quinta-feira, 16 de julho de 2009

PESQUISADORA DA UFPE DEFENDE INDICADORES AMBIENTAIS EM PORTOS

“Sendo o setor portuário responsável por cerca de 90% das exportações realizadas no Brasil e, ao mesmo tempo, um grande causador de impactos no meio ambiente, o controle e a avaliação ambientais dos portos brasileiros são de fundamental importância”, o comentário é da mestre Nayara Amaral Lima de Valois que realizou uma pesquisa para propor a inclusão de indicadores ambientais no atual Sistema Desempenho Portuário (SDP), da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), utilizado para avaliar os portos brasileiros. A pesquisa, intitulada “Proposição do uso de indicadores ambientais na avaliação de desempenho de portos brasileiros”, foi a primeira dissertação de mestrado defendida na área de Engenharia Naval e Oceânica, no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Segundo a pesquisadora, a Antaq, na sua avaliação portuária trimestral, faz um acompanhamento de preços e desempenho nos portos organizados através do SDP, entretanto, neste sistema não são considerados indicadores ambientais para classificar estes portos. Neste sentido, a pesquisa teve como principal objetivo propor a inclusão de indicadores ambientais na metodologia do SDP da Antaq e demonstrar esta utilização na avaliação de desempenho portuário brasileiro.

Para isso, foram escolhidos cinco indicadores significativos para a gestão portuária, relacionados com água de lastro de navios, contaminações de sedimentos por metais pesados, contaminação petrogênica por hidrocarbonetos na água da bacia portuária, controle da emissão de gases efeito estufa e plano de gerenciamento dos resíduos sólidos. “Atualmente, existe uma preocupação maior com as emissões de gases, com a utilização da água, com os recursos naturais em geral. Com isso, existe essa ‘brecha’ no sistema portuário, para que sejam utilizados indicadores ambientais, e surge uma possibilidade de tornar a avaliação ambiental portuária mais completa”, comentou Nayara Valois.

De acordo com a mestre, a Antaq já realiza um tipo de vistoria ambiental nos portos, entretanto, estas vistorias não deixam a classificação portuária disponível ao público, de modo que elas sejam disseminadas e massificadas. “No ranking atual dos portos, vê-se um comprometimento razoável em relação à questão ambiental. Porém, ainda está muito longe do ideal”, explicou Nayara Valois. O SDP, contudo, foi desenvolvido pela Antaq antes dessas vistorias, com o intuito de prover um banco de dados e informações que venham a servir como base de referência para o cálculo de indicadores operacionais e de preços, necessários à aferição da qualidade dos serviços, e sendo utilizado como ferramenta para: detectar deficiências na gestão operacional do porto, gerenciar ações de diagnóstico e correção de falhas, realizar planejamento portuário, detectar tendências e necessidades de expansão, monitorar resultados, avaliar custos, realizar regulação das instalações e obter padrões comparativos de desempenho com outros portos. Entretanto, além dessa classificação operacional já existente, deveria ser acrescida uma classificação ambiental, gerando uma classificação mais geral de cada porto. “O foco dessa pesquisa é, realmente, incluir uma nota ambiental na nota que já existe no SDP, e criar uma nova nota, uma nota conceitual mais ampla”, ressaltou a pesquisadora Nayara Valois.

RESULTADOS – Os resultados obtidos revelaram alterações importantes na atual classificação dos portos, quando são considerados os indicadores ambientais propostos. “A maior conclusão que nós chegamos nesse trabalho é que uma nota ambiental é extremamente impactante no resultado de desempenho de um porto, e por isso deve ser considerada. Por exemplo, o porto de Rio Grande (RS), na avaliação apenas operacional do SDP, em 2008, possui nota excelente. Já em relação à nota ambiental, considerando a metodologia utilizada e os cinco indicadores, fica com uma nota regular. No cálculo final, a classificação geral do porto diminui para bom. Em contrapartida, ocorre o oposto no porto de Suape (PE)”, exemplificou a mestre.

O uso desses indicadores ambientais propostos salientou a importância de realização de ações que acompanhem consistentemente o meio ambiente portuário e mostrou que estas verificações precisam ser realizadas em cada porto, para a contínua visualização de seu desempenho. “O interessante é tornar essa vistoria ambiental sistemática, contínua e com uso de indicadores, como é o caso do SDP em termos operacionais”, afirmou Nayara Valois. Todavia, a pesquisadora entende que a possibilidade de inclusão de um valor ambiental na atual avaliação da Antaq, não é algo simples de ser implantado. Essa metodologia pode tornar a avaliação mais completa, entretanto para que um porto aplique esse tipo de avaliação precisa buscar mais mercado, ser mais competitivo, buscando melhorias estratégicas.

Fonte: Ascom/UFPE

Nenhum comentário: