009, segundo pesquisa Trata Brasil – Ibope, divulgada hoje (22), sobre a percepção do serviço entre a população. Para 81% dos entrevistados, saneamento básico está relacionado aos serviços de água, esgoto, resíduos sólidos e drenagem. Em 2009, esse número era de 65%.

De acordo com a pesquisa, caiu também o número de pessoas que disseram desconhecer o termo saneamento básico, passando de 31%, na pesquisa anterior, para 13% em 2012. Apesar do maior conhecimento, o tema ainda aparece em apenas sexto lugar entre as áreas mais problemáticas, ficando atrás de saúde, segurança, drogas, educação e transporte.

Quando os entrevistados são questionados sobre quais temas deveriam ser prioridade nos governos municipais, saneamento perde para educação (81% a 3%), saúde (78% a 3%), segurança (67% a 13%) e desemprego (64% a 19%). A proximidade com esgoto a céu aberto, no entanto, é uma realidade para quase metade da população ouvida (47%).

Dentre os serviços ligados ao saneamento, a coleta de lixo foi o mais citado (97%) como de maior presença nos bairros, seguido por abastecimento de água (93%), água tratada (89%), coleta de esgoto (67%), retirada de entulho (66%), tratamento de esgoto (55%) e limpeza de bueiros (48%).

Quando questionados sobre o que fazem para provocar a melhoria dos serviços de saneamento, 75% dos entrevistados responderam não cobrar dos governantes. Dos que afirmam cobrar, a maior parte solicita a limpeza de bueiros (7%) e o desentupimento do esgoto existente (5%).

O levantamento foi feito com 1.008 pessoas em 22 cidades, todas com população acima de 300 mil habitantes e de todas as regiões do país. O Instituto Trata Brasil é uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que incentiva a universalização do acesso à coleta e ao tratamento de esgoto.

Entre seus associados, estão fabricantes de produtos e equipamentos para o setor e concessionárias de serviço de saneamento. A organização conta ainda, entre seus apoiadores, com associações setoriais, agências reguladoras, organismos públicos internacionais, entidades públicas e da sociedade civil, além dos próprios associados.


Fonte: Envolverde/Publicado originalmente no site da Agência Brasil.


domingo, 20 de maio de 2012

Catálogo reúne tecnologias verdes desenvolvidas no Brasil

Documento lançado em abril é pioneiro e reúne inovações de diversas áreas da economia

O Fórum dos Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (Fortec) lançou, no dia 17 de abril, um catálogo com 184 tecnologias verdes desenvolvidas nos núcleos de inovação tecnológica (NITs). Organizada em parceria com a Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação (Abipti), a publicação é pioneira no país e reúne inovações em diversos setores. Entre eles, biocombustíveis, energia solar e mineração.

O catálogo foi montado para ser apresentado na reunião da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que será realizada em junho deste ano na capital fluminense. A ideia é transformá-lo em um banco de dados disponível para pesquisas online.

“O livro servirá também de estímulo para os institutos de pesquisa desenvolverem tecnologias verdes. É uma maneira de disseminar o que está sendo feito pelo Brasil e envolver novas instituições nessa área”, destaca o diretor de Relações Interinstitucionais da Abipti, Félix Silva.

Das 188 tecnologias listadas, 87 foram desenvolvidas na região Sudeste, 32 na região Sul e 15 na região Norte. A área que mais apresentou resultados foi a de tratamento de efluentes. Cerca de 15,5% das soluções são resultados de pesquisas neste segmento.

A produção do catálogo contou também com a colaboração das associações nacionais de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei) e de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), que junto com a Abipti formam a Tríplice Aliança em Prol da Inovação Tecnológica.

“A tecnologia verde está se transformando em negócios sustentáveis para muitas empresas. Esse é apenas um primeiro levantamento. Sabemos que há muitos outros projetos”, afirmou o presidente do Fortec, Ruben Sinisterra. “Ele é fruto da união do Fortec com a tríplice aliança. As instituições juntas representam todo o ecossistema de ciência e tecnologia. Essa é uma das ações importantes que vamos tomar para fortalecer o setor”, disse.

Inovações sustentáveis

Entre as inovações publicadas no guia, vale destacar uma tecnologia que consiste em um dispositivo capaz de produzir energia elétrica a partir de luz solar em aplicação conjunta ao aquecimento de água, propiciando maior eficiência. A solução, desenvolvida pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) possui pedido de patente depositado no Brasil e tem aplicação em residências, setor comercial e industrial, com grande potencial para o sistema hoteleiro.

Destaque também para um projeto voltado para o desenvolvimento de telhado verde, construído sobre uma estrutura de diferentes tipos de materiais como o bambu, caixa tretapak, MDF, garrafa PET, entre outros. Os produtos utilizados na criação estrutural desse telhado fazem com que ele seja uma alternativa viável e sustentável, num custo aproximado de R$ 20,00, o metro quadrado, o que proporciona o acesso a uma maior parcela da população

A publicação traz ainda uma ideia de escritório verde. O modelo segue os princípios da acessibilidade universal, reunindo materiais que fixam carbono (painéis de OSB e estrutura de madeira de reflorestamento), isolamento térmicoacústico em manta de PET e pneu reciclado, janelas de vidros duplos, lâmpadas LED, aquecimento de água a partir de placas termodinâmicas, entre outras soluções.

O projeto foi desenvolvido por mais de 60 empresas no campus de Curitiba da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e alia inovação tecnológica, gestão inteligente e sustentabilidade, demonstrando a viabilidade técnica, econômica e ambiental de um modelo eco-eficiente para a construção civil.

A publicação está disponível para download neste http://www.fortec-br.org/catalogo_verde.pdf.



Por Felipe Linhares - Especial para Revista Responsabilidade Social.com





terça-feira, 15 de maio de 2012

Poluição doméstica: saiba o que é e como evitar.

Por Frederico Lobo

Há alguns anos a Agência de Proteção Ambiental Americana (EPA) salientou que várias evidências científicas indicam que o ar interior (ar dentro de casa ou ar indoor) pode muitas vezes, ser mais poluído do que o ar exterior, mesmo nas cidades maiores e mais industrializadas (vide http://www.epa.gov/iaq/pubs/index.html). Outros estudos indicam que as pessoas gastam cerca de 90% de seu tempo em locais fechados. Portanto, para inúmeras pessoas, os riscos de saúde decorrentes da poluição indoor, pode ser muito maior que o da poluição ao ar livre.

Efeitos nocivos podem surgir depois de uma única exposição bem como a exposição repetida e pode gerar um estado inflamatório sistêmico ou localizado, como por exemplo irritação dos olhos, nariz e garganta, dores de cabeça, tontura e fadiga. Estes efeitos são geralmente de curto prazo e tratável, às vezes simplesmente eliminar a exposição à fonte de poluição é o tratamento suficiente. Porém, outros efeitos na saúde podem aparecer devido às exposições mais prolongadas. Estes efeitos incluem algumas doenças respiratórias, doenças cardíacas e câncer, que podem ser severamente debilitantes ou fatais. É importante tentar melhorar a qualidade do ar interior em sua casa mesmo que os sintomas não sejam perceptíveis.

A Qualidade do Ar Interno (QAI) surgiu como ciência a partir da década de 70 com a crise energética e a conseqüente construção dos edifícios selados (desprovidos de ventilação natural), principalmente nos países desenvolvidos, e ganhou dimensão mundial após a descoberta de que a diminuição das taxas de troca de ar nesses ambientes era a grande responsável pelo aumento da concentração de poluentes biológicos e não biológicos no ar interno.

A rigor, pode-se dividir os tipos de poluentes em: materiais particulados, aerossóis, vapores e gases. Esses, por sua vez, podem ser classificados em orgânicos, inorgânicos e biológicos. Os 7 principais poluentes são:

1.Monóxido de carbonocarbon monoxide (CO): O monóxido de carbono é um produto por combustão incompleta de combustíveis como o gás natural, carvão ou madeira. Na presença de um suprimento adequado de O2 mais monóxido de carbono produzido durante a combustão é imediatamente oxidado a dióxido de carbono (CO2). Os maiores níveis de CO geralmente ocorrem em áreas com tráfego intenso congestionado. Nas cidades, 85-95 % de todas as emissões de CO geralmente são provenientes do escape dos veículos a motor. Outras fontes de emissões de CO incluem processos industriais, queima residencial de madeira para aquecimento, ou fontes naturais, como incêndios florestais. Os fogões a gás e os fumos de cigarro são as principais fontes de emissões de CO em espaços interiores. Dependendo de quanto é inalado, o CO pode afetar a coordenação, doenças do coração fazem pior e causar fadiga, dor de cabeça, confusão, náuseas e tonturas. Níveis muito altos pode causar a morte. Idosos, bebês em desenvolvimento e pessoas com doenças cardiovasculares e pulmonares são particularmente sensíveis a níveis elevados de CO.

2.Ozônio (O3): formado por reações químicas entre o Óxido nitroso e compostos orgânicos voláveis. O Ozônio (não-medicinal) provoca vários problemas de saúde, tais como dores torácicas, tosse e irritação da garganta, causando ainda vários danos nas plantas . As reações químicas envolvidas na formação de ozônio troposférico são uma série de ciclos complexos em que o monóxido de carbono e compostos orgânicos voláteis são oxidados ao vapor de água e dióxido de carbono, através de reações químicas e fotoquímicas.

3.Chumbro (Pb): A exposição humana ao chumbo causada por emissões industriais é um problema de interesse mundial. As principais fontes de exposição ao Pb são empresas do setor de reformadoras de baterias (RB), que ainda utilizam processos e tecnologia obsoletos, em instalações precárias. O monitoramento de Pb no ar, próximo a tais fontes estacionárias é necessário para avaliar o nível de exposição ao Pb e prever possíveis efeitos nocivos à saúde. Os efeitos mais críticos no ser humano são observados sobre o sistema nervoso, e síntese do heme. Podendo ocorrer também distúrbios no sistema nervoso periférico e nos sistemas renal, gastrointestinal, reprodutor e cardiovascular. Os sintomas crônicos decorrentes da exposição excessiva são encefalopatia, arterioesclerose, nefropatia saturnina crônica, fibrose intersticial e hipertensão arterial.

4.Dióxido de nitrogênio (NO2): Esse gás oxidante é normalmente produzido por processos de combustão.

5.Material particular (partículas finas = PM): As partículas finas, ou inaláveis, são uma mistura complexa de substâncias orgânicas e inorgânicas, presentes na atmosfera, líquidos ou sólidos, como poeira, fumaça, fuligem, pólen e partículas do solo. O tamanho das partículas está directamente ligado ao seu potencial para causar problemas de saúde, sendo classificadas de acordo com o seu tamanho: PM10 – partículas com diâmetro equivalente inferior a 10μm, e PM 2,5, para partículas com diâmetro equivalente inferior a 2,5μm. As fontes primárias mais importantes destas substâncias são o transporte rodoviário (25%), processos de não-combustão (24%), instalações de combustão industriais e processos (17%), combustão comercial e residencial (16%) e o poder público de geração (15%). As partículas com menos de 10 micrómetros (μm) de diâmetro pode penetrar profundamente no pulmão e causar sérios danos na saúde. São um dos principais poluentes com efeitos diretos na saúde humana, pois quando inaladas, penetram no sistema respiratório causando sérios danos. Estudos recentes comprovam que são responsáveis pelo aumento de doenças respiratórias como a bronquite asmática.

6.Dióxido de Enxofre (SO2): Os óxidos de enxofre, em especial o dióxido de enxofre, SO2 são maioritariamente emitido por vulcões, produzido em grande escala por processos industriais e pelo tráfego de veículos a motor. O enxofre é um composto abundante no carvão e petróleo, sendo que a combustão destes emite quantidades consideráveis de SO2. Na atmosfera, o SO2 dissolve-se no vapor de água, formando um ácido que interage com outros gases e partículas ai presentes, originando sulfatos e outros poluentes secundários nocivos. Uma maior oxidação de SO2, normalmente na presença de um catalisador, como NO2, forma H2SO4 e, assim, a chuva ácida. Esta é uma das causas de preocupação sobre o impacto ambiental da utilização destes combustíveis como fontes de energia.

7.Compostos orgânicos voláteis (COVs): São produtos químicos orgânicos que facilmente evaporam à temperatura ambiente, como o metano, benzeno, xileno, propano e butano. São chamados orgânicos porque contêm o elemento carbono nas suas estruturas moleculares, e são de especial preocupação, pois na presença do sol, sofrem reacções fotoquímicas que podem originar ozônio. A evaporação de COVs oriundos de materiais de construção, acabamento, decoração e de mobiliário, é uma das principais fontes de COVs em recintos fechados. Outras fontes importantes são os processos de combustão e emissões metabólicas de microorganismos. Contribuem ainda para agravar o quadro, os processos que melhoram o transporte desses compostos para a fase vapor, tais como umidificadores, uso de produtos à base de aerossol e até mesmo os sistemas de ar condicionado, supostamente purificadores e condicionadores de ar, que podem ser uma das causas principais de poluição no ar indoor.

8.Fumaça do cigarro: A fumaça do cigarro contém milhares de constituintes químicos, e ela pode ser, em casos extremos, a maior fonte de matéria particulada respirável do ar em recintos fechados. Portanto, a queima de tabaco produz uma mistura complexa de poluentes, muitos dos quais são irritantes respiratórios. Sabe-se que concentrações altas de fumaça de tabaco incomodam e irritam os indivíduos, e que existe uma preocupação com relação aos efeitos potenciais na saúde. Portanto, onde existe alta incidência de fumantes e mínima ventilação pode haver acúmulo da fumaça do tabaco, causando irritação, particularmente no sistema respiratório superior.

Há um número de fontes de poluição do ar que são mais comumente conhecidas, como o perigo dos produtos de limpeza e purificadores de ar. O site Ciclo Vivo escolheu sete fontes de poluição do ar interior que podem ser menos conhecidas.

1. Carpete novo: Materiais do carpete podem emitir uma variedade de compostos orgânicos voláteis (COVs). Dica: Ao comprar um carpete novo, areje-o por alguns dias antes de instalá-lo. Procure por aquele com baixas concentrações de COVs – com adesivos sem formaldeído. Depois de colocado, mantenha as janelas na sala abertas e deixe um ventilador ligado por dois ou três dias.

2. Lâmpadas fluorescentes compactas quebradas: Quando essas lâmpadas quebram, podem emitir no ar, em pequenas quantidades, o mercúrio (uma neurotoxina). Carpetes e tapetes não podem ser totalmente limpos de mercúrio e aspiradores de pó não devem ser usados para limpá-lo. Dica: Não use lâmpadas fluorescentes compactas em luminárias que poderiam facilmente tombar, especialmente em casas com crianças ou mulheres grávidas. Se a lâmpada quebrar, abra uma janela e limpe o quarto por 15 minutos.

3. Novos componentes eletrônicos e produtos de plástico: Produtos feitos com cloreto de polivinila (PVC) podem emitir ftalatos, que têm sido associados a alterações hormonais e problemas reprodutivos. Plásticos também podem liberar produtos químicos retardadores de chama, como éteres difenil-polibromados, que têm sido associados a alterações neuro-comportamentais em estudos com animais. Dica: Ventile o espaço até o odor dos produtos químicos se dissipar. Aspire em torno de computadores, impressoras e televisores regularmente.

