terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

SP: Pelo menos 60% do lixo reciclável separado pelos moradores em suas casas vai parar no lixo comum.

Subaproveitado, 60% de resíduo reciclável vai para lixão – Só 214 das 15 mil toneladas de lixo produzidas por dia são encaminhadas para reciclagem na capital.


Pelo menos 60% do lixo reciclável separado pelos moradores em suas casas vai parar no lixo comum. Contratadas para fazer a coleta seletiva porta em porta, as duas concessionárias responsáveis pelo serviço, Loga e Ecourbis, afirmam ter dificuldades no descarte. Falta espaço, estrutura e mão de obra para as centrais de triagem receberem o volume recolhido em São Paulo. Há dias em que os caminhões de coleta não deixam a garagem.
O problema se arrasta desde o ano passado, quando as cooperativas conveniadas à Prefeitura passaram a trabalhar no limite da capacidade. Segundo o contrato de concessão vigente até 2024, Loga e Ecourbis devem levar o lixo coletado a uma dessas 21 cooperativas. Muitas delas, no entanto, não contam sequer com esteiras para separar o lixo. A Prefeitura é responsável por entregá-las aos catadores.

Oficialmente, só 214 das 15 mil toneladas de lixo produzidas por dia são encaminhadas para a reciclagem e esse porcentual de apenas 1,4% não é todo reutilizado.

Segundo a Loga, o refugo (sobra) das cooperativas chega a 60%. Na conta do desperdício, além da falta de estrutura, há outros dois problemas: materiais malconservados e interesses do mercado. Se o preço do plástico, por exemplo, está em baixa, o produto é descartado.

Também acontece de o caminhão não recolher os sacos deixados pelos moradores. Bairros da zona sul atendidos pela Ecourbis, como Moema e Vila Mariana, são alguns dos que mais sofrem. A empresa assume que deixa de passar quando não encontra espaço nas cooperativas.

As centrais de triagem reivindicam esteiras, uniformes e reformas para aumentar a capacidade. Na zona leste, as cooperativas Chico Mendes e a Cooperleste, ambas na região de São Mateus, ainda separam o lixo manualmente. A falta de estrutura atrasa o serviço, afasta funcionários e reduz os lucros.

A Prefeitura informa que investe R$ 1,6 milhão por mês no apoio às cooperativas e, quando identifica irregularidades, multa as empresas de coleta. Segundo a Secretaria Municipal de Serviços, foram 139 multas desde 2010. A administração afirma que apenas 20% do lixo domiciliar é passível de reciclagem – desse total, 8,5% seria separado.

A Secretaria diz que estuda modificar a legislação que impõe a entrega do material reciclável apenas às cooperativas conveniadas. O objetivo é criar uma “porta alternativa” para que a coleta não seja desperdiçada. 


Fonte: EcoDebate/O Estado de S.Paulo/28/02/2012

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Proibido em países ricos, amianto ainda ameaça população de nações em desenvolvimento

Por Isabel Martínez Pita, da EFE.



O amianto, um produto prejudicial à saúde, tem coberto com seu manto invisível a vida dos países desenvolvidos. Proibido nessa região do planeta, embora não extinto, atualmente ameaça a população dos países mais pobres. O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de amianto.

 Desde o começo do século passado, o amianto se tornou o principal material da maior parte das construções. O material é um grupo de minerais fibrosos, compostos de silicatos, caracterizado por suas fibras longas e resistentes, que podem se separar, apresentando a particularidade de poder ser entrelaçadas solidamente e resistir a altas temperaturas.No começo do século 20 se inventou um procedimento pelo qual, misturado com o cimento, dava lugar ao amianto cimento ou fibrocimento, utilizado especialmente nos encanamentos de água potável, telhas onduladas e – como é um produto ignífugo, que resiste muito bem ao calor – para recobrir elementos que precisam ficar expostos ao calor.

 No trabalho, no lar e até no ar.

 Francisco Puche, membro da organização Ecologistas em Ação, editor, escritor, que faz parte da Federação Nacional de Vítimas do Amianto, explica que “já existiram até três mil produtos de diferentes tamanhos e condições que continham amianto, como por exemplo torradeiras, filtros de cigarros, filtros de água e encanamentos, pinturas impermeabilizantes, pastilhas e sapatas de freio, pavimentos”.

