segunda-feira, 29 de março de 2010

A pegada da água

Estamos vivendo em um mundo de compensações e de fortalecimento das chamadas commodities ambientais e neste processo juntamente com o Carbono a Agua e a nova vedete do mundo corporativo e das industrias com foco em sustentabilidade, através do water footprint ou pegada da Agua. .

A "pegada hidrológica" ou a "pegada da água" é o estudo que concentra exclusivamente em avaliar as necessidades diretas e indiretas de água para sustentar o estilo de vida de uma pessoa, região ou empresa. Segundo a GSS- Consultoria Sustentável, para quantificar o consumo de água há atualmente diversas metodologias que designam os parâmetros de cálculo e definições de fontes de consumo. Além disso, foram definidos escopos de consumo categorizados, que podem ser representados pelo fluxo de água virtual (representação do consumo acumulado na produção de bens, alimentos, etc.). Assim, de acordo com a GSS, contabilizando a quantidade de água exigida na produção de soja ou de bebidas, por exemplo, é possível avaliar a importação e a exportação da água inserida nestes produtos.

A utilização do conceito de água virtual resulta na formatação da pegada hídrica, que pode ser entendido como um indicador do total da demanda de água para uso dentro de uma organização.Este valor somado à água virtual importada e deduzida a parcela de água virtual exportada é a pegada hídrica de uma empresa. Ou seja, segundo a GSS, a pegada hídrica (ou hidrológica) pode ser obtida, de forma simplificada, pela seguinte fórmula: Demanda Total + Água Virtual Importada - Água Virtual Exportada. A metodologia de cálculo mais utilizada atualmente é a da Water Footprint Network (WFN), uma rede de empresas, ONGs e governos que foi criada justamente com o intuito de padronizar a ferramenta de cálculo. Uma pesquisa feita pela WFN sobre o fluxo de água virtual mostra que os maiores exportadores de água em produtos agrícolas e industriais são: Estados Unidos, Canadá, França, Austrália, China, Alemanha e Brasil. Já entre os maiores importadores estão novamente os Estados Unidos e a Alemanha, mas também Japão, Itália, França e Holanda.

Segundo a publicação "Globalization of water: Sharing the planet’s freshwater resources", a pegada hídrica média anual per capita é 1.243 m³, a de um brasileiro, 1.381 m³ e a de um norte-americano, 2.483 m³. O Brasil é o 10º maior exportador de água virtual do mundo. Na lista encabeçada pelos Estados Unidos, que anualmente vende ao exterior em média 164 milhões de metros cúbicos de água, o país foi responsável pela comercialização no mercado internacional, entre 1995 e 1999, de uma quantidade entre 10 e 100 milhões de m³ de água embutida em produtos. A maior parte desse total teve como destino a Europa.

As empresas interessadas em mapear o uso de água e medir os riscos relativos às operações globais e à cadeia de suprimentos podem também utilizar a ferramenta Global Water Tool, criada pelo Conselho Mundial de Negócios para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD).

Falta de ferramenta e instrumentos para mediar a sua pegada da Agua não pode mais ser uma desculpa. E a tendência que em alguns anos possamos ter "CAs" Creditos de Agua sendo vendidos nas negociações de balcão e nas bolsas de valores.


(*) Divaldo Rezende é diretor-executivo da CantorCO2e Brasil, considerado um dos principais consultores do mercado de carbono e um dos maiores brokers. Doutor pela Universidade de Aveiro (Portugal).

Fonte: Plurale em site.

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