sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Plásticos oxibiodegradáveis não se decompõem na natureza como esperado

Os consumidores mais atentos já devem ter notado que certas sacolas plásticas, dessas utilizadas para embalar produtos comprados em supermercados, drogarias e lojas as mais diversas, trazem a informação de que são confeccionadas com plástico oxibiodegradável. Esse tipo de plástico começou a ser produzido no final dos anos 1980 e, segundo seus fabricantes, são ambientalmente corretos porque se decompõem rapidamente na natureza. Com isso minimizariam uma série de riscos ambientais decorrentes do descarte desses produtos, como a impermeabilização do solo e a contaminação de lençóis freáticos.

Agora uma pesquisa concluída recentemente por um pesquisador brasileiro mostra que não é bem assim. O engenheiro de materiais Guilherme José MacedoFechine, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo, realizou uma bateria de testes com um tipo de plástico oxibiodegradável vendido no mercado nacional e constatou que, apesar de ele se fragmentar e virar pó, não é consumido por fungos, bactérias, protozoários e outros microorganismos - condição necessária para ser considerado biodegradável e desaparecer do solo ou da água. De acordo com o pesquisador, que não quer falar os nomes comerciais dos produtos porque as empresas não foram consultadas, não é de hoje que a biodegradabilidade dos polímeros oxibiodegráveis é considerada um assunto polêmico na comunidade científica internacional. Uma corrente de estudiosos duvida se eles são, de fato, biodegradáveis.

No início do ano, o governador José Serra vetou um projeto de lei da Assembléia Legislativa paulista que tornava obrigatório o uso de sacolas plásticas com o aditivo oxibiodegradável porque havia dúvidas sobre o real benefício ao ambiente. “Meu estudo comprovou que não são biodegradáveis”, afirma Fechine, que acaba de retornar da Bélgica, onde participou de um congresso internacional sobre modificação e degradação de polímeros, o Modest 2008 na sigla em inglês.

Para entender a controvérsia sobre os polímeros oxibiodegradáveis, é importante, primeiro, compreender como ocorre o processo de biodegradação desses plásticos e, em seguida, saber como eles são produzidos. A oxibiodegradação acontece em dois estágios. No início o plástico é convertido, pela ação de oxigênio, temperatura ou radiação ultravioleta em fragmentos moleculares menores. Em seguida esses fragmentos se biodegradam, o que significa que são convertidos em dióxido de carbono, água e biomassa por microorganismos decompositores. Para fomentar tal característica, os fabricantes misturam um aditivo pró-oxidante a polímeros convencionais, como polipropileno, polietileno ou outros. Esses polímeros são os mais usados para confecção de sacos e outros produtos plásticos. O aditivo pró-oxidante acaba por tornar o polímero supostamente biodegradável. Quando descartado em aterros ou lixões, o aditivo quebraria as longas cadeias moleculares que formam os polímeros, conferindo-lhe as características necessárias para ser consumido pelos microorganismos presentes no solo.

“Segundo meu estudo, a única diferença dos polímeros oxibiodegradáveis é que o tempo de fragmentação é muito mais rápido do que o dos polímeros convencionais”, afirma Fechine. “As empresas que comercializam esse tipo de aditivo pró-oxidante deveriam alertar que apenas sua presença não tornará o plástico biodegradável. Para que isso ocorra, o polímero precisaria passar por uma forte degradação prévia, causada por radiação ultravioleta ou temperatura, por exemplo, e ser descartado em solo apropriado, com pH, umidade, temperatura e presença de microorganismos que permitissem a ocorrência da biodegradação.

” Nem todos concordam com as limitações do aditivo. “Não conheço o trabalho, não sei se foi feito com o aditivo que represento, nem sei que metodologia o pesquisador utilizou. Mas posso garantir que testes conduzidos pela Ecosigma, empresa com sede em Campinas especializada em compostagem e gestão de resíduos, e com participação da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Instituto Agronômico de Campinas (IAC), demonstraram que os plásticos oxibiodegradáveis fabricados com o aditivo d2w, que representamos no Brasil, são, de fato, biodegradáveis, compostáveis e não ecotóxicos para plantas superiores, minhocas e microorganismos metanogênicos [que produzem metano]”, afirma Eduardo van Roost, diretor-superintendente da Res Brasil, que comercializa o aditivo d2w para mais de 160 fabricantes brasileiros de embalagens plásticas. “Uma prova da eficiência, desempenho e segurança do nosso aditivo é o fato de ele estar presente em mais de 60 países”, complementa.

Comparação de amostras

O experimento conduzido por Fechine, que há três anos está à frente de um projeto Jovem Pesquisador da FAPESP, realizado no Departamento de Engenharia de Materiais da Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP) antes de ele se tornar professor do Mackenzie, comparou a degradação de duas amostras de polipropileno, uma delas contendo o aditivo pró-oxidante e outra sem essa substância. Na primeira etapa do trabalho, as duas amostras foram previamente fotodegradadas numa câmara de envelhecimento acelerado com emissão de radiação ultravioleta. “Com isso simulamos a fotodegradação que os plásticos sofrem num aterro sanitário ou lixão em função da radiação solar que incide sobre eles”, explica o professor. As amostras foram submetidas a diferentes tempos de radiação, sendo que a mais longa exposição correspondeu a 480 horas (ou 20 dias) na câmara de envelhecimento. Ao final desse período o polímero com aditivo pró-oxidante encontrava-se em avançado estado de decomposição. “Medimos a massa molar (mede quantidade de moléculas) das duas amostras antes e depois do ensaio na câmara de envelhecimento e constatamos que o aditivo pró-oxidante realmente acelerou a fotodegradação de forma intensa, quando comparado à amostra com polímero convencional. Restava saber se, além de fragmentado, ele se tornara biodegradável”, conta o professor Fechine.

As duas amostras foram, então, sub­metidas a testes de biodegradabilidade em um terreno previamente preparado. Foram enterradas e, de tempos em tempos, coletadas para pesagem e avaliação de perda de massa. “Depois de quase dois meses constatamos que não houve perda significativa de massa para ambas as amostras. Isso quer dizer que nenhuma das duas foi consumida pelos microorganismos do solo durante esse tempo”, diz Fechine. “Nosso experimento mostrou que o aditivo acelera a fragmentação do polímero, mas não o torna biodegradável.” Um artigo com os resultados dos ensaios já foi aceito para publicação pela revista Polymer Engineering and Science, uma das mais conceituadas na área de polímeros. Intitulado Effect of UV radiation and pro-oxidant biodegradability, o artigo foi escrito em parceria com os pesquisadores Nicole Demarquette, da Poli-USP, Derval dos Santos Rosa e Marina Rezende, da Universidade São Francisco, em Itatiba, no interior paulista, responsáveis pelos ensaios de biodegradação em solo.



Fonte: Mercado Ético



(Envolverde/Revista Pesquisa Fapesp)

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Que a saúde não reproduza a desigualdade social

Por Mirta Roses*




Washington, 20 de outubro (Terramérica) - Desde o ventre materno até a velhice, os seres humanos precisam de adequada atenção com a saúde em diferentes graus de complexidade, desde o alívio de um mal-estar ou um controle preventivo até delicadas cirurgias ou tratamentos de doenças crônicas. Os cuidados com a saúde são necessários nos planos individual, familiar e coletivo e em uma ampla gama de especialidades médicas e intervenções sanitárias. Isto exige a construção de redes integradas de serviços de saúde, com a fortaleza, extensão e flexibilidade necessárias para dar resposta oportuna e apropriada às necessidades de saúde em todo o ciclo da vida.

Esta construção apresenta grandes desafios, por isso, apesar de seus enormes avanços sanitários, o continente americano ainda tem muito a fazer para fortalecer seus sistemas de saúde pública. Esta realidade foi o motor para renovar a atenção primária à saúde (APS) como elemento fundamental para superar debilidades. Iniciada em agosto de 2007, com o sucesso da Conferência Internacional de Saúde Buenos Aires 30-15, junto com o governo da Argentina e a Organização Mundial da Saúde (OMS), esta iniciativa continuou seu desenvolvimento com reuniões posteriores na China, Tailândia, Burkina Fasso, Estônia e Indonésia.

O ponto culminante foi a Conferência Internacional de Almaty, no Casaquistão, que aconteceu nos dias 15 e 16 de outubro, em comemoração ao 30º aniversario da Declaração de Alma-Ata, que lançou ao mundo a estratégia APS. Um aspecto central do enfoque renovado da APS é sua ênfase na redução das desigualdades sanitárias em um mundo de crescentes disparidades sociais. Esse foi o tema que tive a honra de moderar na Conferência de Almaty, junto com nossos anfitriões, como co-presidente da Força de Tarefa Mundial da OMS para a Revitalização da Atenção Primária à Saúde.

Para nossa região, a mais desigual do planeta, é de particular relevância o compromisso de não repetir essas iniqüidades na saúde e de garantir que a atenção primária para todos reduza as brechas sociais. Também foi examinado em Almaty, o papel central dos sistemas baseados na APS para atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, a partir de sua ênfase no acesso universal a serviços e intervenções focadas para reduzir carências. Nas Américas, as agências do sistema das Nações Unidas impulsionam o programa “Rostos, Vozes e Lugares”, que tem o objetivo de colocar no centro da atenção as regiões, comunidades e populações que sofrem atrasos e exclusão social, e não se limitar às distorcidas médias nacionais.

A imperiosa necessidade de promover a inclusão social e a participação comunitária, bem como impulsionar ações intersetoriais para atender aos determinantes sociais da Saúde, foram outros aspectos relevantes para nossa região discutidos em Almaty. Estamos desenvolvendo múltiplas ações paralelas para concretizar o compromisso dos países da região com a incorporação de valores, princípios e elementos essenciais da atenção primária de saúde no desenvolvimento de seus sistemas sanitários. Já foi elaborado um método para acreditar redes de serviços de atenção primária à saúde, testado em países das Américas do Sul e Central, e que será divulgado amplamente em 2009.

Também está em marcha um curso para desenvolver as capacidades dos líderes em matéria de atenção primária à saúde, por meio do Campus Virtual de Saúde Pública da OPS, que conta com 80 participantes de 20 países. Essa mesma plataforma está sendo usada para preparar um curso sobre capacitação para as equipes de atenção primária à saúde. Além disso, há progressos notáveis em relação à qualidade dos serviços, com sólidos critérios sobre formação e incentivos para as equipes de atenção primária e maior participação da sociedade civil nas decisões.

Em novembro acontecerá uma reunião regional de consulta no Brasil, e em dezembro será realizada no Chile a IX Reunião Internacional de Observatórios de Recursos Humanos, dedicada a abordar aspectos fundamentais da atenção primária. A região tem uma reconhecida liderança na luta para que a visão sanitária integral, expressa na estratégia de atenção primária à saúde, se converta em uma prioridade da agenda política e na formulação de políticas públicas de saúde. Devemos continuar nesse empenho, crucial para atingir a meta superior de saúde para todos, com todos, por todos e em todos os níveis da ação sanitária e ao longo de todo o ciclo da vida.

* A autora é diretora da Organização Pan-Americana de Saúde (OPS). Direitos exclusivos Terramérica.

Crédito de imagem: Fabrício Vanden Broeck



Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.



(Envolverde/Terramérica)

Pesquisadores desenvolvem tijolo vegetal a partir de "restos" da floresta

Por Amanda Mota, da Agência Brasil




Manaus - Depois de oito meses de trabalho com o ouriço e com a casca da castanha do Brasil e com os caroços do coco e do tucumã (um tipo de palmeira tradicional na Amazônia), um grupo formado por quatro pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) desenvolveu um tijolo diferente, mas com o mesmo propósito do tijolo convencional, feito com argila.

De acordo com o mentor da idéia, o pesquisador Jadir Rocha, o resultado das pesquisas foi o tijolo vegetal, resultado de um processo de trituração das matérias-primas naturais e que são consideradas como restos florestais, já que não têm serventia depois que suas polpas são consumidas. Ele garante que o artefato pode ser utilizado em qualquer tipo de obra, mas destaca suas características naturais, ressaltando que poderiam ser melhor aproveitadas na própria região amazônica.

"Esse tijolo poderá ser utilizado em qualquer tipo de obra, mas é mais apropriado em construções de até quatro andares e para a nossa região. Como se trata de um material que naturalmente é um isolante térmico, ele proporciona um ambiente agradável para as construções feitas em lugares de alta temperatura, como é na Amazônia", afirmou.

Rocha destacou também que para o processo de produção do tijolo vegetal não há necessidade de queima de madeira e conseqüentemente de desmatamento da floresta.

"Esse tijolo é feito com tecnologia limpa, ou seja, com matéria-prima natural e sem que se tenha que derrubar uma árvore. Outra vantagem é que, na produção, não se utiliza lenha, como na produção dos tijolos convencionais que para ficar prontos precisam de fornos e, logicamente, de lenhas. Com isso, preservamos mais a floresta e não geramos gases para o efeito estufa. É uma pesquisa que é fundamentada nos padrões de sustentabilidade ambiental", acrescentou.

Outra vantagem apontada pelo pesquisador é a rapidez na montagem dos tijolos vegetais, que não precisam de cimento. "Por possuir um sistema de encaixe, é possível montar uma casa popular de cinco mil tijolos em oito horas, desde que esteja com as vigas, pilares – só faltando elevar as paredes e divisórias."



(Envolverde/Agência Brasil)

Brasil ultrapassa meta para a água

Por Naná Prado, do Mercado Ético




Pnad-2007 revelou que, com oito anos de antecedência, país atingiu a meta para água. Mas, ainda há desperdício: da produção de carnes e grãos até carros e aço.

Quanto você pagaria por um copo de água depois de um dia inteiro de caminhada debaixo de sol forte? E quanto você pagaria por uma ducha, mesmo que rápida, após três dias sem banho?

Além de ter um uso múltiplo e uma importância inquestionável, a água passou a ter também muitos valores. São dimensões e significados: a água como símbolo da vida, com valor religioso, estético, político, cultural e até econômico. Há quem diga que impor um valor econômico à água fará com que ela perca seu valor sagrado e, para muita gente, a água não é e não pode ser transformada em mercadoria. O fato é que hoje pagamos, e não é pouco, pela água que utilizamos. É de se pensar, todavia, quanto vai custar daqui alguns anos a carne bovina, já que são necessários 10.000 litros de água para produzir um quilo da carne.

O Pnad-2007 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) revelou que o Brasil, com oito anos de antecedência, atingiu já em 2007 a Meta do Milênio (http://www.pnud.org.br/odm) para a água. As Nações Unidas definiram oito ODMs (Objetivos do Desenvolvimento do Milênio) para desenvolvimento e combate à miséria no planeta que devem ser atingidos até 2015. No ODM 7 (Garantir a Sustentabilidade Ambiental), a meta 10 é reduzir pela metade (tendo como ano-base 1990) “a proporção da população sem acesso permanente e sustentável a água potável segura e esgotamento sanitário”. Com a cobertura de água chegando a 91,3% na áreas urbanas, em 2007 a meta de água foi alcançada.

Para o esgoto, no entanto, o país pode levar ainda de cinco a 15 anos, avalia a pesquisadora Maria da Piedade Morais, que coordenou a elaboração dos dados que compõem o Comunicado da Presidência nº 13, “Pnad-2007: Primeiras Análises - volume 5 - saneamento básico e habitação”.

“Se considerarmos a rede geral e as fossas sépticas, o Brasil cumpre a meta também antes. Mas, se considerarmos como adequada apenas a rede geral, aí serão, no ritmo atual de crescimento da rede, mais uns 15 anos”, avalia a pesquisadora.

Só de 2006 para 2007, a rede geral de esgoto chegou a mais 3% da população, passando de 54,4% para 57,4% de cobertura. Veja o estudo completo: http://www.ipea.gov.br/default.jsp. Veja a apresentação: http://www.ipea.gov.br/default.jsp

A água escondida, oculta e até perdida nas atividades cotidianas poderá ter um valor inimaginável. No Brasil, país considerado por muitos como o paraíso das águas, as perdas no abastecimento das grandes cidades chegam a 45%. As campanhas para fechar a torneira deveriam vir junto com o alarmante dado de que só no município de São Paulo, no trajeto entre os mananciais e as residências, são perdidos 1 bilhão de litros por dia, o equivalente a 1 milhão de caixas-d’água, conforme revela pesquisa do Fundo de Populações das Nações Unidas, disponível em http://www.unfpa.org/swp/swpmain.htm.

Estudo do Instituto Socioambiental (ISA)*, divulgado em novembro de 2007, revelou a situação do abastecimento público e do saneamento básico nas 27 capitais brasileiras. Segundo a coordenadora do Programa Mananciais do ISA, Marussia Whately, estima-se que a quantidade de água jogada fora seja de 6,14 bilhões de litros por dia (o equivalente a 2.457 piscinas olímpicas) e seria suficiente para atender ao consumo diário de 38 milhões de pessoas, algo como a população da Argentina.

Consumidos pelo consumo

De acordo com a Organização das Nações Unidas, cada pessoa necessita de 3,3 m³/pessoa/mês (cerca de 110 litros de água por dia para atender as necessidades de consumo e higiene). No entanto, no Brasil, o consumo por pessoa pode chegar a mais de 200 litros/dia.

E, para deixar muita gente de boca aberta, dos cerca de 200 litros diários consumidos nos domicílios: 27% vão para cozinhar e beber, 25% para tomar banho e escovar os dentes, 12% para lavagem de roupa; 3% para outras tarefas (como lavagem de carro, por exemplo) e finalmente 33% são utilizados em descarga de banheiro. Somente o reaproveitamento da chamada “água cinzenta” (resultantes de lavagens e banho) para descarga de latrinas resultaria numa economia de um terço de todo o consumo doméstico.

Confira dados da Sabesp e veja como é possível economizar água e dinheiro - sem prejudicar a saúde e a limpeza da casa e a higiene das pessoas.

• Banho de ducha por 15 minutos, com o registro meio aberto, consome 135 litros de água. Com o registro fechado ao se ensaboar e reduzindo o tempo para 5 minutos, o consumo cai para 45 litros.

• No caso de banho com chuveiro elétrico, também em 15 minutos com o registro meio aberto, são gastos 45 litros na residência. Com os mesmos cuidados que com a ducha, o consumo cai para 15 litros.

• Se uma pessoa escova os dentes em cinco minutos com a torneira não muito aberta, gasta 12 litros de água. No entanto, se molhar a escova e fechar a torneira enquanto escova os dentes e, ainda, enxaguar a boca com um copo de água, consegue economizar mais de 11,5 litros de água.

• Ao lavar o rosto em um minuto, com a torneira meio aberta, uma pessoa gasta 2,5 litros de água. O mesmo vale para o barbear. Em 5 minutos gastam-se 12 litros de água. Com economia, o consumo cai para 2 a 3 litros.

• Uma bacia sanitária com válvula e tempo de acionamento de 6 segundos gasta de 10 a 14 litros. Bacias sanitárias de 6 litros por acionamento (fabricadas a partir de 2001) necessitam um tempo de acionamento 50% menor para efetuar a limpeza, neste caso pode-se chegar a volumes de 6 litros por descarga. Quando a válvula está defeituosa, pode gastar até 30 litros.

• Lavando a louça com a torneira meio aberta em 15 minutos, são utilizados 117 litros de água. Com economia o consumo pode chegar a 20 litros. Uma lavadora de louças com capacidade para 44 utensílios e 40 talheres gasta 40 litros. O ideal é utilizá-la somente quando estiver cheia.

• A lavadora de roupas com capacidade de 5 quilos gasta 135 litros. O ideal é usá-la somente com a capacidade total.

• Uma piscina de tamanho médio exposta ao sol e à ação do vento perde aproximadamente 3.785 litros de água por mês por evaporação, o suficiente para suprir as necessidades de água potável (para beber) de uma família de 4 pessoas por cerca de um ano e meio aproximadamente, considerando o consumo médio de 2 litros / habitante / dia. Com uma cobertura (encerado, material plástico), a perda é reduzida em 90%.

Bye bye, água

A agricultura é o setor que mais consome água no país, cerca de 59%. O uso doméstico e o setor comercial consomem 22% e o setor industrial fica por último com 19% do consumo.

Em 2004, segundo o IEA (Instituto de Economia Agrícola), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, nas exportações de carne bovina realizadas pelo Brasil, o maior exportador mundial de carnes, foram utilizados cerca de 14 trilhões de litros de água. Pela carne, os exportadores receberam o equivalente a US$ 1,970 bilhão.

No mesmo período, nas exportações de carne de galos e galinhas foram utilizados cerca de 6 trilhões de litros de água. Da mesma forma, pela carne, os exportadores receberam o equivalente a US$ 801,8 milhões.

Somados estes dois itens da pauta de exportações foram necessários quase 20 trilhões de litros de água para obter cerca de US$2,771 bilhões. Será que vale o câmbio?

Segundo David Pye, Presidente da Sociedade Vegetariana do Reino Unido, grandes quantidades de água são consumidas por hectare de plantação. Um hectare de milho consome 4 milhões de litros de água durante o crescimento, enquanto outros 2 milhões de litros evaporam no solo. Grãos de soja precisam de 4,6 milhões de litros de água por hectare e o trigo precisa de 2,4 milhões de litros por hectare. Mas, que efeito isso tem na produção de animais? “Um quilograma de proteína animal leva centenas de vezes mais água para ser produzido do que um quilo de proteína vegetal. A produção de 1kg de carne requer 100kg de forragem e 4kg de grãos. Isso equivale entre cem e duzentos mil litros de água”, afirma David Pye.

Dados da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) revelam que são necessários 35 litros de água por dia para sustentar um boi e de 90 litros por dia para sustentar uma vaca leiteira (fonte: Natürlich Vegetarisch e EarthSave Magazine - Primavera 2000).

