Por Por Fernando Von Zuben *
Planeta Sustentável - 01/2008
O resíduo sólido urbano brasileiro ainda possui concentração muito elevada de matéria orgânica (basicamente resíduos de alimentos) que chega 5 mil toneladas. Evitar o desperdício, além de apoiar as iniciativas de associações e cooperativas de coletores de recicláveis é contribuir para a difusão dos princípios do desenvolvimento sustentável
Em estudo realizado pelo Ministério do Meio Ambiente e pelo Instituto de Estudos da Religião (ISER), no ano passado, foi constatado que a falta de saneamento ambiental (coleta de lixo, rede de esgotos, tratamento de efluentes) é a maior preocupação ambiental para os brasileiros que moram em cidades, com 18% das menções espontâneas na pesquisa.
A disposição inadequada do resíduo sólido urbano em "lixões" a céu aberto, sem qualquer tratamento, está contaminando os lençóis freáticos (água de subsolo) de várias regiões brasileiras. Essa situação é ainda pior se considerarmos que a água potável vai se tornar, em breve, um fator de grande competitividade entre as nações, pois está se transformando em um recurso cada vez mais escasso. Além disso, a decomposição do lixo, na ausência de oxigênio, resulta na emissão descontrolada do gás chamado metano, grande causador do efeito estufa - aumento da temperatura média do planeta: uma tonelada deste gás equivale à liberação de aproximadamente 20 toneladas de gás carbônico para a atmosfera.
O resíduo sólido urbano brasileiro ainda possui concentração muito elevada de matéria orgânica (basicamente resíduos de alimentos) que, de acordo com os últimos dados levantados na cidade de São Paulo, atinge cerca de 50% (cerca de 5 mil toneladas) em peso de todo o lixo coletado diariamente. Para se ter idéia dessa discrepância, basta dizer que a concentração de matéria orgânica dos resíduos sólidos urbanos de cidades dinamarquesas está em torno de 15%. As duas principais causas desse alto índice de resíduos orgânicos encontrados no lixo brasileiro são a falta de um sistema de distribuição, de comercialização e de embalagens eficientes para proteger os alimentos. Um exemplo emblemático é o sistema de embalagens de tomate. Seu transporte é realizado em caixas de madeira, causando perdas de até 35% em toda a cadeia, o que aumenta o volume de resíduos sólidos urbanos - lixo - e, também, a geração de gases de efeito estufa nos aterros sanitários.
Como, em geral, as pessoas não identificam restos de alimento como geradores de impactos ambientais, a busca de soluções para o problema não é prioritária. A produção de alimentos é fortemente impactante no ambiente, desde a fase agrícola - com a utilização de fertilizantes e agroquímicos -, passando pela erosão do solo, a destruição de rios e florestas e o transporte da safra para as unidades industrializadoras e seu processamento. Logo, evitar a perda de alimentos faz sentido, também, em termos de diminuição do impacto ambiental de toda a cadeia alimentícia.
A coleta seletiva tem papel fundamental na adequada destinacão dos resíduos urbanos, na geração de empregos e de renda e no desenvolvimento de empresas recicladoras e a conseqüente diminuição da emissão de gases nos aterros. Como exemplo, cito as caixas de papelão, fabricadas a partir de celulose que, quando recicladas, geram riqueza e, se aterradas, produzem metano.
Para aumentar o volume de material coletado e triado, o incentivo às associações e cooperativas de coletores de rua é de fundamental importância, pois eles são os responsáveis pela maior parcela de material coletado e transformado em matéria-prima para as indústrias recicladoras em todo o País. Devido à falta de amparo legal e vivendo muitas vezes à margem do processo produtivo, os coletores merecem e devem receber amparo e incentivo da sociedade para permitir o aumento da eficiência e do volume coletado, melhorar a qualidade do material coletado e aumentar as condições de segurança no trabalho do seu negócio.