 “Além disso, como era muito flexível, podia ser usado como tecido em cobertores ou tecidos isolantes, assim como na indústria naval. Estava em todas as partes, de modo que houve uma espécie de contaminação geral de fibras de amianto no ambiente”, continua.

 Devido a essa variedade de usos, a exposição ao amianto atualmente pode ser ocupacional, doméstica ou ambiental. Em um estudo publicado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), no ano de 2006, se estimava em cem mil o número de pessoas que morrem por ano no mundo como consequência da exposição ao amianto.

 A Organização Mundial da Saúde (OMS), em um relatório realizado em 2010, assegurava que no mundo há cerca de 125 milhões de pessoas expostas ao amianto no local de trabalho e, segundo cálculos desta organização, a exposição laboral causa mais de 107 mil mortes anuais por causa de câncer de pulmão relacionadas com esse material.

 Além disso, afirmava o relatório, um terço das mortes por causa de câncer de origem laboral são causadas pelo amianto.

O produto industrial mais mortal da história

Para Puche, o amianto é “talvez o produto industrial que mais mortes vai causar na história da humanidade, mais do que o tabaco, porque vem sendo usado há muito tempo e porque também é muito difundido”.

 Cerca de 70% das pessoas que estão expostas no trabalho caem doentes, mas também faz adoecer 30% dos que não estão assim expostos, ou seja, as pessoas que vivem perto de fábricas ou que são parentes dos próprios trabalhadores. O amianto em sua elaboração industrial se esmiúça em fibras muito pequenas.

Da ordem de uma milionésima parte de um metro, que passam a ser fibras invisíveis e indestrutíveis, “em grande parte porque são muito resistentes aos ácidos e ao fogo, portanto permanecem quase mais tempo que a energia nuclear e está em todas as partes, no ar, na água e, portanto, nos alimentos”, explica o ecologista. Puche assinala que “as primeiras informações sobre os males do amianto para a saúde remontam ao ano de 1898.

 Depois, ao longo dos primeiros 50 anos do século 20, foram feitos estudos científicos cada vez mais sérios onde se foi demonstrando a toxicidade deste mineral. O problema é que houve muito tempo de latência entre a exposição e a morte ou surgimento da doença, e por outro lado a fibra é invisível, não se vê nem tem cheiro”. Mas, além disso, Puche lamenta que tenha havido “uma grande conspiração do silêncio porque era um material muito rentável, muito flexível, servia para muitas coisas e não interessava de nada para as empresas que se descobrisse sua toxicidade.

 Somente no começo da década de 90, e sobretudo a partir de 2000, que se começou a proibir o produto nos países desenvolvidos. De fato, atualmente é proibido em 55 países”. Países em desenvolvimento O que a princípio foi um fenômeno nos países desenvolvidos, atualmente a construção com este material barato emerge nos países em desenvolvimento, com a consequente incidência futura que terá sobre a saúde de suas populações. “No século 20, até a década de 1990, os países mais afetados eram os Estados Unidos e os da Europa, ou seja, onde mais se consumia amianto. Agora, como lá é proibido, os países mais afetados são Rússia, China, Índia e alguns da África. Na América Latina, a metade de seus países também foi muito afetada, mas já começa a haver um processo de proibição que começou na Argentina, Chile e parte do Brasil”.

 O Brasil um dos maiores produtores mundiais de amianto. Segundo a Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (Abrea), o mineral é utilizado em quase 3 mil produtos industriais, como telhas e caixas d’água. O baixo custo do produto e sua alta resistência favorecem o consumo.

 Outra das arbitrariedades que se cometem, diz o ecologista e escritor, é que “países onde seu uso é proibido, como no Canadá, o amianto é extraído mas não consumido, sendo exportado para outros para que o transformem. São empresas instaladas em países com o amianto regulamentado, mas com interesses econômicos em outras empresas localizadas em países onde ele não está”. “Há muita cumplicidade entre os países desenvolvidos onde se encontra um tremendo problema na hora de eliminar o amianto”, adverte Puche.