Os números variam e inúmeras são as maneiras de dizer quanto de água estamos jogando, literalmente, pelo ralo, mas há algo em comum: as necessidades indiretas são responsáveis por uma grande parcela do consumo. São necessários, por exemplo:

- 1.900 litros de água para produzir 1 Kg de arroz
- 3.500 litros de água para produzir 1 Kg de carne de frango
- 10.000 litros de água para produzir 1 Kg de carne de boi
- 150.000 litros de água para produzir 1 automóvel de passeio
- 280.000 litros de água para produzir 1 tonelada de aço

Fonte: Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do Ministério das Cidades (ano base: 2004). Medidas 50m x 25m x 2m, volume de 2.500 metros cúbicos

*Os dados para o estudo do ISA foram fornecidos pelas concessionárias prestadoras dos serviços para o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do Ministério das Cidades (ano base: 2004).

** Com informações do Ipea.



(Envolverde/Mercado Ético)

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Sul e Sudeste registram melhores índices de acesso à rede de esgoto

Por Paula Laboissière, da Agência Brasil




A Pnad 2007: Primeiras Análises, divulgada nesta terça-feira (21) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indica que, entre 2006 e 2007, o Brasil alcançou um aumento de 3 pontos percentuais na proporção da população urbana com acesso à rede de coleta de esgoto. Segundo o estudo, este foi o maior aumento registrado nos últimos 15 anos, passando de 54,4% em 2006 para 57,4% em 2007.

Contabilizando ainda a população urbana que possui coleta de esgoto por fossa séptica, o percentual de cobertura por soluções consideradas “minimamente adequadas” de esgoto sobe para quase 81%.

As Regiões Sul e Sudeste conseguiram as melhores taxas, superiores a 85%. O Nordeste e o Norte ficaram com 68,4% e 64%, respectivamente. Já a Região Centro-Oeste, no quesito esgotamento sanitário do tipo rede geral de esgoto ou fossa séptica, apresentou, de acordo com a pesquisa, “a pior performance” – pouco mais de 52% da população possui saneamento adequado.
Todas as regiões brasileiras apresentaram um crescimento percentual maior que a média anual entre 2001 e 2006 mas as desigualdades urbanas entre as regiões, segundo o estudo, permanecem “em patamares elevados”.

A melhora nos indicadores, segundo o Ipea, reflete a “maturação” e a ampliação de investimentos em esgotamento sanitário ocorridos nos últimos cinco anos em todo o país, o que permitiu ampliar os serviços de rede de esgoto para 5,9 milhões de pessoas na área urbana e 337 mil na zona rural apenas em 2007.

“Com o aumento substancial no montante de recursos destinados a saneamento básico previstos pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – R$ 40 bilhões entre 2007 e 2010 – é de se esperar que os indicadores de esgoto venham a apresentar melhorias ainda mais significativas nos próximos anos”, afirma a pesquisa.

Entretanto, o levantamento destaca as desigualdades de investimento quando comparadas as grandes cidades e o campo. Dados da Pnad apontam que 22% da população rural reside em domicílios que ainda não possuem nenhum tipo de sistema de coleta de esgoto e 54,3% recorrem a soluções inadequadas como fossas rudimentares, valas e o despejo do esgoto diretamente em rios, lagos e mares.

O Ipea alerta que as desigualdades socioeconômicas no acesso ao esgotamento sanitário são “ainda mais gritantes” do que o acesso a água potável no país. Para os 20% mais pobres, a cobertura de rede geral ou de fossa séptica é de 64,6% enquanto para os 20% mais ricos a cobertura ronda os 92,8%. A diferença – de mais de 28 pontos percentuais – já chegou a ser, segundo a pesquisa, de quase 48 pontos percentuais no começo da década de 1990.

“O aumento da população coberta por esgotamento sanitário adequado continua sendo o maior desafio para a política de saneamento básico, pois o déficit absoluto desses serviços nas áreas urbanas ainda supera 30 milhões de pessoas”, diz a Pnad.



(Envolverde/Agência Brasil)

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Denúncia de contaminação de água por urânio na Bahia aumenta polêmica sobre energia nuclear no Brasil

Por Redação do Greenpeace




São Paulo — Relatório Ciclo do Perigo - Impactos da Produção de Combustível Nuclear no Brasil, do Greenpeace, aponta problemas na área de influência da mina da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e exige investigação sobre as condições de saúde da população local.

Após oito meses de investigação, o Greenpeace encontrou contaminação radioativa em amostras de água usada para consumo humano, coletadas na área de influência direta da mineração de urânio no município de Caetité, na Bahia (BA). A mina e uma unidade de beneficiamento de urânio são gerenciadas pela Indústrias Nucleares do Brasil (INB). A denúncia, que demonstra que a geração de energia nuclear é perigosa e poluente desde a sua origem, faz parte do relatório Ciclo do Perigo - Impactos da Produção de Combustível Nuclear no Brasil, que o Greenpeace lançou nesta quinta-feira (16), em São Paulo.

"A denúncia é muito grave e reforça a necessidade de uma investigação independente urgente sobre a qualidade da água e as condições de saúde da população que vive no entorno da INB", afirma Rebeca Lerer, coordenadora da campanha de Energia Nuclear do Greenpeace. "O caso mostra que os impactos e riscos da energia nuclear começam na origem do combustível que alimenta as usinas de Angra dos Reis e o Programa Nuclear Brasileiro".

A coleta das amostras de água para consumo humano e animal foi feita por uma equipe do Greenpeace em abril de 2008, em pontos localizados dentro de um raio de 20 quilômetros ao redor da mineração de urânio da INB em Caetité. As amostras foram encaminhadas a um laboratório independente credenciado no Reino Unido para a realização de análises. Pelo menos duas amostras de água apresentaram contaminação por urânio muito acima dos índices máximos sugeridos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama).

A amostra de água colhida de um poço artesiano a cerca de oito quilômetros da mina apresentou concentrações de urânio sete vezes maiores do que os limites máximos indicados pela OMS, e cinco vezes maiores do que os especificados pelo Conama. Outra amostra, coletada de uma torneira que bombeia água de poços artesianos da área de influência direta do empreendimento da INB, estava com o dobro do limite estabelecido pela OMS e acima do índice Conama.

Baixe o relatório em http://www.greenpeace.org/brasil/documentos/nuclear/ciclo-do-perigo.

Segundo os habitantes das comunidades que utilizam água das fontes analisadas, a INB colhe amostras em intervalos regulares para análises, mas as informações sobre a qualidade da água não são repassadas à população. Uma vez liberado no meio ambiente, o urânio entra na cadeia alimentar humana pelo consumo de água ou de alimentos contaminados, como leite e vegetais. De acordo com a bibliografia médica e científica disponível, a ingestão contínua de urânio, ainda que em pequenas doses, pode causar danos à saúde, tais como ocorrência de câncer e problemas nos rins.

"Os sentimentos das populações dos municípios de Caetité e de Lagoa Real são de silêncio e indiferença, talvez pelo resultado de uma imposição da INB", afirma Osvaldino Alves Barbosa, padre da catedral de Caetité. "Mas quando o assunto aparece, as pessoas ficam apreensivas, com medo e até aterrorizadas."

Segundo padre Osvaldino, o desafio agora é articular com a sociedade civil a divulgação das informações necessárias, exigir dos governos do Estado e federal o respeito aos direitos humanos da população e monitoramento dos que trabalham na mina e vivem nas comunidades do entorno dela, bem como garantir a investigação independente do nível de radioatividade na água consumida por todos.

"Para isso instituímos em Caetité uma Comissão Paroquial de Meio Ambiente para tentar concretizar essas demandas", afirma padre Osvaldino.

O relatório Ciclo do Perigo revela que os riscos de contaminação da água foram apontados no EIA/Rima do empreendimento, sendo, assim, velhos conhecidos da INB e dos órgãos licenciadores e fiscalizadores da atividade de mineração do urânio - Ibama e Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). O estudo detalha ainda problemas e controvérsias no licenciamento ambiental e nuclear, além de infrações e acidentes ocorridos na operação de extração, beneficiamento e transporte do urânio.

Para atender a demanda de combustível com a eventual construção de Angra 3, o setor nuclear planeja duplicar a capacidade produtiva anual da INB de 400 para 800 toneladas de yellow cake (concentrado de urânio) e iniciar a exploração da mina de urânio de Santa Quitéria, no Ceará.

"Enquanto os verdadeiros impactos da mineração de urânio em Caetité permanecem desconhecidos, o governo Lula adota políticas de incentivo à geração nuclear no Brasil, ignorando os altos riscos e custos sociais e ambientais dessa tecnologia. Os interesses comerciais e militares na mineração do urânio e fabricação de combustível nuclear estão falando mais alto do que a segurança da população e do meio ambiente no país", afirma Rebeca Lerer. "A poluição e o perigo da energia nuclear começam na mineração e culminam com os rejeitos altamente radioativos que saem das usinas nucleares. A sociedade brasileira não quer conviver com ameaças nucleares e depósitos de lixo radioativo."

O Greenpeace e entidades sociais e ambientais da Bahia encaminharam a denúncia ao Ministério Público Federal da Bahia, exigindo a realização de investigação independente sobre a fonte e extensão da contaminação, bem como as condições de operação da INB e o cumprimento das condicionantes dispostas no licenciamento ambiental. A organização também solicitou ao INGA – Instituto de Gestão das Águas, do governo da Bahia, que suspenda as outorgas de água concedidas à INB até que a contaminação seja solucionada.



(Envolverde/Greenpeace)

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Klabin lança novo sistema de ultrafiltração

SÃO PAULO, 16 de outubro de 2008 - A Klabin, maior produtora, exportadora e recicladora de papéis do Brasil, anunciou que o seu novo sistema de ultrafiltração que integra a Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) da Unidade Monte Alegre, localizada em Telêmaco Borba (PR), está em plena operação. O complexo, que faz parte do programa de expansão da empresa MA-1100, foi implementado em março e passou por uma fase de ajustes.

Como resultado, a água que passa pelo sistema de ultrafiltração está sendo devolvida ao rio Tibagi com qualidade superior à da água originalmente retirada.

Segundo Júlio Nogueira, gerente corporativo de Meio Ambiente da Klabin, a tecnologia do sistema é proveniente da companhia holandesa Norit, líder em purificação de água, e a planta foi desenvolvida pela empresa Centroprojekt sob medida para a Klabin, que definiu as especificações para o sistema.

Nogueira ressaltou que o sistema de ultrafiltração, que está dentro da política de sustentabilidade da Klabin, é a maior planta do gênero no mundo no setor industrial e o único no segmento de produção integrada de papel e celulose.

De acordo com as análises bioquímicas de oxigênio já realizadas pela Klabin, a água devolvida pela fábrica ao rio Tibagi apresenta 1 miligrama por litro de concentração de matéria orgânica (DBO5). "O teor médio de concentração de matéria orgânica do rio é de 3 miligramas por litro", explica o gerente corporativo.

A água usada pela Klabin também retorna mais límpida ao rio. A cor média da água do Tibagi é definida em 400 ppm PT (partículas por milhão, medida padrão de coloração). Já a usada pela Klabin fica em 200 ppm PT, ou seja, mais transparente.

