A prioridade da nova diretoria da ABES, comandada pela engenheira Cassilda Teixeira, será usar todo o seu poder de capacitação e de representação, através das seções regionais que a ABES mantém em praticamente todas as unidades da Federação. “A proposta é criar mecanismos que permitam uma gestão focada em resultados e norteada por indicadores, para execução rápida de bons projetos e, principalmente, com definições de metas claras para a conclusão das obras necessárias”, afirmou.
Segundo ela, é fundamental que os municípios e os estados capacitem seus técnicos e invistam fortemente em modelos de gestão eficientes para que a prestação de serviços à população seja a mais adequada possível e que a manutenção desta prestação seja feita de forma permanente e transparente.
A nova presidente da ABES explicou que o governo brasileiro também aderiu às Metas do Milênio, previstas pela ONU para 2015, mas o País ainda precisa incorporar ao universo atendido por serviços de saneamento ambiental quase 90 milhões de pessoas, sendo 10% (19 milhões) com abastecimento de água e cerca de 53% com coleta e tratamento de esgoto sanitário, hoje, quase 100 milhões de pessoas. O mais gravem destaca, é que a população cresceu nos últimos anos, e os serviços não acompanharam esse crescimento na proporção necessária.A falta de saneamento básico fez com que, nos últimos 10 anos, pelo menos cinco crianças morressem diariamente no Brasil, vítimas das chamadas doenças de veiculação hídrica, enquanto outras 1.000 eram internadas na rede pública de hospitais. As mais atingidas são as crianças com até 9 anos – cerca de 48,5% das vítimas – e idosos com mais de 60 anos, cujo índice de mortalidade chega 47,2% das vítimas. Somente no ano de 2005, em média, 400 crianças com até nove anos foram internadas diariamente no Brasil devido a diarréias.
Com representação através de seções estaduais em praticamente todas as unidades da Federação, a ABES foi criada há 42 anos e hoje é reconhecida como a principal e mais antiga entidade de saneamento ambiental do país.
Déficit sanitário no mundo
Na visão da engenheira sanitarista Cassilda Teixeira, que coordena a assessoria técnica da presidência da Companhia de Saneamento de Minas Gerais, embora o saneamento tenha avançado no Brasil nesses últimos anos, o déficit de cobertura ainda é muito grande. "A questão do saneamento não é um privilégio triste somente do Brasil – é um dos maiores desafios mundiais", explica Cassilda Teixeira. De acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) 2006 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a falta de acesso à água e serviços de esgoto mata uma criança a cada 19 segundos, em decorrência de diarréia. O estudo, intitulado "Além da escassez: poder, pobreza e a crise mundial da água", também mostra que, no ritmo atual, o mundo não conseguirá cumprir as Metas do Milênio, da ONU, que prevêem reduzir pela metade, até 2015, a proporção de pessoas que não desfrutam desses recursos.
Em termos de América Latina, a situação também é caótica – lembra a engenheira, baseando-se em dados da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) que estima que mais de 35% das crianças na região não têm acesso à água potável. De acordo com o estudo "O direito a um Ambiente Saudável para Crianças e Adolescentes: Um diagnóstico sobre América Latina e Caribe", o problema de acesso à água afeta ainda cerca de três em cada 10 adultos. Ainda segundo a Cepal, a falta de água potável pode agravar a mortalidade infantil e a desnutrição infantis. A pesquisa sugere a busca de soluções que possam integrar medidas conjuntas dos setores público e privado
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