terça-feira, 27 de julho de 2010

Pesquisadores da Unesp usam larvas para medir poluição em rio

Em setembro, projeto deverá distribuir cartilhas educativas na região do Pontal do Paranapanema

Uma equipe multidisciplinar da Unesp chefiada pela engenheira química Renata Ribeiro de Araújo constatou que as águas do Rio Santo Anastácio, na região do Pontal do Paranapanema, oeste do estado, têm qualidade de regular a péssima. O grupo é da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT), câmpus de Presidente Prudente, que utilizou a presença de animais tolerantes ou sensíveis à poluição como índice de avaliação. As principais causas da contaminação seriam desmatamentos, atividades rurais e depósito de lixo nas margens.

"Com base na pesquisa, estamos elaborando cartilhas para conscientizar a população da região. A distribuição deverá acontecer a partir de setembro", afirma Renata. A ação é parte do Projeto Rios Vivos: educação ambiental no Manancial Rio Santo Anastácio - Unidade Hidrográfica de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI) do Pontal do Paranapanema. Desde 2007, Renata e o professor Antonio Cezar Leal coletam amostras para análise, com apoio financeiro do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro), vinculado à Secretaria do Meio Ambiente.

A técnica usada pelos estudiosos para verificar os níveis de poluição foi o BMWP (Biological Monitoring Working Party), um tipo de biomonitoramento que recolhe da água macroinvertebrados, isto é, larvas de insetos e de outros animais. Para cada família é atribuído um valor num índice que varia de zero a dez, sendo dez a máxima sensibilidade à poluição - ou seja, com maior vulnerabilidade - e zero a maior resistência. A maioria dos seres encontrados era da lista dos resistentes à contaminação, indicando que o rio estaria sujo.

Foram quatro pontos de coleta. No primeiro deles, mais próximo à nascente, há pouca interferência humana e por isso a água é menos contaminada do que no restante do rio. No segundo trecho, a pastagem tomou o lugar da mata ciliar. Sem nenhuma proteção, as chuvas levam todos os sedimentos orgânicos para as águas. Sob a ponte que limita as cidades de Presidente Prudente e Pirapozinho, os pesquisadores realizaram a terceira coleta, local que evidenciou uma interferência humana ainda maior. O último lugar analisado fica próximo a um represamento de canal feito pela Sabesp, muito usado para a pesca esportiva - o que explica a grande quantidade de lixo doméstico encontrada nas margens.

Além de promover a educação ambiental, os cientistas devem criar uma base de dados que ajudará o governo do Estado a implantar uma Área de Proteção e Recuperação de Manancial (APRM). Outra preocupação do projeto é treinar técnicos, pesquisadores e ambientalistas interessados em participar do monitoramento da qualidade da água dos rios.


Fonte: Portal Cidadão SP/Unesp

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