sexta-feira, 1 de maio de 2009

PERDAS DE ÁGUA TRATADA NO BRASIL GERAM PREJUÍZOS DE MAIS DE R$ 4 BILHÕES / ANO

Enquanto em países como o Japão as perdas de água tratada não passam de 4,7%, no Brasil o volume do líquido desperdiçado após o tratamento atingiu o montante de 51 m³/s, ou 32 litros por habitante por dia, segundo dados do último relatório do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do Ministério das Cidades, elaborado com base em dados de 2006. Considerando a tarifa média de água em 2006 (ano de referência do estudo) de R$ 1,78, o prejuízo chega a absurdos R$ 2,8 bilhões por ano, apenas com as chamadas perdas aparentes. Se consideradas as perdas reais (vazamentos na rede), esse prejuízo é superior a R$ 4 bilhões.

A conclusão é parte de um estudo do consultor do Banco Mundial e do Ministério das Cidades, engenheiro Airton Sampaio Gomes, denominado Balanço Hídrico do Brasil, elaborado com base nos dados do SNIS. O engenheiro é responsável pela coordenação técnica do Seminário Encontro das Águas – o Desafio do Combate às Perdas. O especialista considera esse debate de fundamental importância, especialmente agora, quando acontece em Stambul, na Turquia, o Fórum Mundial da Água, concentrando os olhos do mundo para a questão da água.

Organizado pela A Planeja & Informa Comunicação e Marketing, que atua há mais de 20 anos na área de saneamento e meio ambiente, o objetivo do encontro é reunir especialistas, consultores, universidades, fabricantes de materiais e equipamentos, prestadores de serviços de saneamento e operadoras de serviços de água públicas e privadas para discutir e apontar soluções para um dos maiores desafios para empresários, governo, ambientalistas e sociedade civil, de maneira geral: o desperdício de água, principalmente no processo de distribuição.

Problema é gestão

Para o engenheiro Airton Sampaio, o problema se resume numa palavra: gestão. Segundo ele, “todo ano se comemora numa única data o Dia Mundial da Água, mas durante 365 dias do ano se joga pelo ralo milhares e milhares de litros de água tratada. E as perdas não são apenas ambientais: se considerarmos as perdas reais (ou seja, vazamentos), o prejuízo no Brasil é muito maior: 130 m³/s – 3,82 vezes àquela disponibilizada para a cidade de São Paulo em 2006. Admitindo para elas R$ 1,00 / m³ como custo marginal da água, então as perdas reais atingiriam o montante financeiro de mais de 4,1 bilhões de reais por ano”, alerta.

De acordo com o estudo do especialista, se adotarmos como fato que 60% das perdas reais e aparentes são recuperáveis – em outras palavras, se reduzirmos as perdas aparentes para o patamar de 20 m³/s e as perdas reais para o patamar de 50 m³/s - o ganho para o país poderia chegar ao montante de 4 bilhões de reais por ano. “Este é um número avassalador, se considerarmos que a demanda anual de investimentos em água e esgotos no país é avaliada como sendo ao redor de 10 bilhões de reais por ano para atingirmos a universalização por volta de 2025”, conclui.

Fonte: Saneamentoweb

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