4. Colas e adesivos: Elas podem emitir COV, como acetona ou metil etil cetona, que podem irritar os olhos e afetar o sistema nervoso. Cimento de borracha pode conter n-hexano, uma neurotoxina. Adesivos podem emitir formaldeído tóxico. Dica: Procure por cola a base de água, livre de formaldeído. Trabalhe em um espaço bem ventilado.

5. Equipamento de aquecimento (fogões, aquecedores, lareiras e chaminés): Equipamento de aquecimento, especialmente fogões a gás, podem produzir monóxido de carbono, capaz de causar dores de cabeça, tontura, fadiga e até mesmo a morte se não for ventilado corretamente. Pode também emitir dióxido de azoto (nitrogênio) e partículas, que podem causar problemas respiratórios e inflamação dos olhos, nariz e garganta.

6. Tintas e decapante: Tintas látex são uma grande melhoria às tintas a base de óleo porque emitem menos química. Mas, à medida que seca, todas as tintas podem emitir COV, o que pode causar dores de cabeça, náuseas ou enjôos. Decapantes, removedores de adesivos e tintas em spray aerosol também podem conter cloreto de metileno, que é conhecido por causar câncer em animais. Dica: use tintas com baixo teor de COV. Ao aplicar a pintura, abra janelas ou portas, areje o espaço com ventilador, e use um respirador ou máscara. Mulheres grávidas devem evitar o uso de decapantes com cloreto de metileno.

7. Móveis estofados e produtos de madeira prensada (compensado de madeira, painéis de parede, aglomerado, MDF): Quando novas, muitas mobílias e produtos de madeira podem emitir formaldeído, uma provável substância cancerígena que também pode causar irritação nos olhos, nariz e garganta; chiado e tosse, fadiga, erupções cutâneas e reações alérgicas graves. Dica: aumente a ventilação, principalmente depois de trazer novas fontes de formaldeído em sua casa. Use produtos de madeira prensada, eles são de baixa emissão, pois contêm resinas de fenol, não resinas de uréia. Procure por móveis sem formaldeído e produtos de madeira.

8. Nunca deixe que fumem na sua casa

Fonte: EcoDebate

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Destinação final integrada de resíduos sólidos com lodos de ETAs de tratamento de água e ETEs de tratamento de esgotos.

Por Roberto Naime


Os trabalhos que propõem a utilização integrada de resíduos sólidos urbanos como resíduos orgânicos de poda juntamente com lodo proveniente de Estações de Tratamento de Água (ETAs) e Estações de Tratamento de Efluentes (ETEs) em compostagem, principalmente aeróbica conjugada, envolvendo os lodos com resíduos sólidos vegetais que são resultantes de poda (SILVA et al, 2008).

O lodo sanitário é um dos principais produtos resultantes de soluções utilizadas para tratamento de esgotos. Estações de tratamento de esgotos produzem grande quantidade de lodo e o planejamento para sua destinação final pode ser otimizado e sinergizado quando se propõem soluções integradas com os resíduos sólidos urbanos.

A compostagem aeróbica juntamente com resíduos sólidos provenientes de atividades de poda e manutenção de áreas verdes municipais é uma importante alternativa (SILVA et al, 2008). Estes processos são importantes para a destruição de ovos de helmintos, permitindo também estabilização dos resíduos e são controlados pela temperatura, pH e relações físico-químicas e microbiológicas em reatores.

Estudo de Cassini (2003) observa a importância da utilização do biogás gerado pelo consorciamento de lodos de ETAs e ETEs com resíduos sólidos no aproveitamento e destinação final destes materiais quando aproveitados conjuntamente.

A produção brasileira de lodo está estimada entre 150 e 220 mil toneladas de matéria seca por ano (TRABALLI, et al, 2009), e tende a crescer muito nos próximos anos, na medida em que sejam supridas as necessidades de saneamento do país, com projetos de tratamento que invitavelmente geram lodo.

Atualmente a maior destinação de lodo é agrícola nos Estados Unidos e agrícola e de reciclagem na Europa (TRABALLI, et al, 2009). O uso do lodo na agricultura e reflorestamento é limitado pela ocorrência de eutrofização ou pela contaminação que pode ser produzida por metais pesados e até mesmo a geração de patogenias para o homem.

Uma alternativa que se torna cada vez mais atraente é a geração de biogás em consorciamento com outros tipos de resíduos sólidos, particularmente resíduos de podas e resíduos orgânicos.

Traballi et al, 2009 cita que 1 m3 de biogás equivale energeticamente a 1,5 m3 de gás de cozinha, 0,5 a 0,6 litros de gasolina, 0,9 litro de álcool, 1,43 kWh de eletricidade e 2,7 kg de lenha quando é queimada.

O efluente líquido que sai do biodigestor possui propriedades fertilizantes com elevada concentração de N, p e K, permitindo uso adequado em fertirrigação.

No aterro municipal Bandeirantes em São Paulo, localizado na rodovia dos Bandeirantes, no km 26 em Perus, São Paulo, os gases produzidos pela decomposição da matéria orgânica, desde 2004 são utilizados para geração de energia calorífica que depois é transformada em energia elétrica. São utilizados cerca de 12.000 m3 por hora de gases, com composição de mais de 50% em metano para produzir 170 mil megawatts/hora, energia suficiente para abastecer uma cidade de 400 mil habitantes.