Nogueira afirma que o próximo passo a ser dado com o sistema de ultrafiltração é fazer o reuso da água utilizada. Com isso, a companhia reduzirá os volumes de efluentes que retornam ao rio Tibagi e obterá importante economia de água

"A empresa pretende fazer o reuso da água, mas sem impactar na qualidade dos seus produtos. Primeiramente, temos que conhecer a qualidade do efluente para saber que pontos da companhia podem receber essa água reutilizada. É uma meta interna da Klabin fazer o reuso da água, esperamos que em 2009 já esteja em prática", diz Nogueira.

Atualmente, passam pelo sistema de ultrafiltração 40% da água usada pela Klabin na produção da Unidade Monte Alegre. Segundo Nogueira, os volumes totais de água que retornam ao rio Tibagi apresentam níveis de qualidade muito superiores aos estabelecidos pela legislação ambiental do Paraná.

O projeto faz parte da iniciativa de expansão MA-1100 da Klabin, que aumentou a produção de papel para 3 mil toneladas por dia. "Mesmo com o acréscimo de produção, a empresa quis manter o nível de efluente produzido", diz Nogueira.

A Klabin está investindo um total de R$ 70 milhões na ampliação da ETE. Os investimentos totais da empresa na área do meio ambiente para o projeto MA-1100 chegam a R$ 300 milhões.

Uma das metas atingidas pela Klabin com o projeto de expansão é a diminuição do consumo de água de 36 m³ para 30 m³ por tonelada produzida de papel, o que caracteriza a empresa como uma das companhias com melhores práticas do mercado mundial.

"O objetivo é fazer novos projetos para reduzir mais a utilização de água e trabalhar abaixo dos 30 m³ por tonelada", afirma Nogueira. Além disso, o gerente corporativo diz que há expectativa de expandir o sistema de ultrafiltração para outras unidades, principalmente no segmento de papel que é o que consome mais água.

(Micheli Rueda - InvestNews)

Remédios vencidos exigem descarte especial para preservar o ambiente

Camila Lopes e Léo Branco

Remédios vencidos não devem ser descartados diretamente no lixo comum. Como são produtos químicos, eles podem causar impacto ambiental, principalmente se entrarem em contato com recursos hídricos.

Quando o remédio vencido está na farmácia, é o próprio estabelecimento o responsável. Ele tem que dar a destinação correta ao lixo que produz, incluindo equipamentos ambulatoriais como seringas e agulhas, além dos remédios com prazo de validade vencido.

A medida está regulamentada na resolução 306, editada em dezembro de 2004 pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Ela prevê que cada farmácia deverá ter um Plano de Gerenciamento de Resíduos, especificando onde o material será depositado e que empresa fará o transporte deste material.

Tanto o transporte como a destinação devem ser realizados por empresas licenciadas nos órgãos ambientais estaduais competentes. Em Santa Catarina, o licenciamento é concedido pela Fundação do Meio Ambiente (FATMA) e no Rio Grande do Sul pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Frepam).

A resolução da ANVISA divide as categorias de resíduos em cinco grupos que possuem destinações distintas, podendo ser aterradas no solo ou incineradas, dependendo do perigo que oferecem.

Medicamentos em estado sólido, como drágeas e pastilhas, podem ser depositados em aterros sanitários cadastrados após o vencimento. Se o medicamento estiver em estado líquido, deverá passar por um processo de solidificação para evitar contaminação de solos e lençóis freáticos. Em caso de substância inflamável, o produto deve ser incinerado em um centro de tratamento de resíduos autorizado.

Remédios em casa

Quem tiver remédios vencidos na farmacinha de casa deve procurar a Vigilância Sanitária municipal para dar destino adequado ao resíduo. Nem todos os postos municipais têm condições de receber os remédios. Em Santa Catarina, o recomendado é procurar a direção estadual da Vigilância Sanitária, em Florianópolis.

A medida é importante para evitar casos de contaminação por medicamentos, em especial por parte de crianças, além de inibir a automedicação fora do prazo de prescrição de um remédio.

Apesar disto, dar uma destinação correta a um remédio vencido é um procedimento pouco comum, na avaliação de Tadiane Dacroce, chefe da divisão de medicamentos da Vigilância Sanitária de Santa Catarina.

– A procura é baixíssima, para não dizer nenhuma. Tem-se ainda uma cultura de manter os remédios em casa e utilizá-los sem se importar com a validade – afirma.

Parceria em Porto Alegre

A Prefeitura de Porto Alegre, por meio do Comitê Gestor de Educação Ambiental, lançou a campanha "Medicamento Vencido - Destino Ambientalmente Correto" em parceira com a farmácia de manipulação Pharma & Cia. Com isso a população pode dar o destino correto para os medicamentos domiciliares vencidos.

A farmácia também aceita as bulas e caixas dos remédios, estas também são encaminhadas para a reciclagem de papel. Os medicamentos recebidos são encaminhados a Central de Resíduos PróAmbiente (Gravataí), que é licenciada pela Fepam.

CLICRBS

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Tratamento de esgotos pode gerar eletricidade

Uma bactéria muito útil para o tratamento de esgotos pode também gerar eletricidade enquanto acelera a decomposição de matéria orgânica. A empresa israelense MFC - Microbial Fuel Cell está desenvolvendo um processo de geração de energia a partir da bactéria Geobachter sulfurreducem, muito usada nos processos de tratamento de esgotos e efluentes.

"Essa possibilidade já é conhecida há mais de 100 anos", diz o CEO da MFC, Eytan Levy. "Acontece que a energia produzida durante o processo de decomposição é pequena. Mas se combinarmos alguns processos, poderemos obter até 1 kilowatt/hora para cada quilo de dejetos tratado", conclui Levy, que vem trabalhando em conjunto com cientistas da Pennsylvania State University, dos EUA.

O processo de geração de energia a partir do tratamento de esgotos deverá estar no mercado em 2010.



(Envolverde/Assessoria)

Nova técnica russa de reciclagem de plástico gera gasolina pura

Cientistas russos da Universidade Medelevev em Moscou desenvolveram uma técnica de reciclagem que permite a produção de 1 litro de gasolina a partir de 1 quilo de sachês de plástico reciclado. O plástico e a gasolina são derivados do petróleo.

Existem vários esforços ao redor do mundo, inclusive alguns já em operação comercial, tentando reciclar subprodutos do petróleo, mas este é o primeiro que gera gasolina pura.

A tecnologia, desenvolvida pela equipe do Dr. Valery Shvets, é baseada no tratamento termal catalisado de materiais poliméricos. Os rejeitos plásticos devem ser simplesmente moídos e derretidos, sem necessidade de lavagem. A seguir é adicionado o catalisador em pó e a mistura é exposta à destruição termal, o que acontece em uma espécie de "panela de pressão" com temperatura e pressão definidas.

Para cada litro de gasolina produzido o processo gera também uma pequena quantidade ("uma colher de mesa", segundo os pesquisadores) de uma substância viscosa densa, parecida com o piche. Como também é inflamável, esse rejeito também pode ser reaproveitado.

Os pesquisadores não divulgaram detalhes sobre o composição do catalisador, já que é nele que está o segredo da descoberta, que está sendo patenteada. Um protótipo do sistema já está em funcionamento contínuo no laboratório da Universidade.



* Com informações do jornal Pravda de Moscou.



(Envolverde/Portal do Meio Ambiente)

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Postos de combustíveis - contaminação de aquíferos e solos por vazamento em tanques subterrâneos

Autoria: Roberta Miranda Teixeira

INTRODUÇÃO

A contaminação de águas subterrâneas por vazamentos em postos de combustíveis é uma preocupação crescente no Brasil e mais antiga nos Estados Unidos e Europa (7).
As indústrias de petróleo lidam diariamente com problemas decorrentes de vazamentos, derrames e acidentes durante a exploração, refino, transporte e operações de armazenamento do petróleo e seus derivados (4).
No Brasil existem aproximadamente 35 mil postos de combustíveis (1), sendo que a maioria foi construída na década de 70. Com uma média de vida útil de 25 anos para tanques subterrâneos, supõe-se que eles já estejam comprometidos. No ano de 2007 o consumo de álcool, gasolina e diesel foi de 9, 24 e 41 milhões de m3, respectivamente (2). De acordo com a CETESB, os postos respondem por 63% das áreas contaminadas em São Paulo (7).

CONTAMINAÇÃO POR COMBUSTÍVEIS

Em um derramamento de gasolina, uma das principais preocupações é a contaminação de aqüíferos que sejam usados como fonte de abastecimento de água para consumo humano.
Por ser muito pouco solúvel em água, a gasolina derramada, contendo mais de 400 componentes, inicialmente estará no subsolo como líquido de fase não aquosa (NAPL). Em contato com a água subterrânea, a gasolina se dissolverá parcialmente. Os hidrocarbonetos mono aromáticos: benzeno, tolueno e xilenos, chamados BTEX são os componentes presentes na gasolina que possuem maior solubilidade em água e, portanto, são os primeiros contaminantes a atingir o lençol freático. Estes compostos são considerados substâncias perigosas por serem depressoras do sistema nervoso central (4). O benzeno é comprovadamente carcinogênico podendo causar leucemia (7).
A gasolina comercializada no Brasil é misturada com álcool em proporções que variam de 20 a 30%, de acordo com legislação em vigor. Isto a diferencia das gasolinas comercializadas em outros países, as quais não são misturadas a compostos oxigenados. As interações entre o etanol e BTEX podem causar um aumento da mobilidade e solubilidade, além de dificultar a biodegradação natural destes compostos.
Compostos oriundos de diesel e óleos lubrificantes possuem cadeias mais longas, o que contribui para menores mobilidade e solubilidade em água, quando comparados à gasolina. Os PAH´s (hidrocarbonetos aromáticos policíclicos) são componentes presentes no diesel e óleo lubrificante também considerados de potencial carcinogênicos.

MONITORAMENTO

O sistema de monitoramento tem o papel de acusar a influência de uma determinada fonte de poluição na qualidade da água subterrânea. As amostragens são efetuadas num conjunto de poços distribuídos estrategicamente, nas proximidades da área de localização dos tanques de armazenamento, oferecendo subsídios para o diagnóstico da situação. A localização estratégica e a construção racional dos poços de monitoramento, aliadas os métodos eficientes de coleta, condicionamento e análise de amostras, permitem resultados bastante precisos sobre a influência da atividade, na qualidade da água subterrânea (9).
No caso de postos de combustíveis normalmente são monitorados os compostos BTEX e PAH´s, a fim de verificar contaminações por gasolina, diesel e óleo lubrificante.

REMEDIAÇÃO

Uma grande variedade de processos físico-químicos e biológicos tem sido utilizada na remoção de hidrocarbonetos de petróleo puros e dissolvidos na água subterrânea. Processos como extração de vapores do solo (SVE), recuperação de produto livre, bioventilação, extração com solventes, incineração, torres de aeração, adsorção em carvão ativado, biorreatores, biorremediação no local, entre outros, têm sido aplicados no tratamento de águas subterrânea e solo subsuperficial. Estes processos podem ser implementados para controlar o movimento de plumas, tratar águas subterrâneas e/ou descontaminar solos.
Longos períodos de tempo e altos custos estão normalmente associados com a grande maioria dos processos utilizados na remediação de áreas contaminadas. Por outro lado, a biorremediação no local, processo economicamente mais viável, é muitas vezes limitada por dificuldades no transporte de nutrientes ou receptores de elétrons e no controle das condições de aclimatação e degradação de contaminantes (4).
Mesmo que todos os problemas operacionais dos processos de remediação sejam resolvidos, vários anos são necessários para que os padrões de potabilidade da água sejam atingidos. Nos Estados Unidos, país que já investiu bilhões de dólares na recuperação de solos e águas subterrâneas, foi verificado que a grande maioria dos locais contaminados não foi remediada a níveis satisfatórios.
No entanto, a biorremediação continua sendo a arma mais utilizada e pesquisada para a descontaminação de aqüíferos (4).