“Costuma-se assegurar que o amianto não prejudica mais a saúde, mas isso não é verdade, porque constantemente ele está sendo quebrado ou manipulado e, como por cada 12 milímetros de largura de uma placa pode sair um milhão de fibras que podem ser inaladas, se torna um enorme risco cancerígeno. Há gente que com uma dose muito pequena pode contrair câncer de pulmão depois de 30 ou 40 anos. Esse é o problema”, acrescenta o especialista.

Também, uma das atuações de muito duvidosa moralidade é a que explica o ecologista que está acontecendo em alguns países onde “os navios que foram construídos há mais de dez anos estão cheios de amianto e, na hora de seu desmantelamento, são enviados aos países asiáticos pobres. Ali, as pessoas, por três dólares ao dia, se dedicam a tirar o amianto sem nenhum tipo de proteção e é gente muito jovem, por isso que o número de mortes que haverá dentro de 30 ou 40 anos vai ser imenso”.

 E para pôr fim a este grave problema de saúde pública ao qual a população está exposta, Puche diz: “Há lugares muito sensíveis porque há crianças, idosos e doentes onde existe o amianto. Portanto, uma das coisas que nós pedimos é que se faça um registro dos lugares e prédios sensíveis. A partir daí, realizar um programa para desamiantar, começando pelo mais urgente, e dedicar um orçamento em nível governamental”.


Fonte: EcoDebate

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Aos indignados da sacolinha

Por Marília Moschkovich


E se a resistência à mudança de hábitos indicar que colocamos a ética do consumidor acima de todas as outras?

A proibição paulistana (e campineira; e provavelmente em outras cidades também, que eu não saberia citar aqui) de supermercados distribuírem sacolas plásticas para que os clientes transportassem as compras tem sido, no mínimo, polêmica. Grupos raivosos pipocaram na internet de todos os lados: contra, a favor, pela volta das sacolas, pelo fim dos supermercados, e por aí vamos. Por que, afinal, uma decisão aparentemente tão simples gerou tanto ódio?

Comecemos do começo. As sacolas plásticas vinham sendo utilizadas em larguíssima escala e na maioria das vezes sem a menor necessidade (para carregar um litro de leite apenas, por exemplo, muita gente chegava a usar até duas sacolas). O fato de que depois essa sacola será usada como saco de lixo não exime nem elimina o problema de seu uso. Ela será provavelmente destroçada e seus pedaços acabarão na garganta de algum animal ou humano de qualquer forma, poluindo mananciais entre outros problemas associados.

Trata-se de uma questão maior que é o destino do lixo. O “lixo” que a sacola plástica comporta não acaba na porta da sua casa, nem no caminhão, nem no aterro. É um ciclo longo e muito agressivo, já que somos tantas pessoas tão concentradas nas grandes cidades brasileiras. Na grande maioria dos casos, o lixo poderia ser descartado em caixas de papelão ou sacos de papel, talvez um pouco menos agressivos, embora o descarte ideal e menos nocivo talvez fossem latões comunitários, esvaziados direto no caminhão. Você levaria uma caixa plástica reutilizável ao latão, despejaria seu lixo lá, passaria uma aguinha na caixa e voltaria para casa feliz e contente. O caminhão recolheria direto este lixo e levaria o orgânico para uma grande composteira – enquanto o reciclável seria separado em usinas e reutilizado. Não é tão utópico assim, mas é preciso um pouco de vontade política.

Cidades como Campinas (SP), por exemplo, onde moro há sete anos, têm leis que vão exatamente no sentido oposto, proibindo o lixo de ser descartado em qualquer outro recipiente que não uma sacola plástica. Já tentei descartar em caixa e os lixeiros simplesmente não levam – pois consta na legislação que eles só podem levar sacolas plásticas. O lixo é, essencialmente, uma questão política.

Você, leitor ou leitora, que pode ser mais um indignado-das-sacolinhas, sabe que tem, porém, outros motivos para achar essa lei uma idiotice. O primeiro é que ela só proíbe um tipo de sacolinha e apenas se for gratuita – pagando pode. Isto é uma evidência clara de que não se trata em momento algum de preocupação ambiental. Como eu disse, há outras medidas de descarte e tratamento do lixo que precisariam e poderiam ser tomadas em conjunto, se essa fosse de fato a questão central para as prefeituras e governos que proibiram as sacolinhas de mercado.

As sacolas mais baratas do Pão de Açúcar, por exemplo, são produzidas no Vietnã (sustentabilíssimo importar sacolas de navio ou avião) e devem ter um custo de produção equiparável às proibidas sacolas plásticas. Ah, vale lembrar que elas também são plásticas. Mas reutilizáveis por mais tempo. Um plástico mais resistente – sinceramente questionável se é melhor para o meio ambiente, mas enfim, divago.

Por outro lado, não me parece lá muito sensato reivindicar a volta das sacolinhas. Quem o faz, até agora, tem usado o argumento do “consumidor”. Ah, o bom e velho argumento do “consumidor”, o único que cola na sociedade brasileira contemporânea. Parece que agora os supermercados em São Paulo serão obrigados a oferecer uma forma de transporte das mercadorias compradas. Por que o excelentíssimo consumidor não pode fazer um esforço mínimo de lembrar-se de levar o próprio meio de transporte da mercadoria, não sei. Não me parece fazer sentido algum. Não é um argumento, não há uma racionalidade por trás dessa reivindicação e decisão. Simplesmente porque sim. Porque sempre foi feito. Porque há, no Brasil, uma ética do consumidor que suprime e atropela toda e qualquer outra ética.

Quantas vezes você, de folga no domingão, não ficou decepcionado porque um atendente de alguma loja não foi “simpático” com você? Já pensou se fosse você, trabalhando lá no domingão, indo e voltando de ônibus, com um salário de m*rda? Iria querer ser simpático? Será que você foi simpático com ele? Não importa. Nada disso importa. Você está pagando e tem o direito de ser bem tratado por isso: assim funciona a lógica dessa “ética do consumidor” aqui no Brasil. Um cidadão só é cidadão quando é consumidor.

Esse tipo de relação entre as pessoas e destas com as coisas não é lá muito construtivo se pensarmos numa sociedade mais sustentável (já que esta é a palavra da moda). Hierarquizamos pessoas e direitos pelo seu poder de compra, reproduzindo o que fazem as empresas conosco. Temos o direito de enviar para aterros sanitários pedaços de plástico que poluem e matam a fauna, afinal, o preço deles já está incluso na nossa mercadoria.

Aos que se lembram ainda de uma outra questão – a das embalagens, que também produzem lixo (embora, se separadas e recicladas, não causem o transtorno que o descarte de lixo em sacolas plásticas causa; e sim, eu sei que o descarte de lixo vai continuar sendo em sacolas plásticas) – pergunto quantos fazem a própria comida toda ou quase toda, evitando embalagens prontas. Você já fez seus próprios biscoitos? Seu próprio iogurte? Seu sabonete? Cream cheese? Receitas muito, muito simples, que demandam pouco tempo e pouco trabalho (além de poucos ingredientes) e que reduzem a quantidade de lixo que você produz.

As embalagens sempre serão permitidas enquanto os produtos prontos forem permitidos. E não defendo que eles sejam proibidos, não. Mas a educação doméstica, para homens e mulheres, na escola e em outros ambientes educacionais, poderia ser essencial para que pudéssemos aprender que fazer macarrão em casa é simples, fácil, rápido, barato e muito mais saudável para seu corpo e para o corpo das outras pessoas em volta, indiretamente.

Este tipo de relação exige, porém, que a ideia do “privilégio absoluto do consumidor” seja extinta ou, no mínimo, muito questionada. O caminho para uma sociedade sustentável passa necessariamente por uma transformação na qual as pessoas se relacionem mais como cidadãos e cidadãs e menos como produtos numa prateleira. Ou numa sacolinha plástica.



Fonte: Agência Envolverde

Indústria brasileira recicla 320 mil toneladas de pneus em 2011

As indústrias brasileiras produtoras de pneumáticos destinaram de forma ambientalmente correta, no ano de 2011, 320 mil toneladas de pneus inservíveis (que não têm mais condições de serem utilizados para circulação ou reformados), quantia que equivale a 64 milhões de unidades de pneus de carros de passeio. Os dados são da Reciclanip, entidade que reúne as empresas do setor e cuida da coleta e destinação desse material.