Este tipo de projeto é frequentemente citado como enquadrável para obtenção de créditos de carbono (BASSETA et al, 2006), na medida em que ocorre uma redução na emissão de gases de efeito estufa, tanto metano quanto dióxido de carbono, que são os constituintes principais da decomposição da matéria orgânica.

A queima direta nunca é citada, porque provavelmente os níveis de umidade presentes sejam muito elevados nos lodos, mas também não é citado nenhum impedimento técnico para que isto ocorra em padrões de umidade recomendáveis.

No aterro Bandeirantes um projeto de certificação da redução de emissões de gases de efeito estufa gera a venda de aproximadamente 1 milhão de toneladas de carbono, gerando uma receita adicional de até 24 milhões de euros (TRABALLI, et al, 2009).

No aterro Bandeirantes a captação de gases superou as expectativas iniciais, havendo produção de 40 a 60 mil m3 de gases por hora em razão das características específicas da massa de resíduos do local.

A conclusão possível é que existe um amplo espaço para a implantação de projetos baseados em mecanismos de desenvolvimento limpo, envolvendo resíduos sólidos e lodo de estações de tratamento de esgotos, e com a expectativa de grande crescimento na geração de lodo por conta da enorme quantidade de projetos de saneamento em implantação, torna obrigatório o planejamento integrado entre resíduos sólidos e lodos quanto à destinação final.

São Bernardo do Campo é a primeira cidade do País a contar com a aprovação de um Termo de Referência para licenciamento de uma unidade de recuperação de energia de resíduos urbanos no município. O parecer da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), ligada à Secretaria do Meio Ambiente do governo paulista, acaba de ser liberado.

Existem órgão ambientais estaduais muito conservadores com a questão de incineração, mas esta passando o momento de enfrentar os desafios técnicos deste problema, não é mais possível postergar infinitamente posicionamentos.

O parecer da Cetesb para a prefeitura municipal de São Bernardo apresenta todo o modelo tecnológico e a eficiência ambiental, bem como todos os parâmetros de controle e segurança que a usina precisará oferecer. Ou seja, já existem parâmetros para orientar diretrizes neste tipo de projeto.

A partir de agora, a Prefeitura de São Bernardo do Campo irá promover novas audiências públicas visando a implantação de uma política integrada de resíduos sólidos e de uma política municipal de saneamento, dando continuidade a um processo iniciado no ano passado.

A liberação desse parecer da Cetesb em São Paulo abre ainda precedentes para que outros municípios ou consórcios do País sejam arrojados, modernos e ousados e enfrentem os desafios de implantar estas novas políticas integradas.


Fonte: EcoDebate


terça-feira, 8 de maio de 2012

Um terço dos alimentos consumidos pelos brasileiros está contaminado por agrotóxicos.

Por Gabriela Campêlo.

Há três anos o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking de consumo de agrotóxicos no mundo. Um terço dos alimentos consumidos cotidianamente pelos brasileiros está contaminado pelos agrotóxicos, segundo alerta feito pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), em dossiê lançado durante o primeiro congresso mundial de nutrição que ocorre no Rio de Janeiro, o World Nutrition Rio 2012, que termina nesta terça-feira (1º).

O documento destaca que, enquanto nos últimos dez anos o mercado mundial de agrotóxicos cresceu 93%, o brasileiro aumentou 190%. Em 2008, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos e assumiu o posto liderança, representando uma fatia de quase 20% do consumo mundial de agrotóxicos e movimentando, só em 2010, cerca de US$ 7,3 bilhões – mais que os EUA e a Europa.

A primeira parte do dossiê da Abrasco faz um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde e na segurança alimentar. A segunda parte, com enfoque no desenvolvimento e no meio ambiente, terá seu lançamento durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, e na Cúpula dos Povos na Rio+20, em junho, no Rio de Janeiro.

Segundo um dos coordenadores do estudo, Fernando Carneiro, chefe do departamento de Saúde Coletiva da UnB (Universidade de Brasília), “o dossiê é uma síntese de evidências científicas e recomendações políticas”.

“A grande mensagem do dossiê é que o Brasil conquistou o patamar de maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Queremos vincular a ciência à tomada de decisão política”, disse Carneiro ao UOL.

Soja é o que mais demanda agrotóxico

Segundo dados da Anvisa e da UFPR compilados pelo dossiê, na última safra (2º semestre de 2010 e o 1º semestre de 2011), o mercado nacional de venda de agrotóxicos movimentou 936 mil toneladas de produtos, sendo e 246 mil toneladas importadas.

Em 2011 houve um aumento de 16% no consumo que alcançou uma receita de US$ 8,5 bilhões. As lavouras de soja, milho, algodão e cana-de-açucar representam juntas 80% do total das vendas do setor.

Na safra de 2011 no Brasil, foram plantados 71 milhões de hectares de lavoura temporária (soja, milho, cana, algodão) e permanente (café, cítricos, frutas, eucaliptos), o que corresponde a cerca de 853 milhões de litros de agrotóxicos pulverizados nessas lavouras, principalmente de herbicidas, fungicidas e inseticidas. O consumo em média por hectare nas lavouras é de 12 litros por hectare e exposição média ambiental de 4,5 litros de agrotóxicos por habitante, segundo o IBGE (Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística).

