quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Projeto da UnB vai produzir asfalto a partir de material reciclado.

Com a utilização do material reciclado, espera-se uma queda de 50% nos custos.

Uma nova pesquisa do Centro de Formação de Recursos Humanos em Transportes (Ceftru) da UnB pretende encontrar a melhor maneira de aproveitar materiais reciclados em pavimentação de rodovias. Intitulado Materiais Reciclados para Utilização em Pavimentação, o projeto acaba de receber um financiamento de R$ 1,119 milhão do Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex).

O coordenador do projeto, professor Márcio Muniz, explica que dois tipos de material serão estudados inicialmente, mas há espaço para a análise de outros no futuro. A ideia é trabalhar com o asfalto fresado, que é retirado do revestimento das rodovias quando já está desgastado e com fissuras. “Existem milhares de toneladas desse material nos pátios de empresas e instituições que trabalham com pavimentação”, conta.

Outra possibilidade de reciclagem são os materiais de demolições e os desperdiçados da construção civil. Segundo a Associação de Empresas Coletoras de Entulhos e Similares (Ascoles), a construção civil despeja mensalmente 150 toneladas de resíduos no DF, o que equivale a 70% do peso de todo o lixo recolhido aqui. “Além de ser muito lixo, ainda reduz a vida útil dos aterros sanitários, que suportam peso até certo limite”, explica Muniz.

Um quilômetro novo de rodovia com faixa simples e sete metros de largura, fora do perímetro urbano, custa hoje, em média, entre US$ 400 mil e US$ 500 mil. A recuperação desse mesmo quilômetro, que costuma acontecer a cada dez anos, custa US$ 100 mil. Com a utilização do material reciclado, espera-se uma queda de 50% nos custos.

Soluções

A pesquisa pretende buscar soluções para os problemas ambientais, técnicos e financeiros relacionados à construção de rodovias. “É um conjunto. Não vamos, por exemplo, recomendar o uso de alta porcentagem de material reciclado só para resolver o problema dos resíduos ambientais, se não for viável do ponto de vista econômico e técnico”, ressalta.

Na primeira etapa do projeto, os pesquisadores vão quantificar o material para reciclagem e identificar onde está disponível. Em seguida, vão analisar o que o compõem e como pode ser utilizado. Os resíduos da construção civil, por exemplo, podem conter telha, que é um material poroso e quebra muito. “Qual a porcentagem que pode haver de telha no asfalto reciclado? Quanto de água pode ser adicionado na hora de dar a liga no cimento? Essas serão algumas da perguntas respondidas com o estudo”, revela Muniz.

Por fim, o asfalto reciclado será testado em laboratório e, posteriormente, em vias do Distrito Federal. “Já temos acordo com a Novacap para iniciar os testes em três anos”, conta. Após a aplicação, o asfalto será monitorado para avaliar os resultados.

A técnica da reciclagem já é usada em outros países, mas no Brasil é utilizada de forma empírica, sem muito estudo. O coordenador da pesquisa explica que o objetivo é racionalizar o processo e reduzir os custos.

Financiamento

O edital do Pronex é lançado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP/DF). É o maior edital para pesquisa no DF e um dos maiores do Brasil. Dos R$ 1,119 milhão destinado ao projeto, 90% será usado para a compra de equipamentos para o Laboratório de Engenharia Rodoviária (LER) do Ceftru, que é o terceiro melhor do país.

Além do professor Márcio Muniz, o projeto deve contar com a participação de outros 14 pesquisadores da UnB. Também estão envolvidos pesquisadores da USP, UFRJ, UFG e Novacap.

Fonte: RTS/UnB

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