Para garantir conforto e bem-estar, principalmente no verão, as pessoas acabam passando a maior parte do tempo em ambientes com ar-condicionado, seja em casa, no trabalho ou no carro. Mas o que a maioria não sabe é que essa sensação de alívio pode ser acompanhada de consequências perigosas. “O uso de equipamentos para resfriar o ar pode favorecer a proliferação de fungos e de bactérias que contribuem para o surgimento ou para o agravamento de doenças respiratórias”, alerta o Dr. Ubiratan de Paula Santos, pneumologista do Incor (Instituto do Coração) do Hospital das Clínicas da FMUSP, ligado à Secretaria de Estado da Saúde.
De acordo com o médico, isso acontece devido à falta de limpeza desses equipamentos na periodicidade adequada ou do modo correto. A exposição prolongada das pessoas a esses ambientes pode desencadear ou agravar alergias respiratórias, como rinite e asma, e infecções, como pneumonia e pneumonite por hipersensibilidade. Alguns desses problemas respiratórios podem evoluir para fibrose pulmonar, doença grave que pode levar o indivíduo à morte.
“A limpeza e a manutenção do filtro do equipamento de ar-condicionado devem ser rigorosas, para evitar o acúmulo de água e a concentração de microorganismos e de micropartículas”, diz Dr. Santos. Além disso, explica o médico, é preciso estar atento a outros fatores.
Aparelhos de refrigeração de ar localizados em ambientes com carpetes, máquinas de reprografia, impressoras e fogões devem receber cuidados especiais. Isso porque esses objetos e equipamentos liberam substâncias químicas nocivas à saúde. Nesse caso, é preciso aumentar a taxa de renovação do ar ambiente.
Essa medida preventiva deve ser adotada mesmo quando o sistema de refrigeração do ambiente é central, fato bastante comum em prédios.
Os veículos também requerem cuidados especiais, principalmente nas grandes cidades. Isso porque, devido ao trânsito intenso, a maioria das pessoas fica muitas horas dentro dos carros, ou seja, mais expostas aos riscos. “O filtro do ar-condicionado do automóvel precisa ser limpo regularmente, pois, com o uso, as impurezas captadas no ambiente externo saturam o filtro e contaminam o ambiente interno”, explica o pneumologista.
Nos carros, também é necessário estar atento à renovação do ar, isso porque o gás expelido pelo motor pode contaminar o ambiente interno do veículo – fora isso, quanto maior for o número de pessoas dentro do carro, maior será a saturação da qualidade do ar. É recomendado, além da manutenção e regulagem adequada do sistema, abrir as janelas por alguns momentos, alternando o modo de ventilação periodicamente. “Com essa medida simples, evita-se o acúmulo de impurezas no ar e no próprio motor”, esclarece o médico.
A baixa umidade do ar é outro problema que pode ocorrer com a utilização contínua de aparelhos de ar-condicionado, mesmo que a manutenção dos equipamentos seja adequada. O ar-condicionado ligado por muito tempo num ambiente fechado, explica o médico do Incor, diminui a umidade do ar. Com isso, há ressecamento das vias aéreas (brônquios), o que provoca irritação no nariz e garganta e facilita o agravamento de doenças respiratórias como asma e DPOC. O médico fala que o índice de umidade do ar em qualquer ambiente deve estar acima de 30% – abaixo disso, considera-se estado de alerta.
Informe da Secretaria de Estado da Saúde, São Paulo, publicado pelo EcoDebate, 25/01/2010
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