LEGISLAÇÃO

Considerando que sistemas de armazenamento de derivados de petróleo e outros combustíveis, configuram-se como empreendimentos potencialmente ou parcialmente poluidores e geradores de acidentes ambientais o CONAMA publicou a resolução 273, a qual dispõe sobre a instalação e operação de postos de combustíveis (5).
Segundo o art.3º desta resolução, os equipamentos e sistemas destinados ao armazenamento e a distribuição de combustíveis automotivos, assim como sua montagem e instalação, deverão ser avaliados quanto à sua conformidade, no âmbito do Sistema Brasileiro de Certificação. Previamente à entrada em operação e com periodicidade não superior a cinco anos, os equipamentos e sistemas deverão ser testados e ensaiados para a comprovação da inexistência de falhas ou vazamentos, segundo procedimentos padronizados.
Em decorrência da poluição ambiental provocada por combustíveis derivados de petróleo e álcool, promoveu-se a edição de leis, decretos, resoluções e normas para proteção, como também o monitoramento da qualidade do solo e dos recursos hídricos nas áreas de influência dos postos de combustíveis.
No âmbito federal, a questão de controle de impactos ambientais referentes à poluição causada por postos de combustíveis é normatizada em um amplo amparo legal. Essas leis surgiram para atribuir responsabilidades aos empreendimentos potencialmente impactantes no que se refere à tomada das devidas precauções cabíveis. A contaminação ambiental é considerada crime ambiental pela Lei Federal 9.605/98, regulamentada pelo Decreto 3.179/99.
A legislação brasileira obriga todos os postos de revenda de combustíveis a serem devidamente licenciados pelos órgãos ambientais competentes após cadastramento do mesmo (8).
Muitos órgãos ambientais brasileiros, a exemplo da CETESB, utilizam atualmente padrões baseados na Lista Holandesa. Neste documento são descritos valores distintos de qualidade de solos e águas subterrâneas, onde o valor de referência (S) indica um nível de qualidade que permite considerá-los “limpos”, permitindo sua utilização para qualquer finalidade (6).
Em águas subterrâneas o valor de referência para cada composto BTEX é de 0,2 µg/L. No caso de solos estes valores podem variar de 0,01 a 0,05 mg/kg, de acordo com o teor de matéria orgânica no mesmo (6).
Padrões de potabilidade de água são definidos pela portaria 518 do Ministério da Saúde onde são especificados os valores de 5, 170, 200 e 300 µg/L, para benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos, respectivamente (3).

CONCLUSÕES

Com base no exposto podemos concluir que a crescente perda de qualidade da água e do solo, devido à ação antrópica intensificada nas últimas décadas, pode inviabilizar a utilização futura desses recursos naturais. O número elevado de postos de combustíveis e a idade avançada por grande parte dos tanques de armazenamento justificam a preocupação quanto à poluição ambiental.
Embora, atualmente existam técnicas avançadas de remediação de ambientes contaminados, a prevenção ainda é a melhor forma de conservação destes recursos.
Faz-se necessário uma atuação efetiva do Poder Público por meio de legislações mais restritivas no que tange ao licenciamento, monitoramento e fiscalização de postos e sistemas de armazenamento de combustíveis.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. BRASIL. Agência Nacional do Petróleo. Anuário Estatístico 2007. Seção 3 - Comercialização. Em: http://www.anp.gov.br/conheca/anuario_2007.asp. Consultado em: 14 de abril de 2008.

2. BRASIL. Agência Nacional do Petróleo. Dados Estatísticos. Venda de Combustíveis. Em: http://www.anp.gov.br/petro/dados_estatisticos.asp. Consultado em: 14 de abril de 2008.

3. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria 518. Capítulo IV. Tabela 3 – Padrão de potabilidade de substâncias químicas que representam riscos à saúde. Publicada em 25 de março de 2004.

4. CORSEUIL, H.X.; MARINS, M.M. Contaminação de águas subterrâneas por derramamento de gasolina: o problema é grave? Revista Engenharia Sanitária e Ambiental, v.2, n.2, p.50-54, 1997.

5. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução 273. Publicada em 29 de novembro de 2000.

6. CETESB. Projeto CETESB – GTZ. 6530 – Lista Holandesa de valores de qualidade do solo e da águas subterrânea – Valores STI, julho de 1999.

7. SUGIMOTO, L. Sensores detectam e monitoram contaminação de águas subterrâneas. Jornal da Unicamp, 22 a 28 de novembro de 2004.

8. MARQUES, C.E.B; PUGAS, C.G.S; SILVA, F.F.; MACEDO, M.H.A, PASQUALETO, A. O licenciamento ambiental dos postos de revenda varejista de combustíveis de Goiânia. Universidade Católica de Goiás.

9. CETESB. 6410 - Amostrag

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Reuso de Água

Ambiente Brasil


A reutilização ou reuso de água ou, ainda em outra forma de expressão, o uso de águas residuárias, não é um conceito novo e tem sido praticado em todo o mundo há muitos anos. Existem relatos de sua prática na Grécia Antiga, com a disposição de esgotos e sua utilização na irrigação. No entanto, a demanda crescente por água tem feito do reuso planejado da água um tema atual e de grande importância. Neste sentido, deve-se considerar o reuso de água como parte de uma atividade mais abrangente que é o uso racional ou eficiente da água, o qual compreende também o controle de perdas e desperdícios, e a minimização da produção de efluentes e do consumo de água.

Dentro dessa ótica, os esgotos tratados têm um papel fundamental no planejamento e na gestão sustentável dos recursos hídricos como um substituto para o uso de águas destinadas a fins agrícolas e de irrigação, entre outros. Ao liberar as fontes de água de boa qualidade para abastecimento público e outros usos prioritários, o uso de esgotos contribui para a conservação dos recursos e acrescenta uma dimensão econômica ao planejamento dos recursos hídricos.

O ”reuso” reduz a demanda sobre os mananciais de água devido à substituição da água potável por uma água de qualidade inferior. Essa prática, atualmente muito discutida, posta em evidência e já utilizada em alguns países é baseada no conceito de substituição de mananciais. Tal substituição é possível em função da qualidade requerida para um uso específico. Dessa forma, grandes volumes de água potável podem ser poupados pelo reuso quando se utiliza água de qualidade inferior (geralmente efluentes pós-tratados) para atendimento das finalidades que podem prescindir desse recurso dentro dos padrões de potabilidade.

Águas Residuárias

Águas residuais ou residuárias são todas as águas descartadas que resultam da utilização para diversos processos. Exemplos destas águas são:

Águas residuais domésticas:

- provenientes de banhos;
- provenientes de cozinhas;
- provenientes de lavagens de pavimentos domésticos.


Águas residuais industriais:

- resultantes de processos de fabricação.


Águas de infiltração:

- resultam da infiltração nos coletores de água existente nos terrenos.


Águas urbanas:

- resultam de chuvas, lavagem de pavimentos, regas, etc.

As águas residuais transportam uma quantidade apreciável de materiais poluentes que se não forem retirados podem prejudicar a qualidade das águas dos rios, comprometendo não só toda a fauna e flora destes meios, mas também, todas as utilizações que são dadas a estes meios, como sejam, a pesca, a balneabilidade, a navegação, a geração de energia, etc.

É recomendado recolher todas as águas residuais produzidas e transportá-las até a Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR). Depois de recolhidas nos coletores, as águas residuais são conduzidas até a estação, onde se processa o seu tratamento.

O tratamento efetuado é, na maioria das vezes, biológico, recorrendo-se ainda a um processo físico para a remoção de sólidos grosseiros. Neste sentido a água residual ao entrar na ETAR passa por um canal onde estão montadas grades em paralelo, que servem para reter os sólidos de maiores dimensões, tais como, paus, pedras, etc., que prejudicam o processo de tratamento. Os resíduos recolhidos são acondicionados em contentores, sendo posteriormente encaminhados para o aterro sanitário.

Muitos destes resíduos têm origem nas residências onde, por falta de instrução e conhecimento das conseqüências de tais ações, deixa-se para o sanitário objetos como: cotonetes, preservativos, absorventes, papel higiênico, etc. Estes resíduos devido às suas características são extremamente difíceis de capturar nas grades e, conseqüentemente, passam para as lagoas prejudicando o processo de tratamento.

A seguir a água residual, já desprovida de sólidos grosseiros, continua o seu caminho pelo mesmo canal onde é feita a medição da quantidade de água que entrará na ETAR. A operação que se segue é a desarenação, que consiste na remoção de sólidos de pequena dimensão, como sejam as areias. Este processo ocorre em dois tanques circulares que se designam por desarenadores. A partir deste ponto a água residual passa a sofrer um tratamento estritamente biológico por recurso a lagoas de estabilização (processo de lagunagem).

O tratamento deverá atender à legislação (Resolução do CONAMA nº 020/86) que define a qualidade de águas em função do uso a que está sujeita, designadamente, águas para consumo humano, águas para suporte de vida aquática, águas balneares e águas de rega.

Tipos de Reuso

A reutilização de água pode ser direta ou indireta, decorrentes de ações planejadas ou não:

- Reuso indireto não planejado da água: ocorre quando a água, utilizada em alguma atividade humana, é descarregada no meio ambiente e novamente utilizada a jusante, em sua forma diluída, de maneira não intencional e não controlada. Caminhando até o ponto de captação para o novo usuário, a mesma está sujeita às ações naturais do ciclo hidrológico (diluição, autodepuração).

- Reuso indireto planejado da água: ocorre quando os efluentes, depois de tratados, são descarregados de forma planejada nos corpos de águas superficiais ou subterrâneas, para serem utilizadas a jusante, de maneira controlada, no atendimento de algum uso benéfico.

O reuso indireto planejado da água pressupõe que exista também um controle sobre as eventuais novas descargas de efluentes no caminho, garantindo assim que o efluente tratado estará sujeito apenas a misturas com outros efluentes que também atendam ao requisito de qualidade do reuso objetivado.

- Reuso direto planejado das águas: ocorre quando os efluentes, após tratados, são encaminhados diretamente de seu ponto de descarga até o local do reuso, não sendo descarregados no meio ambiente. É o caso com maior ocorrência, destinando-se a uso em indústria ou irrigação.

Aplicações da Água Reciclada

- Irrigação paisagística: parques, cemitérios, campos de golfe, faixas de domínio de auto-estradas, campus universitários, cinturões verdes, gramados residenciais.

- Irrigação de campos para cultivos - plantio de forrageiras, plantas fibrosas e de grãos, plantas alimentícias, viveiros de plantas ornamentais, proteção contra geadas.

