Estudo mostra que a limpeza urbana consome em média de 7% a 15% do orçamento municipal das cidades brasileiras.
Por Ernesto Cavasin Neto
O crescimento econômico que experimentamos no momento é sem dúvida motivo de euforia para empresários e políticos. Depois de anos de crescimento abaixo do desejado, o Brasil dá sinais de uma economia forte e capaz de sustentar um crescimento mais vigoroso. Contudo, o sabor desse desenvolvimento acelerado pode ser amargo, se não estivermos preparados para os passivos por ele gerados.
Uma das preocupações ambientais mais fortes durante um período de desenvolvimento acelerado é a geração de lixo, ou melhor, a destinação do resíduo gerado. O aumento do consumo faz com que o cidadão leve para casa mais produtos e jogue fora as peças substituídas. A indústria, ao elevar sua produção, também aumenta seus rejeitos, que, na maioria das vezes, necessitam de tratamento adequado.
Segundo estudo do Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM, a limpeza urbana consome em média de 7% a 15% do orçamento municipal das cidades brasileiras. Uma rubrica orçamentária relevante e que tende a crescer caso soluções inovadoras focadas na realidade nacional não sejam criadas.
A legislação brasileira prevê que a responsabilidade dos resíduos gerados por residências, comércios e setor público é dos municípios onde o mesmo foi originado, e que quando gerado pela indústria, serviços de saúde, construção civil e terminais logísticos (portos, aeroportos, ferroviárias e etc.) é do gerador.
Se existem desafios relevantes aos municípios no que tange ao tratamento de lixo, desafio igual está no setor privado, principalmente na indústria. Apesar de um crescimento exponencial do setor de tratamento de resíduos industriais no Brasil, principalmente de 2007 em diante, quando o setor de tratamento de resíduos cresceu mais de 40% ao ano, ainda existem barreiras para que as empresas geradoras façam uso desse tipo de serviço.
O setor de tratamento de resíduos industriais no Brasil conta hoje com aproximadamente 160 unidades de processamento, com grande concentração de unidades na Região Sudeste. Além dessa concentração, a logística é um grande gargalo para o setor, muitas vezes dificultando o acesso de pequenas e médias empresas a esse tipo de serviço.
Apesar de todos esses fatores, estima-se que o setor de tratamento de resíduos industriais fature cerca de R$ 1,1 bilhão por ano e que manterá para os próximos anos crescimentos da mesma ordem do ultimo triênio.
Um maior comprometimento do governo e fiscalização mais sólida são necessários para que passivos ambientais gerados pela má gestão de resíduos sejam evitados, além da criação de ambiente institucional seguro para que novos investidores possam entrar nesse mercado promissor e de suma importância para o meio-ambiente.
Ernesto Cavasin Neto, especialista em Sustentabilidade empresarial, Gerente Executivo da PricewaterhouseCoopers, Membro do Conselho da Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Carbono.
Fonte: Último Segundo IG
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