quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Sergipe perde dinheiro por não reaproveitar o lixo .


Texto: Antonio Carlos Garcia / Foto: Jorge Henrique

Enterrar lixo é o mesmo que enterrar dinheiro. O alerta é do diretor-executivo da Fundação Interuniversitária de Estudos e Pesquisas sobre o Trabalho, Francisco Mazzeu, que ontem pela manhã, se reuniu com representantes de diversas instituições, na Sociedade Semear, para discutir a organização dos catadores de lixo da capital. Ele fez essa constatação para mostrar que a situação de Aracaju não é a diferente do restante do país, que não vê lixo como fonte de renda. Por conta disso, os empresários são obrigados a importar lixo da Europa e Estados Unidos, porque no Brasil não se dá a destinação correta.

É para, no futuro, transformar lixo em dinheiro que Francisco Mazzeu vem fazendo uma série de discussões em Aracaju, num projeto que deve estar consolidado em quatro anos. A intenção é organizar os catadores de lixo em associações e fazer um trabalho educativo com a população para orientá-la sobre a destinação correta do lixo. Hoje a Care, com sede no bairro Santa Maria, tem apenas 45 catadores cadastrados. Mas o número de pessoas que sobrevive do lixo é significativo.

Uma pesquisa realizada, em 2006, pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) identificou 500 pessoas que residem em vários bairros da capital. Mas para a coordenadora do núcleo local da Rede Unitrabalho, Conceição Almeida, esse número pode ser bem maior. Embora se associar a uma entidade seja opcional, Conceição e Francisco Mazzeu explicam que a intenção é sugerir às pessoas que estejam organizadas em cooperativa – como a Care, por exemplo – para melhor trabalhar.

Discussões

Os debates em torno da destinação do lixo produzido em Aracaju são antigos. Há 10 anos, o Ministério Público Estadual iniciou as discussões sobre assunto, a partir da denúncia, devidamente constatada, que crianças estavam trabalhando no lixão. Depois, discutiu-se a formação de associação e também qual seria a destinação desses resíduos. Mesmo com tanto tempo – uma década – o professor Mazzeu observa que os quatro anos previstos para implementação do projeto em Aracaju não é longo, pois as coisas não mudam rapidamente.

Conceição Almeida também tem a mesma opinião e ressalta que é uma questão cultural.
O fato é que Aracaju – assim como todo Brasil – vem perdendo dinheiro porque enterra o lixo ao invés de reaproveitá-lo e por isso o importa. São Paulo, por exemplo, que produz 18 mil toneladas de lixo por dia, só recicla 2%. O Brasil importa 70 toneladas mês de lixo, enquanto que o produzido aqui é enterrado.


Jornal de Sergipe.

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