- Usos industriais: refrigeração, alimentação de caldeiras, água de processamento.

- Recarga de aqüíferos: recarga de aqüíferos potáveis, controle de intrusão marinha, controle de recalques de subsolo.

- Usos urbanos não-potáveis: irrigação paisagística, combate ao fogo, descarga de vasos sanitários, sistemas de ar condicionado, lavagem de veículos, lavagem de ruas e pontos de ônibus, etc.

- Finalidades ambientais: aumento de vazão em cursos de água, aplicação em pântanos, terras alagadas, indústrias de pesca.

- Usos diversos: aqüicultura, construções, controle de poeira, dessedentação de animais.

Problemática no Brasil

No Brasil, a prática do uso de esgotos - principalmente para a irrigação de hortaliças e de algumas culturas forrageiras - é de certa forma difundida. Entretanto, constitui-se em um procedimento não institucionalizado e tem se desenvolvido até agora sem nenhuma forma de planejamento ou controle. Na maioria das vezes é totalmente inconsciente por parte do usuário, que utiliza águas altamente poluídas de córregos e rios adjacentes para irrigação de hortaliças e outros vegetais, ignorando que esteja exercendo uma prática danosa à saúde pública dos consumidores e provocando impactos ambientais negativos. Em termos de reuso industrial, a prática começa a se implementar, mas ainda associada a iniciativas isoladas, a maioria das quais, dentro do setor privado.

A lei nº 9.433 de 8 de janeiro de 1997, em seu Capitulo II, Artigo 20, Inciso 1, estabelece, entre os objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos, a necessidade de “assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos”. Verificou-se, por intermédio dos Planos Diretores de Recursos Hídricos de bacias hidrográficas - em levantamento realizado a fim de se conhecer mais profundamente a realidade nas diversas bacias hidrográficas brasileiras - que há a identificação de problemas relativamente à questão de saneamento básico, coleta e tratamento de esgotos e propostas para a implementação de planos de saneamento básico. Entretanto, não se consegue identificar atividades de reuso de água utilizando efluentes pós-tratados per sei. Isso deve-se ao fato, talvez, do ainda relativo desconhecimento dessa tecnologia e por motivos de ordem sócio-cultural.

Mesmo assim, considerando que já existe atividade de reuso de água com fins agrícolas em certas regiões do Brasil, a qual é exercida de maneira informal e sem as salvaguardas ambientais e de saúde pública adequadas, torna-se necessário institucionalizar, regulamentar e promover o setor através da criação de estruturas de gestão, preparação de legislação, disseminação de informação, e do desenvolvimento de tecnologias compatíveis com as nossas condições técnicas, culturais e socioeconômicas.

É nesse sentido que a Superintendência de Cobrança e Conservação - SCC - da Agência Nacional de Águas, inova ao pretender iniciar processos de gestão a fim de fomentar e difundir essa tecnologia e ao investigar formas de se estabelecer bases políticas, legais e institucionais para o reuso de água neste país.

Fonte: www.reusodeagua.hpg.com.br e www.ana.gov.br

Fossas sépticas

Nos locais não servidos por rede coletora pública de esgotos, os esgotos das residências e demais edificações aí existentes, deverão ser lançados em um sistema de fossa séptica e unidades de disposição final de efluentes líquidos no solo, dimensionados e operados conforme normas NBR 7229 e NBR 13969.

Fossa séptica é um dispositivo de tratamento de esgotos destinado a receber a contribuição de um ou mais domicílios e com capacidade de dar aos esgotos um grau de tratamento compatível com a sua simplicidade e custo.

Como os demais sistemas de tratamento, deverá dar condições aos seus efluentes de:

- Impedir perigo de poluição de mananciais destinados ao abastecimento domiciliário;

- Impedir alteração das condições de vida aquática nas águas receptaras;

- Não prejudicar as condições de balneabilidade de praias e outros locais de recreio e esporte; e

- Impedir perigo de poluição de águas subterrâneas, de águas localizadas (lagos ou lagoas), de cursos d'água que atravessem núcleos de população, ou de águas utilizadas na dessedentação de rebanhos e na horticultura, além dos limites permissíveis, a critério do órgão local responsável pela Saúde Pública.

Fossas sépticas são câmaras convenientemente construídas para reter os despejos domésticos e/ou indústrias, por um período de tempo especificamente estabelecido, de modo a permitir sedimentação dos sólidos e retenção do material graxo contido nos esgotos, transformando-os bioquimicamente,em substâncias e compostos mais simples e estáveis.

De acordo com a definição, o funcionamento das fossas sépticas pode ser explicado nas seguintes fases do desenvolvimento do processo:

- Retenção do esgoto: O esgoto é detido na fossa por um período racionalmente estabelecido, que pode variar de 24 a 12 horas, dependendo das contribuições afluentes.

- Decantação do esgoto: simultaneamente à fase anterior, processa-se uma sedimentação de 60 a 70%dos sólidos suspensos contidos nos esgotos, formando-se uma substância semiíquida denominada de lodo. Parte dos sólidos não sedimentados, formados por óleos, graxas, gorduras e outros materiais misturados com gases, emerge e é etida na superfície livre do líquido, no interior da fossa séptica, os quais são comumente denominados de escuma

- Digestão anaeróbia do lodo: Ambos, lodo e escuma, são atacados por bactérias anaeróbias, provocando destruição total ou parcial de material volátil e organismos patogênicos.

- Redução de volume do lodo: Do fenômeno anterior, digestão anaeróbia, resultam gases, líquidos e acentuada redução de volume dos sólidos retidos e digeridos, que adquirem características estáveis capazes de permitir que o efluente líquido das fossas sépticas possa ser disposto em melhores condições de segurança.

A fossa séptica é projetada de modo a receber todos os despejos domésticos (de cozinhas, lavanderias domiciliares, lavatórios, vasos sanitários, bidês, banheiros, chuveiros, mictórios, ralos de piso de compartimentos interiores,etc.),ou qualquer outro despejo, cujas características se assemelham às do esgoto doméstico. Em alguns locais é obrigatória a intercalação de um dispositivo de retenção de gordura (caixa de gordura) na canalização que conduz os despejos das cozinhas para a fossa séptica.



São também vetados os lançamentos diretos de qualquer despejo que possam, por qualquer motivo, causar condições adversas ao bom funcionamento das fossas sépticas ou que apresentem um elevado índice de contaminação por microorganismos patogênicos.

De bem com a fossa séptica

• Faça um diagrama preciso que mostre a localização do tanque e de seus tubos de acesso para saber exatamente onde se encontra a fossa no terreno.

• Evite plantas de raiz muito profunda em áreas próximas, assim como outras atividades que possam ser prejudiciais ao sistema.

• Mantenha um registro de limpezas, inspeções e outras manutenções, sempre incluindo nome, endereço e telefone dos técnicos que efetuaram os serviços.

• Faça com que a área sobre a fossa permaneça limpa, quando muito apenas com uma cobertura de grama ou relva. Raízes de árvores ou arbustos podem entupir e danificar as linhas de dreno.

• Evite que automóveis estacionem sobre a área e não deixe que equipamentos pesados sejam colocados no local.

• Não planeja nenhuma construção como piscinas e calçadas perto da fossa.

• Não verta demasiada água sobre o sistema, nem permita que a chuva consiga adentrá-lo. Quando inundada com mais água do que pode absorver, a fossa reduz sua capacidade de escoar resíduos e esgoto, aumentando o risco de os efluentes se agruparem na superfície do solo.

• Não escoe para a fossa materiais que não são biodegradáveis, tais como plásticos, fraldas e absorventes, papel higiênico e guardanapos, já que esses detritos podem encher o tanque e entupir o sistema.

• Não descarte óleos de cozinha e outras gorduras no ralo da pia, já que tais alimentos se solidificam e entopem o campo de absorção da terra.

• Não permita que tintas, óleos de motor de automóvel, pesticidas, fertilizantes e desinfetantes entrem no sistema séptico. Essas substâncias podem atravessá-lo diretamente, contaminando os terrenos em volta da fossa e matando os microrganismos que decompõem os resíduos.

• Use água fervente para desentupir ralos, em substituição a quaisquer produtos cáusticos. Além disso, faça a limpeza do banheiro e da cozinha com um detergente moderado.

Fonte: Universidade de Água

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Desinfetantes deixam bactérias mais fortes

Agência FAPESP.

Produtos químicos usados para matar bactérias podem estar fazendo o contrário, deixando os microrganismos ainda mais resistentes. A afirmação é de um estudo publicado na edição de outubro da revista Microbiology.

Segundo a pesquisa, pequenos níveis dessas substâncias, chamadas biocidas, podem fazer com que a potencialmente letal bactéria Staphylococcus aureus se torne mais resistente à ação de antibióticos.

Biocidas são usados em desinfetantes e antissépticos para eliminar micróbios. São comumente empregados na limpeza doméstica, em hospitais, na esterilização de equipamentos médicos e na descontaminação da pele antes de cirurgias.

A pesquisa destaca que se tais produtos forem usados em níveis corretos eles matam bactérias e outros microrganismos. Entretanto, se níveis inferiores aos indicados forem utilizados, os micróbios podem sobreviver, tornando-se resistentes à aplicação.

“Bactérias como o Staphylococcus aureus produzem proteínas capazes de retirar substâncias químicas tóxicas da célula, de modo a interferir com seus efeitos antibactericidas. É um processo que remove antibióticos da célula e torna as bactérias mais resistentes a essas substâncias”, disse Glenn Kaatz, do Centro Médico do Departamento de Assuntos de Veteranos nos Estados Unidos.

Os pesquisadores expuseram amostras de S. aureus retiradas do sangue de pacientes a baixas concentrações de diversos biocidas usados freqüentemente em hospitais. Ao analisar o efeito da exposição, identificaram a produção de mutantes das bactérias com a chamada bomba de efluxo mais desenvolvida, ou seja, com maior fluxo de remoção de toxinas do que o normal.

Segundo eles, se bactérias que vivem em ambientes protegidos são expostas repetidamente a biocidas, por exemplo, durante a atividade de limpeza, elas podem desenvolver resistência a desinfetantes ou, em outros casos, a antibióticos. Estudos anteriores apontaram que tais bactérias contribuem para infecções hospitalares.

“Estamos tentando desenvolver inibidores de bombas de efluxo. Inibidores eficientes poderão reduzir a probabilidade da emergência de novos mecanismos de resistência nas bactérias. Infelizmente os métodos atuais não funcionam eficientemente com uma ampla gama de patógenos, o que não os torna ideais para prevenir a resistência”, disse Kaatz.

“Uma boa alternativa no futuro será a combinação de um inibidor de bomba de efluxo com um agente antimicrobiano, o que reduzirá a emergência de linhagens resistentes e seu impacto clínico”, apontou.

O pesquisador destaca a importância do uso cuidadoso e adequado tanto de antibióticos como de biocidas que ainda não são reconhecidos pelas bombas de efluxo produzidas pelas bactérias.

