Por Paulo Henrique Andrade, do Governo de SP
Prestes a ter concluída sua segunda etapa, o Projeto Tietê, da Secretaria Estadual de Saneamento e Energia – iniciado em 1992 – deve reduzir a mancha de poluição ao longo do rio em mais 40 quilômetros. O empreendimento acaba de receber prêmio da União Pan-americana de Associações de Engenheiros (Upadi), por sua contribuição à defesa do meio ambiente. A premiação foi concedida durante o 31º Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental, realizado em outubro, no Chile. Porém, apesar dos avanços e do reconhecimento internacional, quem transita pela região metropolitana da capital ainda não consegue ver um rio mais limpo.
Segundo Carlos Eduardo Carrela, superintendente de Gestão de Projetos Especiais, da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), isso é difícil de se perceber, e até mesmo de se chegar a uma melhora efetiva na qualidade da água na Grande São Paulo, por algumas razões. Uma delas é que, nessa região, próxima da nascente, o Tietê tem vazão lenta. Soma-se a isso o fato de receber a carga poluidora de cerca de 20 milhões de habitantes.
Outra razão é que o Projeto Tietê tem como foco a coleta e tratamento do esgoto doméstico e industrial gerado na Grande São Paulo. Não abarca, por exemplo, a sujeira proveniente das ruas, lixões, favelas ou moradias sem ligação de esgoto que, por meio das chuvas, continua a desaguar no rio. E, mesmo em termos de esgoto doméstico, ainda é grande o número de residências com ligações clandestinas, que lançam os dejetos no rio. Há, também, municípios da Região Metropolitana de São Paulo onde o esgoto, sem tratamento, continua a ser despejado no Rio Tietê.
Universalização – No interior do Estado de São Paulo, ao contrário, o recuo da poluição já pode ser percebido, de acordo com Carlos Eduardo Carrela da Sabesp. A presença de peixes em locais onde havia desaparecido é um indicativo. Antes do início do projeto, a mancha de poluição no Rio Tietê chegava até a cidade de Anhembi, a cerca de 240 quilômetros de São Paulo. No final da primeira etapa, diminuiu cerca de 120 quilômetros. E, agora, deve reduzir mais 40 quilômetros.
“Mesmo que se colete e trate 100% do esgoto da Grande São Paulo, ainda teremos uma característica de rio morto nessa região”, observa o superintendente. Isso em razão dessa outra carga de poluição (das ruas, lixões, entre outras), da pequena vazão do rio e do lançamento de detritos por parte de outros municípios. “Mas essa poluição deverá diminuir”, garante o superintendente.
O Rio Tietê limpo, despoluído, será uma conseqüência do Projeto Tietê, de acordo com Carrela. “A meta da Sabesp é a universalização do saneamento”, enfatiza. Para isso é necessário captar todo o esgoto, tratá-lo, antes de devolvê-lo ao rio. Isso significa servir toda a Grande São Paulo de rede de esgotos, não deixando que cheguem aos rios.
No início da segunda etapa, o índice de coleta de esgoto ficava em cerca de 70%. O objetivo dessa fase do projeto era ampliar a rede coletora, encaminhando o esgoto para tratamento. Hoje, esse índice beira 84%, dos quais 70% são tratados.
Na terceira etapa, que deverá começar no ano que vem e finalizar em 2015, além da ampliação da coleta e do tratamento, vai-se investir em sistemas isolados, notadamente em Franco da Rocha, Caieiras e Francisco Morato (municípios não abrangidos pelas estações de tratamento existentes na Grande São Paulo). A idéia com isso é ampliar o anel periférico da Região Metropolitana de São Paulo.
A proposta é, também, aumentar a coleta em municípios que estão na abrangência dessas cinco Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs), como Cotia, Jandira e Barueri (região oeste) e Itaquaquecetuba e Suzano (região leste). Duas das atuais ETEs (Barueri e Parque Novo Mundo) serão ainda ampliadas, numa primeira etapa, e a do ABC, futuramente. A intenção é atingir 90% da coleta de esgoto até 2019, tratando 80% dele.
Carga poluidora – No final da segunda etapa, a Região Metropolitana de São Paulo contará com 290 mil ligações domiciliares que permitirão coletar e tratar o esgoto de mais de 1,2 milhão de pessoas. Estima-se que cerca de 5,1 mil litros por segundo serão encaminhados às ETEs, reduzindo com isso a carga poluidora do manancial da Represa Billings.
O planejamento da terceira etapa ocorre há um ano e meio, juntamente com as negociações com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que financia 70% do projeto – o restante é contrapartida da Sabesp. Os recursos necessários para essa fase são de US$ 800 milhões.
(Envolverde/Imprensa Oficial)
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