Desde 1999, quando entrou em vigor no Brasil a resolução número 258 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que obriga as empresas fabricantes e importadoras de pneus a coletar e dar destinação final adequada aos inservíveis, a Reciclanip já enviou para reciclagem 1,86 milhão de toneladas de material, equivalentes a 373 milhões de pneus de passeio. “A previsão para 2011 era de coletarmos 355 mil toneladas, mas, devido à perda de mercado para os importados, as vendas da indústria nacional caíram, e por consequência o volume de inservíveis também”, diz César Faccio, coordenador da Reciclanip.

Cerca de 63% desses pneus são reaproveitados como combustível alternativo para as indústrias de cimento. Parcelas menores são utilizadas para a fabricação de solados de sapato, borrachas de vedação, dutos pluviais, pisos para quadras poliesportivas, pisos industriais, asfalto-borracha e tapetes para automóveis. Todas estas destinações são aprovadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).“Acredito que nos próximos anos esse quadro vai mudar e a principal maneira de reaproveitamento será o asfalto-borracha. Estados como o Paraná já utilizam este revestimento em larga escala nas rodovias, e novas legislações implantadas no Rio de Janeiro e em São Paulo pretendem fazer o mesmo”, comenta César.

Segundo a Reciclanip, a quantidade de material coletado no ano passado representa a retirada de resíduos do ambiente em volume igual ao que foi colocado no mercado em forma de pneus novos. A entidade tem 726 postos de coleta em todos os estados do país e no Distrito Federal e qualquer pessoa pode entregar neles seus pneus usados. Para saber onde estão estes postos acesse www.reciclanip.com.br.

Fonte:Agência Envolverde

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Prefeitos terão que inovar para respeitar a política de resíduos.

Por Alexandre Spatuzza


A inovação deverá estar presente no debate das eleições municipais este ano, principalmente no que se refere ao tratamento dos resíduos sólidos urbanos, pois os desafios enfrentados pela maioria dos 5.500 municípios brasileiros são enormes se quiserem atender à demanda da população e à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). A formação de consórcios, novos caminhos para os resíduos, parcerias público privadas, taxas e novos meios de financiar terão que ser elencadas entre as soluções, segundo um guia elaborado pela consultoria Pricewaterhouse Coopers (PwC) para a Associação Brasileira de de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (ABPL) e o Sindicato da Empresas de Limpeza Urbana do Estado de São Paulo.

Publicado no final de 2011, o guia faz um diagnóstico conhecido do situação atual: os governos locais não conseguem acompanhar o crescimento de geração de resíduos que veio com o desenvolvimento econômico e a urbanização. Só para ilustrar, desde 2000, a geração resíduos urbanos cresceu 90% enquanto a população cresceu 12%. Hoje, 60% dos municípios dão destinação final inadequada aos resíduos urbanos em lixões e aterros controlados; a taxa de reciclagem destes resíduos não passa, salvo exceções, de um dígito; os recursos públicos destinados a estes serviços são insuficientes; as grandes cidades como São Paulo não têm mais lugar para depositar os resíduos.

No entanto, a PNRS é categórica: até 2014 todas as cidades no Brasil terão que eliminar os lixões, apresentar planos de gestão integrada de resíduos até agosto de 2013, aumentar a taxa de reciclagem e incluir os catadores no processo. Outras responsabilidades como logística reversa e do gerador pagador são de responsabilidade das empresas e dos próprios cidadãos.

“Será um desafio político, tecnológico e de conhecimento técnico,” lembrou Carlos Rossin, diretor da área de sustentabilidade da PwC e um dos coordenadores do estudo. “A maioria dos municípios não tem escala e nem conhecimento técnico para elaborar e implementar um plano, portanto vão ter que se consociar”.

Mas, apesar de Rossin afirmar que não há receita de bolo, uma análise de experiências na mesma área mostra como o Brasil se diferencia, negativamente, dos outros países. No Brasil, cada habitante paga em média R$88 por ano pelos serviços de limpeza urbana – que envolvem coleta de resíduos e varrição nas ruas. A média mundial é de R$429 por habitante por ano. Em Buenos Aires se gasta mais que a média brasileira com cerca de R$140 e os habitantes de Tóquio pagam mais de R$1000 por ano.