O artigo Multidrug efflux pump overexpression in Staphylococcus aureus after single and multiple in vitro exposures to biocides and dyes, de Glenn Kaatz e outros, pode ser lido por assinantes da Microbiology em http://mic.sgmjournals.org.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Falta de saneamento favorece proliferação de pernilongos em piscinões

Por Paulo Roberto Andrade, da Agência USP




Além de evitar enchentes, alguns reservatórios de contenção de cheias (os chamados piscinões) em São Paulo servem como criadouros de mosquitos. O problema foi constatado por pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP e foi tema do mestrado da bióloga Edna de Cássia Silvério. A espécie Culex quinquefasciatus (o popular pernilongo), foi largamente encontrada nos reservatórios pesquisados. Apesar de não transmitir patógenos, o Culex incomoda as pessoas com seu zunido e picadas. Segundo a pesquisadora, a superpopulação de pernilongos pode ser evitada com o saneamento dos piscinões.

A equipe da FSP pesquisou especificamente a fauna de culicídeos dos piscinões de Inhumas e Caguaçu, na Grande São Paulo, entre março de 2006 e fevereiro de 2007. Foram feitas coletas mensais das formas imaturas e adultas, que eram identificadas posteriormente em laboratório. “Observamos o desenvolvimento de larvas nos piscinões durante todo o ano, com algum aumento do número no período de secas, quando a água parada e poluída se acumula e favorece a reprodução. No período de chuvas, a densidade não foi maior, pois as águas carregam as larvas”, diz Edna.

Foram identificadas 13 espécies de mosquitos, sendo que o Culex quinquefasciatus foi a espécie dominante, representando 98% das amostras coletadas no piscinão de Inhumas e 92% no Caguaçu. O pesquisador Paulo Roberto Urbinatti, orientador de Edna e que também participou do estudo, explica que o Culex, em São Paulo, não é uma espécie vetora de agentes de doenças. “O importante é que, devido à altitude elevada e à temperatura amena, o Culex, na cidade de São Paulo, não transmite nenhuma doença. Mas as altas densidades desse mosquito é um problema de saúde pública, pois se torna um incômodo à população”, ressalta.

Em algumas cidades do Nordeste, o Culex quinquefasciatus é um vetor do parasita da Filariose, também conhecida como Elefantíase. Em alguns países o mosquito é vetor da Febre do Oeste do Nilo, uma doença que pode levar à morte, mas que ainda não é encontrada no Brasil. “ Em São Paulo, os principais incômodos são o zunido, que perturba o sono das populações próximas aos piscinões, e as picadas que podem causar reações alérgicas em alguns casos” explica Urbinatti.

Desenvolvimento facilitado

Edna explica que o ambiente extremamente poluído dos piscinões favorece o desenvolvimento das larvas dos mosquitos. Além do esgoto despejado nos rios e córregos próximos, a população acaba lançando muitos resíduos que as grades de contenção de dejetos não conseguem reter. “O Culex é um mosquito bem adaptado à área urbana. Na água suja e parada dos piscinões há muita matéria orgânica que serve de alimento às larvas. Mas essa mesma área poluída não favorece seus predadores naturais. O Culex, então, se reproduz sem nenhum empecilho”.
O piscinão artificial de Inhumas propicia muito mais o desenvolvimento de mosquitos, pelo fato de ser concretado. “A água não penetra no solo e toda a matéria orgânica se acumula ali”, diz Edna. Já no Caguaçu, como é natural, a água se infiltra no solo e o número de criadouros, apesar de ser considerável, não causa o impacto que o concreto causa. “A diversidade de mosquitos é maior no Caguaçu, porque há vários criadouros, porém, a densidade é menor que no Inhumas” ressalta.

Problema contornável

Apesar dos mosquitos, a finalidade dos piscinões vem sendo cumprida. O incômodo dos pernilongos não é maior que os prejuízos das enchentes. Urbinatti explica que os piscinões são uma obra social importante, pelo fato de conter as enchentes. “Os mosquitos são uma conseqüência totalmente controlável, desde que a manutenção seja freqüente. Os benefícios que o piscinão traz são maiores que os problemas”, diz.

Edna acredita que se forem realizadas pesquisas em outros piscinões, os resultados serão semelhantes aos encontrados no estudo, pois as condições são as mesmas. “Haverá criadouros de mosquitos se não houver manutenção e limpeza constante nos piscinões, além de um trabalho de educação ambiental junto à população” explica. Para os pesquisadores, sem o controle biológico os mosquitos aumentam.



(Envolverde/Agência USP de Notícias)

Como produzir hidrogênio a partir do esgoto

Trabalho de pesquisadores brasileiros e uruguaios, que propõe a produção de hidrogênio a partir da matéria orgânica presente no esgoto, ganha o Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia

Um projeto de pesquisa que integra a geração de energia e o controle da poluição ambiental rendeu, a docentes e estudantes da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da Universidade de São Paulo (USP), a primeira colocação na quinta edição do Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia, na categoria Integração.

O trabalho, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) por meio de um Auxílio Regular a Pesquisa, foi conduzido por pesquisadores do Laboratório de Processos Biológicos da EESC, em parceria com colegas da Universidade da República (Udelar), no Uruguai.

O estudo propõe a produção de hidrogênio como fonte de energia renovável, em alternativa aos combustíveis fósseis, a partir do tratamento de águas residuárias.

Um dos coordenadores, Marcelo Zaiat, professor do Departamento de Hidráulica e Saneamento da EESC, explica que a produção biológica de hidrogênio pode ocorrer por duas vias: fotossíntese e processo fermentativo.

“A produção fermentativa foi o tema abordado na pesquisa, que objetivou o desenvolvimento de biorreatores anaeróbios e o estudo das melhores condições para produção de hidrogênio. A fermentação é tecnicamente mais simples e, nesse caso, o hidrogênio pode ser obtido a partir da matéria orgânica presente em águas residuárias”, disse Zaiat à Agência Fapesp.

Segundo ele, o processo anaeróbio de conversão de matéria orgânica divide-se basicamente em duas fases: acidogênica e metanogênica. O hidrogênio é obtido na primeira fase (acidogênica), a qual é mediada por organismos que consomem a matéria orgânica das águas residuárias e produzem ácidos orgânicos, álcoois e hidrogênio.

“O desafio nessa fase está no desenvolvimento de reatores biológicos mais adequados para essa conversão, permitindo a maximização da produção de hidrogênio. O uso de biorreatores acidogênicos conjugados com os metanogênicos possibilita o tratamento de água residuária, assim como a produção de hidrogênio como fonte de energia”, apontou.

Nesse contexto de associação entre a produção de hidrogênio com baixo custo e o controle da poluição ambiental, Zaiat aponta que os trabalhos de pesquisa na área começaram a ser desenvolvidos na década de 1990 e que, até hoje, mais de 200 estudos sobre bioprodução de hidrogênio já foram publicados no mundo.

Os grupos de pesquisa premiados da USP e da Udelar têm desenvolvido reatores biológicos inovadores, com a busca de parâmetros de engenharia para maximizar a produção de hidrogênio.

“Muitos problemas de engenharia ainda devem ser resolvidos antes de essa tecnologia poder ser aplicada em escala industrial, mas os dois grupos têm trabalhado com águas residuárias de várias origens, buscando aplicações em vários setores produtivos ligados à América Latina”, apontou o professor da USP.

Águas residuárias são águas utilizadas em algum processo, seja industrial ou residencial, e que são devolvidas ao ambiente. Um exemplo são os esgotos domésticos que, lançados nos rios sem o devido tratamento, podem causar impactos negativos ao meio ambiente.

“O nosso projeto propõe que, acoplado à estação de tratamento do esgoto doméstico, possa estar um reator acidogênico para produção do hidrogênio, um combustível limpo que gera, nas células, a água como único produto”, disse Zaiat. Entre as formas de obtenção de hidrogênio estão a queima de combustível fóssil, eletrólise e a produção biológica.

“A produção biológica é a mais atrativa por envolver tecnologias de baixo custo quando comparada a outras técnicas, além de requerer menos energia para geração. Esse tipo de produção pode contribuir para a redução de custos na geração de hidrogênio principalmente se a matéria-prima, os compostos orgânicos, for obtida de águas residuárias geradas por indústrias ou esgoto de domicílios”, afirmou.

Segundo o pesquisador, além de ser um combustível limpo, outra vantagem é que o hidrogênio é quase três vezes mais energético do que os hidrocarbonetos. “Essa conta é feita pela termodinâmica. O calor de combustão do hidrogênio é de 122 quilojoules por grama (kJ/g), cerca de 2,75 vezes maior do que o dos hidrocarbonetos”, calculou.

Prêmio Mercosul

Os trabalhos vencedores do Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia 2008, promovido pela Reunião de Ciência e Tecnologia do Mercosul (Recyt), foram anunciados na semana passada, conforme noticiou a Agência Fapesp.

O prêmio selecionou os melhores estudos sobre o tema “Biocombustível”, elaborados por estudantes e pesquisadores da Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.

O objetivo foi homenagear trabalhos que representam potencial contribuição para o desenvolvimento científico e tecnológico dos países-membros do bloco econômico, contribuindo para o processo de integração regional.

A cerimônia de premiação ocorrerá no dia 20 de outubro, em Brasília, quando serão entregues troféu e US$ 10 mil aos autores do trabalho vencedor, intitulado Producción de biohidrógeno a partir de aguas residuales para ser utilizado como fuente alternativa de energia.

Para Marcelo Zaiat, desenvolver pesquisas em conjunto com pesquisadores do Uruguai, visando ao avanço do conhecimento na área dos biocombustíveis, foi determinante para os resultados alcançados.

“O entrosamento entre os dois grupos nesse projeto foi excepcional. Os pesquisadores decidiram desde o início que trabalhariam juntos e, enquanto a USP desenvolvia um tipo de biorreator no qual somos especialistas – o biorreator de leito fixo com microrganismos aderidos em material suporte – o grupo da Udelar desenvolveu outro tipo, o biorreator de mistura com microrganismos em suspensão, com o qual vem trabalhando há vários anos”, explicou.

“Hoje podemos comparar os desempenhos e direcionar as pesquisas para caminhos mais seguros”, afirmou. O grupo do Uruguai, segundo ele, trabalha com processos anaeróbios desde a década de 1980. “Nosso grupo também desenvolve pesquisas na área desde a década de 1970 e a troca de experiências entre os dois grupos tem resultado em avanços significativos.”

No Brasil, participaram ainda do projeto premiado os professores Eugenio Foresti e Maria Bernadete Varesche, ambos da Escola de Engenharia de São Carlos da USP, e, no Uruguai, as professoras Claudia Etchebehere, Liliana Borzacconi e Elena Castelló, da Udelar, além de vários alunos de mestrado e doutorado das duas instituições.

Por Thiago Romero, da Agência Fapesp

Saneamento básico rural


Foto: Embrapa
Fossa séptica biodigestora elimina problemas sanitários e gera adubo orgânico


Simples, barata e de fácil reaplicação, fossa séptica biodigestora é a aposta da vez para revolucionar o tratamento de esgoto nas zonas rurais brasileiras. Além de eliminar a contaminação dos lençóis freáticos e a proliferação de doenças de veiculação hídrica, a tecnologia social (TS)* ainda converte o efluente em adubo orgânico.