Segundo o dossiê, a soja foi o cultivo que mais demandou agrotóxico – 40% do volume total de herbicidas, inseticidas, fungicidas e acaricidas. Em segundo lugar no ranking de consumo está o milho com 15%, a cana e o algodão com 10%, depois os cítricos com 7%, e o café, trigo e arroz com 3% cada.

Maior concentração em hortaliças

Já para a produção de hortaliças, em 2008, segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), o consumo de fungicidas atingiu uma área potencial de aproximadamente 800 mil hectares, contra 21 milhões de hectares somente na cultura da soja.

“Isso revela um quadro preocupante de concentração no uso de ingrediente ativo de 22 fungicidas por área plantada em hortaliças no Brasil, podendo chegar entre 8 a 16 vezes mais agrotóxico por hectare do que o utilizado na cultura da soja, por exemplo”, alerta o dossiê.

Numa comparação simples, o estudo estima que a concentração de uso de ingrediente ativo de fungicida em soja no Brasil, no ano de 2008, foi de 0,5 litro por hectare, bem inferior à estimativa de quatro a oito litros por hectare em hortaliças, em média. “Pode-se constatar que cerca de 20% da comercialização de ingrediente ativo de fungicida no Brasil é destinada ao uso em hortaliças”, destaca o estudo da Abrasco.

Riscos para a saúde

O dossiê revela ainda evidências científicas relacionadas aos riscos para a saúde humana da exposição aos agrotóxicos por ingestão de alimentos. Segundo Fernando Carneiro, o consumo prolongado de alimentos contaminados por agrotóxico ao longo de 20 anos pode provocar doenças como câncer, malformação congênita, distúrbios endócrinos, neurológicos e mentais.

Um fato alarmante foi a constatação de contaminação de agrotóxico no leite materno, afirmou. Para o cientista, não se sabe ainda ao certo as consequências para um recém-nascido ou um bebê que está em fase inicial de formação. “Uma criança é altamente vulnerável para esses compostos químicos. Isso é uma questão ética, se vamos nos acostumar com o nível de contaminação do agrotóxico”, criticou.

Parte dos agrotóxicos utilizados tem a capacidade de se dispersar no ambiente, e outra parte pode se acumular no organismo humano, inclusive no leite materno, informa o relatório. “O leite contaminado ao ser consumido pelos recém-nascidos pode provocar agravos a saúde, pois os mesmos são mais vulneráveis à exposição a agentes químicos presentes no ambiente, por suas características fisiológicas e por se alimentar, quase exclusivamente, com o leite materno até os seis meses”, destaca o estudo.

Recomendações

O dossiê da Abrasco formula 10 princípios e recomendações para evitar e reduzir o consumo de agrotóxicos nos cultivos e na alimentação do brasileiro. Carneiro defende a necessidade de se realizar uma “revolução alimentar e ecológica”.

Segundo o IBGE, cerca de 70 milhões de brasileiros vivem em estado de insegurança alimentar e nutricional, sendo que 90% desta população consume frutas, verduras e legumes abaixo da quantidade recomendada para uma alimentação saudável. A superação deste problema, de acordo com o dossiê, é o desenvolvimento do modelo de produção agroecológica.
Carneiro e sua equipe composta por seis pesquisadores defendem a ampliação de fontes de financiamento para pesquisas, assim como a implantação de uma Política Nacional de Agroecologia em detrimento ao financiamento público do agronegócio e o fortalecimento das políticas de aquisição de alimentos produzidos sem agrotóxicos para a alimentação escolar – atualmente a lei prevê 30% deste consumo nas escolas.

Além disso, o documento defende a proibição de agrotóxicos já banidos em outros países e que apresentam graves riscos à saúde humana e ao ambiente assim como proibir a pulverização aérea de agrotóxicos.

O cientista defende ainda a suspensão de isenções de ICMS, PIS/PASEP, COFINS e IPI concedidas aos agrotóxicos. “A tendência no Brasil é liberalizar ainda mais o uso de agrotóxico, só no Congresso Nacional existem mais de 40 projetos de lei neste sentido. Nós estamos pagando para ser envenenados”, criticou Carneiro.

Fonte: Ambiental Sustentável



A Crise Ambiental e a Rio+20: Os dramas de agora, as ameaças de 2050

Por Washington Novaes

Enquanto a primeira-ministra alemã, Angela Merkel, anuncia que não comparecerá à reunião Rio+20, juntando-se ao primeiro-ministro britânico, David Cameron, e – possivelmente – ao presidente norte-americano, Barack Obama, a cada dia são mais inquietantes as notícias sobre os gravíssimos problemas na área das mudanças climáticas, na perda de recursos naturais (além da capacidade planetária de repô-los), no agravamento das questões relacionadas com a água (suprir de alimentos mais 2 bilhões de pessoas até 2050 exigirá um uso na agricultura superior à disponibilidade de recursos) e com a pobreza no mundo.

Já nem se pode dizer que nada acontece, nada avança, porque a chamada “sociedade civil” não pressiona os governos para que se façam as mudanças necessárias nas matrizes energéticas poluidoras e nos modelos de consumo. Pesquisa universitária recente nos Estados Unidos, por exemplo, mostrou (Reuters, 26/4) que três em quatro eleitores nesse país são favoráveis a que a legislação considere as emissões de dióxido de carbono (CO2) como poluentes, que se criem impostos sobre as emissões e que o governo e o Congresso considerem prioritária a ação nesse campo – 84% dos eleitores democratas são favoráveis, assim como 68% dos independentes e 52% dos republicanos.