Mesmo assim, no Brasil, a limpeza pública consome em média de 6% a 15% dos orçamento municipais, que cobrem entre 40% a 50% do custos do serviço, revelou Rossin.

Na opinião de Rossin, há uma explicação fundamental por esta diferença: na maioria dos outros países a questão de limpeza urbana, resíduos e saneamento é tratado integralmente como saúde pública.

LIMPEZA PÚBLICA E SAÚDE PÚBLICA

“Já existe a percepção nos países de que cada real gasto com limpeza pública ecomomiza-se 4 reais no orçamento da saúde. É uma economia brutal”, alertou.

A outra questão, também conceitual, é a incorporação de novas tecnologias de coleta, triagem e reciclagem dos resíduos. As soluções atuais – coleta, processamento e destino final - seja ele para reciclagem compostagem ou até para geração de energia – já estão contabilizadas. No entanto, os municípios têm que começar a prever a incorporação de novas tecnologias que virão a ser desenvolvidas e essenciais, o que é custoso e deve ser incorporado no orçamento público.

“Para mexer com novas tecnologias teremos que ter uma arrecadação de quatro a cinco vezes maior que o custo [operacional],” explicou, citando a experiência de Barcelona que já trabalha com novos sistemas dutos locais para coletar os resíduos das casas e apartamentos.

Na cidade espanhola, o sistema combina tubos e sucção separados por tipo de resíduos. O guia explica: “Separados por escotilhas com cores diferentes relativas a cada matéria, as bocas do lixo estão presentes em várias áreas da cidade e em prédios e dependem dos moradores para que estes coloquem em cada uma dessas escotilhas o resíduo específico”. Os resíduos são coletados em contêineres subterrâneos estratégico de onde os caminhões de coleta os retiram de uma forma automatizada. Além disso, a taxa 12 Euros mensais pode ser descontada à medida que cidadão participa do sistema de coleta seletiva. Os dispêndio anual de cada barcelonenses com os resíduos é de mais de R$400.

REDUÇÃO NA GERAÇÃO

O investimento em inovação também deveria incluir o processo de reciclagem. Aqui, segundo o guia da PwC, a cidade de São Paulo trouxe uma novidade que é a remuneração fixa pelo serviço e não mais pela quantidade de resíduos destinados aos aterros. A qualidade do serviço é medido pela satisfação dos cidadãos. Além disso, o contrato paulistano pervê que as concessionárias possam obter remuneração de outras atividades relacionadas como a utilização econômica dos resíduos e venda de biogás dos aterros.

Isto pode estimular a concessionária a investir em educação, conscientização e sistemas de coleta seletiva e reciclagem, concluiu o relatório. Cada Paulistano gasta cerca de R$75 por ano com limpeza urbana. Menos de um quarto do se gasta anualmente em Barcelona e menos da média nacional de R$88.

“Quanto mais se reduz a geração de resíduos, melhor”, disse Rossin.

Mas, para ele, a reciclagem é uma questão mais profunda, pois a reciclagem envolve voltar o resíduo para a cadeia produtiva e isto requer mudanças não só no comportamento do consumidor, mas também no design dos bens de consumo e embalagens para reduzir a mistura de materiais – que facilita a reciclagem e aumenta o valor econômico do resíduo.

Finalmente, há se discutir conceitualmente a composição do resíduo doméstico urbano que é composto de 60% de material orgânico.

“Estamos transportando água,” comparou Rossini.

Nos Estados Unidos, a solução dada foi triturar os restos de alimentos nas própria residências e despejar pelo ralo para a rede de esgoto onde são encaminhados para tratamento.


Fonte:Revista Sustentabilidade


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sábado, 4 de fevereiro de 2012

Na contramão do cenário global:desigualdade no Brasil diminuiu, afirma novo relatório da ONU.

O Brasil foi lembrado no novo relatório “Pessoas Resilientes, Planeta Resiliente” preparado pelo Painel de Alto Nível sobre Sustentabilidade Global das Nações Unidas pela queda nos índices de desigualdade. O Painel, que teve entre seus integrantes a Ministra do Meio Ambiente brasileira, Izabella Teixeira, afirma também que o país reduziu o desmatamento e apresentou bons índices de energia limpa.

