Por Celso Dobes Bacarji, da Envolverde
Os dados da pesquisa “Percepções sobre Saneamento Básico”, do Instituto Trata Brasil revelam não apenas um lado triste da realidade do saneamento básico no país, que é a sua péssima qualidade para a grande maioria dos brasileiros, mas também um lado triste da educação e da própria comunicação. Quase um terço (31%) de nossa população desconhece o que é saneamento básico.
A pesquisa informa ainda que 28% desconhecem o destino dos esgotos e 17% sequer conseguiram opinar sobre o tratamento de esgoto. A pesquisa conclui então o óbvio: "o saneamento básico não é considerado uma prioridade para a população".
Raul Pinho, presidente executivo do Trata Brasil lamenta: “Saneamento básico é uma agenda atrasadíssima no Brasil. É preciso sensibilizar toda população para gerar um movimento de conscientização e de demanda. Cabe a nós, cidadãos, cobrar as intervenções dos nossos gestores”.
Vivemos pelas coisas urgentes, que mais nos ameaçam, de acordo com as respostas dos brasileiros às questão apresentadas pelo Instituto. A doença (49%) e a segurança (45%), ameaças sempre iminentes, são as maiores preocupações dos entrevistados, seguidas pelas drogas (40%), educação (28%), emprego (27%), calçamento e pavimentação (11%) e limpeza pública (11%). Esgoto ocupou o 7° lugar no ranking.
Entre as conclusões a que chegaram os idealizadores da pesquisa destacam-se a de que não há uma cobrança da população por melhorias nessa área e que, na hora de escolher um candidato a prefeito, esse serviço público não é considerado. De acordo com o levantamento, apenas 2% dos entrevistados consideraram as condições de esgoto quando escolheu seu candidato nas últimas municipais.
Porque o brasileiro atribui tão pouco valor ao saneamento básico, afinal? É evidente que 100% da população brasileira gostaria de ter água límpida e saudável jorrando em suas torneiras. Quem é o brasileiro que não gostaria, ou não gosta, de ter um banheiro limpo e perfumado em sua casa, sem se preocupar para onde vão dos seus resíduos sólidos e líquidos? Ou seja, o brasileiro sabe o que é saneamento básico.
O presidente executivo do Trata Brasil, Raul Pinho, acha que é uma questão de educação e sugere parcerias entre governos e escolas para uma educação mais efetiva que desenvolva o senso crítico e incorpore a questão do saneamento no currículo. Para ele, uma questão também de educação dos políticos, "que precisam entender que a universalização dos serviços de saneamento pode se refletir numa economia de verbas públicas, principalmente na área de saúde".
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