sexta-feira, 21 de junho de 2013

Iniciativas climáticas trazem benefícios econômicos e de saúde para cidades



Jéssica Lipinski, do Instituto CarbonoBrasil



Na última semana, representantes dos mais de 190 países das Nações Unidas se reuniram mais uma vez em Bonn para discutir medidas para combater o aquecimento global, e, novamente, os resultados alcançados no encontro não foram muito além de debates e impasses. Mas enquanto os países não conseguem concretizar um acordo global contra as mudanças climáticas, algumas cidades em todo o mundo já estão colocando a mão na massa, e provando, ainda por cima, que é possível tirar benefícios econômicos e de saúde desse compromisso.
O novo relatório Wealthierhealthier cities (algo como Cidades mais prósperas e saudáveis), do Global Leadership on Climate Change (Grandes Cidades para Liderança do Clima – C40) e do Carbon Disclosure Project (CDP), mostra que há benefícios econômicos e de saúde concretos para as cidades que estão agindo para combater os efeitos das mudanças climáticas e seus riscos.
Através da análise de dados de 110 cidades de todo o mundo, incluindo 53 municípios da C40, que medem e reportam as emissões, riscos e ações de adaptação e mitigação, o documento descobriu, por exemplo, que muitas cidades estão reduzindo sua pegada de carbono e relatando economias de energia de até US$ 13 milhões, como é o caso de Los Angeles, EUA. Para se ter uma ideia, nove municípios conseguiram economizar juntos US$ 40 milhões.
De acordo com o documento, as três atividades mais populares para reduzir as emissões nas operações municipais estão focadas na melhoria da eficiência energética: reduzir a demanda de energia em edificações, melhorar a eficiência dos combustíveis em frotas municipais e reduzir o consumo de energia e os custos de manutenção da iluminação urbana. No total, essas ações correspondem a 54% das iniciativas tomadas para reduzir as emissões.
Mas a geração de renda não está vindo apenas da economia de energia, e as iniciativas estão, na verdade, estimulando o desenvolvimento econômico. Segundo o relatório, 62% dessas ações têm o potencial de atrair novos investimentos empresariais para a cidade e gerar melhores ambientes de negócios.
São Paulo, por exemplo, já está vivenciando o surgimento de novas indústrias relacionadas às energias limpas, como a de veículos elétricos e movidos a etanol. Já Manchester, no Reino Unido, teve um crescimento de 4% em seu setor de baixo carbono e bens ambientais, mesmo apesar da recessão que atinge toda a Europa, com cerca de duas mil firmas empregando 37 mil pessoas nesse setor.
“Uma cidade que não presta atenção às mudanças climáticas não será capaz de atrair investidores, porque o ambiente de negócios não será propício para a sustentabilidade”, coloca a administração da cidade de Pietermaritzburg, na África do Sul.
Além disso, os moradores dessas cidades também estão se beneficiando de uma vida mais saudável. Ao todo, cerca de 55% das cidades incluídas no relatório estão tomando medidas de redução de emissões que promovem caminhadas e ciclismo, o que, além de diminuir as emissões de gases do efeito estufa, contribui para melhorar a saúde pública.
A cidade de Buenos Aires, na Argentina, por exemplo, implantou mais de 100 quilômetros de ciclovias para diminuir a posse de veículos privados e limitar a contribuição humana às mudanças climáticas. A iniciativa, como era de se esperar, está tendo um impacto positivo no estilo de vida dos cidadãos.
“Tendo em mente os benefícios de uma cidade com menos carros privados e mais bicicletas em relação a tempo de viagem, qualidade do ar, saúde da população, entre outros, a cidade lançou uma taxa de juro zero para empréstimos para a aquisição de bicicletas”, explica a prefeitura portenha.
Além do relatório, o C40 e o CDP também lançaram um documento síntese que apresenta um resumo das atividades, desafios e oportunidades enfrentados pelas cidades em relação às mudanças climáticas e um infográfico com os principais dados das cidades e suas atividades.
“Cidades são focos de inovação, e os governos locais têm sido rápidos em implementar muitas novas formas de combater e se adaptar às mudanças climáticas e à escassez de recursos. Essas cidades líderes estão desfrutando de vários retornos para suas economias e comunidades. Governos nacionais devem prestar muita atenção”, observou Conor Riffle, diretor do programa de cidades do CDP.
“Os prefeitos estão lidando de frente com a necessidade de protegerem suas populações, infraestruturas e economias dos impactos cada vez mais severos das mudanças climáticas”, comentou Rohit T. Aggarwala, assessor da presidência do C40.
“Ao reportar seu progresso, as cidades do C40 estão se apoiando em si mesmas e em cada um responsável por atingir as metas que estabelecem, e continuando a demonstrar uma liderança global sem precedentes em tomar medidas reais e mensuráveis”, acrescentou Aggarwala.

Fonte: Mercado Ético/Instituto CarbonoBrasil

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