terça-feira, 30 de junho de 2009

DESENVOLVIMENTO DA HUMANIDADE e OS RECURSOS HIDRÍCOS DA TERRA

Sinopse da Inocentes de Belford Roxo no Carnaval de 2010.



Como criamos e dominamos várias forças das águas em nosso beneficio e como hoje nós mesmos continuamos a destruir paulatinamente este sistema.

A Água" que, potável, mata a nossa sede, que com sua força nos dá energia, com a sua suavidade rega as nossas plantações e também nos alimenta. É ela a provedora da nossa vida hoje, cuidemos para que continue sendo amanhã.

Durante milênios o Ser Humano usou como prática de vida ser nômade. Buscava caça e migrava com as estações do ano. Com a domesticação dos animais, outras gerações passaram a ter mais trabalho na busca de água e alimentos para si e para os bichos. O crescimento das populações e o plantio para a subsistência tornavam cada vez mais difícil este fluxo migratório a ponto de se fazer impraticável.

O Homem começa a perceber que mudas retiradas de uma boa qualidade de alimento quando replantadas daria uma colheita tão boa, ou melhor, apenas observando a qualidade do solo, incluindo a sua umidade; era o plantio seletivo.

A agricultura como moeda e seletiva em busca de qualidade torna-se prática comum no inicio das civilizações Egípcias e da Mesopotâmia.

O Rio Nilo começa a receber em suas margens vários núcleos de povoamento e além de fornecer água também gera terra propícia para o plantio, sem contar com a pesca abundante em quase todo o ano.

Com um clima feroz e inconstante os egípcios observam que em muitas áreas de colheitas perdidas, algumas mudas prosperavam próximas as irregularidades do rio e após sucessivas experimentações com valas para afluxo d'água, as plantações suportavam as intempéries e prosperavam. Foi criada a primeira técnica de controle de fluxo fluvial (dos rios). O Homem deu um largo passo para a utilização dos Recursos Hídricos no plantio do arroz, em várzeas e trigo irrigado. Graças à habilidade no domínio destas técnicas, construtores Egípcios elaboraram os primeiros diques e canais para o fornecimento de água para os centros mais populosos incluindo templos e palácios

Desenvolvendo as técnicas hídricas na Historia.

A Mesopotâmia também por necessidade, tal qual os egípcios, desenvolvem suas próprias técnicas de irrigação e condução de águas. Com a experiência dos nômades Árabes aprendem a achar lençóis artesianos e criam a primeira elevatória movida a bois, daí surgindo uma das maiores Maravilhas da Antiguidade: os Jardins Suspensos da Babilônia.

Os Chineses introduzem no seu cotidiano além dos aquedutos o sistema de pressão por gravidade em dutos feitos de bambu. Gerando todo um novo conceito em hidráulica. Sendo seu uso implementado para fins estéticos com a criação de fontes artificiais para vários locais como: palácios, jardins e espaços públicos.

Já os Gregos desenvolvem o conhecimento herdado dos Egípcios e dos Babilônicos quanto à captação pluvial (da chuva), criando poços recipientes artificiais e interligando-os aos naturais, encontrados nas montanhas, para levar água as cidades. Tudo isso por túneis meticulosamente desenhados para que não se perdesse o fluxo de deslocamento.

São construídas nas cidades e ilhas vulcânicas, estações de banho termais, onde engenhosamente são misturadas águas vindas ferventes do solo com águas frescas tornando esta prática uma experiência extremamente agradável.

Como o conhecimento era algo precioso mesmo naquela época, os Romanos munidos destas informações e com suas grandes cidades crescendo em ritmo vertiginoso, tinham que zelar por sua boa qualidade de vida e higiene para suas populações. Foram eles que criaram os aquedutos aéreos, os banhos particulares, os primeiros escoadouros de esgoto incluindo uma malha por baixo de quase toda Roma. Por fim conceberam um dos mais geniais métodos de filtragem de água, construindo em alvenaria cilindros concêntricos de argila, no subsolo alimentado de fora para dentro e com perfurações diferentes para o escoamento e deposito de sedimentos. Esta pratica ainda faz pratica das companhias de águas modernas; com a diferença do uso de reagentes químicos decantadores nos dias atuais.

À parte temos também a relação da Índia com o seu Rio Ganges. Peculiarmente este rio influencia de tal ordem o seu povo que todo o desenvolvimento humano e religioso está interligado a este. A água faz parte integrante de todas as atividades dos Hindus, nas praticas de tingimentos ou nas lavouras entre outros há uma adaptação de procedimentos devido as Monções (chuvas fortes de Verão). Na fé a água é o símbolo mais importante a ponto de se tornar remédio sagrado quando retirado do Ganges que também abençoa uma nova vida e leva seus entes queridos falecidos. É a água como sistema hídrico e elemento que transporta a vida natural e espiritual de um povo.

Utilizando Inventos e Conceitos.

Com a chegada da Era Renascentista na Europa e tomados pelos conhecimentos Mouros, expulsos do continente, toda uma nova ordem de pensadores e cientistas volta-se para os estudos e ensaios gravados em manuscritos antigos e guardados a sete chaves no período Medieval. Os conhecimentos das antigas civilizações, aqui já citadas, aguçaram mentes brilhantes como Leonardo da Vinci, Galileu Galilei e Torricelli e colaboraram com seus inventos e conceitos para o desenvolvimento da Hidráulica e da Hidrologia.

As rodas d´água de recipientes de barro foram substituídas por aletas, da Vinci inventou a roda com hélice Helicoidal.

Galileu mediu a pressão de esguicho, constatando que este subia a altura do recipiente. A teoria fundamenta ate hoje o principio da pressão hidráulica em construções.

Torricelli ensaiou o peso da água em relação a outros materiais orgânicos ou inorgânicos trazendo uma nova luz à mecânica hidráulica.

As rodas d´água e seus usos ficam evidentes nas casas de moagem que também usavam pilões movidos a essas rodas.

A industria têxtil substitui o trabalho artesanal das fiandeiras por novos equipamentos movidos com a força hidráulica. Eram tempos de geringonças alimentadas pela energia da água.

Infelizmente a Europa teve que passar pela Peste Negra que dizimou um terço da população para que percebessem que a falta de higiene era a grande responsável do desastre. Era pratica comum a falta de banho, o esgoto a céu aberto e a não higienização dos alimentos. O primeiro pais a minimizar os efeitos da praga foi a Inglaterra. Foi criada em Londres a primeira malha de esgotos subterrânea moderna e introduzida de forma emergencial, incluindo o escoamento pluvial. Outra malha de dutos e encanamentos, foi construída para incentivar a higienização das pessoas e lares, literalmente lavando a Peste da capital inglesa.

Com o aperfeiçoamento da industrialização da metalurgia, canos de ferro ou cobre, válvulas e torneiras passaram juntamente com os conhecimentos teóricos, a fazer parte das residências que já podiam contar com poços artesianos, caixas d´água e terminais com fluência nos vários cômodos onde fossem necessários.

Novas bombas de elevação ou retirada foram criadas dando dinamismo maior às atividades hídricas do campo e das cidades. Um exemplo disto no Brasil deveu-se a Mauricio de Nassau que introduziu a irrigação mecânica em plena Olinda canavieira.

Por fim ressurge das práticas dos Gregos e Romanos a utilização das águas das chuvas nas plantações com a criação de diques artificiais capazes de armazenar estas e distribuí-las de forma ordenada por meios de comportas. As águas também podiam impedir calamidades provocadas por Cheias.


Usando os Recursos Hídricos hoje.

Quando pensamos em uma cidade moderna hoje, é impossível conceber residências que não tenham suas caixas d?água, seus sistemas hidráulicos e seu escoamento de esgoto. Os Estados, Municípios e o Governo Federal investem pesado no sistema de abastecimento de água, seu tratamento, distribuição e um eficiente escoamento de esgoto.


Águas de rios e chuvas são armazenadas em bacias artificiais que alimentam varias adutoras que carregam para Centros de Tratamento e filtragem como processo de purificação das mesmas.

A Industria do Campo tem um tratamento diferenciado, pois, 70% da demanda de água doce no Brasil é direcionada ao plantio, criação animal e higienização de produtos produzidos no campo, quer sejam de qualquer origem.

Nosso país tem dimensões continentais, conta com uma malha hidrográfica considerável e tirando proveito disso a prática da navegação une povos ribeirinhos e cidades que dificilmente podem receber estradas e vias férreas, integrando gente e produtos por estes produzidos a outros recantos do Brasil.

Dos rios e do mar saem outra prática comum para nós, a pesca e a piscicultura alimentar e ornamental principalmente nas regiões das bacias do Amazonas e do São Francisco, implementando as economias destas regiões.

Esta mesma malha, incluindo seus acidentes geográficos, propiciam outras práticas como os esportes, recreação e turismo ecológico, gerando divisas que ajudam na conservação destes locais.

A geração de energia, tanto mecânica - que na prática não mudou em séculos - quanto a elétrica, são sustentáculos do nosso progresso. Algumas das maiores represas hidroelétricas do mundo estão aqui e, é desses recursos hídricos que conseguimos suprir a nossa demanda de eletricidade.

Um país com tal variação climática como o nosso, tem que se adequar e tomar em mãos soluções por vezes inusitadas para suprir suas deficiências de água. É prática comum desviar rios para abastecimento, entretanto, existem áreas onde os lençóis freáticos são profundos e, com a carência de recursos, torna-se quase inviável tal perfuração. A solução surge dos céus; o armazenamento da água da chuva vem como resposta a tal deficiência, tanto em reservatórios ao ar livre como em recipientes armazenadores que utilizam até os telhados das casas para seu escoamento; esse é o conhecido projeto "Care".


Estragamos?! Vamos Consertar!

Com a enorme emissão de CO² na atmosfera, sentimos o efeito imediato com o aquecimento global e a reação inicial dá-se logo no desequilíbrio do sistema hídrico mundial, com enchentes secas, períodos diferentes de chuvas e monções e, principalmente, nos períodos de cheias e vazões dos rios.

O derretimento das calotas polares se tornou algo extremamente grave, pois coloca em risco todas as faixas litorâneas do planeta, já que os níveis dos oceanos tendem a subir de uma forma que podem tornar-se catastróficos.

O perigo da poluição vai além; com o uso indiscriminado dos rios como alvos de despejos de esgotos e dejetos industriais, incluindo o extrativismo mineral, causando a falência da capacidade regenerativa dos rios, deixando regiões com graves problemas de infra-estrutura. Como conseqüência há o comprometimento da qualidade do abastecimento de água potável, a inadequação para a piscicultura e até a inviabilidade da navegação.

Com o desmatamento indiscriminado, a falência se torna morte, as nascentes que precisam do auxílio da vegetação para retenção e despejo líquido, não conseguem minar a água, que se esvai para lençóis no subsolo, que por sua vez, está sendo comprometido pelo uso abusivo de agrotóxicos, somado às substâncias provenientes dos aterros sanitários, os "lixões" e, também, a contaminação do solo com o despejo de resíduos químicos de várias ordens.

Nem mesmo as águas das chuvas escapam deste verdadeiro caos que nos envolve. Em determinados centros industriais ocorre o fenômeno assustador da chuva ácida, que mata a vegetação e inviabiliza o solo.

Outra situação grave está diretamente ligada aos hábitos dos moradores das grandes cidades. O desperdício de água tratada acontece em simples atitudes do nosso dia; torneiras mal fechadas, escovar os dentes ou fazer a barba com a torneira aberta, tomar banhos longos, lavar as calçadas em vez de varrê-las, lavar poucas roupas em maquinas são alguns dos muitos exemplos de como ainda pensamos na abundância deste precioso liquido, sem nos darmos conta que a nossa realidade é bem diferente.

Mas, nem tudo está perdido. Hoje no Brasil, temos e formamos engenheiros e técnicos em recursos hídricos, ambientalistas, biólogos, físicos e outros profissionais extremamente bem preparados e que, aliados a empresas com consciência ecológica, ajudam a solucionar ou minimizar as graves conseqüências de décadas de desleixo e indiferença sobre atos nocivos a todos.

Precisamos fazer a nossa parte, pondo a mão na consciência e optando dia a dia por ações que não destruam mais o nosso lar que é o universo.

O futuro das novas gerações dependerá de nossas ações no presente para salvaguardar estes recursos. A produção de alimentos "orgânicos", a capacidade de geração de energia elétrica, cuja demanda deverá dobrar já que a tendência é que os novos combustíveis para autos serão a eletricidade e a água, com a fusão de hidrogênio; a produção da piscicultura, que é primordial para a alimentação e, por fim, a preservação da água potável que já está em falta.

É a nossa realidade e a nossa visão de futuro que estão comprometidas.

Roberto Szaniecki
Cristiano Bara
Carnavalescos

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