quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Investimentos em tecnologias limpas precisam crescer

Fabiano Ávila, do Instituto CarbonoBrasil



As consequências das mudanças climáticas já estão sendo sentidas no cotidiano, como, por exemplo, as alterações nos padrões de chuvas e o aumento na acidificação dos oceanos, que vêm prejudicando a produção de alimentos em escala global.

A rapidez em que o aquecimento global está afetando nossas vidas não está encontrando paralelo nos investimentos em tecnologias limpas. É o que afirma o relatório “Innovating for green growth: Drivers of private sector RD&D”, publicado nesta semana pelo Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável(World Business Council for Sustainable Development - WBCSD).

Utilizando dados da Agência Internacional de Energia (IEA), o WBCSD afirma que os investimentos em tecnologias de baixo carbono devem alcançar pelo menos US$ 750 bilhões ao ano até 2030 e subir para US$ 1,6 trilhões entre 2030 e 2050.

Além disso, as tecnologias atuais seriam capazes de reduzir no máximo 70% das emissões de gases do efeito estufa, então o investimento em pesquisa e desenvolvimento é indispensável para minimizar os piores efeitos das mudanças climáticas.

“A inovação está crescendo devagar porque as tecnologias emergentes são mais caras que as convencionais, então a escala de investimento costuma ser muito alta para companhias individuais. Os governos e empresas devem trabalhar juntos para criar uma rede global de incentivo para as tecnologias limpas”, afirmou Björn Stigson, presidente do WBCSD.

O relatório chama também a atenção para o fato de que o desenvolvimento dessas tecnologias representa uma oportunidade comercial, esse tipo de visão ainda estaria em falta para a imensa maioria dos governos e empresas.

“A chamada “Corrida Verde” pelas oportunidades ainda não está em ritmo total e os países e companhias que largarem na frente irão tirar proveito de nichos do mercado que têm enormes potenciais”, afirma o WBCSD.

Grande parte dessas oportunidades está em países emergentes, como China, Rússia e Brasil, que estão em franco crescimento econômico e podem optar por um desenvolvimento mais sustentável e têm políticas amigáveis para receber investimentos.

O relatório identifica 10 medidas para incentivar os investimentos em novas tecnologias:

1- Criar políticas de longo prazo que gerem confiança para os investimentos em pesquisa e desenvolvimento e diminuam os riscos das novas tecnologias.

2- Estabelecer um preço sobre o carbono, o que incentivaria as empresas a procurar soluções para reduzir suas emissões.

3- Criar fundos públicos.

4- Garantir os direitos de propriedade intelectual aos desenvolvedores de tecnologias de baixo carbono.

5- Facilitar a competição entre as empresas, para que o mercado possa escolher a melhor tecnologia pelo menor preço.

6- Incentivar a formação de mão de obra especializada.

7- Melhorar a infraestrutura e aumentar o número de centro de pesquisas em países emergentes.

8- Melhorar o diálogo e cooperação entre instituições publicas e o setor privado.

9- Agilizar decisões políticas com relação a programas de pesquisa e desenvolvimento.

10- Promover o intercâmbio de conhecimentos e criar padrões que possam diminuir os custos e facilitar a comercialização de novos produtos.

Mercado Ético/Instituto CarbonoBrasil

Nenhum comentário: