terça-feira, 7 de julho de 2009

Alterações no ciclo da malária

Aquecimento global antecipou o desenvolvimento das larvas do mosquito vetor da doença


Na Amazônia, centenas de casos de malária estão sendo registrados fora de época. As larvas do mosquito Anopheles darlingi, vetor da doença, se desenvolvem nas áreas alagadas pelas cheias dos rios. Recentemente, o aquecimento global adiantou em cerca de quatro meses esse processo, além de acelerar a reprodução dos mosquitos devido às altas temperaturas.

Para garantir a eficácia da estratégia de prevenção à malária, o Instituto Nacional de Pesquisas do Amazonas (Inpa) estuda como as mudanças climáticas estão afetando o ciclo da doença na região.

A concentração de chuvas na Amazônia – período popularmente conhecido como ‘inverno’ – acontece entre novembro e junho, quando os rios chegam a subir 15 metros ou mais, e as temperaturas são mais amenas.

Entretanto, as ‘marés amazônicas’ não seguem mais esse padrão: em 2005 a região foi castigada por uma seca acentuada; em 2007 as águas subiram tão rapidamente que atingiram, em dezembro, níveis que só seriam registrados entre abril e maio.

A influência no ciclo do mosquito causada pelas alterações ambientais torna de fundamental importância os pontos sentinelas de vigilância entomológica, que preveem quando haverá maior incidência do Anopheles – dado imprescindível para o combate à malária. “Em fevereiro a densidade de mosquitos costumava ser de no máximo 30 e, nesse mesmo mês no ano passado, foram constatados cerca de 1.600 exemplares”, salienta Wanderli Pedro Tadei, pesquisador do Inpa.

O Inpa prevê uma mudança de estratégia de prevenção à doença, a começar por aumentar o número de pontos sentinelas nas cidades mais afetadas. A malária, em geral, é transmitida por meio da picada do mosquito fêmea do Anopheles darlingi contaminado pelo protozoário do gênero Plasmodium.

Uso de repelentes, mosquiteiros impregnados de inseticida, borrifação dentro das casas e drenagem das áreas alagadas que se transformaram em criadouros de mosquitos da malária são algumas das medidas adotadas para reduzir o contato homem/vetor e, assim, controlar a doença.


Marcella Huche
Ciência Hoje/RJ

Um comentário:

Anônimo disse...

As ações antrópicas têm contribuindo para um aumento acelerado na temperatura global. Sabe-se que a temperatura do meio externo interfere nos processos fisiológicos dos organismos, principalmente os ectotérmicos. A cada elevação de 10ºC na temperatura a velocidade dos processos fisiológicos aumenta cerca de 2 a 3 vezes.
Entretanto, há uma temperatura limite em que os organismos não conseguem mais desempenhar suas atividades vitais. No entanto, segundo o artigo “Alterações no ciclo da malária”, na Amazônia as elevadas temperaturas nesta região contribuíram para acelerar a reprodução do mosquito Anopheles darlingi confirmando que estes organismos ainda não atingiram um ponto crítico no seu desempenho fisiológico. Pelo contrário, tem favorecido a proliferação destes animais.