E nem custaria tanto. Outro estudo (Business Green, 27/4) afirma que a União Europeia poderia atingir suas metas de redução de emissões até 2020 ao custo de 7 a 9 (R$ 17,50 a R$ 22,50) anuais por pessoa. Se quiser aumentar a meta de reduções de 20% para 30%, o custo entre 2011 e 2020 seria de mais 3,5 bilhões – que o noticiário equipara ao preço de algumas xícaras de café por ano por pessoa. Onde estaria, então, a resistência? Nas grandes corporações do setor de energia, principalmente.

Enquanto isso, novo relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, órgão científico da Convenção do Clima – no qual 220 cientistas de 62 países sintetizaram em 542 páginas as informações de 18.784 cientistas do mundo todo -, agrava seus diagnósticos e balanços. As perspectivas são mais graves para o Sul da Europa, Sul da África e Sudeste da Ásia, após um ano (2011) em que 302 chamados “desastres naturais” (incluindo terremotos e tsunamis) mataram quase 30 mil pessoas e geraram prejuízos de US$ 366 bilhões. Mesmo assim, a melhor perspectiva, no âmbito da Convenção do Clima, é de que os países signatários só cheguem em 2015 a um acordo para reduzir emissões, mas que entre em vigor apenas em 2020. Mesmo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) alertando (Reuters, 16/3) que, no passo atual, as emissões poderão aumentar 50% até meados do século. As fontes fósseis continuam respondendo por 85% da energia e esta gera 70% das emissões. Nesse passo, diz a OCDE, a temperatura do planeta poderá aumentar entre 3 e 6 graus Celsius até a virada do século. Previsão semelhante à do Blue Planet, que reúne cientistas detentores do Prêmio Nobel Alternativo de Meio Ambiente e acha possível um aumento de até 5 graus.

Nesse cenário, prevê o Deutsche Bank (25/4) que as emissões continuarão a subir até 2016, quando se iniciará um declínio. Mas, ainda assim, um limite de 2 graus no aumento da temperatura planetária – como recomendam os cientistas – é improvável, mesmo com os países cumprindo suas metas de redução. As emissões superarão em pelo menos 5,8 bilhões de toneladas anuais de CO2 os limites máximos recomendados, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) – e isso equivale às emissões anuais dos Estados Unidos.

Que se fará, então, para tirar da pobreza 1,3 bilhão de pessoas? Que se fará para diminuir o fosso entre crianças ricas e pobres, com as primeiras usando 50 vezes mais água que as últimas? O consumo dos ricos precisa diminuir, afirma a Royal Society (The Guardian, 26/4). A taxa de nascimento entre os pobres terá de baixar: no ritmo atual, o aumento da população entre os pobres exigirá uma cidade de 1 milhão de habitantes a cada cinco dias, até 2050.

Mas os Estados Unidos seguem aumentando suas emissões (mais 3,2% entre 2009 e 2010). A Rússia, também (mais 4,3%); o Japão, idem, após o problema nuclear (mais 4,2%). Em 20 anos, nos Estados Unidos, as emissões subiram 10,5%. A temperatura média em 2011, diz a Organização Mundial de Meteorologia (Estado, 25/3), esteve 0,4 grau acima da média de 2001 a 2010. E 2010 teve a temperatura mais alta desde 1880, quando começaram os registros nessa área. A área de gelos no Ártico foi a segunda menor em todos os tempos. O nível dos oceanos subiu 12 milímetros em oito anos, segundo a Universidade do Colorado. O aquecimento do solo está reduzindo a capacidade de armazenar carbono, essencial para a formação de matéria orgânica (Planet Ark, 14/2).

Muitas informações poderiam ser acrescentadas. Mas nem é preciso para aumentar a inquietação. Apesar dos dados alarmantes, já se decidiu que a Rio+20 não tratará nem de clima, nem de perda da biodiversidade, nem da Agenda 21 – os grandes temas da Eco-92, no Rio de Janeiro. E seguem, no âmbito da ONU, nos Estados Unidos, as discussões em torno de “economia verde” e “governança sustentável”, cujo esboço escrito inicial passou de poucas dezenas de páginas para milhares, depois que cada país acrescentou suas visões. Agora, estão depuradas para umas poucas centenas.

São discussões importantes. Mas parecem menos importantes que os grandes temas de 1992. O que se pergunta hoje é o que se fará agora, com a Europa de novo diante de uma crise econômico-financeira, com o mundo temendo uma nova débâcle. De que adiantaria temer os dramas previstos para 2050 se não somos capazes de dar soluções aos problemas que já batem à porta?

A diplomacia terá de esgotar suas habilidades até junho.

Fonte:EcoDebate

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Tecnologia aperfeiçoa tratamento de água

O avanço da poluição em mananciais superficiais ou subterrâneos e o rigor das legislações ambientais estão obrigando as indústrias de materiais e equipamentos para tratamento de água e esgoto a irem em busca de tecnologias mais modernas e baratas.

Os sistemas convencionais abrangendo o ciclo da floculação - com sulfato de alumínio - decantação, filtração e desinfecção com cloro, que estão em todas as cidades brasileiras e na maior parte da América Latina, já são considerados ultrapassados.