O esgoto de mais de quatro milhões de propriedades rurais brasileiras segue um mesmo caminho: buracos rudimentares feitos no chão. Responsáveis pela contaminação de poços e lençóis freáticos e pela proliferação de doenças como diarréia, cólera e hepatite, as chamadas “fossas negras” têm agora uma substituta simples, sustentável e economicamente viável. A um custo que varia de R$ 800 a R$ 1.200, as fossas sépticas biodigestoras, que eliminam parasitas e microorganismos causadores de doenças, não só resolvem os problemas sanitários como também garantem a conversão dos dejetos em adubo orgânico. Se bem utilizado, dizem especialistas, o sistema pode ser pago em até quatro meses com a economia trazida pela substituição da adubação química.

A tecnologia, desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária de São Carlos/SP (Embrapa Instrumentação Agropecuária), foi vencedora, em 2003, do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social. O projeto é composto por três reservatórios de mil litros cada, conectados entre si por tubulações de PVC. Apenas o encanamento dos vasos sanitários é ligado ao sistema de reservatórios, que são enterrados no solo e vedados para impedir a entrada de ar. Na primeira caixa, esterco fresco é colocado, uma vez por mês, para agilizar o processo de fermentação no ambiente anaeróbico e a conseqüente eliminação dos microorganismos fecais. Caso não se deseje aproveitar o efluente como adubo e utilizá-lo somente para irrigação, pode-se ainda montar na terceira caixa um filtro de areia, que permite a saída de água sem excesso de matéria orgânica.

“As demais alternativas às fossas negras custam entre R$ 3 mil a R$ 5 mil. Além de mais caras, ainda demandam a compra de outros insumos químicos”, explica Fabiana Leonelli, Supervisora da Área de Comunicação e Negócios da Embrapa Instrumentação Agropecuária. A tecnologia, alerta, é estratégica se tomados os déficits de atendimento no campo. Segundo dados do IBGE, apenas 12% do esgoto rural recebe algum tipo de tratamento, sendo que nas regiões Norte e Nordeste esta porcentagem sequer ultrapassa a barreira dos 6%. O potencial público beneficiário também é gigantesco. De acordo com dados da FAO/ONU, a agricultura de base familiar, maior usuária das fossas negras, reúne no Brasil cerca de 14 milhões de pessoas e detém 75% dos estabelecimentos agrícolas no país.
Com manuseio simples, os próprios agricultores podem instalar a fossa

Multiplicação

O sistema experimental foi instalado, em 2001, em uma fazenda de Jaboticabal, interior de São Paulo. O adubo orgânico foi usado com sucesso pela Embrapa em pés de graviola e macadâmia, gerando economia de adubo químico de quase R$ 3 mil por ano para o produtor rural e médico Aleudo Santana.

Desde então, a Fundação Banco do Brasil já investiu R$ 1,1 milhão na implantação de outras 916 unidades do projeto em oito municípios do Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais, envolvendo diretamente mais de 2 mil famílias de agricultores familiares. Já a Embrapa calcula ter atendido 5 mil pessoas interessadas em conhecer a nova tecnologia. “É difícil dizer quantas fossas já foram instaladas no país, até porque o próprio produtor pode instalá-la em sua propriedade sem dificuldades”, explica Fabiana.

Para isso, cada família de cinco pessoas precisa de três caixas de cimento de mil litros cada, conexões, tubos pvc, válvulas, registros, adesivo para pvc e borracha para vedação. “Com todo o material à mão e com os buracos já cavados, dois homens conseguem instalar cinco fossas num dia”, garante o técnico em irrigação Lucas Mendes de Brito, responsável pela reaplicação de dezenas de unidades em Goiás junto à Fundação BB. “Muita gente ainda tem preconceito porque acha que a fossa vai deixar mal-cheiro, mas logo que fazemos quem desconfiava quer logo instalar quando vê as vantagens no vizinho”, diz.

Um deles é o agricultor Mário Benedito, de 53 anos, que desde 2003 utiliza o sistema em sua parcela de 11 hectares em um assentamento rural a 55 km de Brasília. “Agora mesmo estou usando o adubo da fossa para plantar feijão. Só não dá para usar nas folhagens”, explica. A utilização do sistema rende quase 900 kg de adubo por mês a seu Ari, que também utiliza o composto em suas frutíferas e minhocários. Como resolveu apostar na agricultura orgânica, os benefícios são redobrados. “Além de ser ruim para a terra, o adubo químico tem um preço muito alto. Cada saca de 50 kg não sai por menos de R$ 40 e o preço está sempre variando”, diz.

*TS - Tecnologia Social compreende produtos, técnicas e/ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade e que represente efetivas soluções de transformação social.

Por Vinícius Carvalho, jornalista do Portal da RTS

Reciclagem no Brasil tem maior potencial de "empregos verdes", segundo OIT

por Dayane Cunha

O setor de reciclagem oferece cerca de 500 mil postos de trabalhos no Brasil e é considerado pela Organização Internacional do trabalho (OIT) o 'emprego verde' de maior empregabilidade no país, segundo relatório divulgado no dia 24 de setembro pela OIT, em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

De acordo com o relatório "Empregos Verdes: Trabalho Decente em um Mundo Sustentável e com Baixas Emissões de Carbono", os empregos verdes, nome dado pela OIT para as atividades relacionadas à tecnologia ambiental, estão em praticamente todas as áreas que têm se adaptado às reduções da emissão de CO2, como a construção civil, de energias renováveis, na agricultura, na indústria e nos serviços.

Segundo nota divulgada pelo escritório no Brasil da OIT, apesar do relatório ser otimista sobre a criação de novos empregos para enfrentar as mudanças climáticas, também alerta que muitos destes postos podem ser sujos, perigosos e difíceis.

As áreas que despertam preocupação, em especial nas economias em desenvolvimento, são agricultura e a reciclagem, onde é necessário modificar com rapidez situações de baixos salários, insegurança nos contratos de trabalho e exposição a materiais perigosos.

O relatório diz ainda que são criados poucos empregos verdes para os cerca de 1,3 bilhão de trabalhadores pobres no mundo, que representam 43% da força de trabalho.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Adema inicia monitoramento em açudes públicos

A Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema) tem ampliado e intensificado a ação de monitoramento em todo o Estado. Nesse momento a operação está sendo voltada para a avaliação e levantamento dos açudes públicos dos 75 municípios de Sergipe. Utilizados para pesca, banhos, consumo humano e animal, a maioria dos açudes dos municípios estava sem nenhuma avaliação técnica há muitos anos.

De acordo com o diretor-presidente da Adema, Genival Nunes, a análise das águas dos açudes é uma questão de saúde pública. "Se impróprio ou próprio para o consumo humano, se apto para recreação e uso animal, a condição do açude será divulgada pelo órgão municipal responsável para que ele tome as medidas necessárias", explicou Nunes, enfatizando que a ação servirá para evitar que açudes com alto índice de coliforme fecais na água sejam utilizados pela população.

De acordo com o diretor do Departamento de Avaliação e Monitoramento Ambiental da Adema (Deamon), Miguel Nascimento, a espécie de coliforme mais encontrada em açudes é a termotolerantes (fecal). "Muitos açudes recebem efluentes urbanos sem nenhuma forma de tratamento, poluindo muito o local", salientou. O diretor destacou ainda que o território da Grande Aracaju, que abrange os municípios de São Cristóvão, Nossa Senhora de Socorro e Aracaju, foi o primeiro a ser analisado. Segundo ele, não foram verificados açudes públicos nessa área.

A operação parte agora para os demais territórios sergipanos. A expectativa é de que, até ao final do ano, os territórios do Alto Sertão, Sul, Centro Sul, Baixo São Francisco, Leste, Baixo Sertão e Agreste Central já tenham sido visitados pela Adema.

Agência Sergipe de Notícias.

Fórum Pensar Sergipe discute políticas de meio ambiente

O secretário de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, Márcio Macêdo, participou da realização do Fórum Pensar Sergipe, que este ano tem o tema ‘Políticas de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável'. O fórum faz parte da programação da V Semana de Extensão que está sendo realizada pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), e ocorreu na tarde desta quinta-feira, 25, no auditório da Reitoria da universidade.

Durante a sua explanação, Márcio Macêdo discorreu sobre as várias ações que o Estado vem realizando para melhorar a qualidade do meio ambiente em seu território, com destaque para a preservação de áreas e a criação, no final do ano passado, das Unidades de Conservação (UC) do Angico e a do Junco, localizadas respectivamente entre Poço Redondo e Canindé do São Francisco, e em Capela.

Com a iniciativa da UC, foram preservadas na Mata do Junco as nascentes do Riacho Lagartixo, responsável pelo abastecimento de água para consumo humano da cidade de Capela, e a existência do macaco Guigó (Callicebus Coimbrai), que está ameaçado de extinção. Já na Grota do Angico, onde Lampião e seu bando foram assassinados, será preservada a riqueza biológica na região da caatinga e aquecido o ecoturismo.

"Estou convencido de que é necessário criar cada vez mais unidades de conservação para garantir mais qualidade de vida para a população", salientou o secretário, enfatizando que os manguezais do Estado recebem o mesmo olhar.

Tecnologia

Ele destacou ainda a implantação de 13 Plataformas de Coletas de Dados (PCD) capazes de transmitir dados, por satélite, do comportamento do tempo e clima para o Centro de Meteorologia da Semarh, de onde a informação é disseminada para o mundo via internet. "Por conta dessa implantação, a produção de milho no Estado triplicou esse ano", comemorou.

A ampliação, melhoria e automação dos sistemas integrados das adutoras do Alto Sertão, obra que irá promover o benefício de água encanada para mais de 330 mil pessoas do semi-árido, foi mais um avanço do Governo do Estado ressaltado por Márcio Macedo. "A implantação irá abranger 24 sedes municipais e mais de uma centena de povoados e comunidades rurais dos territórios Alto e Médio Sertão, e Agreste Central", explica ele.

Os povoados Saquinho, Borda da Mata e Candeias, da cidade de Tobias Barreto, já estão desfrutando do Programa Água Doce, do Ministério do Meio Ambiente, com a oferta de aparelhos dessalinizadores. "A carência de água potável e limpa desses povoados era grande. Em Saquinho, a comunidade bebia água de um barreiro. Com o dessalinizador, a realidade agora é outra", aponta. Mais de 600 famílias foram beneficiadas com o projeto.

A revitalização da bacia hidrográfica do rio Sergipe também foi enfatizada com a apresentação do programa ‘Águas de Sergipe', que terá o objetivo de promover a revitalização da bacia hidrográfica do rio Sergipe sob uma perspectiva integrada e abrangente que envolva a recuperação, proteção, o aproveitamento racional e a gestão adequada dos recursos naturais da bacia.

Estimado em US$ 112,3 milhões no prazo de 5 anos, o programa está sendo submetido à avaliação do Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BIRD), através de carta-consulta. "Se aprovado, o ‘Águas de Sergipe' irá abranger a três dimensões: Gestão e Desenvolvimento Institucional; a Intervenções Físicas na Bacia do Rio Sergipe e o Gerenciamento Executivo, Monitoramento e Avaliação da Execução do Programa", explicou Macêdo.

Agência Sergipe de Notícias.