Por Marcos Helano Montenegro e Carlos E. M. Tucci
O desenvolvimento urbano nas últimas décadas modificou a maioria dos conceitos utilizados na engenharia em relação a temas como infra-estrutura de água nas cidades. A visão do desenvolvimento desses tópicos pelo prisma da engenharia é baseada na partição disciplinar do conhecimento sem implicar uma solução integrada.
O planejador urbano desenvolve a ocupação considerando que o engenheiro de tansportes de saneamento e de outras infra-estruturas encontrará soluções para o uso do solo nas cidades. A água é retirada do manancial de montante (que se espera não estar poluído) e entregue a jusante sem tratamento; e a drenagem é projetada para retirar a água o mais rápido possível de cada local, transferindo para jusante o aumento do escoamento superficial. O resíduo sólido é depositado em algum local remoto para não incomodar as pessoas das cidades. Esse conjunto de soluções locais pode ser justificado no âmbito de um projeto local, com todas as equações que foram desenvolvidas ao longo dos anos, pelos engenheiros hidráulicos, hidrólogos e sanitaristas, para resolver um “dado problema”.
Questiona-se: qual a conseqüência desses projetos para a sociedade? Infelizmente, tem sido um estrondoso desastre. Fazendo uma analogia com a medicina, seria como se vários especialistas receitassem remédios a uma pessoa, tomando por referência diferentes sintomas, sem avaliar os efeitos colaterais provocados pela combinação dessas distintas medicações.
Os problemas de saneamento ambiental refletem-se, atualmente, na saúde da população, nas inundações freqüentes e na deterioração de um meio ambiente rico e diversificado em muitas regiões. Com a transformação de um ambiente rural em urbano, o problema tende a se agravar, e, se nada for feito, as futuras gerações herdarão um passivo muito alto, pelos efeitos dos impactos ambientais que sofrerão.
O que está errado e o que pode ser feito?
• o desenvolvimento urbano não pode ocorrer sem a busca da sustentabilidade do espaço após a ocupação da população. Para isso, devem ser definidas regras de uso e de ocupação que preservem condicionantes da natureza, permitindo que o sistema possa receber o transporte, o abastecimento de água, o esgotamento sanitário, o tratamento, a drenagem urbana e a coleta, o processamento e a reciclagem dos resíduos;
• o abastecimento de água deve ser realizado de fontes confiáveis que não tenham sido contaminadas por outras fontes de montante;
• o esgoto sanitário deve ser tratado para que a água a ser consumida esteja apropriada ao consumo e o sistema hídrico tenha condições de se recuperar;
• a drenagem urbana deve preservar as condições naturais de infiltração, evitar transferência para jusante de aumento de vazão, volume e carga de contaminação no escoamento pluvial e erosão do solo;
• os resíduos sólidos devem ser reciclados na busca da sustentabilidade e da renda econômica dessa riqueza; e a disposição do restante deve ser minimizada.
A busca desses objetivos não pode ser realizada individualmente, mas deve ser um trabalho coletivo que se inicia pela educação. Infelizmente conceitos inadequados são ainda ensinados nas universidades, fazendo a
população formar uma percepção errada das soluções. Portanto, é necessário mudar e buscar uma visão mais sustentável do homem no espaço.
Revista GESTÃO DO TERRITÓRIO E
MANEJO INTEGRADO DAS
ÁGUAS URBANAS
Escola Internacional da Água para o Desenvolvimento - Hydroaid
Programa de Modernização do Setor Saneamento
Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental
Ministério das Cidades
Cooperação Brasil-Itália em Saneamento Ambiental
Um comentário:
Olá,
Recentemente, junho de 2008, a nr 473 de 2002 atualizada em 2008 ( Confea) estabelece as atribuições do Tecnologo em saneamento ambiental.
Os senhores tem conhecimento desta NR
Poderiam elencar as atribuições e comenta-las
Léo Urbini
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