Atualmente já estão sendo experimentados novos produtos para a floculação, como os compostos de tanino, que além de serem derivados de uma árvore (a acácia negra) geram menor quantidade de lodo e ainda assim, de melhor qualidade, não sendo considerado um resíduo perigoso. O dióxido de cloro vem se expandindo em substituição ao gás cloro que tem ainda o inconveniente de exigir extrema segurança no armazenamento.

Mas os top de linha, já em uso na Comunidade Européia e nos Estados Unidos, são a ultra ou nanofiltração com membranas e o uso do ozônio e do ultravioleta para a desinfecção.

O ciclo de renovação de tecnologias na área de tratamento de água no Brasil, no entanto, custa a se abrir. Um pouco por comodismo, mas também por falta de cobrança da população - que muitas vezes nem conta com água tratada seja de que espécie for - ou por questão de custo. Por isto estas tecnologias para ganharem mercado precisam ter versatilidade e custos competitivos.

E isto é o que promete a Dow Water & Process Solutions que está lançando no Brasil skids compactos de ultrafiltração (modulares) que podem ser adaptados a sistema convencionais para modernizar e aperfeiçoar o tratamento. "Sabemos que um ponto importante na adoção de uma nova tecnologia, como esta da ultrafiltração, é poder utilizá-la para melhorar os sistemas convencionais a um custo compatível" explica Renato Ramos, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa no Brasil.

Neste caso, os módulos podem ser adicionados em qualquer etapa do tratamento, ocupam pouco espaço, necessitam de menos peças e materiais, quando comparados aos modelos tradicionais, o que se traduz em custos menores, montagem mais rápida e menor área ocupada.

Segundo Ramos se hoje for implantada uma ETA com ultrafiltração certamente seu custo total será cerca de 40% menor do que o que seria gasto com um sistema tradicional.

Especificamente sobre o gosto e odor de algas na água ele recomenda a instalação de módulos de ultrafiltração para obtenção de um tratamento mais eficiente e lembra que a Portaria de Potabilidade - a 2.914 - proíbe o uso de algicidas como vinha sendo feito para minorar esse efeito na água tratada.

Atualmente existe uma ETA de membranas com tecnologia Dow funcionando na Ilha de Fernando de Noronha para a dessalinização da água pelo método da osmose reversa, além de outras em vários empreendimentos industriais que necessitam de água com qualidade mais avançada. Mas ainda não há nenhum projeto com a tecnologia de membranas abrangendo sistemas públicos de abastecimento de água no Brasil.

Fonte: Água Online

Situação do saneamento no Brasil é dramática e não condiz com crescimento econômico do país

Vitor Abdala, da Agência Brasil

Os indicadores de saneamento no Brasil são “dramáticos” e fazem o país parecer parado no século 19. A avaliação é do presidente executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos. A organização não governamental realiza estudos e acompanha a situação do saneamento básico no país.

De acordo com o Trata Brasil, os últimos dados disponíveis do Ministério das Cidades, de 2009, mostram que cerca de 55,5% da população brasileira não estão ligados a qualquer rede de esgoto e que somente um terço do detrito coletado no país é tratado.

“Podemos dizer que a grande maioria do esgoto do país continua indo para os cursos d’água, os rios, as lagoas, os reservatórios e, consequentemente, o oceano. O Brasil parou no século 19. Qualquer indicador que você pegue tem níveis dramáticos, que não têm nenhuma relação com o avanço econômico que o Brasil vem tendo”, disse Carlos.

Para o especialista, o Brasil teve avanços, principalmente com a criação do Ministério das Cidades e com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Os progressos, no entanto, ainda são tímidos em relação às necessidades do país.

Segundo ele, atualmente são investidos entre R$ 7 bilhões e R$ 8 bilhões por ano em saneamento no Brasil, quantia inferior à necessária para atingir as metas do governo até 2030 – investimento de R$ 420 milhões pelos próximos 18 anos, o que corresponde a cerca de R$ 20 bilhões por ano, de acordo com estimativas feitas pelo Ministério das Cidades.

Mesmo com o aumento dos recursos para saneamento básico nos últimos anos, principalmente por causa do PAC, a maioria dos projetos não sai do papel. Um levantamento divulgado no início de abril deste ano pelo Trata Brasil, sobre as 114 principais obras de saneamento da primeira fase do programa, mostra que apenas 7% delas estão prontas. Entre as demais, 32% estavam paralisadas e 23% atrasadas.

“O problema não é a falta de recursos. Os municípios não conseguem tocar as obras. Muitos projetos [apresentados ao PAC] estavam desatualizados e tinham problemas técnicos. Muitas obras não passaram nem na primeira inspeção [do programa]”, informou o especialista.

Para Édison Carlos, os principais entraves ao avanço do saneamento básico no país são a falta de prioridade dada pelos políticos à questão e a falta de interesse da população em cobrar essas obras das autoridades.

O Instituto Trata Brasil participará da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Cnuds), a Rio+20, mas Édison Carlos é cético em relação aos avanços que poderão ser obtidos.

“Espero estar errado, mas acho que temas como os biocombustíveis, a questão da floresta e o efeito estufa tendem a dominar as discussões. Além disso, o que costuma balizar essas discussões são temas econômicos”.


Fonte: EcoDebate.