O relatório do Painel de Alto Nível é uma preparação para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) no Brasil em junho de 2012.

Enquanto a desigualdade entre ricos e pobres aumentou na maioria dos países, o Brasil junto com a Turquia foram lembrados pelas Nações Unidas como países que seguiram caminhos contrários a essa tendência nos últimos dez anos.

O país, assim como a Indonésia, também foi elogiado pela “redução substancial” dos índices de perdas de vegetação. Quanto a energia, a ONU elogiou o rápido progresso de fontes renováveis no Brasil, que corresponde a mais de 80% de sua fonte de energia.

O relatório ressalta que o Brasil, através do programa federal Bolsa Verde, está planejando beneficiar cerca de 73 mil famílias de extrema pobreza que se comprometem com a conservação ambiental das áreas de moradia e trabalho. Esse programa inclui pagamentos trimestrais, capacitação de manejo florestal e está inserido no Plano Brasil Sem Miséria.

Alguns dos dados mundiais preocupantes do relatório são: a inflação nos preços dos alimentos; o aumento em 20 milhões de pessoas que passam fome; o desmatamento médio anual de 5,2 milhões de hectares no mundo; e o crescimento de 38% da emissão anual de gás carbônico entre 1990 e 2009. Além disso, 884 milhões de pessoas ainda não têm acesso à água e 2,6 bilhões estão sem serviços de saneamento básico.

Copresidido pela presidente finlandês Tarja Halonen e pelo presidente sul-africano Jacob Zuma, o Painel lançou seu relatório final com 56 recomendações para colocar em prática o desenvolvimento sustentável e integrá-lo às políticas econômicas o mais rápido possível.

Os 22 membros do Painel de Alto Nível sobre Sustentabilidade Global incluiu chefes e ex-chefes de Estado, ministros e representantes do setor privado e da sociedade civil.

Ban Ki-moon, ao receber o relatório do Painel, afirmou que o desenvolvimento sustentável é uma prioridade para seu segundo mandato. “Precisamos traçar um novo rumo, mais sustentável para o futuro, que fortalece a igualdade e o crescimento econômico ao mesmo tempo em que protege o nosso planeta”. [www.onu.org.br].

Fonte> Portal Fator Brasil

Brasil destina mais de 34 mil toneladas de embalagens vazias de agrotóxicos por meio do Sistema Campo Limpo em 2011.

Desde o início de suas atividades, em 2002, sistema já destinou mais de 200 mil toneladas de embalagens.

O Sistema Campo Limpo (logística reversa de embalagens vazias de agrotóxicos), formado por agricultores, fabricantes - estes representados pelo Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV)-, canais de distribuição e com apoio do poder público, encaminhou para o destino ambientalmente correto, em 2011, 34.202 toneladas de embalagens vazias de agrotóxicos. O volume representa um crescimento de 9% em relação ao ano anterior, quando foram destinadas 31.265 toneladas. Somente em dezembro deste ano, 2.035 toneladas de embalagens vazias foram retiradas do campo.

De acordo com o inpEV, 15 Estados apresentaram crescimento no volume destinado. Os maiores destaques foram a Bahia, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo, que juntos correspondem a 73% do volume total destinado em todo o país em 2011.

Em funcionamento desde 2002, operando em 25 Estados e no Distrito Federal por meio de 421 unidades de recebimento, o Sistema Campo Limpo já destinou mais de 200 mil toneladas do material por meio da integração de todos os elos da cadeia.


O inpEV – Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias, é uma entidade sem fins lucrativos criada pela indústria fabricante de agrotóxicos para realizar a gestão pós-consumo das embalagens vazias de seus produtos de acordo com a Lei Federal nº 9.974/2000 e o Decreto Federal nº 4.074/2002. A legislação atribui a cada elo da cadeia (agricultores, fabricantes e canais de distribuição, com apoio do poder público) responsabilidades compartilhadas que possibilitam o funcionamento do Sistema Campo Limpo (logística reversa de embalagens vazias de agrotóxicos).

O instituto foi fundado em 14 de dezembro de 2001 e entrou em funcionamento em março de 2002. Atualmente, possui 89 empresas e dez entidades em seu quadro associativo. [www.inpev.org.br].

Fonte:Portal Fator