Por Roberto Naime
Ecodesign tem como objetivo a concepção de produtos que sejam mais respeitosos e compatibilizados com o meio ambiente, ou seja, que causem o menor impacto ambiental negativo possível. O objetivo é a concepção de produtos que produzam impactos positivos.
O Ecodesign pode ajudar a suprir a falta de informações e preparo do público em geral a respeito de procedimentos ambientalmente corretos. Não somente procura minimizar os impactos dos produtos na fase de sua elaboração, mas se preocupa também na sua utilização e na gestão de seus resíduos, na medida em que prevê que o elemento antrópico (ou seja, a atuação humana), colabore para a redução dos impactos também nas fases sujeitas ao comportamento humano.
Hoje qualquer discussão a respeito de impactos ambientais relacionados a produtos passa pelo conceito de CICLO DE VIDA do produto. Normalmente, pensamos somente nas fases de fabricação e utilização. Entretanto, os impactos ambientais potenciais não ocorrem somente nestas fases.
O Ciclo de Vida do produto abrange desde a extração da matéria prima até sua eliminação, passando pela gestão dos seus resíduos (ou dele próprio), ou seja, normalmente, envolve as fases de projeto, fabricação, transporte, instalação, utilização e gestão de resíduos (com reutilização ou reciclagem dos constituintes do produto juntos ou segregados).
Além do mais, o conceito de produto também é ampliado com o Ecodesign. Concebe-se o produto não somente como um conjunto de elementos tangíveis, mas também com um agregado de serviços que ajudarão ao consumidor a satisfação de suas necessidades e desejos. Isso nos leva então ao conceito, muito utilizado em Ecodesign, de SISTEMA-PRODUTO.
O conceito de ECODESIGN, ou ECODESENHO (traduzindo para o português), ou ainda DESENHO ECOLÓGICO, significando uma mudança de mentalidade. Mesmo aquelas empresas que demonstram maior respeito para com o ambiente, tratando seus resíduos, ou reciclando alguns materiais descartados, nem sempre estão aplicando em seus produtos e processos o conceito de ECODESIGN.
A razão é simples: tratar os resíduos (processo conhecido como estratégia T) ou reciclar materiais (processo conhecido como estratégia R) é positivo, é melhor do que não fazer nada, porém ambas são estratégias de final de processo.
O ECODESIGN representa a materialização de uma estratégia de início de processo. Aí reside a principal diferença de enfoque. A postura atual no mundo ainda é considerar a entrega do produto ao consumidor como o final da responsabilidade da empresa. Entretanto, isso está mudando, felizmente.
A idéia de ciclo de vida do produto passa a ser DO BERÇO AO BERÇO. Ou seja, o produto é concebido na empresa, e a ela deve voltar, quando for o caso. Não é mais a visão END OF PIPE (fim de tubo), quando efluentes e resíduos eram tratados como problema a ser resolvido no fim do processo da fabricação.
Exemplo disso são as crescentes pressões que as montadoras de automóveis européias sofrem para fabricar seus veículos com materiais recicláveis, de vez que elas as montadoras, serão as responsáveis por absorver de volta seus veículos quando seus proprietários não mais os quiserem, ou em caso de acidentes com perda total, a reciclagem dos materiais componentes. Isso também é conhecido como efeito BUMERANGUE.
Mais do que uma pressão social e/ou econômica, é uma boa oportunidade para as empresas perceberem o quanto podem contribuir para a melhoria ambiental. As empresas podem proporcionar um produto/serviço que contemple a totalidade do ciclo de vida, agregando valor e permitindo ganhos não somente em termos ambientais, mas também econômicos.
Roberto Naime, Professor no Programa de pós-graduação em Qualidade Ambiental, Universidade FEEVALE, Novo Hamburgo – RS.
Fonte: Ecodebate
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