quinta-feira, 27 de maio de 2010

Tratamento de efluentes.

Por Rorberto Naime

Existem 3 preocupações básicas na questão ambiental dentro das empresas: o tratamento de efluentes (líquidos usados na produção e que necessitam recuperação antes de serem devolvidos às bacias hidrográficas superficiais); gestão de resíduos sólidos e monitoramento de emissões atmosféricas, quando existem.

Dentro da abrangência da sustentabilidade, ainda entram o ecodesign, a reciclagem, as questões de eficiência energética e otimização de uso de recursos hídricos.

Que são efluentes industriais: águas utilizadas nos processos produtivos que se tornam impróprias para retornar para a rede de drenagem superficial sem que primeiro sofram tratamento físico-químico e/ou microbiológico.


Porque são impróprias para retornar sem tratamento? Porque estas águas estão contaminadas com vários tipos de substâncias e produziriam poluição hídrica.

A Poluição hídrica pode ser definida como a introdução num corpo d’água de qualquer matéria ou energia que venha a alterar as propriedades dessa água, afetando, ou podendo afetar, por isso, a “saúde” das espécies animais ou vegetais que dependem dessas águas ou com elas tenham contato, ou mesmo que venham a provocar modificações físico-químicas nas espécies contatadas.

Quando um curtume utiliza água para efetuar o curtimento, recurtimento ou tingimento de peles bovinas, esta água, quando retornada dos processos, é um efluente industrial. Quando um matadouro utiliza água nos seus processos de abate e beneficiamento de carnes, a água fica sem condições de retornar aos sistemas hídricos antes de passar por processos de tratamento de efluentes.

Os tratamentos físico químicos e biológicos são muito variados e dependem das características dos efluentes a serem tratados. Quando se quer remover material particulado sólido imerso na água, se usam técnicas de peneiramento, filtração ou reações químicas com coagulantes.

Para remover constituintes orgânicos como sebo, pele ou outro constituinte qualquer se usam técnicas com lodo ativado. Na remoção de biodegradáveis se utilizam reatores ou adição de reagentes para produzir processos físico-químicos.

Substâncias orgânicas voláteis (ou seja que evaporam no ar, como álcool) utilizam arraste com ar ou adsorção em carbono. Para eliminar bactérias patogênicas, se usa cloro, ozônio ou radiação ultravioleta. Metais pesados, como Mercúrio, Chumbo ou Cromo são removidos por precipitação química ou troca iônica.

O mecanismo de precipitação química é quando a gente coloca uma substância que reage com o metal e forma um sólido que decanta (precipita) no fundo e daí a gente faz a separação. É como colocar excesso de açúcar num cafezinho, onde o excesso fica no fundo e a gente pode remover facilmente até com a colherzinha.

Os tratamentos, sempre são realizados em estruturas denominadas Estações de Tratamento de Efluentes (ETEs), diferentes das Estações de Tratamento de Esgotos ou Estações de Tratamento de Água (ETAs), que se destinam a preparar a água para o consumo humano.

As estações geralmente começam por gradeamentos e separação dos efluentes conforme suas origens. Os efluentes, devidamente separados, vão sofrer decantações em ambientes distintos, por processos meramente físicos em tanques ou lagoas.

Os efluentes depois de deixarem em tanques apropriados suas porções decantadas, são misturados para um primeiro tratamento, que é biológico.

Após isso, há um procedimento físico-químico, conforme a composição do efluente, conforme já visto anteriormente, para o tratamento. Após os lodos resultantes do tratamento são submetidos a leitos de secagem com retorno de líquidos e finalmente obtém-se o efluente tratado dentro dos padrões exigidos.
Este efluente dentro dos padrões pode ser retornado à rede de drenagem superficial, formada por rios, córregos e lagos.

Roberto Naime, Professor no Programa de pós-graduação em Qualidade Ambiental, Universidade FEEVALE, Novo Hamburgo – RS.

Fonte:Portal Ecodebate.

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