quarta-feira, 2 de abril de 2014

Setor de Resíduos Sólidos investiu US$ 20,9 bilhões em 2013



O ano de 2013 se encerrou com um dado importante para o avanço da consciência sustentável a nível global: de acordo com um estudo realizado pela ISWA (International Solid Waste Association), a principal organização internacional de resíduos sólidos que tem a ABRELPE - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais como representante no Brasil, o mercado de resíduos sólidos investiu 20,9 bilhões de dólares no período. Além disso, foram realizados mais de mil projetos envolvendo waste-to-energy (recuperação energética de resíduos), processamento, geração de energia a partir de biomassa e reciclagem de resíduos. Para 2014, as notícias são ainda melhores: já estão confirmados investimentos de 11,9 bilhões no setor e, segundo o presidente da ISWA, David Newman, o valor total deve atingir a casa dos 30 bilhões até o final deste ano.
   
Os dados levantados pela ISWA demonstram que, dos projetos na área desenvolvidos no mundo, 30% envolvem a questão das tecnologias waste-to-energy(que absorveram cerca de 11,3 bilhões de dólares no ano passado).
Logo depois, abrangendo 16,4% dos projetos, se inserem as iniciativas de geração de energia a partir da biomassa. O alto investimento neste mercado em 2013 teve como uma de suas razões o fato de que o segmento de resíduos sólidos foi responsável por 8% das emissões totais de CO2. Neste sentido, inúmeros empreendedores têm apresentado uma preocupação crescente acerca da problemática, fator que influencia na decisão por investir em projetos voltados para a redução da emissão de gases de efeito estufa.
Os projetos de outras tecnologias de processamento e de reciclagem de resíduos retiveram, respectivamente, 12,4% e 12,1% do valor investido. O restante dos projetos, que foram contemplados com 29,8% do investimento, dizem respeito a outros métodos de tratamento e destinação final de resíduos sólidos.
Diante deste cenário promissor, vale ressaltar que o Brasil sediará o Congresso Mundial de Resíduos Sólidos em setembro, quando serão propostos debates relativos à temática “Soluções Sustentáveis para um Futuro Saudável”. O evento será promovido e trazido ao país pelo próprio presidente da ISWA.

Demanda x investimentos

Apesar do crescimento considerável dos investimentos no setor de resíduos sólidos, é importante ressaltar que o valor ainda não atende completamente às demandas da geração destes materiais, principalmente quando o assunto são os países em desenvolvimento. De fato, o valor investido no mercado apresenta uma média de aumento de 70% ao ano, mas não acompanha o aumento do ritmo anual no qual os resíduos são gerados.
Para se ter uma ideia, 50% da população do planeta ainda não conta nem com sistemas de coleta de resíduos. Neste contexto, uma necessidade enfatizada por David Newman é a instituição de fundos específicos para custear a gestão integrada de resíduos sólidos, com destaque especial para os referidos países em desenvolvimento, que sofrem com problemas graves de déficit de gestão.

Panorama brasileiro 

O Brasil é um exemplo claro do descompasso que ainda persiste entre o nível de investimentos e as demandas relativas à destinação dos resíduos sólidos urbanos. A universalização da coleta destes resíduos ainda não é uma realidade no país: um grande volume destes materiais é encaminhado para locações inadequadas. Em 2012, um levantamento da ABRELPE denunciou um déficit de 11% na cobertura de coleta e mais de 23 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos enviados para lixões e aterros controlados, unidades que, do ponto de vista ambiental, não têm o mesmo impacto positivo de soluções que reaproveitem os resíduos para uma nova aplicação e uso.
Segundo dados recentes coletados pela Associação, o Brasil precisaria investir R$ 6,7 bilhões na gestão de resíduos sólidos para coletar e destinar adequadamente os seus resíduos totais. Desta forma, se mantiver o parâmetro de investimento na gestão do setor (conforme registrado na última década), o país conseguirá atingir a universalização de toda a destinação final somente em meados de 2060. A situação se agrava ainda mais se considerarmos o prazo estabelecido pela PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos) para o fim dos lixões a céu aberto, estipulado para agosto deste ano.
Diante de um prazo tão próximo, ainda há muito a ser feito. Milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos não são adequadamente destinados no país. Estimativas da ABRELPE, baseadas na experiência de outros países, indicam que são necessários de 15 a 20 anos para se atingir a redução da geração de resíduos, que figura como etapa principal na hierarquia prevista pela PNRS. A melhoria esperada, no entanto, demanda infraestrutura adequada, modificações no processo produtivo e a adoção de uma postura de consumo consciente por parte da sociedade.
Por exemplo, para atingir a etapa principal na hierarquia prevista pela PNRS, a redução da geração de resíduos, são necessários de 15 a 20 anos, conforme estimativas da ABRELPE, que baseou este estudo na experiência de outros países.

Fonte: Tera Ambiental

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