Pensando nisso, acredito que apoiar as iniciativas de associações e cooperativas de coletores de recicláveis é contribuir para a difusão dos princípios do desenvolvimento sustentável. Nosso futuro está intimamente ligado à maneira como planejamos e executamos nosso presente e sua relação com o bem-estar do planeta é fundamental para a sobrevivência da própria espécie humana.
A disposição inadequada do resíduo sólido urbano em "lixões" a céu aberto, sem qualquer tratamento, está contaminando os lençóis freáticos (água de subsolo) de várias regiões brasileiras. Essa situação é ainda pior se considerarmos que a água potável vai se tornar, em breve, um fator de grande competitividade entre as nações, pois está se transformando em um recurso cada vez mais escasso. Além disso, a decomposição do lixo, na ausência de oxigênio, resulta na emissão descontrolada do gás chamado metano, grande causador do efeito estufa - aumento da temperatura média do planeta: uma tonelada deste gás equivale à liberação de aproximadamente 20 toneladas de gás carbônico para a atmosfera.
O resíduo sólido urbano brasileiro ainda possui concentração muito elevada de matéria orgânica (basicamente resíduos de alimentos) que, de acordo com os últimos dados levantados na cidade de São Paulo, atinge cerca de 50% (cerca de 5 mil toneladas) em peso de todo o lixo coletado diariamente. Para se ter idéia dessa discrepância, basta dizer que a concentração de matéria orgânica dos resíduos sólidos urbanos de cidades dinamarquesas está em torno de 15%. As duas principais causas desse alto índice de resíduos orgânicos encontrados no lixo brasileiro são a falta de um sistema de distribuição, de comercialização e de embalagens eficientes para proteger os alimentos. Um exemplo emblemático é o sistema de embalagens de tomate. Seu transporte é realizado em caixas de madeira, causando perdas de até 35% em toda a cadeia, o que aumenta o volume de resíduos sólidos urbanos - lixo - e, também, a geração de gases de efeito estufa nos aterros sanitários.
Como, em geral, as pessoas não identificam restos de alimento como geradores de impactos ambientais, a busca de soluções para o problema não é prioritária. A produção de alimentos é fortemente impactante no ambiente, desde a fase agrícola - com a utilização de fertilizantes e agroquímicos -, passando pela erosão do solo, a destruição de rios e florestas e o transporte da safra para as unidades industrializadoras e seu processamento. Logo, evitar a perda de alimentos faz sentido, também, em termos de diminuição do impacto ambiental de toda a cadeia alimentícia.
A coleta seletiva tem papel fundamental na adequada destinacão dos resíduos urbanos, na geração de empregos e de renda e no desenvolvimento de empresas recicladoras e a conseqüente diminuição da emissão de gases nos aterros. Como exemplo, cito as caixas de papelão, fabricadas a partir de celulose que, quando recicladas, geram riqueza e, se aterradas, produzem metano.
Para aumentar o volume de material coletado e triado, o incentivo às associações e cooperativas de coletores de rua é de fundamental importância, pois eles são os responsáveis pela maior parcela de material coletado e transformado em matéria-prima para as indústrias recicladoras em todo o País. Devido à falta de amparo legal e vivendo muitas vezes à margem do processo produtivo, os coletores merecem e devem receber amparo e incentivo da sociedade para permitir o aumento da eficiência e do volume coletado, melhorar a qualidade do material coletado e aumentar as condições de segurança no trabalho do seu negócio.
Pensando nisso, acredito que apoiar as iniciativas de associações e cooperativas de coletores de recicláveis é contribuir para a difusão dos princípios do desenvolvimento sustentável. Nosso futuro está intimamente ligado à maneira como planejamos e executamos nosso presente e sua relação com o bem-estar do planeta é fundamental para a sobrevivência da própria espécie humana.
* Fernando Von Zuben é Diretor de Desenvolvimento Ambiental da Tetra Pak
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